I Like The Rain escrita por Akane Schiffer


Capítulo 1
Eu gosto da chuva.


Notas iniciais do capítulo

Hey! Eu escrevi essa fic meio do nada, e realmente não acho que tenha ficado bom, mas... Decidi postar logo. Depois eu reescrevo, kks.

Quero saber a opinião de vocês de como a fic está, ok?

Ja ne,

Akane.

Ps.: Tenham uma boa leitura!



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O céu estava escuro, e encoberto por nuvens negras. Chovia, incessantemente. As gotas caindo e causando um barulho monótono assim que tocavam ora o chão, ora o telhado de alguma casa. Na cidade, pessoas corriam desenfreadas procurando por abrigo o mais rápido possível; apenas uma delas encarava a imensidão cinzenta apaticamente. Imóvel. Era como se a chuva não a abalasse, e de fato não o fazia.

Começou a caminhar, sem direção certa. O rosto delicado banhado em lágrimas, os cabelos longos e azuis livres do penteado habitual e caindo pelo rosto delicadamente, os olhos escuros reluzindo tristes. Tristeza. Esse sentimento preenchia seus dias mais que qualquer outro. Uma exceção, quem sabe, fosse a solidão - mas ambos eram mais presentes em sua vida do que a menina gostaria.

Há muito não sorria, mantendo-se solitária em seu próprio mundo gelado e frio. Um mundo onde estava sempre chovendo. E talvez por isso ela fosse a única a habitá-lo. Não. Talvez, não. Esse era o motivo.

Parou, empurrando a porta de vidro de um prédio qualquer. Não sabia exatamente qual era, até por ter os olhos nublados pela infelicidade, mas tendo sido levada ali por seus próprios instintos, não se importava. Entrou, o silêncio prevalecia. Ergueu a face deparando-se com o vazio. Não havia ninguém ali. Qualquer um sentiria medo de estar no escuro desacompanhado, mas não aquela garota. Estava acostumada, afinal.

Olhou para o lado, distinguindo com sua visão embaçada uma escada. Correu por ela, em uma velocidade que não sabia ser capaz, caindo sobre os próprios joelhos ao alcançar o lugar almejado.

Um terraço de um prédio.

Na realidade, era a parte superior de uma das estruturas que formavam a construção principal do lugar onde estava. Ao menos, era o que parecia.

Sentiu os pingos voltarem a molhá-la. O vestido escuro de tecido grosso grudando-se em seu corpo e salientando suas curvas. E, por incrível que pareça, a cena e as circunstâncias combinavam perfeitamente com ela. Se agisse como uma jovem comum, veria a cena pelo lado bom e pensaria: pelo menos se me virem estarei bonita.

Mas de que adianta ser bela se não há ninguém próximo a quem se mostrar tal beleza?

Porque ela estava sozinha. Como sempre.

Escorregou uma das mãos para dentro da capa, segurando um bonequinho de pano entre os dedos. E o que era antes branco, tornou-se uma mescla de transparente e cinza ao ficar molhado. Abraçou-o com força na altura do peito, sentindo a chuva que se impregnara no tecido escorrer por seus pulsos e braços. Preocupada mais com a espécie de fantoche do que consigo, guardou-o novamente em meio aos casacos e roupas que usava.

Um leve tapinha em sua cabeça, assim que reparara que seu chapéu estava torto, e ele voltara ao lugar certo.

Levantou-se. Caminhando despreocupadamente para a beira da laje onde estava. Olhou para baixo, sentindo uma leve vertigem. Lembrou-se de seus pais. Seus colegas de escola. As palavras duras que todos sempre disseram para ela. Ou em referência a ela. Seu ex-namorado - e de quanto o amara.

"Nenhum deles sentiria a minha falta se eu me fosse".

Esse foi um pensamento irrefreável.

Essa foi uma verdade inevitável.

Esse foi o motivo da bela menina dar um passo em direção ao abismo.

Parou-se a meio caminho de uma alternativa sem volta. Lembrou-se que nunca tinha visto o céu claro.

– Eu apenas gostaria de ver o sol. - As palavras saíram fracas, em um sussurro. Como se não desejasse que sua declaração fosse ouvida.

Levantou o olhar para o céu. Observou ao longe. Via a claridade, mas não conseguia enxergar seu causador. Isto porque ela estava sempre cercada por uma aura de melancolia, porque ela estava sempre envolta pela chuva.

Maldita chuva. Amada e odiada simultaneamente pela jovem. Amada chuva. Aquela que a impedira de ter um destino tão covarde.

