De imediato, Edward correu até Bella, que estava imóvel e com uma rachadura que saia de sua têmpora, percorria sua bochecha e tinha fim pouco antes do queixo. Edward estava desesperado, com medo de que a inconsciência de Bella fosse durar mais do que o suficiente para poderem fugir. E se alguém aparecesse? E se alguém tivesse ouvido o barulho da parede sendo destruída? E se alguém desse falta deles?

- Anda, Bella... - Edward insistia, mexendo o corpo dela - ... acorde! Eu preciso de você. Por favor!

Era inútil, os olhos de Bella estavam fechados, seus lábios estavam unidos e seu rosto não tinha nenhuma expressão, nada de novo. A rachadura não estava cicatrizando.

Edward estava a beira de berrar aos quatro ventos para que a amada acordasse, sem se importar que os Volturi fossem ouvi-lo. Naquele momento ele apenas queria Bella de volta. Era difícil destruir um vampiro a não ser por fogo ou pelo combate com outro vampiro, porém nenhum vampiro demorava tanto para recobrar a consciência.

Os trovões começavam a ser ouvidos, o céu estava escurecendo, as nuvens brancas se tornando acinzentadas e fechando a cidade, como uma capa protetora. A tempestade de Niklos começava a ter seus primeiros efeitos. Seria uma questão de tempo até que as pessoas deixassem a cidade, com medo de furacões e terremotos.

- Amor, acorde... - ele estava quase choramingando - ... Bella!

Com um impulso ele bateu o punho com força no tórax de Bella, que enfim teve alguma reação. O rosto dela se contraiu levemente, e a rachadura ali presente começou, aos poucos e gradativamente a reduzir, suavizando-se, diminuindo, retraindo-se até a têmpora. Quando Bella abriu os olhos, parecia intacta. Pronta para outra.

- Bella, oh, Bella. Finalmente! - Edward exclamou, dando ajuda para que ela levantasse e então a abraçou

- O que aconteceu? - ela perguntou

- Você desacordou depois que caiu. - Edward sorriu novamente - Tinha uma rachadura enorme na sua cara e você não acordava. Eu estava com medo.

Bella o beijou

- A tempestade... - comentou ela ao olhar para o céu - ... rápido, temos que ir para a floresta encontrar Abraham e os lobisomens.

Edward ouviu o que ela disse, porém seu pensamento estava fixo em outra coisa naquele momento. Estava detectando algo.

- O que foi? - Bella indagou

- Eles estão chegando. - Edward disse - Nossa família e os aliados, estão chegando. Estarão aqui em vinte e cinco ou trinta horas. Vão chegar pela porta da frente de Volterra. Todos eles. E são muitos.

- Aro já sabe disso?

- Provavelmente não mas logo que cuidar da tempestade, Niklos vai perceber a chegada deles e vai avisar a todos. E então os inimigos vão esperar na praça em frente ao Castelo. Não vai ter chegada sorrateira, será um encontro frente a frente.

- Então vamos. - Bella falou com pressa - Temos que avisar os lobisomens.

Enquanto tudo isso acontecia do lado de fora, dentro do Castelo, no calabouço, Nessie não aguentava mais esperar. Sem que ninguém mais viesse, nem mesmo um dos Volturi. Ela queria algum sinal, qualquer sinal. Mesmo ruim. Qualquer notícia seria melhor do que estar 'cega' na situação.

- Em breve sairemos daqui. - Nahuel falou ao ver a apreensão de Renesmee - Não fique tão ansiosa.

- Como sabe que sairemos daqui? - ela perguntou em resposta, parando de andar de um lado para o outro

- Eu sinto. - respondeu suavemente - E isso acontecerá de uma forma ou de outra. Se não virem nos resgatar. Nós fugiremos.

- Fugir? - Nessie franziu o cenho - Não tem como fugir daqui. Nós não conseguiríamos nem sair do Castelo. Nos matariam antes que pudéssemos pegar um deles.

- Se não tentarmos, e nada acontecer, vamos morrer aqui. Eu, você e minhas irmãs.

- Não pense que eu não encontraria uma forma de ser destruída caso você morresse. - Huilen falou, vindo do canto daquele lugar escuro, seu sentimento materno por ele era igual ou maior do que ao de uma mãe - E tentar fugir não seria uma má ideia. Ao menos fazer com que um de nós fugisse. Como uma isca.

