Stay With Me escrita por thysss


Capítulo 1
Capítulo 1




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Pela décima vez ela se olhava no espelho, alisou o vestido com extremo cuidado e sorriu vendo-o através do espelho.

- Não fale nada – ela murmurou ao vê-lo se aproximar mais sério. Ciúmes. – Ou melhor, fale, fale que estou bonita!

- Dulce – ele murmurou e Dulce pôde sentir como sua respiração tornava-se mais pesada. Ele tentava se controlar, ela sabia.

- Fale Christopher – ela lhe suplicou encarando-o nos olhos, fundo, como se através daquelas duas órbitas castanho café pudesse lhe ver a alma, atingi-lo.

E ela certamente podia, oh, Dulce podia fazer o que desejasse com ele.

Christopher estava perdido em suas mãos, mas logo ele se acharia.

- Fale Christopher – ela pediu novamente. – Fale que essa noite será inesquecível!

- Oh Dulce – ele murmurou a abraçando por trás, suas mãos posaram na cintura fina e pelo espelho podia ver o brilho nos olhos dela.

- Você está bonita – ele maneou a cabeça. – Você sabe que é bonita!

E eu sou sua, ela conteve-se para não lhe dizer isso, o acordo estava acabando, precisava controlar-se.

- Você está linda querida – ele murmurou em seu ouvido e por alguns instantes, ainda que curto, ela deixou-se levar pela cena, pelo momento, imaginando que um dia poderia ser de verdade. Um dia ela estaria na frente de um espelho como aquele, se arrumando para acompanhar seu marido a um dos eventos de caridade, como aquele, e ele a abraçaria assim, exatamente assim, para logo ele sussurrar em seu ouvido quão perfeita ela estava, e lhe dizer que ela lhe pertencia. – Você é linda – ele a beijou no pescoço, isso a fez abrir os olhos rapidamente, mas logo se perdeu em sua fantasia novamente.

Em sua fantasia esse era o momento em que ele lhe dizia que não se importava com o evento, que preferia ficar com ela, ali, na cama, e fariam amor, e a beira do ápice ele lhe diria o quanto a amava.

Fantasias. Só isso.

Dulce maneou a cabeça, precisava voltar a si e deixar de sonhar, deixar de sonhar esses sonhos impossíveis e resignar-se com o que possuía. Resignar-se que garotas como ela não acabam com homens como ele.

Sua mão instintivamente procurou pela dele, por aquela mão masculina para poder entrelaçar seus dedos nos dele, e logo aquela sensação voltou a lhe percorrer o corpo, a sensação de que um dia, talvez, pudesse se sentir assim, verdadeiramente, mas que aquele não era o momento.

Sua consciência falava mais alto: “Não se comprometa”, mas naquele dia isso pouco lhe importava, apenas se permitiu abraçá-lo e pela primeira vez lhe deu um beijo decente, não desses que um homem dá em uma mulher quando quer mostrá-la para os amigos, e sim um beijo verdadeiro, havia sentimento ali.

- Vai ficar ao meu lado? – ela lhe perguntou com extremo carinho, suas unhas percorrendo o pescoço de Christopher numa caricia que o fazia sorrir, arranhando-o, mas ele não se importava.

A resposta demorou, mais foi exatamente o que Dulce queria ouvir.

- Sim querida – ele lhe sorria. – Eu vou ficar ao seu lado!

O evento de caridade, como qualquer outro, movia toda a alta sociedade da capital mexicana, a concentração dos carros mais desejados e cobiçados, e caros, diga-se de passagem, encontravam-se naquele estacionamento, assim como os vestidos mais belos e charmosos cobriam as mulheres daquele salão. Não havia um homem sequer desacompanhado, assim como nenhuma mulher, e em um canto os homens de negócios reuniam-se para conversarem enquanto as mulheres dispersavam-se pelo salão se dividindo em vários grupos, estavam prontas para fofocarem sobre todos.

Era justamente nessa hora que Dulce sentia-se deslocada.

“Não importa, é só mais por hoje” tentava convencer-se disso “depois de hoje mais nada”. Mas não havia como simplesmente aceitar. A cada badalada do relógio seu tempo ao lado de Christopher se reduzia mais e mais, assim como seu coração acelerava.

A despedida se aproximava.

Christopher segurou sua mão, entrelaçando seus dedos, e, impensadamente, tocou o anel de brilhantes que Dulce sustentava no dedo anelar. Uma punhalada a faria sentir menos, o anel, o símbolo do compromisso passageiro.

