Morning Star escrita por Giovanni Schaeffer


Capítulo 20
Obsessiva


Notas iniciais do capítulo

Hey, galera! Mais uma semana passou e mais um capítulo de nossa querida fic chegou... anciosos? Este aqui está imperdível
Bora ler...



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Meu dia começou cedo, eu estava louca para continuar o treinamento, queria só ver qual seria o próximo Volturi que eu desmembraria. Mas para minha surpresa, tio Emmett mudou um pouco as coisas naquela manhã.

- Por que nós não vamos destruir pedras e árvores? - perguntei desapontada enquanto caminhávamos pela floresta em busca de um lugar bom e espaçoso para o treino

- Porque hoje eu quero treinar com você corpo-a-corpo. - ele disse quando paramos num lugar em que as árvores formavam um círculo ao redor, eram mais ou menos seis metros quadrados de espaço - Mas não se preocupe, eu pego leve com você.

Dei de ombros, concordando e me preparei. Ele usava sua camiseta regata branca que tinha reservado apenas para os treinos, uma calça de moletom cinza e calçava um par de tênis esportivos. Roupas leves. Reparei isso no treino anterior e optei por usar também uma regata, calça legging e tênis. Meu cabelo estava preso atrás, enrolado nele próprio. Tentei lembrar de tudo o que ele me ensinou na primeira aula e parti pra cima.

Ele ficou parado, com os braços prontos, e assim que faltavam centímetros para que eu o alcançasse, trai as expectativas dele e deslizei, escorregando e passando por baixo de suas pernas, estrategicamente separadas. Antes que ele pudesse se virar, eu me levantei e me agarrei as suas costas, fechei meus braços a frente do peito dele e me inclinei para trás, conseguindo levar-nos ao chão. Me arrependi da estupidez quando caímos e seu peso descomunal me imobilizou, ele se virou rapidamente, se livrando de meus braços como se fossem nada e colocou a mão em meu pescoço, explicando não verbalmente que aquele seria meu fim se eu tentasse isso com um inimigo de verdade.

- Péssima ideia né? - confessei rendida

- Totalmente. - concordou e se levantou, em seguida estendendo a mão para me auxiliar - A última coisa que você deve fazer é deixar seu inimigo ficar sobre você, é como pedir para ser morta. O que você deveria ter feito era se inclinar para frente e tentar fazer o inverso do que fez, porque eu, ou no caso o inimigo, ia cair de bruços e ficaria impossibilitado de ver. Então seria só você usar a técnica que te ensinei ontem e arrancar a cabeça do infeliz.

- Isso não é justo. - reclamei - Os vampiros completos são lutadores por natureza e eu tenho que aprender tudo o que vocês já acordam sabendo quando são transformados.

- Não é bem assim. - ele riu de minha expressão emburrada - Vampiros também precisam ser treinados, mesmo que sejam vampiros completos como você diz, se nós não raciocinarmos, nossa força pode se tornar nossa fraqueza. E embora eu achasse que nunca fosse dizer isso, nem sempre a luta pode se fazer necessária. De tanto seu avô falar, acho que acabei aderindo a ideia.

- Por falar nele. - mudei de assunto, curiosa - O que você sabe sobre o vovô? Digo, como era a vida dele antes de todos nós? Ele me disse uma vez que passou algumas décadas com os Volturi mas então os abandonou, mas fora isso eu não sei nada sobre ele.

- Pra falar a verdade, ninguém sabe muita coisa sobre o Carlisle antes de resolver construir uma família e agir como humano. - titio comentou batendo as mãos na calça para tirar a terra e depois me deu as costas para que eu limpasse a mesma enquanto ele continuava - O que eu sei foi Esme quem me disse, que antes de se tornar imortal, sempre acompanhava o pai, que era um pastor da Igreja Anglicana e caçava criaturas sobrenaturais, em especial tribos que eram suspeitas de praticar bruxaria. Numa certa caçada algo terrível aconteceu e o pai dele foi morto e ele foi transformado, aquilo pra ele foi uma maldição porém ele quis reverter isso e usar seus dons para fazer o bem e ajudar as pessoas.

- Mas demorou ... - calculei rapidamente - ... quer dizer, o vovô tem mais de quatrocentos anos de existência e desde que ele transformou o papai e a vovó fazem noventa e quatro. Ele passou algumas décadas com os Volturi e o que ele fez antes disso?

