Ate que escuto um latido familiar, um latido que só podia vir de um cão, meu Conde estava ali e eu sabia que estava me chamando.
Levanto da cama e saio correndo, sigo os sons do latido e então ao chegar à sala o vejo abanando o rabo, o abraço com força e sinto uma felicidade única.

– Só ele importa? É isso mesmo?

Quando olho para trás vejo Anna sorrindo, e então deixo Conde de lado e a abraço com força.

– Como você chegou aqui? O que esta fazendo aqui? – Afasto-me dela e começo a rir.

– Bom, seu pai me ligou e disse que não aguentava mais Conde chorando em casa e então me perguntou se eu podia trazê-lo. – Ela sorria.

– Eu estava com saudades, ia te ligar só que ainda estou me acostumando.

– Fiquei sabendo que você esta noiva, é verdade?

– É mais ou menos isso, só que ele é mais velho. – Abro um pequeno sorriso.

– Mais velho? Tipo um velho mesmo? – Ela ria.

– Não, ele tem dezenove, daqui a pouco deve estar aparecendo por aqui.

– Você se importa se eu passar alguns dias aqui? Ela continuava sorrindo.

– Não, vai ser um prazer ter você conosco. – A abraço mais logo me afasto.

Puxo-a para o sofá e então passamos um tempo conversando ate que a senhora que eu ainda não sabia o nome aparece e fica nos olhando.

– Senhorita Dux vá ate seu quarto, Oscar te espera.

Ela sai do mesmo me deixando uma duvida e então começo a rir daquela situação e então Anna fica um pouco silenciosa e quando olho para trás vejo Oscar.

– Esse é seu noivo? Ela tenta sussurrar mais eu sabia que Oscar escutaria.

Sinto as mãos quentes dele tocarem meu ombro e abro um sorriso.

– Sim, sou o Noivo dela, será um prazer tela conosco.

Deixo-o conversando com Anna e saio de casa levando Conde comigo, sinto uma dor forte no peito, era como se algo ruim fosse acontecer, mas então meus pensamentos são desfeitos quando escuto um barulho estranho e então quando olho eu vejo um daquelas caras que pareciam ser amigos de Oscar, cada vez que ele se aproximava, podia sentir aquele cheiro de cachorro molhado e então percebo que Conde estava inquieto com a presença dele, seguro-o pela coleira e fico observando o homem estranho se aproximar cada vez mais e mais.

– Senhorita Van Der Dux. – Ele sorria, mas ainda dava para ver seus caninos.

– Quem é você?

– Chuck, Chuck Black. – Ele continuava sorrindo.

– Prazer, mas o que você quer aqui?

– Vim ver se o Oscar já esta pronto para ir à reunião.

– E sobre o que seria essa reunião?

Antes que ele respondesse, Oscar aparece e então Chuck e ele somem entre a neblina, fico meio confusa com o que ele queria dizer com essa tal reunião, mas meus pensamentos são desfeitos quando Anna me abraça por trás, afasto-me dela e a puxo para casa.
Passo o resto da tarde e noite com Anna e então pegamos no sono na sala vendo um filme, eu não conseguia entender algumas coisas, mas eu pela primeira vez estava sendo feliz de verdade, alguém me amava de verdade, e eu estava caçando, estava diferente e eu sabia que estava mudando por amor, por ele.

Quando acordo e percebo que já tinha perdido a hora da aula, mas isso não me importava e então vejo que Anna não estava mais lá, mas tinha uma carta, era de praxe Anna fazer isso, sumir e deixar uma carta, levanto-me do sofá e vou direto para o meu quarto tomar um banho, mas então quando passo pelo espelho do banheiro enrolada na toalha vejo uma das minhas cicatrizes e então me lembro daquela maldita noite.

– Você é linda sabia?

Quando olho para trás, o vejo me olhando e então tento esconder as cicatrizes com a toalha.

– Para com isso, você é linda, uma guerreira, perfeita. – Ele me abraça por trás e me da um beijo no pescoço.

– Para com isso.

