Código Negro escrita por Monica Romero


Capítulo 1
Capitulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bem pessoal gostaria muito que dessem sua opinião, pode ser boa ou ruim mas quero saber em que posso melhorar.Boa Leitura...
Ps: repostando a história



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/333441/chapter/1

1

Às vezes penso que meu lugar não é aqui. Sou uma garota diferente das demais, pela personalidade mesmo. Todos me dizem que tenho que ser mais feminina, mas não me importo com a opinião deles.

Olho-me no espelho.

Mesmo se eu gostasse de moda, acho que nunca me vestiria nela.

Meus cabelos ruivos e longos, e estou com um macacão antigo de meu irmão, uma coisa nada normal para 1937. Minha pele é muito branca, meus olhos são negros e tenho lábios finos assim como meu nariz, e tenho um sorriso de que modesta parte é lindo.

Não sei por que me olho tanto no espelho, nunca me importei com a vaidade e não será hoje que a terei...

Vou para a casa de Klara. Klara e eu somos melhores amigas desde que cheguei à Alemanha. Ela mora mais perto do centro da cidade, ao invés de mim, que moro isolada perto da floresta. Além de minha casa tem somente mais um casarão em reforma ao lado.

Estou morando em Sommer uma cidade ao norte da Floresta Negra, ela é tão grande que chega até Odenwald. Moro perto da Floresta Negra, como dizem lendas infantis: uma floresta mal assombrada.

Entro na casa de Klara. Eu praticamente moro aqui, nem mesmo preciso de permissão para entrar, mas mesmo assim preservo minha educação entrando descalça.

–Olá Franciele. Como vai?

Franciele é uma moça francesa que trabalha na casa de Klara desde o ano que cheguei. Ela tem os cabelos escuros assim como os olhos, bem bronzeada pelo sol e um sorriso perfeito.

Ela ri enquanto pulo lutando contra meus sapatos.

–Muito bem Hanna. Klara esta lá em cima.

–Obrigada.

–Os chinelos! – Grita ela.

–Não obrigada. - Subo a escada descalça mesmo.

A casa de Klara sempre foi enorme, mas ainda assim tinha um estilo colonial. O cheiro de madeira sempre foi muito forte no segundo andar. Eu particularmente amo esse cheiro, mas Klara sempre reclama por ser forte demais.

–Hanna? –Viro-me ao ouvir meu nome.

–Klara!

Ela vem sorrindo para mim.

Klara é a garota mais linda da cidade. Dona de um corpo escultural, cabelos louros e olhos cinzentos e para completar o sorriso perfeito.

Eu a abraço.

–E você nunca o arruma? - Pergunta ela olhando meu cabelo.

–Por que arrumaria se tenho você?

Ela sorri.

–Tem alguma novidade para vir me visitar?

–Na verdade não. Estou fugindo das aulas de etiqueta novamente e Haralda deve estar louca a minha procura neste instante. –Explico.

–Tem de parar de fugir das aulas – me adverte ela.

Caminhamos até seu quarto e eu sento em sua cama.

Seu quarto tem pinturas que sempre achei lindas. Sempre amei arte. As tulipas roxas pintadas próximo á sua cama são as minhas preferidas.

–Sim eu deveria parar, mas acho que posso adiar esse plano por mais alguns meses – dou um sorriso fazendo-a revirar os olhos.

Klara sempre foi obediente e eu tenho sérios problemas com seu pai a este respeito, ele acredita que não sou um bom exemplo. Mas isso é somente uma desculpa para seu ódio com meu sangue. Tenho sofrido a esse respeito por quase todos os cidadãos alemães nazistas. Mas eu nunca admito isso na frente de Klara, uma das poucas pessoas que me aceitaram pelo que sou sem se importar com isso.

–Podemos ir para minha casa depois. Logo Haralda vai desistir de me procurar, afinal ela tem que sair em algumas horas... –Dou de ombros.

Na verdade sinto-me mal por estar na casa de Klara. Ela é sempre visitada por soldados e governantes, eu tenho medo deles.