- Esme me disse que ele trabalhava em hospitais mas tinha que sumir constantemente, porque na época, até os médicos mais experientes acabavam sucumbindo as doenças e todos estranhavam a perfeita saúde e aparência dele, então ele ia embora mas enquanto estava residente em algum lugar ele fazia tudo o que os humanos normais faziam, bom, quase tudo. Ele ia para casa e fingia que dormia apenas para tentar se sentir comum.

- E como ele conheceu a vovó?

- A senhorita está bem curiosa hoje né? - ele disse em deboche

- Fora os treinos, nossos dias são bem chatos, temos que passar o tempo de alguma forma. E uma boa forma de passar tempo é você me contar a história da família. Agora diga, como ele conheceu a vovó?

- Diferente do seu pai, da Rosalie e de mim, ele já conhecia Esme antes de transformar ela. Quando ela tinha dezesseis anos, machucou a perna e ele a atendeu, alguns anos mais tarde, uma década eu acho... ela tentou se suicidar devido ao fato de não poder ter filhos e teria morrido se ele não tivesse visto ela e lembrado da garotinha de quem ele tratara anos antes, então ele a internou e a mordeu logo depois de morder o seu pai. Depois disso, a única coisa que eu sei sobre ele é que alguns anos depois ele achou a Rose, e ela me achou e pediu pra ele me transformar. Eu fui o último que fui mordido por ele, quando Alice e Jasper se juntaram a nós, eles já eram vampiros. Então fomos para Forks, e daí tudo começou.

- Aposto que deve ter bem mais coisa por trás disso. - falei convencida de minhas palavras ele rolou os olhos - Quatrocentos anos não são quatrocentos dias.

Naquele dia o treinamento não durou muito, acabou antes das duas da tarde, fiquei um tempo em meu quarto e depois cerca de uma hora e meia na sala de televisão com titio e os cachorrinhos até que tive uma ideia.

- Tio, posso ir até a cidade? 

- Não, seu pai me mataria, sua mãe me mataria, todos me matariam. Esqueceu que eu sou responsável pela sua segurança? - ele ironizou mas insisti

- Por favor.

- Não, Nessie, você sabe que não pode.

- Titio, por favor, eu prometo que não demoro. Agora são três e quarenta, o Jake chega por volta das quatro e vinte, prometo que vou estar de volta antes dele chegar. Por favor, eu só quero dar uma volta. Pode ir comigo já que está preocupado.

Ele ficou pensativo por alguns instantes, e mesmo um pouco relutante acabou aceitando e o abracei demoradamente.

- Eu te amo. - lhe beijei na bochecha

Abusando da velocidade, fui até o quarto e vesti algumas roupas de frio e calcei botas de neve. Ele fez o mesmo, não podíamos levantar suspeitas. 

Jamais diria isso á ele mas me arrependi de ter saído de casa, a cidadezinha era muito sem graça. Caminhávamos por lá há quinze minutos e só vi uma pessoa nas ruas além de nós. Por poderem estar nos observando de dentro das casas, resolvemos ir até o mercado comprar qualquer coisa. Ao entrar lá, pela primeira vez vimos os rostos de alguém, poucas pessoas que obviamente faziam compras ali. Um sino posicionado na porta, alertou a todos a hora que entramos e os olhares se voltaram a nós. Cada um ali devia saber quem nós éramos, membros da família Cullen, e deviam estar surpresos por ser a primeira vez em meses que nos ''misturávamos'' com eles.

- Pegue qualquer coisa aí que eu espero do lado de fora, tem dez humanos aqui e eu ainda não cacei este mês. - ele sussurrou em meu ouvido e deixou o estabelecimento, envergonhada fui para um dos únicos quatro e curtos corredores, peguei uma cesta para colocar o que fosse que eu ia comprar

- Oi. - uma garota disse ficando ao meu lado, a cesta de compras dela estava vazia e ela mantinha a cabeça baixa, acanhada - Meu nome é Suzanne.

- Olá, Suzanne. - a cumprimentei simpaticamente e ela me olhou, seus olhos eram incrivelmente azuis, lindos - Meu nome é Renesmee.

- Renesmee, é um nome diferente. - ela comentou e começamos a andar pelo corredor, escolhendo entre os produtos 

- É uma junção dos nomes das minhas avós. - expliquei e ela ergueu o queixo compreendendo

- Entendi. - colocou um pacote de pão pullman na cesta - É a primeira vez que alguém da sua família vem até aqui, quer dizer, vocês moram aqui mas bem longe de todos. A mansão de vocês é na entrada da floresta, praticamente aos pés das montanhas.