Secou as lágrimas, reparando pela primeira vez que o lugar onde estava era o prédio de sua guilda. Um barulho a alertou que alguém chegara ao local, e encarregou-se imediatamente de substituir o sentimentalismo pela indiferença.

Ela não podia mostrar àquelas pessoas o quanto a distância e o passado a afetavam.

Estendeu a mão e fez a água trazê-la seu tão querido guarda-chuva. Nem mesmo ela sabia o motivo se gostar tanto dele. Talvez fosse a única coisa razoavelmente alegre em meio a toda a sua falsa personalidade sombria. Talvez fosse a única coisa que mostrasse a verdadeira ela.

Observou sua magia sustentando o objeto em sua frente. Agarrou sua haste com a palma de uma de suas mãos, e girou sua outra calmamente - fazendo o líquido cristalino envolvê-la com graciosidade. Olhou com pesar a mágica se esvair após alguns segundos, deixando como rastro nada mais do que uma poça nos pés da mulher e o estranho fato de ela estar, agora, seca.

Colocando novamente a mão por entre seu sobretudo, recuperou o pequeno boneco e prendeu-o à roupa. Agora, seus fios azulados formavam um único cacho ao seu fim.

Segundos se passaram no mais completo e absoluto silêncio. Até que se converteram em minutos de uma balbúrdia distante, e horas de altos barulhos.

Escondeu-se novamente nas sombras da construção. E a chuva parou repentinamente.

Estava sendo atacado, o lugar onde estava. Reparou quando a estrutura pareceu se mover. Quando as magias de seus aliados ativaram-se; assim como quando sumiram. Teria entristecido-se se já não estivesse triste e não soubesse que o máximo que fariam por sua morte seria rir. Algumas raras exceções existindo, é claro. Sendo estas, pessoas que eram indiferentes a si.

De qualquer modo, não compactuava com todas as ações que sua guilda adotava; sendo assim, permaneceu onde estava. Provavelmente seriam atacantes da guilda que Gajeel-kun havia sido incumbido de atacar em um dos dias anteriores... Não aceitava ter de fazer tudo aquilo contra as pessoas, mas pelo menos aquele lugar a aceitara. Ao que ela era imensuravelmente grata.

Um som a despertou de seus devaneios. E ela, que havia se recolhido à solidão novamente, saiu.

Um jovem de cabelos azuis, inúmeros tons mais escuros que os dela, e olhar confiante apareceu no dito terraço. As gotas começaram a cair, de novo. Olhou ele observando o céu, ainda não totalmente no andar, por assim dizer, em que ela mesma se localizava.

– Pinga, pinga, gota... Sim. Juvia é a mulher da chuva, uma dos Quatro Elementos. Pinga, pinga, gota... - Ela pronunciou, enquanto caminhava em direção a ele. Teve a atenção voltada para si, e agradeceu mentalmente quando não ficou presa a um monólogo.

– Você é uma dos Quatro Elementos? - A voz dele causou uma sensação de calmaria na jovem, que não se pode definir no momento.

Como um disfarce, ela prosseguiu em sua fala.

– Não imaginei que dois dos Quatro Elementos seriam derrotados. Mas não subestime Juvia e Aria.

Apesar do que disse, a menina apenas queria sair dali o máximo possível. Não queria lutar. Era, afinal, apenas uma garotinha assustada por dentro. Com todos seus medos, inseguranças e dissidências.

– Desculpa interromper, mas não pego leve com quem machuca meus amigos. Sejam mulheres ou crianças... - As palavras dele fizeram-na corar. Ela sempre quisera que alguém a defendesse como ele fazia com seus aliados.

Com algumas falas perdidas no destino, ela virou-se em direção à saída, apenas para escutar as exclamações do nem tão antigo oponente - as quais ignorou solenemente, mais ocupada em recriminar-se. Tsch. Como ela pensara, tal comportamento era insensato. Mas o que poderia fazer se ele chamara sua atenção?

– O que há de errado com Juvia? Por que meu coração está batendo assim? - Murmurou para si mesma. E escutou em meio à suas próprias palavras incoerentes:

– Espere! Pare o gigante! - Era a voz dele, que despertou nela algo aterrador.

Ela o queria para si, mais do que jamais quisera qualquer outra coisa. Mais do que quisera ter amigos. Mais do que desejara não ser a mulher da chuva. Mais do que desejara ser reconhecida.

Talvez por tantos 'mais', tenha agido insensatamente. E antes mesmo que percebesse quais as suas ações.

