“Ela tinha me dado o seu novo endereço três meses depois que se mudara. Ainda sem me contar a razão. Eu nunca fui visitá-la. Passei várias vezes em frente da sua nova casa, parei em algumas, mas nunca bati. A única vez em que entrei em sua casa nova  foi quando Sarah já não podia mais me receber. E foi neste dia que vivenciei o pior momento da minha vida.”

Boston, Massachusetts 07/21/2008

Oi,

Hoje eu saí um pouco sozinha. Sabe, peguei o carro e saí por aí. Faz alguns dias que não vou a lugar algum, não sozinha. Sem perceber acabei tomando a direção da sua casa. Você não sabia, mas eu já tinha tomado esse caminho muitas vezes, mas nunca vi você quando passei por lá. Sempre achei normal, já que você era muito caseira. Hoje sei que não era bem isso.  Nunca pude te dizer, mas você tem um ótimo gosto para escolher casas.

Fiquei ali na frente dela por alguns minutos. A lembrança daquele dia infernal foi inevitável. Eu me via abrindo aquela porta, tremendo de medo. Me ouvia te chamando alto sem nenhuma resposta. Me vi encarando o vermelho. Na minha cabeça tudo ficou vermelho. Foi nesse dia que te vi pela última vez.

Jamais me esquecerei daquele dia, jamais me esquecerei do vermelho, jamais me esquecerei do cheiro de sangue e álcool. Jamais.

Será que se eu tivesse te visitado mais vezes, antes de tudo isso acontecer, você ainda estaria aqui?

Me perdoa, Sarah. Por favor.

Lisa Kent.