- Aqui na cidade as pessoas falam bastante sobre a minha família? - perguntei, interessada tanto em falar com Suzanne como em descobrir o que os outros dizem sobre nós

- Vocês são assunto pra tudo. - ela disse com um sorriso que não compreendi - Desde que chegaram, qualquer conversa que alguém tenha sempre acaba indo parar pra vocês. Todo mundo se perguntando o que vocês fazem, o motivo de nunca virem aqui e o motivo do doutor Cullen não trabalhar no hospital daqui.

- Bom. - me senti obrigada a dar uma resposta - Nós chegamos em setembro e ele comprou um hospital em outra cidade. 

- O que vocês são? - Suzanne perguntou e na hora congelei, pensando que ela poderia estar se referindo a nossa real natureza - Porque são todos bem jovens e não tem nenhuma criança, todos se perguntam isso.

- Ah. - suspirei aliviada - Na verdade nós somos uma família adotiva. Meu avô, o doutor Carlisle é casado com minha avó Esme e como ela não pode ter filhos, eles resolveram adotar meus tios e meu pai. Meu pai também me adotou logo após casar com a minha mãe e então viemos morar aqui, até o meu namorado veio.

- O seu namorado mora com você? - ela juntou as sobrancelhas e por um momento eu tinha esquecido que as famílias normais não são como a minha

- É, ele mora com a gente. É porque na verdade nós somos de Washington, uma pequena cidade chamada Forks e quando decidimos que íamos nos mudar o pai do Jake, meu namorado, concordou em deixar ele vir terminar os estudos no Alasca. Bom, agora eu passo a maior parte do dia com meu tio Emmett, aquele grandão que tá do lado de fora, e o Jake vai pro colégio em Wainwright. Meus tios e meus pais vão pra faculdade, meu avô vai pro hospital e minha avó fica na loja de antiguidades dela.

- Nossa, sua família é bem... - ela olhou pra cima procurando pela palavra - ... ativa.

- Eu sei. - concordei - Mas, e por aqui como são as coisas? 

- Na verdade não são muito legais, quer dizer, as coisas se tornam chatas bem mais rápido. - lamentou - Se eu espirrar, a cidade toda é capaz de saber em menos de meia hora.

- Uau! - exclamei e tinha que começar a vigiar minhas palavras, eu ficava encurralada muito facilmente com as perguntas dela - E minha mãe dizia que Forks era um ovo.

- Vejam só a hora. - ela disse assustada olhando o relógio de parede ao fundo do corredor - A minha avó é meio doidinha, quando estamos em semana de lua cheia, ainda mais na noite principal da lua cheia, ela detesta que eu e minha irmã fiquemos fora de casa até tarde, são superstições dos ancestrais dela. E aqui começa a escurecer bem mais cedo, você já deve ter percebido isso, ainda mais agora após os cinquenta dias de escuridão, o final do inverno. Bom, Renesmee, foi bom conhecer você, espero que a gente possa se ver mais vezes, agora eu tenho que ir ou vou ver uma avó muito brava quando chegar em casa.

- Tudo bem. Foi ótimo conhecer você. - falei sorrindo e ela me abraçou, o cheiro do sangue dela me tentou mas a sede passou tão rápido quanto veio

Suzanne foi até o caixa, pagou e saiu do mercado. Eu não sabia mais o que fazer ali então peguei apenas dois pacotes de bolacha e fui para o caixa.

- Obrigada. - agradeci ao senhor com expressão mal-humorada e deixei o lugar

Tio Emmett estava me esperando em pé ao lado da porta

- Até que enfim. - ele disse ao me ver - Achei que fosse ficar e contar á todos o que somos também.

- Desculpa, eu não sabia o que fazer, a garota veio falar comigo e eu não tinha assunto. Aliás, o único assunto que eu tenho é a nossa família, os Volturi, os transmorfos e as Crianças da Lua.

- Shiu! - me repreendeu - Não fale disso em voz alta, ficou louca? Venha, vamos embora.

A rua, coberta de neve, estava deserta mas enquanto nos distanciávamos da cidade, indo de volta á nossa casa, pude ter certeza de que tinha alguém nos observando mas quando eu me virava para procurar, não via ninguém.

Novamente, quando já estávamos no jardim de casa senti a presença de mais alguém e então larguei do braço dele.