Prendeu-o em uma bolha de água, desesperando-se ao perceber que parecia tê-lo machucado. - Ó, não, ele está machucado! E agora, o que faço? Devo libertá-lo logo ou ele...

Suas frases foram interrompidas, porém, pelo congelamento e rompimento de sua prisão de água. "Mas era impossível escapar dela!", pensava.

– Escapou da Water Lock da Juvia com a própria força? Esse é o poder de um mago do gelo...? Magnífico!

'Água e gelo... O destino nos uniu! Finalmente o achei, Príncipe da Juvia!', foi o que abrangeu grande parte de sua mente naquele momento.

– Vai atacar de surpresa, maldita? - Ele a trouxe de volta de um universo paralelo.

Parecia irritado, e logo após suas palavras começou a retirar a blusa; inconscientemente. Um gemido de dor, enquanto a garota parecia surtar e corar com suas palavras e com o acontecido. Pensamentos de uma mente fértil revelando-se à jovem.

"Por que ele tirou a roupa? Acho que deveria ir mais devagar..."

Ela não conseguiu impedir os pensamentos impuros que assolaram sua imaginação.

– Não quero assustar uma mulher, mas é bom se render imediatamente. Do contrário, vai se machucar! Ice Make Lance! - O ataque, com suas mil flechas congeladas, acertou o corpo desejado em cheio.

Sobressaltando-se, o menino movimentou-se inquieto.

Ela não estava ferida.

– O corpo de Juvia é feito de água. Sim... Pinga, pinga, gota... É verdade, ele é o inimigo. Separados pela discórdia, será este nosso agonizante destino! Mas Juvia não perderá a esperança! Adeus, meu pequeno sopro de amor! Water Slicer! - Ela disse novamente grande parte da sentença para si mesma, parecia ter um estranho hábito de falar sozinha.

O combatente desviou-se. Olhando para as ruínas do que fora uma torre atrás de si. A mulher respondeu à pergunta muda.

– Jatos de água com alta pressão podem cortar até mesmo aço. Arrepender-se-á se subestimar a água.

– Ice Make Battle Axe!

– Tentará repetidamente e, ainda assim, nada mudará. Contra Juvia, ataques físicos de nada adiantarão. Sim... Pinga, pinga, gota...

– Ela não será fácil... - Foi o comentário do moreno, após fazer um barulho contrariado com a boca.

– Não podes derrotar Juvia. Ainda tens a chance de se salvar. Traga-me Lucy Heartfilia, eu peço. Se o fizer, pedirei a meu mestre que se retire. - Disse ela, ainda que em dúvida se realmente desejava o que pedira. Não importando quem fosse, não gostaria que ninguém saísse machucado

– Não me venha com essa. Sabemos que já passamos da hora de desistir. E Lucy é nossa amiga! Prefiro morrer a entregá-la para você! - Foi a resposta que recebeu.

O guarda-chuva caiu de suas mãos, e a maga perdeu-se em lacunas soltas de sua loucura momentânea. Contorceu-se. A dor era insuportável.

– Que dor! Ó, destino cruel! Meu coração... Meu coração está prestes a se despedaçar! Dói! Dói!

– O que foi? Se sente mal?

Embora surpresa pela preocupação alheia, sua atenção estava voltada para algo mais.

– Juvia não perdoará. Lucy não será perdoada!

O moreno ficou confuso, e não teve tempo de reagir antes do ataque de água quente que o atingiu.

– Ai! Água fervente? Por que está com raiva da Lucy? - Constatou o óbvio após manifestar sua dor; e antes de questionar sobre a ira sem motivo de sua inimiga.

– Ice Make... - A fala do moreno foi interrompida por mais um golpe. - Foi rápido. Minha Magia de Criação não consegue acompanhar! - Declarou, mais para si mesmo do que para ela. - Foi por pouco...

Foi o que disse, depois de quase desabar da superfície onde estava.

– Desde que Juvia nasceu, viveu na chuva. Na chuva, ninguém pode derrotar Juvia! Ferva dentro do ciúme de Juvia! - Finalmente ouviu-se a voz dela novamente.

– O quê? - Questionou o moreno, plenamente desentendido. Completando em um quase grito no intento de defender-se de um ataque. - Ice Make Shield! - O vapor impedia-o de enxergar muito mais do que alguns palmos à sua frente. - Que calor incrível! Não consigo aguentar!

– Já lhe disse. O mundo de Juvia é dentro da chuva. Nela, ninguém pode derrotar Juvia!

Um barulho alto de vidro quebrando.

Ela estava sozinha novamente.