Ele se afasta e para na minha frente e então tira minha toalha me deixando sem graça, mas logo me abraça.

– Você é perfeita, nunca deixe ninguém dizer o contrario. – A voz dele soava como uma melodia perfeita.

Passamos o resto da manha na cama juntos, contando historias de nossas infâncias, nossas comidas preferidas e nossos planos para o futuro. Ele era perfeito, queria ter filhos, me fazia rir, me amava de verdade e então ele sai deixando-me com sonhos na cabeça, fico ali quieta ate que meu celular começa a tocar, levanto da cama, mas quando olho somente mostrava Numero Privado.

– Oi?

– Holly. – A voz era familiar e parecia estar um pouco cansada.

– Quem é?

– Sou eu, Nicholas, lembra-se de mim?

– Ahhh Sim, mas como você conseguiu meu numero?

– Anna, então eu estava querendo saber como você estava, eu nunca mais te vi por aqui.

– É que eu estou morando em uma nova cidade, vida nova.

– Bom, eu tenho que ir, mas logo te ligarei novamente.

– Ok.

– Se cuida Holly.

Desligo o telefone e fico me lembrando daquela noite, lembrando-me dele, mas então meus pensamentos somem quando sinto as mãos de Oscar tocarem meu ombro.

– O que foi? Parece que você esta longe.

– Nada...

Afasto-me dele e sento na cama, percebo que ele parecia aflito, seus olhos expressavam raiva e ódio.

– O que foi? – Tento Sorrir.

– O conselho absolveu o cara. – Ele foi liberado, não vai levar pena, não tinham provas o suficiente para acabar com ele. – Ele cada vez mais demonstrava que estava com raiva.

Levanto da cama e o abraço mais ele se afasta, eu não reconhecia, estava irritado, seus olhos me davam medo.

– Eu vou sair da cidade por alguns dias, vou caçar longe daqui, preciso descansar a cabeça.

– Não quero ficar sozinha aqui. – Reviro os olhos.

– Eu volto logo, prometo. – Ele me da um beijo na testa e me abraça.

A casa tinha um silencio de matar, os dias se arrastavam desde que ele tinha ido, eu não sabia quando ele voltava, não sabia onde ele estava, eu somente sentia o vazio da sua ausência.
Vou ate o jardim e fico olhando Conde rolar em uma poça de lama, mas percebo que ele começa a olhar para a mata ali perto e parecia estar agoniado e então vou andando em sua direção e percebo que ele exalava medo.

– Entre Conde!!

Ele corre para dentro de casa e eu fico ali olhando para o nada, sem entender o que estava acontecendo e então o vejo surgir entre algumas arvores, quando ele chega perto de mim fico sem entender o que estava acontecendo mais fico feliz em vê-lo.

– Nicholas! – O abraço com força

– Eu disse que viria falar como você novamente. – Ele se afasta e começa a sorrir.

– Como você me achou? O que você esta fazendo aqui? – Olho sem entender a presença dele ali.

– Holly como te procurei, andei por lugares inabitáveis, fui ao fim do mundo te procurar mas finalmente te achei, você esta salva. – Ele deixa um lindo sorriso escapar.

– Eu tenho que entrar, mas espero te ver logo.

Vou andando em direção a casa e então quando volto a olhar para trás ele não estava mais lá, ele tinha sumido num passe de magica.
Eu passava os dias sem fazer nada, não ia mais a escola, não conseguia comer ou caçar, só conseguia ficar vendo filmes ou deitada na cama fazendo carinho em Conde, já fazia quase três semanas que eu não tinha noticia de Oscar, e quase duas que não Nicholas também não dava mais noticia.

O maravilhoso silencio do meu quarto foi quebrado quando escuto alguém bater na porta.

– Entra!!!

Quando olho para o lado vejo Sophie entrar, ela tinha algo diferente e então levanto da cama e a abraço com força.

– Oi minha pequena. – A voz dela era suave.

– Estava com saudades. – Afasto-me dela e sorrio.

– Bom eu vim ver como você estava e vim conversar. – Seu sorriso tinha sumido.