- Isca?

- Sim. - ela esclareceu - Enquanto um tenta fugir, os guardas iriam atrás e não se preocupariam com os outros, dando a chance para escaparmos.

- Ainda assim é perigoso. - Nessie argumentou - Não consigo pensar nesse plano dando certo sem algum sacrifício.

As irmãs de Nahuel mais pareciam estátuas mudas num canto, não davam nenhum opinião, aparentavam estar com medo. E aparentemente topariam qualquer coisa para sair dali.

- Vamos passar o resto da madrugada e o dia por aqui. - Rosalie disse a Emmett e a família de Tor e Giselle, eles estavam numa caverna a alguns quilômetros de Volterra - Ao final da tarde, quando o sol se pôr, nós vamos para lá. Provavelmente Carlisle e os outros já estarão lá.

Emmett se levantou de onde estava e foi abraçar a parceira na entrada da caverna. Tor e Giselle estavam mais para dentro, junto dos filhos adotivos. E ao todo, eles somavam doze pessoas ali.

- Se eu pedisse para você ficar fora de tudo isso... - Emmett perguntou a ela - ... você ficaria?

- Depende... você ficaria? - ela falou em resposta

- Não. - ele disse brevemente - Por mais que você seja a pessoa que eu mais amo e pela qual eu faria tudo, temos também uma família que sempre esteve ali para nós e que precisa de nós mais do que nunca. Eu nunca os abandonaria.

- Digo o mesmo.

Tor pigarreou indo até eles, Giselle estava logo atrás.

- Pois bem. - ele falou - Podemos até conseguir empatar ou superar eles em número mas e nossa estratégia? Vai ser apenas porrada a vontade em quem estiver na frente?

- Basicamente, sim. - Emmett falou com uma expressão óbvia, não conseguindo pensar em nenhuma outra forma de encarar a situação que estava prestes a acontecer

Horas depois, Edward e Bella não foram muito bem recebidos pelos lobisomens, afinal, eram vampiros. Com certeza não foram destruídos apenas por serem amigos de Abraham, que de alguma forma, tinha uma espécie de liderança sobre os outros. Eles explicaram sobre a aproximação do confronto e os Filhos da Lua não ficaram com medo, pelo contrário, ficaram empolgados e ansiosos. Era a fúria de centenas, milhares de anos, prestes a ser descontada. Toda a repressão, o sofrimento e os massacres que sofreram estavam prestes a ser vingados. Todas as perseguições e matanças. Tudo, tudo seria revidado.

- Vocês tem algum plano para que entremos em cena? - Abraham perguntou a Edward num momento de silêncio

- Na verdade sim. - Edward respondeu sem emoção - Seria melhor para o nosso lado se aparecessem depois de algum tempo, quando os Volturi já tivessem baixas suficiente para que sua chegada seja decisiva para o conflito.

- Então... - Abraham continuou - ... como ficamos?

- Nós daremos início a batalha... apenas os vampiros. - o Cullen explicou, se virando para o lobisomem - Vai começar a qualquer momento após o final da tarde. Com certeza tentarão nos conter na praça em frente ao Castelo, mas faremos de tudo para invadir. Pois a tríade não sairá para nos enfrentar, e eles tem prisioneiros. Minha família e amigos.

- Tudo bem. Então, invadiremos o Castelo na direção em que vocês vieram até nós, vamos invadir a meia-noite. Nem um minuto antes. - Abraham chegou mais perto, desejando que apenas Edward escutasse - Tome cuidado e diga a sua esposa e sua família para tomarem cuidado também. Os lobisomens não mataram vocês aqui porque eu não permiti, porém na batalha não terei esse controle. Eles atacarão todo e qualquer vampiro que entrar no caminho.

- Entendi. - Edward assentiu - Obrigado por avisar. Farei com que os outros saibam disso, obrigado mesmo.

- Fico pensando quanto tempo vai levar para descobrirem que fugimos. - Bella perguntou, se juntando aos dois, com receio de ficar sozinha perto dos outros lobisomens, eles eram amedrontadores, a encaravam como um padre encararia um demônio

- Já descobriram. - Edward respondeu calmo - Assim que Niklos produziu a tempestade, sentiu nossa falta e disse a Aro que fugimos. Neste momento as pessoas estão deixando a cidade desesperadas. Ele fez com que ventos fortes atingissem as ruas, as pessoas ficaram com medo das casas desabarem. A cidade já está vazia.