– Ele usou o calor como cortina de fumaça? É inteligente, além de belo. Impressionante... - Falou consigo.

Controlou sua magia, e logo ambos estavam novamente frente a frente. O combate ainda não havia se encerrado. O poderoso golpe dela, congelado pelo dele. Algumas palavras indignadas, e um preso ao outro pelo gelo. Constrangimento. Ela, que havia sido presa, liberta.

Pela primeira vez um sentimento diferente sobressaindo-se aos outros.

Uma tentativa de declaração interrompida pela chuva.

Maldita chuva.

– Nossa, a chuva ficou mais forte.

– Juvia se sente frustrada! - Choramingou a moça.

– Nossa, que clima triste...

As últimas palavras dele fazendo eco na mente da de cabelos azuis.

– Não és diferente dos outros... - Quase chorava, mas conseguiu-se conter substituindo o sentimento que quase prevaleceu por raiva. - São todos iguais!

'Quem quer amor? Quem precisa de amor?' A menina gritava arrasada em sua mente, com memórias invadindo-a.

Flashback

– Queria que a Juvia-chan pudesse ficar de férias para sempre...

– Quando ela está perto, o tempo sempre fica feio e chuvoso.

Uma menininha de cabelos enrolados nas pontas encolheu-se contra o local onde se escondera

–-

A mesma menina costurava algo parecido com um pequeno boneco.

Sorriu, verdadeiramente. Uma coisa rara de se acontecer.

–-

– Nossa, que clima triste!

– O que é isso?


O boneco que a menina fizera estava caído no chão e sujo de lama. Alguém pisara nele. Propositalmente


–-

Lá estava a garota. Chorando enquanto fazia o milésimo bichinho de pano.

–-

– Por que está sempre chovendo? Não posso nem pescar perto de você.

– Desculpa, mas Juvia não sabe mais o que fazer...


– Não suporto mais essa tristeza. Vamos terminar.


Ela já estava mais velha. Mas sua tristeza era tão verdadeira e pura quanto à de uma criança. Lágrimas verdadeiramente imaculadas escorriam por seu rosto.

–-

– Que chuva mais triste!

– Quanto mais chove, mais triste fica!

–-

– Sério, que tempo triste.

– Chuva é uma droga, muito triste.


Flashback


– Juvia não passa da triste mulher da chuva! Mesmo assim, o mestre da Phantom Lord aceitou Juvia como ela é! Juvia é uma dos Quatro Elementos! Uma maga da Phantom!

– Não perderei! Não para a Phantom!

Um ataque, e milhares de partículas brilhantes estacaram no céu.

– Ele congelou a chuva? Que poder mágico incrível... - A linha de raciocínio dela foi interrompida.

– Ice Geyser!

Ela foi congelada ainda no ar, e logo após o gelo se partiu. Estava caindo lentamente, seus últimos pensamentos desabrochando como uma flor na recente primavera...

'Perdi. Está tudo terminado. Juvia cairá ao chão, como a gota de chuva que se espalha em pequenos fragmentos... O fim ideal para a desagradável mulher da chuva. Adeus, meu triste eu.'

Seu corpo despencava em direção ao fim. Esperou pela pancada, e então... Nada, apenas um toque quente em seu pulso. Abriu os olhos, deparando-se com o jovem com que lutara tempos antes. Um toque quente demais para a magia que usava. Ela riu ironicamente por dentro.

– Não solte a minha mão! - A forma como empregou sua voz dava a entender certa dose de desespero. - Não vou deixá-la cair!

Pouco depois, seu corpo descansava no chão do terraço.

– Por que salvou Juvia?

– Não sei. - Respondeu com uma risadinha. - Bem, você precisa dormir. Acalmou-se?

O mago de gelo encantara a mulher da chuva.

Lágrimas encheram os olhos da menina, conforme ela anuía com a cabeça. Permitiu a si mesma tentar dizer algo.

– Me desculpe. - Falou, recebendo um olhar confuso em resposta. - Por estar chovendo.

– Está tudo bem.

Um olhar surpreso e um sorriso foram o que sucederam as palavras do mago. "O sorriso dela é lindo", ele pensou, sem saber que tal ficaria ainda mais belo quando ele continuasse sua fala.

– Apesar de tudo... Eu gosto da chuva.


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Notas finais do capítulo

Essa cena realmente existe no anime, contudo, apenas a parte a partir do começo do diálogo com o Gray.

Além disso, o último diálogo, depois do: "O mago de gelo encantara a mulher da chuva", foi minha criação.