Russell e eu ainda estamos na Alemanha somente pelo dinheiro de minha família e a influencia que Russell tem na sociedade, meu irmão sempre consegue fazer negócios e conseguir permissão para continuar no país sem sermos deportados. Mas acredito que ele deve esconder muitas coisas de mim, com toda certeza música não impediria de nos deportarem.

–O que quer fazer enquanto isso? – Pergunta Klara.

–Estou faminta.

–E quando você não está? – Ela suspira como se estivesse cansada, mas ainda consigo ver seu sorrido.

–Quando estou dormindo. Vamos Klara, deve ter alguma coisa boa na sua cozinha. –Levanto-me de sua cama.

Eu sou mais alta que Klara uns dez centímetros, o que me consola por ser menor que Russell.

–Você foge de sua casa para vir se alimentar na minha? – pergunta ela se fingindo de brava.

Faço uma careta.

–Praticamente – ela ri, e logo em seguida me junto a ela.

Vamos até sua cozinha e ela me entrega algumas fatias de pão, e eu como com muita vontade enquanto ela me conta a nova moda que usarão neste inverno. Ela diz que acredita que essa moda está a cada estação mais bonita, e eu apenas balanço a cabeça fingindo que escuto suas palavras. Franciele nos serve um chá e eu agradeço a ela. Ela sempre soube que amo chá, não importa o sabor. Logo Franciele me pergunta se quero sopa também, mas digo que já almocei. Depois Klara muda de assunto, ela fala sobre uma das garotas da escola e como está vulgar no seu modo de andar e sem elegância. Eu realmente imagino que ela sabe que não escuto uma só palavra, mas acho que isso surte um efeito de desabafo nela.

–Realmente, quando Helga apareceu com aquele batom vermelho quase enfartei. Uma moça não deveria usar uma cor dessas. Hanna se eu tivesse um coração maldoso como o seu, eu poderia lhe contar sobre minhas suspeitas a respeito daquela moça, mas realmente uma moça com boas maneiras não deve falar essas coisas. No entanto creio que você já imagina o que quero dizer... –Ela cora levemente quando diz isso.

–Está acusando Helga de meretriz? – Digo depois de mastigar uma das fatias de pão e tomo um gole de chá em seguida.

A bebida quente entra em contato com minha garganta e tremo um pouco. Mas eu dou uma rizada com a reação espantada e envergonhada que Klara faz quando pronuncio aquelas palavras.

–Hanna – ela coloca a mão sobre o coração. – Você deve ter aulas de etiqueta imediatamente. Uma moça de família não deve falar uma coisa dessas.

–Mas foi isso que você quis dizer, não foi? – Provoco.

–Termine logo, por favor.

Ela toma o chá rapidamente e suas bochechas coram ainda mais. Dou mais uma rizada.

–Você deve parar de andar com August, está ficando dessa maneira – adverte ela novamente.

August é um amigo tanto de Russell quanto meu, e atualmente ele está no exercito. Provavelmente ele perderia o emprego por nossa amizade, mas acho que ele ficaria feliz por isso.

–Sabe que independente de August eu seria assim – respondo séria.

–Você tem razão, certamente, independentemente da sua amizade com ele você seria assim. Você sempre foi rebelde de uma maneira birrenta, feito uma criança para chamar atenção de Russell, mas creio que faz isso com mais frequência desde o casamento de Russell com Haralda, a governanta odiada. Estou certa? – ela ergue as sobrancelhas e sorri, da mesma maneira quando está satisfeita com o resultado de algo ou a cor do vestido.

Suas palavras saem como veneno e me cortam como laminas afiadas.

–Eu não sou criança! – digo já irritada.

–Mas age como uma. Deveria parar.

Ignoro seu comentário e lembro-me da aula de Russell sobre bater nas pessoas e porque era errado. Eu amo Klara, mas ela consegue me deixar irritada facilmente. Embora que tenho a leve impressão que qualquer pessoa me irrita facilmente.

–Você deveria me trazer presentes. Parou de fazer isso. Acho que está ficando muito acomodada – fala ela mudando de assunto.

Realmente como suporto essa minha amiga?

–Quando você me convida para um jantar eu sempre trago – respondo dando atenção à comida.