- Vamos – ele sussurrou em seu ouvido a puxando para acompanhá-lo na entrada do grande salão.

As mulheres se viraram para olhá-lo, Dulce tinha noção disso, não havia quem não o olhasse. Christopher, seu príncipe alto e másculo, de cabelo quase todo raspado e olhos castanhos, tão expressivos quanto os seus próprios. E como todas o olhavam Dulce dedicou-se a fazer o mesmo, e imediatamente desejou não tê-lo feito, pois assim não veria aquele brilho no par de olhos masculinos, o brilho que a fazia desconfiar de que com pouco mais de tempo seria capaz de decifrar os sentimentos dele através de um olhar, em verdade já o começara a fazer, sabia quando estava triste, pois seu brilho diminuía e seus lábios curvavam-se para baixo, ainda que graciosamente, fazendo os lábios carnudos parecerem um pouco mais finos, mas ainda assim irresistíveis. E sabia também quando Christopher estava nervoso, pois seus olhos ganhavam um tom mais escuro e nos cantos reprimiam-se como quem olha algo muito detalhadamente.

Um mês juntos. Não tiveram o começo de qualquer casal, nem o desenrolar perfeito de uma relação, Christopher não a havia levado ao cinema para que pudessem ver um dos tantos filmes de amor e trocarem beijos no escurinho do lugar, ele não a havia levado a um jogo de futebol para que ela pudesse saber exatamente o que ele gostava de fazer. Assim como Dulce não o havia convidado para fazerem compras e nem havia mostrado a ele os tipos de roupas que mais lhe agradava, que mais combinavam com seu corpo. Christopher não a havia acompanhado ao shopping e não lhe mostrara, em uma dessas lojas de CDs, que tipo de música realmente o agradava, nem havia ido a lojas masculinas para dizer que tipo de terno achava mais confortável. Não haviam ido a uma locadora para pegarem filmes que gostam e mostrarem, ela não havia lhe dito sobre os filmes de Audrey Hepburn e o quanto já havia desejado encarnar a verdadeira Audrey, assim como ele nunca lhe dissera o quão era fã de filmes de ação, nem o quanto havia desejado ser policial quando criança, o sonho que já tivera de juntar-se ao FBI. Ela não havia lhe dito os nomes de filhos que sempre sonhara em ter, nem quantos estava disposta a dá-lo e Christopher não tocara no assunto também. Ele nunca a havia levado para um dos grandes parques, nem a convidado para comer cachorro quente no parque fingindo que estavam em Nova York.

Parados ali, debaixo da entrada podiam ver todos aqueles casais distribuídos pelo salão, um homem que volta e meia aproximava-se da mulher para lhe oferecer bebida. Então Christopher abriu verdadeiramente os olhos dando-se conta de que não sentia falta, não ainda, dos momentos que não haviam vivido juntos. Porque agora ele podia ver, claramente, o porquê de ter fugido de um relacionamento socialmente correto, o porquê de ter começado com ela de modo tão distinto. Agora Christopher sabia o porquê de impor um prazo. Porque se não houvesse feito nada disso, em alguns meses, ou anos, se houvessem começado como normalmente começam os relacionamentos, seriam os dois ali, em um desses famosos eventos de caridade, entre tantos desconhecidos fingindo que realmente gostavam do papo, porque Christopher sabia que se houvesse seguido a tradição em alguns anos ele estaria assim: Perdido.

Porque agora Christopher sabia que Dulce, após soltar sua mão, rodava a aliança em seu dedo e fechava os olhos recordando-se dos momentos que haviam passado, do último mês, e ele sabia que ela já sofria, antecipadamente, com a separação.

Porque agora Dulce sabia que Christopher a encarava, sabia que ele a analisava perfeitamente e o via girar a aliança em seu dedo pensando no mesmo que ela, em seus momentos.

Agora Dulce sabia que o início havia sido realmente diferente, incomum, ele viera à busca de uma parceira, de sexo, enquanto ela vagava por ai, futilmente, atrás de um parceiro, de sexo. Companhia para ambos solitários. Christopher passaria um mês na cidade, ela havia se certificado de que esse mês valesse à pena.

Dulce virou-se disposta a encará-lo nos olhos, a mergulhar no mar de sensações que ele lhe proporcionava. Porque naquele momento ela não se importava de perder-se naquelas sensações, porque naquele momento ela bem sabia que as badaladas do relógio continuariam, e logo uma dessas badaladas anunciaria o fim. Ela tinha noção disso, e ainda assim resolveu arriscar-se.

