Capítulo 14

– Pessoas podem ser bem cretinas quando querem...

Quando Samara chegou ao colégio naquele dia, não pode deixar de perceber os olhares e comentários que a rodavam. Ninguém parecia olha-la diretamente nos olhos, e quando a olhavam atravessado, cochichavam algo com a pessoa do lado. Ela não entendia nada do que acontecia.

Kol havia saído para procurar Stefan e Tyler, e deixou-a sozinha para procurar suas amigas. Acabou por encontrar Caroline sentada em uma das mesas de piquenique, com um livro em seu colo, lendo atentamente.

– Caroline Forbes lendo um livro? Que droga! A chuva vai acabar com este dia perfeito! – disse ela, bem humorada, fazendo a amiga se assustar.

– Samara! Pare de ser besta, garota. – disse Caroline, jogando seus cabelos loiros para trás e deixando a mostra a capa do livro, que era uma gravata cinza.

– Cinquenta Tons de Cinza? Sério? Não sabia que você tinha esse, hum, estilo, Car. – disse Samara, dando uma risada logo depois.

– Não sou! Mas esse livro está tão bem e mal falado ao mesmo tempo, que eu tinha que conferir. Hum! – disse Caroline, e um grupinho de três garotas passou por elas, cochichando entre si e olhando torto para Samara.

– O que deu nesse povo hoje? Parece até que eu estou com uma melancia na cabeça e dançando hula-hula.

– Não sei. Não percebi nada de errado. – disse Caroline, dando de ombros. Quando Samara percebeu outros apontando para ela que perdeu a paciência.

– O que está havendo aqui?! – gritou ela, em alto e bom som, o que com certeza foi ouvido por todo o pátio da escola.

Nenhuma pessoa respondeu.

– Samara! – gritou sua prima ao longe, correndo com Rebekah e Bonnie em seu encalço, parecendo aflitas.

– Samara! – ela ouviu a voz grossa de Kol chama-la do outro lado, parando em frente a ela.

– Kol! Você sabe o que aconteceu com todos hoje?– ela exclamou, um pouco surpresa pelo semblante sério dele. Kol nunca ficava totalmente sério.

– Kol...? O que houve? Por que está olhando desse jeito para mim? – disse ela, dando dois passos para trás.

– É verdade? – perguntou ele, sua voz dura. – É verdade o que todos estão comentando? Você tem HIV, Samara? – o choque tomou conta do rosto de Samara. Ele estava mesmo perguntando se ela era soropositiva?

– O que? Não seja ridículo, Kol! – protestou ela.

– Eu sei que eu não fui o seu primeiro, Samara. Diga-me. É ou não? – agora um circulo de telespectadores formava em volta dos dois.

– Claro que não, seu idiota! – ela gritou com ele, não acreditando que ele a estava acusando daquilo. Ele respirou fundo, como se tomasse uma decisão.

– Não posso mais. – ele disse, e foi como se o mundo desmoronasse. – Acabamos aqui, Samara. – ele virou de costas para ela, e as pessoas foram abrindo caminho para ele passar.

– Sério? Você está acabando com tudo só por causa de um boato? – ela gritava com ele. – Você é um covarde, Kol Mikaelson! Um covarde! – as lágrimas já enchiam seus olhos, mas ela respirou fundo. Não, não podia dar esse gostinho a eles. Ela olhou em volta, todos ainda continuavam lá, a olhando, alguns com pena, alguns com solidariedade, alguns até com nojo.

Ela pegou o olhar preocupado de sua prima no meio da multidão. Ela estava com seu telefone na mão, e sua bolsa estava aberta, como se ela tivesse sido pega de surpresa e saído em disparada – o que exatamente havia acontecido. Samara mandou um olhar de dor a ela. Elena assentiu, acenando discretamente para as outras garotas.

– Muito bem, o show acabou! Circulando! Circulando! – mandaram Bonnie, Rebekah e Caroline, mas ninguém se mexeu.

– AGORA! – gritou Elena, sua voz de rainha se expandindo por todo o pátio, e fazendo finalmente as pessoas dispersarem.

– Elena... – sussurrou Samara, com lágrimas nos olhos.

