Recomeçar escrita por LoaEstivallet


Capítulo 6
Entre a emoção e a razão


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap galera!

Desculpa a demora, mas além de estar me acabando com Faculdade e trabalho, estou escrevendo justo o último capítulo desta fic... E tá me dando um trabalhão, vcs nem imaginam...

Enjoy!



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Faltavam apenas dois dias, e Bella se sentia estranhamente angustiada.

Qualquer menção a Edward lhe comprimia o peito e a fazia reviver o último encontro com ele no aniversário de Jasper no mês anterior. E a proximidade da data estava para enlouquecê-la.

Ela não tinha como evitar sua ida àquela comemoração. Não somente por ter de levar seu filho ao aniversário do pai, pois ela poderia muito bem inventar uma desculpa e deixa-lo lá ou manda-lo com Alice, ou com os avós, mas por que, ainda que ela tivesse dificuldade em admitir, ela queria estar presente.

Sabia o quanto aquilo era masoquista. Mas não poderia evitar.

Desde que vira Edward com Kate na casa de Alice, sentia como se seu mundinho meticulosamente “perfeito” estivesse ruindo. Sua mente não parava de direciona-la a lembranças dos anos de namoro e casamento, não parava de levantar questionamentos sobre como ele seria com a namorada, se seria o mesmo homem carinhoso, atencioso e viril que fora com ela durante tantos anos.

Bella sacudiu a cabeça com força. Com tanta força que sentiu uma leve tontura.

– Você está bem, amor? – Ouviu Patrick perguntar.

Voltou seus olhos para a porta da varanda para vê-lo fitando-a com o olhar confuso.

Num suspiro caminhou até ele, abraçando-o.

– Eu... – Novo suspiro – Não... Não estou bem...

Apesar de não apreciar causar mágoa no noivo, Bella dificilmente escondia as coisas dele. Ele não perguntava muito, o que era um alívio para ela, mas quando perguntava era sempre respondido com a mais absoluta verdade.

Patrick era um homem muito racional e prático, ainda que fosse sensível e amoroso. E não se deixava abater pelos problemas emocionas de Bella em relação ao ex-marido. Na verdade ele parecia compreender tudo muito bem na maior parte do tempo.

– Você não está muito animada com essa festa, não é mesmo? – Ele perguntou num tom pacífico – Sabe que não precisa ir realmente...

– Eu sei... – Bella murmurou no peito dele – Mas eu quero. Eu tenho que lidar com isso.

Patrick segurou o queixo dela e ergueu seu rosto para fitar seus olhos.

– Não, não tem. Você não precisa provar nada a ninguém, nem mesmo a mim. Você só precisa continuar com sua vida como tem feito até aqui... – Ele suspirou, um suspiro amargurado – Sabe Bella, eu sei que você ainda tem sentimentos por ele... E é bastante complicado para mim arcar com isso, mas... Eu te amo. E acredito que o que você ainda sente faz e vai continuar a fazer parte de você pra sempre. Vocês passaram muito tempo juntos, foram muito importantes na vida um do outro, têm um filho... Não é uma história que possa ser apagada, posta de lado, esquecida. Mas você tem que tomar uma decisão concreta sobre isso. Dividir definitivamente sua vida da dele. O fato de ser mãe do Anthony não lhe obriga a participar da intimidade de Edward. Você pode sim deixar de ir. Seu filho pode estar lá sem que você esteja.

Bella sabia que ele tinha razão. Ela mesma pensara exatamente aquilo tudo poucos momentos antes. Mas seu coração pulsava de agonia e vontade. Agonia por querer estar lá e saber o quanto seria doloroso e desnecessário, e vontade de estar lá de qualquer forma.

Enfiou o rosto com força no peito de Patrick, sufocando um gemido de frustração.

– Me perdoe por isso... – Murmurou – Eu não gosto de magoar você...

Patrick a apertou contra si, rindo baixo.