- O que foi? - ele perguntou e felizmente meu tio grandão era o único membro da família para quem seria possível mentir, ele não era muito atento a isso

- Não foi nada. - comecei a inventar - Pode entrar, eu só quero esperar o Jake aqui fora, ele está pra chegar.

- Tudo bem então. - deu de ombros e passou pela porta - Vou estar na sala de televisão.

Assenti e esperei alguns segundos até ter certeza que ele estava longe, saí da varanda e fui caminhando em direção a floresta, meu lado vampiro é quem dominava naquela hora. Como se estivesse caçando, eu podia sentir a presença de mais alguém, eu sentia o cheiro de alguém.

- Ora, ora. - uma voz feminina ecoava vinda de alguma das árvores ao meu redor - A pequena Renesmee cresceu, parece que está definitiva agora.

Um vulto pulou da árvore e parou na minha frente. Era Vanessa, a parceira de Darian.

- Vanessa. - exclamei involuntariamente, foi uma reação ao susto - O que faz aqui?

- O que você acha que eu viria fazer aqui? - perguntou irônica e hipnoticamente - Vou lhe dar uma dica, não vim fazer um convite á você para que se junte a mim e aos meus irmãos, agora órfãos, por culpa do seu pai!

Ao gritar essa última palavra, ela bateu a mão com força em meu ombro, me fazendo cair. Eu não estava esperando por aquilo. Antes que eu pudesse me levantar para agir em defesa, ela correu, me segurando pelo cabelo e me jogou violentamente contra uma árvore.

Vanessa se preparou para me atacar novamente mas dei um pulo e a chutei, aquilo surpreendeu até a mim mesma.

- Então você acha que é páreo pra mim. - ela vociferou e se aproximou rapidamente outra vez 

Eu estava entre ela e a árvore, sem saída quando ela foi arremessada para longe por um certo tio muito grande e igualmente raivoso.

- Você tá bem? - ele perguntou a mim que apenas assenti, impressionada com a rapidez com a qual ele apareceu, em seguida ele se dirigiu a intrusa - Sua desgraçada, vai aprender a não tocar em ninguém dessa família.

Ele falou isso enquanto caminhava pesadamente em direção onde ela estava no chão.

- Não! - gritei em alerta, fazendo ele parar - Não faça isso! Os irmãos dela podem vir atrás da gente!

- E nós podemos dar conta de todos eles. - rebateu e retomou sua caminhada até Vanessa

- Tio, não, isso vai chamar muita atenção. - insisti, por mais que naquele momento eu quisesse ver a cabeça dela rolando - Deixe ela ir embora, tenho certeza de que ela não vai querer voltar.

- Não tenha. - Vanessa falou se recuperando, ela se levantou e sumiu em meio a os arbustos

- Você tinha que ter deixado eu acabar com ela. - ele reclamou - Escreva o que estou dizendo, eu já vi esse filme antes e isso está longe de acabar.

Fiquei um pouco intrigada com aquilo mas deixei o assunto morrer, voltamos para casa e o celular dele tocou.

- Quer apostar como é o seu pai? - ele disse enquanto pegava o aparelho no bolso - Oi, Edward... ela está bem... não aconteceu nada... não precisa vir agora, seria inútil... eu já disse que está tudo bem... isso... a gente se fala quando você chegar... é ... tchau.

- Ele tava muito bravo?

- Não. - me tranquilizou - Apenas preocupado. Ele queria perder a última aula para vir pra casa mas eu disse que você está bem.

Tio Emmett me levou para dentro de casa e trancou as portas, fui quase obrigada a ficar com ele na sala de televisão até que alguém chegasse. Cada movimento meu foi observado por ele. Logo vovô passou para deixar Jake e então voltar para o hospital, pela expressão preocupada no rosto dele, deduzi que alguém o contou do acontecido.

- Você está bem? - ele perguntou me abraçando - Ela machucou você?

- Não, Jake, não aconteceu nada. - insisti mas ele me examinava rapidamente, passando as mãos em meus braços, minhas pernas, procurando por algum ferimento - Está perdendo seu tempo, você sabe que não é fácil machucar um híbrido.

- Eu sei, eu sei. - ele concordava mas ainda sim procurava por algo até que bufei fazendo ele parar - Desculpa. Você sabe como é.

- Não precisa pedir desculpa. Vem, vamos subir.

Deixamos a sala e assim como ontem, segui ele até seu quarto. Sentamos na cama dele.

- Seu dia foi bom? - ele perguntou - Além do ataque?