“Que seja eterno enquanto dure”.

Aproveitar. Só lhes restava isso.

Christopher voltou a segurar sua mão e sorriu, sorria daquele jeito travesso e ousado que só ele sabia fazer e a fez fechar os olhos.

- Eu estou aqui – ele sussurrou em seu ouvido, omitindo o “eu ainda estou aqui” e concentrando-se em fazer valer à pena.

E naquele momento Dulce teve a certeza de que ele não mentia, o problema era apenas até quando ele estaria ali.

- Vamos? – perguntou Christopher vendo como um sorriso tímido surgia no rosto de Dulce.

Sim, ela estava pronta.

- Vamos – ela lhe sorriu entrelaçando seus dedos, mostrando a todas que ele lhe pertencia, nem que fosse só por mais aquela noite, mas ele ainda lhe pertencia.

- Champanhe? – o garçom passou ao seu lado assim que os dois se ajeitaram em uma mesa. A mesa destinada exclusivamente a família Uckermann, e que só seria preenchida por eles dois, porque Christopher fizera questão de poupá-la de todo constrangimento de conhecer sua família. Não valeria a pena, não quando no fim acabariam separados.

Seria menos gente para se despedir.

- Pegue querida – Christopher sussurrou lhe entregando uma taça e ficando com outra para si, o garçom afastou-se e ele chocou as taças, ciente de que não deveria fazê-lo, já que o brinde compunha apenas de erguer as taças e mover a cabeça.

Mas naquela noite Christopher havia decidido não se importar com nada disso. Não valeria a pena.

- A nós dois! – Christopher disse sem desfazer o contato de seus olhos.

Dulce lhe sorriu, verdadeiramente, e seus olhos brilharam. Christopher sorriu tocando-a na bochecha pronto para limpar as lágrimas que viessem a cair, não, ele não permitiria que ela chorasse ao seu lado. Não naquela noite.

- A nós! – ela respondeu maneando a cabeça e depois de sorver um gole fechou os olhos, não, não iria chorar, não naquela noite.

Em um canto do salão um grupo de homens conversava, sentados em sofás de couro e fumando charutos, numa área que lhes havia sido destinada até o começo do leilão para arrecadação de fundos para apoio a famílias vítimas da guerra que se formava no outro lado do mundo. Um gesto nobre, todos reconheciam, que valeria a pena.

- Vá – Dulce disse vendo como os olhos de Christopher fitavam o charuto e logo mordiscava o próprio lábio. – Vá – ela sorriu ciente de que ele não estaria descumprindo sua promessa, mostrando isso a ele só pelo seu olhar.

- Eu estarei ao seu lado assim que o leilão começar – ele disse e Dulce permitiu-se rir com vontade, tendo os lábios cobertos, em seguida, pelos de Christopher, que com um beijo meio que se “despedia”. Ou melhor, lhe dizia um até logo.

Ele sentou-se ao lado de homens quase de sua idade, que possuíam uma vida tão boa quanto a dele próprio e agradeceu ao copo de uísque e ao charuto que lhe foi entregue, e riu vendo que todos ali também riam depois de um ter contado alguma piada.

Mas Christopher não conseguia concentrar-se no papo deles, não quando sua mente só buscava pela dela, e sorriu a observando, ali sentada com a taça de champanhe em mãos, e conteve-se para não rir ao vê-la virar todo conteúdo em um só gole para logo pegar outra, a qual só bebericou, mantendo-se no controle.

Então ela se virou e o encarou, e o sorriso de ambos cresceu. Foi quando Christopher percebeu que nada daquilo lhe importava que não sentiria falta daquele papo quando voltasse a Europa, porque nada ali realmente lhe fazia algum sentido. Só havia ido por consideração as vitimas. Só.

- Papo tedioso? – Dulce levantou-se e lhe perguntou quando se aproximava.

Christopher não pôde propriamente ouvi-la dizer isso, mas pelo movimento de seus lábios, o modo como se curvavam graciosamente ao falar, isso o fez saber do que se tratava. Pedindo licença ele se levantou, o charuto ficou ali, mas o copo de uísque seguia em suas mãos, e sorriu ao se aproximar dela.

- Não – ele respondeu maneando a cabeça enquanto sua mão livre a segurava pela cintura. – Apenas percebi que havia algo mais interessante a ser feito.

- Como? – Dulce perguntou lhe sorrindo, e Christopher sorriu roçando primeiro seu nariz no dela.