– Tudo bem... Eu sabia no que estava me metendo quando decidi continuar com você mesmo depois de saber de toda essa “bagagem”... Eu te aceitei assim... E te aceito assim. Eu amo você.

Bella se sentiu tocada, como sempre se sentia, pela compreensão e amor do noivo.

Levantou o rosto para ele, que a beijou com ternura.

Mas apesar de Patrick satisfazê-la e mantê-la alegre na maior parte do tempo, ela ainda desejava os lábios de Edward quando sentia os dele.



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O celular tocou em sua mesa, arrancando-lhe a concentração nos exames que avaliava.

Sentiu o coração perder uma batida ao mirar a tela.

Respirou fundo algumas vezes, repetindo a si mesmo que deveria agir normalmente.

– Alô? – Atendeu de forma neutra, tentando, sem sucesso, acalmar sua pulsação acelerada.

– Edward? – Bella falou com a voz trêmula do outro lado da linha.

– Oi, Bella... – Ele engoliu em seco – Tudo bem? Algum problema com o Tony? – Perguntou fingindo uma voz indiferente.

– Tudo bem com ele, sim. Eu... Eu liguei pra te perguntar se tem algum problema você vir busca-lo depois de amanhã para a festa...

Edward estreitou os olhos e sentiu uma angústia súbita em seu peito.

– Busca-lo? Pensei que você o levaria... – Controlou o desapontamento – Você não vai?

Demorou um pouco mais que o necessário para que ela respondesse.

– Não. Eu tenho outros planos...

A mão dele se transformou em punho enquanto ele reprimia a insatisfação.

– Tudo bem por mim... Eu posso pega-lo em sua casa à tarde. – Simulou impassibilidade.

Bella ficou calada por alguns instantes.

– As quinze está bom pra você?

– Está ótimo. – Sua voz soou um pouco rude – Então está combinado.

– Tchau, Edward.

– Tchau, Bella.

Ele encarou o pequeno aparelho com raiva, ofegando.

– É melhor assim... – Murmurou para si mesmo.

Mas apesar da promessa que havia feito, apesar de ter jurado que a arrancaria de seu coração e de sua alma, mesmo tendo escondido bem longe de seus olhos aqueles anéis e sua aliança, Edward ainda sentia o amor, a saudade. Sentia como se aqueles objetos ainda estivessem com ele, e pesassem sobre seu peito, ardendo e queimando toda a sua determinação.

Porque ele não conseguia? Porque não era capaz de esquecê-la como ela havia feito com ele? Porque não superava aquele amor que ainda pulsava impiedoso em sua alma, que o impedia de se apaixonar por sua namorada?

Esfregou o rosto impaciente, tentando dissipar aqueles pensamentos.

Às vezes parecia que seria tão fácil esquecer Bella... Principalmente quando eles não se falavam, não se viam, e Kate estava por perto. Mas bastava alguém mencionar o nome, ou mesmo Anthony chamar pela mãe quando estava com ele para que tudo voltasse a ser terrivelmente difícil outra vez.

Discou rapidamente.

– Oi... Estava pensando em você... – Kate falou ao atender.

Edward engoliu sua tristeza, se forçando a sorrir, ainda que ela não pudesse ver.

– Eu também... – Mentiu.



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O choque em seu rosto era patente.

Respirou fundo e jogou um pouco mais de água, fechando a torneira e se encarando no espelho outra vez.

Ele parecia tão bem... Não se importou com minha ausência em sua festa... Pensou com desgosto.

Bella ainda não acreditava que Edward tinha aceitado com tamanha facilidade que ela não iria. Ele havia feito o convite pessoalmente em uma das poucas vezes que se encontraram por causa de Anthony. Havia soado como se fosse muito importante que ela estivesse lá. Mas há poucos minutos, quando se falaram ao telefone, ele soou tão indiferente...

– Melhor assim... – Murmurou a si mesma.