- Foi. Eu e meu tio fomos até a cidade, eu conheci uma garota chamada Suzanne, ela é bem legal e a avó dela acredita em lobisomens.

- O quê? - seus olhos se arregalaram e sorri, me levantei e comecei a andar pelo quarto enquanto falava 

- A Suzanne disse que a vó dela não gosta que ela fique até tarde na rua em semanas de lua cheia porque tem superstições. A única superstição correspondente a lua cheia, pelo menos que eu saiba, é sobre os lobisomens, as Crianças da Lua.

- Ou não. - me corrigiu - Alguns povos costumam acreditar que a lua cheia trás má sorte, coisa que não tem nada a ver com lobisomens.

Rolei os olhos e dei de ombros, depois parei de andar pelo quarto e fiz algo que ainda não tinha feito nesses meses de namoro. Eu sempre via meus tios, vovô e vovó, até meu pai e minha mãe faziam isso e não vi motivo aparente. Sentei no colo de Jake e ele ficou surpreso.

- O que está fazendo? - perguntou assustado

- Qual o problema? - retruquei - Não tem nada demais.

Notei que as bochechas dele coraram, ele estava envergonhado por algum motivo até que delicadamente me retirou de seu colo e me colocou sentada ao seu lado.

- O que eu fiz de errado? - perguntei confusa

- Nada. - ele negou monossilabicamente e se levantou, mantendo as mãos sempre a frente do corpo, pouco abaixo da cintura - Er...er... eu preciso tomar banho, te vejo daqui a pouco, tudo bem?

- Tudo bem. - concordei ainda um pouco confusa e deixei o quarto para que ele pudesse tomar seu banho

Quando voltei para o andar de baixo, os carros estavam chegando, eu pisquei e meus pais estavam ao meu lado, fazendo como Jake e me examinando, a procura de algum ferimento.

- Gente, eu estou bem. - avisei calmamente e eles pararam, mas ainda estavam preocupados

- Por sorte. - mamãe falou - Ou você não se lembra do acidente com o carro, você não é tão imune quanto nós.

- Mas não aconteceu nada. O tio Emmett chegou e até tentou destruir ela mas eu não deixei, achei que se ele matasse ela, os irmãos poderiam vir atrás da gente para conseguir vingança.

- Está bem mesmo? - papai perguntou uma última vez e o olhei em reprovação - Tudo bem, já vi que está.

Eu expliquei o que mais aconteceu no dia e pedi que não brigassem com meu tio, afinal ele não tem culpa de ter que cuidar de uma sobrinha chata e insistente. Mais tarde, estávamos todos na sala de televisão quando um aroma tentador invadiu o ambiente. Todos, com exceção de Jake, podiam sentir, aquilo me deu água na boca até eu perceber que o cheiro exalava de mim mesma. Era um cheiro inebriante, nunca pensei que meu sangue cheirasse tão bem ao meu olfato. O primeiro a perceber que o sangue era meu foi vovô, depois tio Jasper e os outros quase que juntos.

- O que tá acontecendo? - perguntei horrorizada quando levei a mão entre as pernas e quando a olhei, a mesma estava ensanguentada - O que é isso? Eu tô morrendo? Alguém faça alguma coisa!

Todos me olharam tão assustados quanto eu, os olhares eram ao mesmo tempo de espanto e de ameaça. Abrindo uma exceção para o de vovô. Me lembrei que todos, quase, eram vampiros e apavorada deixei a sala, subi a escada correndo, quase não vi a porta de meu quarto e me tranquei em meu banheiro, chorando desesperada. Eu via todo aquele sangue e não sabia o que fazer.

- Nessie, Nessie, abra a porta! - a voz de Jake pedia tão desesperada quanto eu estava naquele momento - Por favor, eu quero te ajudar.

- Nessie, querida é o seu avô, nos deixe entrar. - vovô também estava preocupado - Não entre em pânico, isso é normal, nós apenas nos esquecemos que isso poderia acontecer. Nos deixe entrar.

- O que é isso que tá acontecendo? - perguntei num grito de horror e logo abri a porta, eles entraram e Jake novamente trancou o banheiro, deixando nós três a sós  - Eu vou morrer?

- Não, querida, não precisa se preocupar. - disse tentando me acalmar - Jake, pegue uma toalha pra ela aí no armário.

Mais do que rápido Jake obedeceu, abriu o armário da pia e jogou tudo para fora até encontrar uma toalha de rosto e entregar para vovô.