- Tem certeza de que não sabe? – ele perguntou sorrindo, sua voz saindo quase num sussurro.

- Acho que não! – Ela lhe piscou e Christopher riu, o copo foi deixado sobre uma mesa qualquer para que suas mãos pudessem segurá-la pela cintura, como se lhe mostrasse assim que ela lhe pertencia, ainda que só restasse uma noite, ela era sua.

O beijo aconteceu de forma lenta, seus lábios roçavam com calma, mais ainda assim havia desejo, e isso ficou bem claro quando a língua dele adentrou sua boca, e Dulce sentiu como as pernas fraquejavam.

O relógio deu mais algumas badaladas. Onze horas. O tempo estava acabando.

E o beijo não parou, não por muito tempo ao menos, mas logo que Christopher entrou em seu quarto de hotel e fechou a porta puxando-a para dentro, nesse momento tudo lá fora parou, nada importava. Dulce sentia como ele apossava-se de sua boca, como as mãos masculinas percorriam todas as suas curvas, o decote para lhe tocar os seios até ouvi-la gemer.

Um passo atrás, Dulce deu um passo para trás e o encarou, vendo como o rosto de Christopher já se encontrava vermelho e sua camisa meio desabotoada, sem falar no terno que já havia sido jogado em algum canto.

Um passo a frente, Christopher deu um passo para frente para que seu corpo encontrasse ao dela, moldando-se ao corpo feminino, sentindo como o encaixe poderia ser perfeito. Como o encaixe de fato era perfeito.

As mãos masculinas contornaram o corpo feminino até alcançarem o zíper, para que o vestido caísse ao chão, revelando as curvas verdadeiras daquele corpo que poderia enlouquecê-lo. Os seios fartos, a cintura definida, as coxas grossas. Christopher sorriu sentindo como as mãos femininas o arranhavam no peito depois de arrancar sua camisa. O cinto logo foi solto e a calça também jogada no chão. De igual para igual, poucas peças lhes cobriam os corpos.

- Oh Dulce – ele murmurou. – Se for fazer-me parar, que faça agora.

Ela sorriu, ele sempre lhe dizia isso, assim como ele sempre sabia que resposta iria ter.

- Não – ela lhe sussurrou as mãos quentes contornando seus lábios, os olhos não se desgrudavam.

E intimamente Dulce pediu, implorou, para que depois não se arrependesse.

Os lábios quentes dele tocaram seu pescoço a fazendo se arrepiar, Dulce foi deitada sobre a cama e o corpo masculino ficou sobre o seu, provando-a, deliciando-se.  As mãos de Christopher não pararam, tocavam cada parte que conseguia do corpo dela, mantinha-se firme ali. O corpo de Dulce arrepiava-se ao mesmo tempo em que se aquecia, excitava-se. Ele massageava seus seios de modo quase erótico fazendo-a fechar os olhos e gemer, totalmente entregue ao momento. Pronto, ela estava solta.

O sutiã foi jogado no canto e Christopher deleitou-se neles, massageando, chupando e lambendo, vendo as reações que causava no corpo feminino, vendo-a arquear embaixo de seu corpo, jogando o cabelo para o lado, entregando seu pescoço para que ele a beijasse, e voltasse a percorrer o caminho por todo seu corpo. E Christopher assim o fez, descendo seus lábios pelo pescoço dela, deixando um rastro úmido avermelhado, mas não se importava com isso, para logo apossar-se novamente dos seios já túrgidos, então desceu pela barriga lisinha e sorriu beijando perto de seu umbigo, vendo como toda aquela região se arrepiava, maneou a cabeça passando as mãos pelas pernas dela, e sorriu, sua boca descendo com atrevimento, vendo-a retrair-se. Não que não estivesse acostumada com isso, não que nunca o houvesse feito, mas quando se tratava de Christopher tudo era simplesmente diferente.

As mãos dele continuaram seu percurso, as mãos subiam e os beijos desciam até encontrarem-se naquele ponto em comum, em seu ponto de prazer. Christopher deliciava-se ao ver o corpo dela movimentando-se, os olhos fechados e as mãos fechadas agarrando o lençol, ciente do que estava por vir. A calcinha foi tirada lentamente, com calma até demais, e Dulce riu, ele adorava provocá-la, e Christopher sorriu, ela sabia que sim. O tecido fino e pequeno foi jogado pelo quarto, não importava aonde, e Dulce sorriu, mas logo fechou a boca contendo o gemido. Os dedos de Christopher tocaram seu sexo, seu clitóris, sentindo o quão molhada, excitada, já se encontrava, e gemeu sentindo-o movimentá-los, num entra e sai como se simulasse a própria penetração.

