Pelos corredores do castelo ecoavam os passos de Sesshoumaru e Jaken. O servo, já havia tomado conhecimento do pacto feito com uma humana, na convenção.

- Mass, sssenhor Sessshoumaru, como pôde aceitar o dessafio de uma humana?!

Durante toda a manhã, este foi o assunto alvo do sapo youkai. Hora ou outra, ele retomava as perguntas, ignorando o fato de não obter fala alguma do lorde.

- Messmo, ela sendo lady das terrass do Leste, isso não muda ssua origem humana.

Sempre tocando no mesmo ponto.

- Issso é inadmissível, ssenhor Sessshoumaru. Se ainda houvesse algum interesse importante, masss não...

Sempre ignorando o silêncio dele.

- O que esstá penssando?!

Até que o silêncio foi desfeito.

- Jaken?

- Ssim, senhor Sessshoumaru?

- Silêncio, ou cortarei sua língua lentamente.

O sapo engoliu seco. Percebeu, então, que o humor de seu mestre não estava em seus melhores dias... geralmente, ele ou batia ou o jogava para longe. Ameaça, apenas em poucas situações.

O lorde taiyoukai pensava em uma maneira prática de terminar o desafio proposto, o que não era fácil, sabendo dos rumores sobre a ‘lady do leste’... Dama inconfundível, nunca se apaixonara, conhecida principalmente por tamanha teimosia e, ao mesmo tempo, coragem e ousadia.

Decidiu-se, enfim. Já que aceitara aquilo, estava disposto a fazer um trabalho bem feito. Como diziam: “Capricho é imprescindível”. Refletia consigo mesmo, enquanto um diabólico sorriso despontava discretamente em seus lábios.

“Nunca um desafio fora perdido por este Sesshoumaru, e não será agora que vai acontecer...”

Enquanto isso, nas terras do Leste...

- Atchim!!

- Saúde, senhorita. A alteza está bem?

- Ah sim, obrigada. Não se preocupe, creio que é apenas alguém falando mal de mim... hahaha! Estou vendo que vou espirrar muito ainda hoje! – riu com ironia a jovem.

- Kagome!

Era Sango, entrando no cômodo e interrompendo a conversa da irmã e da serviçal. Trazia no rosto uma expressão de desaprovação, referente aos modos dela.

- Olá querida irmã, bom dia. Dormiu bem?

- Não mude de assunto! Já lhe disse que não deve se comportar assim. Além do mais, não é isto que vim falar com você...

Silenciosamente, a mais velha pediu a serviçal em um gesto que se retirasse. Esta obedeceu prontamente.

- É sempre assim. Eu sei que preciso ser empática, mesmo sabendo da raiva e inveja que me rodeiam... mas nem um pouco de ironia posso usar?! Droga de posição. Ser princesa, rainha, ou o que quer que seja, é ser nomeada a ter diploma de falsidade! Odeio isso.

- Não encare como falsidade, mas sim como necessidade. Já foi ensinado tão bem como lhe foi explicado que é nisso que esse ‘status’ se baseia. Temos apenas que manter as aparências, maninha. - calmamente, pegou uma maçã da cesta de frutas deixada no quarto pela serviçal.

- Sango... como consegue aceitar assim? É como se houvesse um tom de... futilidade... em suas palavras.

- ... Fui criada assim, é só isso que me ensinaram – sentou sobre as pernas, mordeu a fruta e continuou a falar – mas, já disse que não era sobre isso que vim lhe falar. Soube que conheceu o lorde das terras do Oeste na convenção... Lorde Sesshoumaru, não é?

- Gah...?! – a jovem engasgou ao ouvir o nome.

- Quem diria... como teve tanta coragem de lançar tal coisa a ele? Apesar de que é interessante... bonito, poderoso, forte... e com um reino inteiro em seu poder. Não fez uma jogada ruim, é um bom partido.

- Sango!! Não sei como raios soube disso, mas pode esquecer. Não estou nem aí para seus “dotes”, muito menos vou me casar com ele ou algo assim! Foi apenas um... deslize de quem provavelmente já estava um pouco alta. Ele deve ter até esquecido. – dizia dando de ombros ao assunto.

- Pense como quiser, então. Mas deveria aproveitar, é um golpe de sorte. E não se preocupe, digamos que foi uma... ‘aranha’ quem me contou... e que não vai chegar aos ouvidos de nossa mãe. Ela anda muito debilitada ultimamente... fico inconformada de ter chego de viagem apenas hoje!

Pausa. Um repentino silêncio se fixou no quarto. Sango olhava para o teto como se lembrasse de algo, enquanto Kagome petrificava em frente à porta. Sabia o que estava por vir.

- Oh, como pude esquecer! Preciso contar-lhe sobre a minha viagem! Não sabe quantos príncipes estavam lá... o palácio era divino, repleto de peças em ouro e... Kagome, aonde vais?

Quando deu por si, a irmã já havia sumido do quarto. Fora dali, ela se apoiava em uma grande árvore, em frente ao corredor do mesmo. Era o seu lugar secreto, quando queria esconder-se, apenas subia e se escondia entre as folhas.

“Puff...” – suspirava fitando ‘o mundo’ fora dos muros do castelo, esgueirando-se entre os galhos – “Sango não é má pessoa... está apenas envolvida demais por esse ar tóxico que nos envolve no castelo. Superficialidade é um resultado disso. Talvez só precise de alguém para abrir seus olhos... torço por isso... ah, tem alguém vindo para cá. Será que a Sango está esperando alg...!!!”

Subitamente, Kagome literalmente ‘despencou’ ao chão.

Mal se recuperou da queda, voou até a entrada do castelo, mas chegou tarde demais. Estava simplesmente ali, sendo recepcionado pelas criadas e soldados, Sesshoumaru, com toda sua pose. E quanto a ela?

Estava descabelada, com a roupa empoeirada pelo tombo, e com uma mortal expressão no rosto, sendo claramente lida como: “O que faz aqui, criatura?!!”

Sem resposta alguma, ele apenas lançou-lhe um rápido olhar de esgueira, e continuou a andar em direção a sala de visitas do palácio¹. Surpreendentemente, era sua própria mãe, a senhora das terras do Oeste quem o aguardava na sala...

“O... o que está acontecendo aqui?!!” – pensava, já perturbada, a confusa Kagome.

Continua...