–Mas você traz vodca para meu pai, e você sabe que ele odeia vodca.

–Ele nunca disse isso – olho para ela agora.

–Porque ele é educado. Mas eu já tinha lhe dito isso.

–Desculpe-me, vou ver se me lembro na próxima visita. O seu pai acha sobre vinho?

–Ele gosta de vinho do Porto – responde ela.

Ela não devia ter mais nenhum assunto para ela estar discutindo a respeito de vinho comigo, ou deve ter ficado constrangida pelo rumo da conversa sobre Helga.

Quando terminamos nós seguimos em direção a minha casa.

Eu pertenço a uma família que foi muito rica, com a crise de 1929 abalou um pouco nossa economia, mas conseguimos nos estabelecer. Meus pais eram músicos. Russell, meu irmão, veio para a Alemanha estudar música, após a morte de meus pais estou sendo criada com ele.

Temos a maior fábrica de instrumentos de toda Alemanha.

Como eu era órfã, e meu irmão tinha compromissos de negócios, à primeira coisa que ele fez foi procurar uma boa governanta. Haralda foi à contratada. Mas ninguém poderia imaginar que ela e Russell poderiam se casar. Haralda ainda me dá aulas de etiqueta, música, dança... Como toda mulher deve saber...

Como eu já esperava, Haralda saiu para fazer compras na cidade, já que hoje é dia de feira, sempre temos de ter vegetais para fazer sopa – e Haralda diz que toda semana ela tem de ir por culpa do meu apetite. – E Russell foi para uma reunião de negócios.

Klara e eu subimos as escadas e entramos no quarto de Russell. Klara começa a arrumar a maquiagem.

–Ficou sabendo? O velho Max me deixou entrar na sala secreta da biblioteca. –Digo ao fechar a porta.

–O que tem lá? – pergunta ela, embora eu não sinta nem um pouco de curiosidade em sua voz.

–Aparentemente livros de enigmas, raciocínio e como decifra-los.

–Aposto que deve ter amado.

–E como... – sorrio.

Eu pulo na cama e derrubo a bolsa de Klara.

Quando eu vou pega-la debaixo da cama acaba caindo mais coisa. Vou pegando a maquiagem espalhada. Mas então acabo virando uma caixa. Na caixa tinha fotos e cartas. Eu pego tudo para arrumar.

A primeira foto que vejo é de Haralda com um homem alto com um bebê no colo. Haralda é irreconhecível com esse penteado, mas noto ser ela pela maneira que segura à criança e pelos olhos.

Estranha essa foto. Sei que Haralda poderia ter outro relacionamento sem ser com meu irmão, mas não entendo o bebê.

Viro a foto. Esta escrita em russo:

"Que nossa filha seja como a mãe. Sabe que nunca deixarei de ama-la."

Filha... Estranho. Pela foto diria que ela deve ter minha idade. Mas Haralda não fala russo, bem eu pensava que não.

–O que foi Hanna? Parece que viu um fantasma. -Pergunta Klara em tom de brincadeira e depois dá um risinho.

Estendo a foto para ela.

–Reconhece? – pergunto apontando para mulher.

–Não. Nunca vi.

–É claro que viu. Esta é Haralda. Veja os detalhes, o rosto, os olhos... O modo que segura o bebê. –Digo apontando para a foto.

–Você é bem observadora. Mas não esta parecida – ela balança a cabeça tentando observar tudo o que vi.

Ela encara a foto e a vira, assim que vê lança um olhar confuso.

–Isso é russo? –Pergunta ela.

–Sim.

–O que estás escrito? – Agora sinto a curiosidade em sua voz.

–"Que nossa filha seja como a mãe. Sabe que nunca deixarei de ama-la.”.

–Onde achou isso?

Aponto para a caixa, na qual imediatamente atrai as atenções. Ela se aproxima da caixa e olha por cima dela.

–Isso são cartas? – Pergunta ela.

A caixa está cheia de cartas. Posso ver que não são muito antigas, e suspeito que são todas de Haralda.

Sempre esperei por essa chance, e é agora tenho irei aproveita-la.

Olhamo-nos e eu dou um sorriso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem espero receber algum comentario.Bjo