Christopher continuou nessa, só seus dedos ali, seu rosto mais próximo do dela, sendo beijado e mordiscado por Dulce. Ele sorria deliciando-se com que ela também causava em seu corpo. Seu membro latejava, ereto, nenhuma outra mulher lhe havia causado sensações tão intensas, não era possível, havia algo nela, ele só não sabia o quê.

Ele seguiu movimentando os dedos até o corpo de Dulce demonstrar os primeiros espasmos, e sorriu a ouvindo protestar ao se afastar, mas ele o fez mesmo assim, arrancando a própria cueca para logo voltar para cima dela novamente, seu membro, agora livre, roçando na feminilidade de Dulce, vendo-a gemer de olhos fechados.

- Abra os olhos – ele sussurrou, e Dulce conteve-se alguns instantes antes de fazê-lo. – Eu quero que você olhe nos meus – ele continuava sussurrando.

Movimentou seu corpo em uma rápida estocada a vendo fechar os olhos e gritar, de prazer, sentindo seu próprio corpo abrigá-lo, engoli-lo.

- Mantenha seus olhos abertos – ele murmurou lhe tocando o rosto com tamanha calma que Dulce sentiu os próprios olhos aguarem. Nunca ninguém lhe tratara desse jeito. – Olhe nos meus olhos!

E ela o fez, travando ali uma batalha interna de sentimentos que Christopher não fazia nem idéia, ou melhor, ele fazia, só não sabia que Dulce passava pelo mesmo que ele próprio. Seu corpo estocou novamente no dela, e sorriu sentindo-a enlaçar as pernas ao redor de sua cintura, fazendo-o afundar em seu corpo.

- Eu te quero assim – Dulce murmurou virando-o na cama, mantendo-se por cima. – Sente Christopher? – ela perguntou, seus olhos brilhavam e Christopher soube que os seus próprios brilhavam iguais. – Sente? Não posso dizer onde você termina, onde eu começo. – ela fechou os olhos deixando um gemido escapar, mas logo os abriu novamente, não iria perder aquele contato com os olhos dele. Não agora.

- Sente Dulce? – Christopher perguntou virando-se novamente para ficar por cima. – Diga que sente o que eu sinto! Diga que seu corpo está prestes a explodir, assim como o meu, e que entre nós a tanto prazer que não sei nem como controlá-lo.

Seus corpos continuavam os movimentos, ele ia fundo, tocando-a fundo, vendo-a gemer. Mas Dulce manteve-se firme e não fechou os olhos, sentindo como se marejavam, mas continuou assim, não iria se atrever a desfazer esse contato. Não agora.

- Diga que o sente Dulce! – ele quase berrou sentindo como o prazer consumia seu corpo.

- Oh Christopher – ela quase gritou, sentindo-o preenchê-la totalmente, intimamente. – Eu o sinto! – ela gritou. – Vê? Vê o que causas a mim! Não há limite, não a fim nem começo.

Excitado Christopher virou-a sobre seu corpo, as costas dela roçando em seu peito, suas mãos apossando-se novamente dos seios femininos, seus lábios lhe lambendo o pescoço, enquanto Dulce mexia o quadril, rebolava sobre seu membro.

Aquilo já havia deixado de ser só sexo.

Não demorou ao prazer atingi-los em cheio, Dulce sentia como as pernas fraquejavam e agradeceu por Christopher estar abraçando seu corpo desse modo, tão forte, que assim pôde-se manter bem. E intimamente desejou que esse momento nunca acabasse.

- Dulce – ele ousou murmurar, mas as mãos dela logo se ocuparam de lhe tapar a boca.

- Não – ela maneou a cabeça fechando os olhos, sentindo o momento. – Não Christopher, não fale nada. Não agora, não agora que o único que temos é isso... Fique assim. Abrace-me, me mantenha viva, Christopher, me mostre que eu estou bem, porque, oh querido, porque depois de amanhã, não, depois de amanhã nada mais será igual.

E ele se calou, ciente de o que ela lhe dizia era real. Não, nada mais seria igual. Ela partiria no dia seguinte, e uma parte sua iria junto, Christopher só estava demorando muito a dar-se conta disso.