Enxugou o rosto e andou pelo quarto cabisbaixa, um sentimento de opressão esmagando-lhe o peito. Sentou na cama desnorteada, olhando para as paredes como se elas fossem lhe dizer o que fazer.

Lembrou-se de algo que ela mantinha resguardado para momentos como aquele.

Bela não se permitia ceder com frequência, mas em ocasiões de profunda agonia, como era o caso, seu segredo lhe confortava, permitia que ela respirasse melhor.

Correu até o fundo falso de uma das gavetas de seu armário e tirou de lá um maço de fotos presas por um laço de fita branca.

Observou devagar cada uma das imagens.

Todas elas eram de Edward.

Edward, muito novo, de uniforme no colégio, sentado num dos bancos da quadra sorrindo pra ela, que tirava o retrato.

Edward no sofá da casa de seu pai, dormindo depois de um dos famosos almoços de domingo do Charlie.

Edward com sua beca azul-turquesa, exibindo o diploma da formatura do segundo grau.

Edward na praia, protegendo seus gloriosos olhos verdes do sol na primeira viagem que fizeram sozinhos.

Uma das fotos do casamento, ele em pé no altar, muito sério, olhando para frente.

Escorado em almofadas, no chão da sala do antigo apartamento deles, tão à vontade, encarando-a com olhos brilhantes.

A última era muito recente, e a fez suspirar.

No chão de sua sala, deitado de bruços no tapete coberto de brinquedos, ele estava concentrado em Anthony, que sorria maravilhado para o pai.

Bella apertou as fotos no peito, sentindo as lágrimas deslizarem por suas bochechas.

Ainda o amava tanto...

Mas amor não era suficiente. Não existia relacionamento sem confiança, pelo menos não para ela que havia passado por um trauma tão perturbador em sua própria casa quando ainda era adolescente.

Ela queria tanto ser capaz de perdoa-lo e lutar pra ter ele de volta...

Mas infelizmente, não era.



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O dia finalmente chegara. E com ele, uma tensão insuportável.

Bella não parava de caminhar pelo apartamento, aflita.

Se sentia culpada, nervosa, infantil e tola.

Comprara um presente pra ele. E não fazia idéia do que iria dizer ou como iria dizer e entregar. Como havia sido impulsiva e estúpida! Mas não conseguira se deter. Sabia, naquela tarde em que foi ao shopping sem nenhum motivo, que agiria impetuosamente. Tentou ser racional e voltar pra casa, mas se convenceu rapidamente que olhar vitrines “desinteressadamente” não era uma falha grave.

Suspirou.

Olhou o relógio pelo que seria a oitava vez.

Assim que constatou que eram três e quinze da tarde, o interfone tocou.

Seu coração acelerou e suas mãos suaram.

– Você é tão idiota, Bella! – Murmurou, seguindo para a cozinha.

Minutos depois Edward entrava em sua sala, lindo e sério em sua roupa de trabalho.

– Oi... – Falou a ela, parando a metros de distância.

– Oi... – Bella respondeu nervosa – O Tony tá dormindo... Cochilo da tarde. Você quer que eu o pegue assim mesmo? Não acredito que ele vá acordar se eu o carregar até você.

Edward se remexeu desconfortável.

– Não tem problema pra mim. Eu posso pega-lo ou esperar um pouco. O que você achar melhor.

– Ele dormiu há quarenta minutos... Deve estar para acordar em meia hora...

Edward expirou, passando a mão pelo cabelo.

– Você vai ficar muito incomodada se eu esperar? – Sua voz soou ressentida.

Bella dissimulou a mágoa que o tom lhe causou.

– Não. – Pausou – Senta... Eu... Eu tenho algo pra te entregar.

Edward reprimiu a surpresa e caminhou até o sofá sem encara-la, sentando-se na parte mais distante.

Bella ignorou a atitude dele, tomando coragem para acabar logo com aquilo. A expressão amarga e distante de seu ex-marido lhe feria, e muito, mas ela já havia comprado o bendito presente. Era melhor entrega-lo de uma vez.