- O que vai fazer? - perguntei preocupada e ele ficou meio sem jeito

- Querida, eu sei que você preferiria que a sua mãe, sua avó ou suas tias para fazer isso mas elas não confiam em si mesmas para tal coisa. Então, não precisa ficar envergonhada, tire as roupas.

Num primeiro momento eu recuei mas eu estava em família e eles queriam me ajudar. Eu e Jake nos entreolhamos e ele entendeu meu pedido mudo e tímido. Deixou o banheiro mas ficou do lado de fora, encostado na porta. Não tive coragem para tirar a blusa e removi apenas a parte de baixo. Não me senti desconfortável, além de meu avô ele era médico, me limpou e depois falou para que eu tomasse um banho. Fiquei uma hora e meia na banheira até que decidi conversar com minha mãe.

- E então? - ela perguntou - Como está se sentindo?

- Não sei. - respondi sorrindo - Demorou um pouco até eu entender que isso é normal, devia ter me falado que isso acontecia com as garotas.

- Filha, desculpe é que eu não imaginei que isso pudesse acontecer. Quer dizer, você é metade humana mas nunca passou pela minha cabeça.

- Tá tudo bem. Bom, vou ter que me acostumar a usar esse negócio que você comprou, incomoda um pouco.

- Você vai se adaptar. - me assegurou e então tio Jasper entrou no quarto - Aconteceu alguma coisa?

- Sim e não. - ele disse e em seguida me fitou - Por algum motivo eu não consigo sentir e controlar as suas emoções.

- Por quê? - perguntei já me preocupando - Tem algo errado comigo? Será que foi por causa disso que aconteceu?

- Não, isso não tem nada a ver. - papai falou entrando também e então olhou para mamãe - Tente usar seu escudo para impedir que eu leia os pensamentos dela.

Ela se concentrou um pouco e então acenou para que papai tentasse, por via das dúvidas pensei em algo bem tosco.

- Batata frita? - papai perguntou e assenti, mamãe ficou chocada - É, parece que temos mudanças por aqui. Eu percebi isso quando o Jake me disse que de uns tempos pra cá, ele sentia frio perto de você, coisa que nunca acontece porque ele tem calor próprio. Depois seu tio Jasper não consegue sentir suas emoções e agora sua mãe não conseguiu te proteger. Quer um exemplo? - ele deus alguns passos a frente, ficando bem mais perto de mim e se concentrou - Viu só? Agora eu não consigo ler sua mente.

- O que isso quer dizer? - era muita coisa pra um único dia

- Não sei, sábado nós vamos até Denali, talvez Eleazar possa nos ajudar a descobrir o que está acontecendo. - ele disse e fiquei ainda mais preocupada

Passado tudo isso, eu estava quase dormindo quando Jake apareceu, eu fui tola a ponto de pensar que ele não viria me dar boa noite.

- Jake, está tarde. - comentei - Amanhã você tem aula.

- Eu sei, apenas vim te desejar boa noite depois de tudo isso, hoje foi um dia e tanto pra você. - falou carinhosamente e beijou minha testa

- Você sabe se meu pai e meu vô decidiram alguma coisa a respeito da Vanessa? Eu sei que eles conversaram sobre ela, posso até não ter escutado nada mas conheço os dois muito bem.

- É, bom, por enquanto não vão fazer nada demais, sua tia está vigiando as decisões da Vanessa e seu pai os pensamentos. Mas sabemos que ela não vai desistir disso, o papai Edward disse que isso se tornou uma coisa obsessiva pra ela. Mas ela não vai voltar tão cedo, a Esme ligou pra Tânia e pediu pra ficarem de olho se ela der as caras por lá e aproveitou para avisar que vamos lá no final de semana.

- Ela vai tentar me matar. - assumi o que ele mascarava - Ela vai tentar me matar porque acha que a culpa do Darian ter morrido é minha.

- Não vou deixar que ela toque em você. - ele disse com determinação e me beijou demoradamente - Agora durma, tenha bons sonhos. Nos vemos amanhã.

- Durma bem. - agradeci e então ele foi caminhando para fora do quarto - Jake, eu amo você.

- Eu amo você.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Espero que tenham gostado pois eu particularmente amei.
Como eu já disse e repito... as coisas daqui pra frente só tendem a melhorar
Gostaria de dar as boas vindas aos novos leitores e dizer também que estou muito feliz com aceitação da fic através de todos esses meses
Um ótimo fim de semana a todos e todas... e boa noite