Algum tempo depois, o sol já se punha no horizonte. Bella não precisou perguntar. O olhar de Edward dizia tudo.

- Vocês todos, me escutem. - ela falou, chamando a atenção dos lobisomens - A hora chegou. Eu e Edward estamos indo ao encontro dos aliados, em direção a Praça do Castelo. Nós vamos enfrentar eles a princípio. Quando o relógio do Castelo badalar a meia-noite, é a vez de vocês entrarem... não poupem esforços, vocês esperaram milênios por esse dia e ele chegou. Não vou dar ordens, apenas invadam e destruam!

E ao ouvirem isso, os Filhos da Lua jogaram os braços ao céu e fizeram algo como um grito de guerra. O que impressionou a vampira. Ela então foi até Edward.

- Pronta? - perguntou ele

- Sim. - disse determinada

E então os dois deram as costas a floresta e partiram em direção a Praça, abusando da velocidade. Para chegarem antes de o confronto se iniciar. Eles passavam por tudo e viam apenas borrões, seus pés levantavam terra por inde tocavam. O cabelo de Bella voava ao vento.

Quando chegaram até lá, já puderam avistar a família, dando liderança aos outros. Carlisle era o primeiro deles, Esme estava logo ao seu lado. Emmett e Rosalie haviam acabado de se juntar ao bando, traziam consigo o clã de Tor e Giselle que se misturaram aos aliados, evitando ficar na linha de frente. Mesmo sendo quase imperceptível na multidão, Bella enxergou Alice, e com ela Jasper. Perto deles estavam as três amazonas, Zafrina, Senna e Kachiri. E um passo atrás encontrava-se uma mulher de cabelos longos e negros, e olhos vermelhos como o sangue. Tinha traços latinos. Bella não teve dúvidas, era Maria. E o batalhão fora de ordem que a seguia eram seus numerosos recém-criados. O famoso exército do México.

Eles caminharam até a Praça, parando cerca de cinquenta metros da entrada do Castelo, Edward e Bella os seguiram até que alcançassem a linha de frente. Não houve muito tempo para cumprimentos, apenas sorrisos de felicidade por ver que estavam todos vivos. Não tinha tempo para explicar a razão de Nessie e Jake não estarem com eles, e nem porque estavam fora do Castelo. Carlisle tinha alguma ideia.

- Edward, Bella... - Carlisle falou - ... que bom que estão bem.

- Digo o mesmo. -a nora respondeu - Veio bastante gente. Bastante mesmo, agora tenho alguma esperança.

Guinevere, Orlando e Persephone estavam na ponta esquerda. Kate, Garrett e Tania na ponta direita. Carmem e Eleazar estavam no fundo junto do clã espanhol e próximo dos irlandeses. Alistair, surpreendentemente, estava lá também e não recuara ainda. Talvez não fosse.

Benjamin e Tia estavam no meio da multidão, de mãos dadas, olhando para a frente, esperando pelo que fosse vir. Bella não viu Peter e Charlotte, nem os nômades do ano passado. Talvez não tivessem sido encontrados, talvez não quisessem lutar. E antes que ela pudesse dizer que estava surpresa por não ter visto os dois, Vladimir e Stefan se juntaram ao exército, vindos do sul, em alta velocidade. Como da última vez, eles vestiam roupas pretas.

- Nessie e Jake foram feitos prisioneiros. - Edward avisou - Também há outros em cativeiro. Temos de encontrar eles. Aro pode querer usá-los como seus refens.

Naquele momento, as janelas do alto do Castelo se abriram e de lá podiam-se ser vistos Aro e Niklos, observando da varanda do Grande Salão os inimigos que se opunham a eles.

As portas do Castelo se abriram, e Felix saiu, assim como Santiago, Afton, Demetri, Jane, Alec, Heidi, vários outros dos guardas e todos os aliados dos italianos. Todos os adversários ficaram a frente da porta e havia um espaço entre os dois bandos. Algo em aproximadamente trinta metros, distância que seria coberta em segundos quando tudo se iniciasse. E faltavam instantes para isso.