Isabella ''Bella'' Marie Swan Cullen

A grande fogueira terminava de consumir os restos dos híbridos restantes, que acabávamos de derrotar. Todos estávamos sujos de sangue, uns mais que outros. Mas pelo menos agora só tínhamos um grande problema com o qual nos preocupar, o plano dos Volturi contra nós. Depois de algum tempo, Emmett apagaram a fogueia e jogaram terra por cima de tudo. Eu caminhava com Edward na frente, esperando pelos outros, para que pudéssemos ir embora. Ele então parou de andar bruscamente.

- Eu não acredito nisso. - disse ele nervoso, e então vociferou - Eu não acredito que ele fez isso!

- Quem fez o quê? - indaguei assustada com sua postura, parecendo que mataria qualquer um que o tocasse naquele momento - Edward, o que foi?

Ele não me explicou, apenas olhou em meus olhos furioso. Não com raiva de mim, mas eu temia de quem fosse e tinha dúvidas sobre o motivo daquele comportamento. Eu rezava para que estivesse errada.

Edward sumiu em meio a floresta como uma bala de revólver, os outros se juntaram a mim quando perceberam a força com a qual ele corria. Ninguém seria capaz de alcançá-lo.

- O que está acontecendo? - Esme perguntou, transmitindo aquilo que todos os outros queriam saber

- Edward parece ter descoberto algo. - falei, sem tirar os olhos da floresta - Deixem que eu vou atrás dele, e se não for pedir muito, não demorem para chegar em casa. Se eu estiver certa, alguém vai precisar muito que segurem Edward.

Disse isso e comecei a correr, sabendo que eu jamais alcançaria ele mas pelo menos queria manter uma distância na qual que pudesse chegar rápido em casa assim que ele chegasse. Eu gritei seu nome várias vezes mas Edward não parou, nem ao menos olhou para trás. Ele estava, em alternância, de quatrocentos a quinhentos metros na minha frente, e isso aumentou quando ele optou pular por cima do rio enquanto dei a volta. 

Do ponto de partida até nossa casa foram cerca de quinze minutos para que Edward chegasse. Eu cheguei cinco minutos depois, a ponto de segurá-lo. Ele estava parado no jardim, rígido como uma estátua.

- Edward, o que foi? - perguntei colocando a mão em seu ombro, por um segundo temi que ele fosse me atacar

Antes que minha dúvida fosse sanada, Nessie abriu a porta e veio para o jardim, Jake estava com ela, de mãos dadas. No momento em que a vi, eu já sabia o que tinha acontecido. Infelizmente eu não estava errada. Apenas percebi que Edward tinha saído do meu lado quando o vi empurrar Jacob para metros longe de Nessie. Ele não economizou na força. Me apressei em ficar na frente dele, o que foi feito era errado mas matar o transmorfo não era a melhor solução. Nessie correu para ajudar Jacob a se levantar. Edward me driblou e então estava de frente a ele novamente.

- Se você tocar nela novamente, eu acabo com você. - Edward ameaçou num rosnado, eu já estava entre os dois, segurando os braços de um pai muito furioso

- Edward, não! - eu implorei - Eu entendo o que você está sentindo, eu também estou brava e nós vamos conversar com eles. O que não significa que temos que matá-los.  Relaxe!

- Não me peça para relaxar, ele não tinha o direito de fazer isso. Ela é minha filha, minha! Eu devia quebrá-lo ao meio.

- Não, não devia. E ela é nossa filha. - enfatizei a palavra - Eu quem praticamente me tornei um zumbi para dar a luz a ela, não você. Agora se acalme, vamos conversar como pessoas civilizadas!

Eu tinha ficado estérica, dando verdadeiros berros. Os três ficaram em silêncio, impressionados com meu surto. Eu estava brava com os dois, mas não deixaria Edward matá-los por isso. 

- Renesmee, o que você tem na cabeça? - perguntei dando um passo em direção a ela, o que provocou certo susto de sua parte - Querendo ou não você ainda é uma criança.

- Eu não sou criança. - disse ela em defesa

- Você é! - rebati, erguendo a voz novamente - Por mais que seu corpo seja de alguém com dezoito ou dezenove anos, você não fez ainda seu segundo aniversário. Não fazem dois anos que você nasceu!

- Bella. - Jacob intercedeu - A culpa não foi dela. Fui eu.

- Não é verdade. - ela o protegeu - Eu quis. Vocês não podem me proibir.