Se lhe perguntassem qual a pior e a melhor noite de sua vida Dulce definiria nessa, a melhor porque jamais algum homem havia lhe proporcionado tamanho prazer, ninguém nunca lhe tratara como Christopher a havia tratado, na cama Christopher esquia-se de que ela não passava de uma garota de programa e a transformava em mulher, mulher real daquelas com sentimentos reais, em nada frívolo, nada superficial, porque ela havia se entregado e Christopher pudera sentir isso. Ele a fazia mulher como nenhum outro jamais poderia fazer, porque agora que seu corpo conhecia aquelas mãos e havia sentido aquelas sensações, não, agora nenhum homem sequer se aproximaria de Christopher. Jamais. E certamente, até então, essa seria a pior noite de sua vida.

- Fale-me de você – Dulce lembrava que Christopher havia lhe dito isso na primeira noite, após a primeira experiência e sorriu tocando as costas nuas dele, que ressonava deitado na cama com o corpo dela, até então, sobre o seu.

- Não há o que saber – ela havia lhe respondido. – Não sou uma garota de boa família, não estudei nas melhores escolas, não sou o melhor exemplo. Não Christopher – ela lhe tocara os lábios enquanto falava para que Christopher não a interrompesse. –Não há nada que valha a pena saber.

E haviam ficado nessa, fora nesse momento, também, que indiretamente haviam decidido deixar as conversas de lado, dedicara-se um ao outro, de corpo, mas o passado não interessava. Dulce não quisera saber com quantas ele já havia estado, e nem lhe contaria quantos programas já havia feito. Um acordo justo.

Agora ela o encarava, fixamente, seus dedos contornando os sinais nas costas largas de Christopher, a pele dele se arrepiava, mas mesmo assim Christopher não acordava. Conteve-se para não chorar, o fim havia chego afinal, não havia porque chorar, ela sabia que esse momento chegaria mais cedo ou mais tarde. Era melhor agora enquanto não estavam tão envolvidos.

Engano o seu, Dulce maneou a cabeça tendo noção disso, sabendo que sim, já havia se envolvido, muito além do que pretendia no início. Tudo havia saído de seu plano inicial, mas agora já era tarde para voltar atrás, e, sinceramente, ela não se arrependia de nada.

Talvez mais para frente, dali a alguns dias viesse a se arrepender, mas agora não podia falar nada. Ainda não sabia de nada.

Suspirou entregando-se ao momento e se permitiu deitar sobre o corpo dele novamente, sentindo o calor tão característico daquele corpo masculino abaixo do seu, sentindo seu perfume que podia enlouquecê-la e vendo como ele sorria procurando sua mão para enlaçar a sua própria. Christopher sorria porque Dulce estava ali, ela ainda estava ao seu lado.

Não poderia dizer quanto tempo ficou ao seu lado, apenas o observando, sentindo seu corpo, até levantar-se e finalmente decidir que tudo deveria acabar do modo menos difícil possível, tomaria um banho e partiria antes que ele pudesse dar por sua falta. Assim seria mais fácil, odiava despedidas.

A água gelada caia sobre seu corpo tentando fazê-la acordar, acordar e perceber que isso realmente tinha de ser feito, tinha de se afastar enquanto podia, porque esse era o certo a se fazer. De olhos fechados apoiou a testa contra a parede de azulejos, mas sua vontade era de batê-la ali uma e outra vez, transformando o que sentia internamente em dor física, porque a dor física é muito mais simples de suportar.

Ergueu o rosto quase que em seguida, tinha que manter-se forte, firme. Precisava disso, caso contrário jogar-se-ia em seus braços e tudo mudava.

Apressou-se em sair do banho antes mesmo que seus dedos pudessem enrugar, não importava o tempo que havia passado ali. De longe pôde ouvir as badaladas do sino da igreja que havia por ali, sete horas batia no relógio, tinha de se apressar. Vestiu-se logo pondo as roupas que usava no primeiro encontro, o vestido extremamente curto e decotado, nada conservador, as botas de cano longo que davam um contorno diferente, e sexy, a suas pernas, os óculos escuros que havia ganho dele, o colar de pérolas. Uma versão mais indecente de Audrey Hepburn no filme Bonequinha de Luxo, Dulce sentia-se exatamente assim após pegar o chapéu que estava jogado em uma poltrona, uma cópia não tão fiel de Audrey, mas com a diferença de que os filmes tinham um final feliz, independente de qual seja, praticamente em todos os romances o mocinho e a mocinha terminam juntos.