– Shh! Não chore, querida. Não mostre fraqueza a eles. – disse Elena, abraçando-a.

– Ele confiou num boato... Num boato! – sussurrou ela.

– Shh! Vamos. Vamos te tirar daqui. – Elena fez um gesto com a cabeça para que as outras meninas a seguissem. – Vamos te levar para casa.

Katherine espreitava pela janela de uma das salas do edifício, onde deu para ver perfeitamente a confusão no campus. Ela viu as seguidoras de sua irmã mandarem as pessoas circularem, e então sua priminha ser amparada por Elena, sendo levada em direção ao estacionamento.

– Uma já foi... – cantarolou ela, com um sorrisinho misterioso em seu rosto. – Agora só faltam quatro. – ela se virou para as duas pessoas que estavam com ela. – Samara Marin acabou de cair de seu trono. – ela se virou novamente para a janela.

– Qual é o próximo passo, Kath? – perguntou a voz atrás dela.

– Vamos atrás da Bennett...

Quando Elena chegou na escola naquele dia, sabia que algo havia de errado ao olhar pela janela da Ferrari de Damon. Todos estavam dispersos demais, comentando demais. E não era por causa dela.

– O que houve? – perguntou Damon ao estacionar em uma vaga.

– Tem algo errado. Muito errado. – murmurou Elena.

– Como assim erra... – Damon começou a falar, mas foi interrompido pelo celular de Elena, indicando uma mensagem. A garota abriu sua bolsa pegou seu telefone e viu que o sms era desconhecido. E o conteúdo era muito preocupante.

– Ah não. Isso não. – Elena abriu a porta em um rompante. – Fique aqui, por favor! – gritou ela para Damon, começando a correr pelo campus gramado de Robert E. Lee. Encontrou Rebekah e Bonnie no caminho, explicando rapidamente o sms. Então passaram a procurar Samara.

Mas elas não conseguiram avisa-la.

Ela agora levava uma Samara quase aos prantos nos braços para o estacionamento, onde encontrou Damon encostado a sua Ferrari esperando por Elena.

– O que aconteceu? – perguntou ele assustado ao ver a garota nos braços de Elena.

– Não pergunte. Apenas preciso de sua ajuda. – disse Elena, a voz de rainha que usara antes ainda intensa.

– Claro. Fale.

– Leve-a daqui. Leve-a para algum lugar que não tenha perigo de ser fotografado pelos parasitas da Garota do Blog. – disse Elena, afagando o ombro de Samara. – Garotas... Topam matar aula? – perguntou Elena, voltando-se para as garotas.

– Vamos nessa! – disseram as três, concordando na hora.

– Igual ano passado. Depois do sinal. Saída dos fundos. Carro menos chamativo. Mas... Qual? – perguntou Elena olhando ao redor. Todos os carros das garotas eram chamativos.

– O meu. Meu carro deu um problema, hoje eu vim no carro de Klaus. – disse Rebekah.

– Maravilhoso! Por favor, me diga que é o Saab! – disse Elena.

– É o Saab. – concordou Rebekah.

– Ok. Damon, eis o plano. Samara vai abaixada no carro até que passem pelos portões e pelos guardas. Você vai leva-la até a casa dela na Vervain Street. Nós esperaremos aqui até o sinal tocar, e depois sairemos pelo muro dos fundos. O carro está lá fora, certo, Rebekah?

– Certo. – Elena sabia que Rebekah nunca deixava seu carro dentro da propriedade do colégio apenas por esse motivo – de uma fuga não planejada. As garotas se intercalavam, e graças a Deus hoje era o dia de Rebekah. Seria muito chamativo sair dali com o Porsche amarelo de Bonnie ou o Alfa Romeo vermelho sangue de Caroline. O carro de Elena era azul, mas mesmo assim era um pouco chamativo.

– Agora vão. Nos encontramos daqui a pouco. – Damon ajudou Samara a entrar no carro e depois olhou para Elena, que apenas deu um “conversamos depois” para ele, que assentiu e arrancou com o carro para a saída.

– Como no primeiro ano. Vamos lá. – disse Bonnie.

– Vamos. – murmurou Elena, ainda vendo a silhueta do carro de Damon atravessar os portões.