- Eu posso fazer bem mais que isso. - interrompi quando ela ameaçou erguer o tom de voz para mim, tentando manter a calma eu levei as mãos ao rosto e respirei profundamente duas vezes 

- Mãe, por favor. - ela pediu se aproximando - Pense em nós dois. Lembra-se de quando me dizia que você e o papai enfrentaram tudo pelo amor de vocês, eu e Jake nos amamos. Não podem nos separar só pelo que aconteceu hoje, isso é o maior de nosso amor. Nós somos como vocês. E vamos enfrentar o que for necessário para ficarmos juntos.

Aquilo me silenciou, ela estava certa, não literalmente eles eram como eu e Edward, completamente apaixonados e dispostos a confrontar tudo e todos para ficarem juntos. Talvez eu tenha ficado brava, não pelo que fizeram mas porque tiveram sua primeira noite de amor em segurança, diferente de mim e Edward. Eu queria ter tido aquela experiência antes do casamento, eu queria me deitar com ele e saber que não corria risco de morte. E Renesmee teve o que eu não tive, e aquilo me provocou inveja, e não era correto puni-los apenas por que tiveram algo que não tivemos.

Os outros chegaram pouco tempo depois, eu contei para Rosalie o acontecido e pedi que ela dissesse aos outros para que ninguém ficasse por fora do assunto, afinal éramos uma família. Mas pedi também que fossem discretos, seria constrangedor para os dois se todos ficássemos falando disso para cima e para baixo. Todos os casais da família tinham seus momentos íntimos, e Jacob e Renesmee eram também um casal.

Edward não disse mais nada, estava furioso o bastante para falar calmamente, porém escutou com atenção tudo o que Renesmee e Jacob disseram, ao menos isso ele tinha de fazer. Mas não lhes deu nenhuma resposta, apenas caminhou para dentro de casa em passos pesados.

- Posso entrar? - perguntei, já entrando em nosso quarto, numa tentativa de iniciar uma conversa

Ele estava sentado em seu lado da cama, encarando as nuvens através da janela, mantinha os cotovelos sobre os joelhos, suas mãos estavam entrelaçadas, dando apoio ao queixo. Caminhei vagarosamente até repousar na cama, ao seu lado, deitei a cabeça sobre seu ombro. Edward não se manifestou, e nem iria, não era comigo que ele estava bravo.

- Por que? - murmurou ele com o maxilar travado - Eu só queria entender isso. Eu sei que eles se amam, eu compreendo isso melhor do que qualquer um. Mas nós temos a eternidade pela frente, eles são jovens demais. É difícil para mim ver minha filhinha como uma adulta, ela sempre será o bebê que eu vi nascer, que eu segurei em meus braços sujo de sangue. Será sempre minha Renesmee precisando de proteção.

- Nós também éramos jovens, não se lembra? - comentei - Você foi o meu primeiro. Uma situação um tanto injusta. Você tem mais de cem anos de existência, já viveu bastante.

- Pelo contrário. - Edward respondeu, dessa vez movimentando a boca - Você é quem viveu bastante. Dezoito anos. Minha vida apenas começou depois que te conheci, já devia estar careca de saber disso.

Eu sorri. Do modo como estávamos eu não via seu rosto, mas talvez ele estivesse sorrindo também, mesmo sem ânimo.

- Eu te entendo. - falei - Para mim ela sempre será minha pequena Renesmee, afinal somos os pais, vamos estar com ela em todos os momentos. Bom, não necessariamente em todos se é que me entende.

- Como hoje por exemplo.

- Sim. - concordei - Eu já lhe disse isso algumas vezes mas não custa repetir, agradeça que ela tenha correspondido ao amor de Jake, agradeça por ela amar ele. Assim tudo é tão mais fácil. E sexo não é o fim do mundo. Uma hora ou outra isso ia acontecer e veja bem, seria muito constrangedor caso estivéssemos em casa. 

- Falando assim faz parecer que sempre que ficarem sozinhos, vão aproveitar a oportunidade.

- Não estou dizendo isso, apenas que é algo natural. - ergui minha cabeça, em seguida o abraçando - Não fique assim com eles. E ver negativamente só vai piorar as coisas. Converse com eles, separadamente e de preferência sem matar nenhum dos dois. 

- Eu te amo. - ele falou, virando-se a mim e erguendo meu queixo para então me beijar - Hoje mais que ontem, amanhã mais que hoje. 

