Neko no Noroi escrita por Nacchan


Capítulo 2
Capítulo 2




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 Quando fizemos aquela cabana no meio de uma montanha nas Terras Altas ao Sul, meu pai mandou parar de chamá-lo assim, e, para nossa segurança, daquele dia em diante esqueceríamos os nossos nomes e todo mês trocaríamos os codinomes que usamos. Minha mãe também aceitou esses termos e então paramos de nos tratar como familiares.

 Acho que agora que eles estão mortos não há mais problemas em chamá-los de “pai” e “mãe” de novo, né...?

 Acordei num quarto estranho, com uma pessoa estranha perto de mim. Minha primeira reação foi saltar da cama e assumir posição de batalha.

 - Calma, Garu-kun! É melhor deitar-se no momento, você ainda está com febre.

 Oh, agora me lembro... Eu estou com os discípulos de Satore-san, certo? Estava treinando com Ryuu até desmaiar- Oh, droga! Eu desmaiei de novo! E esse é... Hm, esqueci seu nome de novo, droga, o garoto grande... K... Ka... Ka...

 - Oh, verdade, desculpe-me... – Disse, voltando a uma posição menos ofensiva. – Mas onde está todo mundo?

 - Estão lá embaixo... Bem, você ainda não conhece aqui, mas esse alojamento tem três andares, estamos no terceiro, onde tem só os quartos e esse será seu quarto também. May-chan e Ryuu-kun estão no segundo andar e Tisha-chan foi buscar Satore-sensei, eles devem ter chego.

 - Oh, de qualquer jeito, é melhor eu descer. – Uma das ordens que me foram dadas era ficar de olho no Satore-san, ele é o tipo de pessoa alegre de mais para guardar um segredo.

 Descíamos as escadas quando eu ouvi de longe a voz de Satore-san falando:

 -... Aconteceram muitas coisas, coisas das quais nem eu sei nesses últimos meses, principalmente quando eu e ele chagamos as Terras Centrais, depois do “incidente” nas Terras Altas ao Sul, Garu-chan demorou quase dois meses para poder andar de novo e, mesmo ferido, viemos para cá. Chegamos e logo Garu-chan foi escoltado até o prédio central e confinado por quase três semanas... Só consegui vê-lo de novo quando o Yoshi-chin disse que ele estava no hospital, e com ferimentos piores dos que quando ele havia chego lá...

 - “Yoshi-chin” você quer dizer Kyou Yoshifumi, o grande chefe das Terras?! – Disse Mayumi.

 - Hm, sim. Enfim, Yoshi-chin me levou até Garu-chan e me pediu para trazê-lo aqui, o que já era minha intenção, e mantê-lo seguro. Então, conto com vocês!

 - Espera, espera! O Yoshifumi-sama pediu pessoalmente que nós cuidássemos de um pirralho?!

 - Isso mesmo.

 - E quem diabos esse garoto é para que a pessoa mais importante do mundo fique tão preocupada com ele?! – Berrava inconformada.

 - Então, na verdade, Garu-chan está sendo caçado por vários assassinos por causa do-

 - FIQUE QUIETO! – Era melhor me interromper na conversa antes que o segredo fosse contado. Satore-san tinha que dizer algo para deixá-los mais tranqüilos a meu respeito, mas até agora o que disse era mais do que o suficiente. – Satore-san pode, por favor, cuidar de seus próprios assuntos?!

 Ele olhou para mim surpreso por eu ter entrado na sala levantando a voz, mas logo sorriu bobamente como sempre e falou:

 - Ei, olha quem está vivo! Garu-chan, como vai?

 - Vou bem, obrigado... – Todos me olhavam boquiabertos. – Desculpe-me pelo modo como falei, mas esse assunto não é algo que caiba a Satore-san falar, além de que Yoshifumi-san pediu para que não contasse nada... – Disse dirigindo-me aos alunos de Satore-san.

 - Yoshifumi-sama lhe pediu...? – Balbuciou Mayumi. – Quem é você?

 Não era mentira que Yoshifumi-san havia me pedido pra não falar nada, na verdade ele até deu permissão para falar, mas só se eu quisesse e se fosse realmente necessário e, bem, eu não quero. Quanto menos pessoas souberem, melhor. E eu só vou dividir a casa com eles, não é necessário que diga coisas desse tipo.

 - Sou Hashua Garu, o novo membro da equipe Viginti.

 Mesmo Mayumi sendo, pelo jeito, alguém muito imprudente e esquentada, ela se deu por vencida ao pensar que era uma ordem direta de Yoshifumi-san, a pessoa mais importante da superfície do mundo, apesar de que, no submundo de onde venho, ele não tem tanto poder assim...

 Não sei em qual momento isso aconteceu, mas a garota do livro (ainda não lembro seu nome) apareceu nas escadarias do primeiro andar – sem seu livro, por mais incrível que pareça – e quebrou a tensão no ar dizendo, pela primeira vez:

 - Satore fugiu. E a janta está pronta.

 Mayumi levantou-se rápido, mudando seu humor de conformada por raivosa novamente e saiu gritando em direção à saída:

 - Seu professor inútil! Volte aqui!

 Ryuu também se levantou e foi em minha direção, colocou a mão sobre meu ombro e disse:

 - Não leve as coisas muito a sério. A maior preocupação de uma criança como você deveria ser do quê brincar agora ou quando seria a próxima refeição. Então mude essa cara e deixe que consigamos essa paz para você.

 Eu simplesmente sorri e acenei. Suas palavras foram bonitas, mas vazias. Como alguém como ele, alguém que não conhece o podre do mundo, alguém que não tem nenhum fardo, alguém que sobrevive sem sacrifícios, pode dizer isso para um monstro como eu? Verdade, ele ainda não me conhece.


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