Puxo-a em direção a cama e então sentamos e ficamos nos olhando sem falar nada.

– Como vai sua vida de casada? – Reviro os olhos.

– Caliente...Caliente, mas tenho mais uma cosia para te falar, não sei como você ainda não percebeu.

– Desculpe, eu sou meio lerda. – Reviro os olhos.

– Eu acho que estou gravida Holly. – Ela tinha um sorriso encantador.

Levanto da cama e fico sem saber o que dizer a ela, fico olhando para os lados e rindo e então quando volto a olhar para minha irmã vejo que ela não estava mentindo, ela tinha algo de diferente, mas só agora pude perceber.

– Papai já sabe? – Reviro os olhos.

– Sim, e ele esta muito feliz, ele marcou para oficializarmos a cerimonia em três semanas, e então preciso que você vá para casa comigo. – Ela levanta da cama e vem para perto de mim.

– Bom, eu não tenho nada melhor para fazer aqui e então tudo bem, vamos.

Quando chegamos em casa, percebo que papai estava parado na porta e então deixo Sophie saltar primeiro e ir ao encontro com ele, eu não existia para meu pai e eu sabia disso.
Vou direto para as portas dos fundos, mas antes de chegar lá, percebo que Nicholas me olhava de longe então vou ate ele.

– Oi. – Abro um sorriso.

– Senhorita Van Der Dux. – Ele retribui o sorriso. – Podemos dar uma volta?

– Eu iria te sugerir isso agora– Vamos logo antes que alguém nos veja.

Entramos na mata densa e começamos a andar sem rumo, e então paramos enfrente a uma pequena casa muito velha.

– Você mora aqui? – Abro um sorriso.

– Sim, nunca tive ninguém e então um dia achei esse lugar. – Ele abre a porta e me puxa para dentro.
A casa era simples, mas por dentro estava bem conservada, tinha algumas fotos e era bem arrumada, e então ele me puxa para o sofá e fica me olhando sem falar nada, mas então o silencio é quebrado quando um homem aparece. Ele era alto e tinha cabelos negros, parecia um dos professores da minha antiga escola.

– Não sabia que estava com vista Nicholas, volto mais tarde.

– Ok.

O homem sai do mesmo jeito que entrou do nada, fico olhando para ele, era como se ele fosse familiar, eu já o conhecia e não era da escola.

– Holly? – Ele me cutucava e estava rindo.

– Ah Oi. – Abro um sorriso.

– Estava sonhando? –Ele continuava rindo.

– Não, eu só.. – Antes que eu pudesse terminar a frase, Nicholas me beija e então sinto paz, sinto tranquilidade, mas logo me afasto dele.

– Por que você fez isso? – Eu estava furiosa.

– Eu sei que você quer isso. – A voz dele soava como um deboche.

Levanto do sofá e vou embora da casa furiosa, vou andando entre as arvores e fico pensando em Oscar e então sinto alguém atrás de mim e quando olho para ver quem era fico surpresa, era como estar num sonho.

– Mãe? – Tento segurar as lagrimas.

– Um coração e dois amores, será que isso é outra guerra surgindo? – Ela sorria, era o mesmo sorriso que me lembrava.

– Mãe, como isso é possível? – Deixo algumas lagrimas caírem.

– Eu sinto muito sua falta minha pequena, mas tome cuidado nas suas escolhas, não cometa os mesmo erros que eu cometi. – Ela deixa uma lagrima cair e some com o vento.
Vou correndo ate em casa e então antes que eu entrasse vejo Oscar me esperando na porta dos fundos, o abro com força e começo a chorar.

– O que houve meu amor?

– Eu a vi, eu a vi. – Afasto-me dele e tento controlar o choro.

– Viu quem? – Ele parecia estar preocupado.

– Minha mãe, ela disse algo sobre uma guerra e sobre escolhas ruins.

– Melhor esquecermos isso e pensarmos em nos, e na nossa futura família. – Ele me abraça e me da um beijo na testa.

Ficamos ali em silencio ate que....