Nos beijamos outra vez, então eu o deixei sozinho, senti que ele queria pensar. Encostei a porta do quarto e retornei para o andar de baixo onde quase todos lá se encontravam. Renesmee e Jacob deviam estar conversando em algum lugar. Eu me dirigia para a sala quando passei em frente ao escritório de Carlisle.

- Bella. - ele chamou - Entre, por favor.

Eu aceitei o convite. Tomando assento na cadeira em frente a ele, que guardou alguns papéis do hospital que estava terminando de assinar. Pelo que pude ver, eram solicitações de remédios.

- Sabe, Bella, o que aconteceu hoje. Tente não pensar nisso, é mais fácil do que imagina. - ele disse e então sorriu brevemente - Mas eu não te chamei para falar sobre isso. A questão é bem mais séria, afinal todos sabemos que Aro tem um plano e também que isso diz respeito a nós. Enfim, você é muito especial, em todos os sentidos. Mas aqui me refiro ao seu dom de proteger a si e aos outros.

- O que tem a ver com o plano de Aro?

- Essa é a questão. Uma ideia me passou pela cabeça mas não se sinta obrigada a nada, só faça isso se estiver segura e se sentir a vontade para tal coisa. - Carlisle limpou a garganta - Uma boa estratégia para descobrirmos as intenções dele e com isso ganhar tempo, seria ir até Volterra.

- Como assim? Escondida, tentar espioná-los?

- Não. - ele pensou numa forma mais clara da explicação - Ir até os Volturi, alegando estar em paz. Inventar uma boa desculpa. Por exemplo, diga que fez uma viagem, para caçar em outras terras, ou mesmo visitar os amigos, a família de Tor e Giselle. E com isso passar alguns dias com eles, afinal Aro não tem conhecimento do que sabemos. Não sabe que temos conhecimento de seu plano.

- E eu iria, pelo fato de ser a única que tem proteção natural contra Jane, Alec, Chelsea e os outros psíquicos.

- Exatamente. - Carlisle confirmou assentindo - Mas não estou lhe mandando e nem pedindo para que faça nada. Só gostaria que considerasse essa possibilidade, mas não há nenhum problema caso não aceite. Vê-la se expor ao perigo por se sentir obrigada é a última coisa que quero. Mas pense nisso.

- Vou pensar. - lhe assegurei - E quanto a Abraham? Você e Esme o levaram a Denali, como foram as coisas por lá?

- A princípio foi o que já esperávamos. Eles se assustaram, Tania um pouco impulsiva tentou atacá-lo mas Kate a tranquilizou. Depois a curiosidade foi geral, da mesma forma como ocorreu aqui. Porém a noite ele não se transformou, Carmen não achou uma boa ideia. E quando Rosalie ligou avisando o que tinha acontecido com Nessie, nós viemos embora no mesmo instante e Abraham foi para casa.

- Eu queria que as coisas fossem diferentes. - refleti em voz alta, uma expressão de dúvida se formou no rosto do médico, então esclareci - Queria que pudéssemos viver pacificamente com os Volturi, por mais que tenhamos nossas diferenças. Parece que nunca vamos ficar em paz, sempre algo vai surgir para nos impedir de seguir em frente sem problemas.

Eu fiz companhia a Carlisle no escritório por mais alguns minutos e então, ambos, fomos para a sala onde encontramos, com exceção de Edward, Nessie e Jake, todos conversando e assistindo televisão. Emmett se gabava dos dois híbridos que, sozinho, ele destruiu. Todos nós tivemos nosso 'pedaço do bolo' mas apenas ele se divertia tanto em combate. Como sempre, ele estava ao lado de Rosalie.

Carlisle foi até Esme e eu me sentei com Alice e Jasper, ficamos falando sobre a faculdade e o hospital por bastante tempo. Lamentamos a morte de Spoby e Rose e Esme deixou os dois no fundo do jardim, para que Nessie os enterrasse posteriormente.

No dia seguinte o clima estava bem mais animado, Edward desceu as escadas com um sorriso no rosto, o que era um bom sinal. Mais tarde ele e Jacob foram caminhar na floresta e por um momento cheguei a ficar preocupada quando percebi que já tinham se passado mais de quarenta minutos e nada dos dois. Mas felizmente tanto um como outro voltaram intactos. Edward também conversou com Renesmee e já nesse caso não tive de me preocupar tanto, mesmo que o tempo de conversa tivesse sido maior. Bem maior. Pai e filha desceram as escadas abraçados e sorrindo, ele a beijou na testa e então foi até mim.