A prova maior de que sua vida não era realmente um filme, porque os créditos finais se aproximavam cada vez mais, e seu final feliz não estava nem perto de acontecer.

Em um canto sua mala estava jogada, a mala que Christopher lhe dera, uma dessas com logos enormes da Guess e com nécessaire igual, praticamente um guarda roupas móvel. Com cuidado terminou de ajeitar o que ainda não havia feito como lingeries, que Christopher havia lhe dado porque lhe agradavam e agora estavam guardadas em um bolso e, em outro bolso, as camisolas, curtíssimas, que Christopher havia lhe dado porque ele gostava de olhar para suas pernas e, principalmente, despi-la daqueles panos. Em uma pequena área com cabides estavam os vestidos, todos justos e curtos pelo mesmo motivo das camisolas, e roupas assim o excitava. Dulce bem sabia disso.

Maneou a cabeça, tinha de parar de pensar nisso, de pensar nele. Levaria suas coisas embora para que quando Christopher levantasse percebesse que havia sido só um sonho, que ele nunca a havia conhecido nem nada disso. Seria o melhor a fazer.

Fechou a mala e a ergueu do chão, no corredor a faxineira já havia começado a limpar os quartos, assim que só jogou seu roupão e suas toalhas no cesto de roupas sujas e voltou para o quarto, era só tirar a mala dali e Christopher nem saberia que ela havia estado ali. Perfeito.

- Aonde você vai? – Christopher perguntou sentando-se na cama, coçou os olhos, mas não os abriu, a claridade certamente o incomodava. – Senti sua falta na cama. Volte pra cá.

- Não – ela murmurou. Não queria que tudo acabasse assim, não queria ouvi-lo pedindo para voltar e acabar cedendo. – Eu tenho coisas para arrumar.

Christopher se pôs de pé decidido, no início, que não discutiria. O tempo estava acabando, ele bem sabia, pôde ter certeza ainda mais ao ver a mala dela já fechada deixada perto da porta. Dulce estava partindo. Virou-se de frente novamente e assim que Dulce ameaçou passar pelo seu lado, instintivamente, suas mãos a agarraram, fazendo-a parar pelo menos para encará-lo.

- Não – ele murmurou. – Eu não vou te deixar partir assim.

Foi um impulso, ele bem sabia, mas isso lhe parecia o certo naquele instante.

- Não Christopher – ela murmurou fechando os olhos. – Nós não vamos ter essa discussão!

Ele a abraçou imediatamente, mergulhando o rosto em seus cachos, sentindo aquele cheiro que emanava dela, que parecia convidá-lo a possuí-la, a abraçá-la e nunca mais soltá-la.

- Um ano – ele murmurou de olhos fechados. – Quanto me cobraria para ficar por um ano?

- Cale-se Christopher – ela pediu tentando afastar-se, mas Christopher manteve-se firme a abraçando disposto a não deixá-la ir de maneira alguma.

- Uma vida – ele ofereceu. – Quanto me cobraria para ficar o resto de seu tempo aqui comigo? Quanto quer Dulce? – ele deu um passo para trás mostrando que logo perderia o controle. O sono havia passado quase que imediatamente, e a claridade já parara a tempo de incomodá-lo. Nada disso lhe importava agora.

- Você sabe o que eu quero? – ela perguntou erguendo o rosto para encará-lo. – Diga Christopher! O que eu quero?

- Você me quer – ele disse fechando os olhos. – Você quer o que possuímos juntos, o nosso, seja lá como queira chamar. É isso que você quer. É disso que você precisa.

Christopher tentou alcançá-la, queria segurá-la pelos ombros para que Dulce só o encarasse nos olhos, imóvel, e o ouvisse, ouvisse tudo que tinha a lhe dizer. Mas ela se esquivou, dando um passo para trás Dulce quis fugir.

- Não Christopher – ela maneou a cabeça. – Eu quero amor! Eu quero uma casinha pequena no campo, quero crianças e um marido, quero uma família. É isso que eu quero, é disso que eu preciso!

- Crianças! – ele a encarou. – Eu te dou quantas quiser, eu as faço junto contigo e nós as criaremos juntas, uma casa no sitio e todo final de semana lá será o nosso ponto de escape, nosso refugio. Oh Dulce – ele segurou sua mão. – Diga que fica e sabe que terá tudo isso. Terá amor e crianças, e oh Deus, um marido. Eu me casarei Dulce, eu me casarei com você. Mas fique aqui!

- Não Christopher – ela voltou a negar com a cabeça. – Não com você, não com alguém como você. Todos te conhecem Christopher, e seus amigos já foram meus clientes, oh, por Deus, você bem sabe disso! E o que acontecerá Christopher? Você pode me dar inúmeras casas, quantas crianças formos capazes de gerar e amor, oh, uma hora o amor chega. Mas e depois Christopher? Eu quero filhos! E o que eu direi a eles o dia que tudo vir a tona? O que direi aos meus meninos quando me perguntarem o que é uma prostituta e como poderei lhes dizer o que é certo se eu mesma agi fazendo tudo errado?

- Cale-se Dulce – e naquele instante ela teve certeza de que em pouco tempo Christopher perderia o controle que lhe restava. – Cale-se!

- Não Christopher – ela falou mais alto do que ele, queria que ele a ouvisse. – Não Christopher! Porque mulheres como eu não casam com homens como você, isso só acontece em filmes, e adivinhe só? Isso não é um filme Christopher, isso é a vida real! Um dia, mais dia ou menos dia, a verdade aparece Christopher, e como você reagiria vendo que seu próprio filho é apontado na rua e as pessoas cochicham quando ele se aproxima sabendo que a mãe dele não passava de uma puta por muito tempo? O que você falaria ao ver que seus sócios, amigos, agentes, já transaram comigo? Como você reagiria quando um homem demonstrasse interesse por um “segundo tempo” quando a verdade é que você sabe que realmente houve um primeiro? Como Christopher? Diga-me!

- Isso não importa Dulce – ele sussurrou com seus dedos trêmulos a tocando nos lábios. – Porque ainda assim você estaria aqui, ao meu lado. Se um dia apontarem para um filho meu, eu lhes mostrarei a verdade, mostrarei a todos a mulher bonita e inteligente que tenho ao meu lado, a verdadeira Dulce! E quando a dúvida sobre a educação de nossas crianças surgisse, eu estaria aqui, ao seu lado, eu te guiarei Dulce quando você não souber mais o que fazer, assim como você estará ao meu lado quando for eu o errado.

- Oh Christopher, seria tão mais fácil se você me deixasse partir agora, enquanto ainda tenho controle do que faço, enquanto sei do que sou capaz. Não Christopher, não prolongue mais isso, você só se machucará. Você só me machucará. – Dulce fechou os olhos e foi inevitável, as lágrimas surgiram e correram por suas bochechas deixando um rastro úmido avermelhado, e Christopher apressou-se em secá-las, porque ao seu lado Dulce jamais choraria. – Não Christopher, você sabe que jamais daria certo! Você diz que mostraria a todos tudo de bom que eu posso ser, mas você sabe que não é verdade, você não tem sangue de barata, não Christopher... Pelo contrário, você sabe o quão impulsivo pode ser, e na primeira vez você se conteria, na segunda talvez, mas quando a terceira chegasse tudo desandaria. Não Christopher, eu não poderia ficar e assistir a isso, porque eu sei que depois da briga você voltaria para os meus braços, eu o perdoaria e tudo ficaria bem. Mas as coisas não param quando nós desejamos nada é assim, e logo teria a quarta e a quinta vez, e outras mais, e tudo balançaria. Não Christopher, aceite, homens como você não podem se envolver com mulheres como eu!

- Cale-se – ele gritou, seu controle havia se esvaído de vez. Dulce abaixou a cabeça sabendo que ele só estava reagindo. – Não fale mais nada! Não vê o quanto as suas palavras podem machucar? Não Dulce! Homens como eu existem exatamente por causa de mulheres como você, porque você não pode simplesmente ver que nos completamos? Assuma isso. Aceite isso. Abra os olhos. Enxergue.

- Não há o que ser visto. – Dulce abaixou-se agarrando a alça de sua mala e logo ergueu o rosto para ele, sentia como doía mais em si mesma do que nele, mas era necessário.

- Adeus Christopher! – ela murmurou baixo.

- Fique – ele gritou, mas não podia impedi-la de partir, não havia como. Dulce já estava parada perto da porta, mais um passo, era isso que faltava para que o adeus se tornasse real.

- Talvez um dia, quando você não seja mais esse você, quando haja uma nova versão de mim mesma. Um dia Christopher, quem sabe.

 

I just want to stay with you
In this moment forever, forever and ever
Don't wanna close my eyes
I don't wanna fall asleep
'Cause I'd miss you, baby


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Notas finais do capítulo

n/a: fic Dulce&Christopher simplesmente porque é perfeito!