Correu até o quarto enquanto Edward intimamente se repreendia por estar se sentindo tão aninhado à emoção de proximidade que o tomou quando Bella disse ter algo para lhe entregar. Seria um presente? Ela teria se dado ao trabalho de escolher algo pra ele? Mas ela nem ao menos havia desejado felicidades...

Quando ele decidiu calar a voz de suas lamentações, Bella retornou à sala com uma caixinha preta na palma da mão, parando em sua frente.

– Feliz aniversário... – Falou baixo, corando violentamente.

Edward se levantou, incapaz de evitar seu sorriso em reação à satisfação que sentiu pelo gesto da ex-esposa.

Pegou a caixinha, tendo o cuidado de não tocar a pele de Bella.

– Obrigado. – Falou quase formal.

Bella se concentrou nele, em sua expressão.

Edward abriu a embalagem devagar, controlando o tremor em sua mão. Encontrou ali uma corrente masculina grossa, de prata, longa e trabalhada como uma pele de cobra. Nela pendia um relicário oval, liso na frente, com a data daquele aniversário gravado atrás.

Edward conteve com muito custo a emoção quando o abriu.

Uma foto do pequeno Anthony sorrindo preenchia o interior do relicário.

– É realmente muito bonito, Bella... – Ele disse, ainda mirando o objeto e controlando a voz – Obrigado. Eu gostei muito.

Ele a encarou.

Ela sorria. Um sorriso que há muito ele não via em seu rosto.

Era um sorriso familiar, como uma volta pra casa, uma tarde morna de verão, ou o cheiro doce das rosas brancas no jardim de sua mãe... Trazia-lhe recordações coloridas e suaves... Felizes.

Ele sorriu de volta o mesmo sorriso, fazendo os olhos de Bella encherem-se com lágrimas de reconhecimento e felicidade.

Uma delas escorreu lenta por seu rosto.

E antes que ela pudesse levantar a mão para enxuga-la, sentiu o dedo de Edward tocar-lhe a face delicadamente, traçando a trajetória da lágrima até o canto de seu olho.

– Eu ainda quero saber o que sente... – Ele falou baixo, relutante.

– Eu ainda te amo...

Foi apenas um murmúrio, mas alto o suficiente para que ele ouvisse e o choque atravessasse seu rosto.

Bela cobriu a boca com a mão, como se ainda tivesse tempo de evitar que as palavras escapassem. Com os olhos arregalados, ela estava horrorizada. Não acreditava que tinha dito aquilo em voz alta.

Edward ficou paralisado por alguns segundos, o coração acelerado, assim como sua respiração.

Ele tinha ouvido direito?

– Você disse... ? – Ele sussurrou, ainda atônito.

– E-eu não disse nada... – Bella disse com a voz falha.

Então ele explodiu.

– Porque você faz isso? – Esbravejou – Porque me dá esperança pra no segundo seguinte arranca-la de mim? Isso por acaso te diverte? É algum tipo de vingança pelo que fiz? Eu ouvi muito bem você dizer que ainda me ama... Você ainda me ama? – Seu tom era questionador e incrédulo ao mesmo tempo.

Bella não sabia se pela atitude exigente dele, ou se por não suportar mais fingir, mas a verdade veio quente e incontrolável até sua garganta, impedindo-a de permanecer escondendo seus reais sentimentos.

– Sim, eu ainda amo você... – Assumiu em apenas um fio de voz – Eu nunca deixei de amar. E acho que nunca vou deixar... – Ela pausou, engolindo a vontade de negar tudo e se esconder.

Edward ainda estava pasmado. Não conseguia decidir se ria em meio à felicidade de descobrir que ela ainda o amava ou se gritava com ela por ter mentido todo esse tempo.

– Eu só não podia permitir que você continuasse a insistir... – Bella continuou – Enquanto você tinha esperança... Eu também tinha... E eu não podia ter...

– Por que não? – Ele a interrompeu – Porque você não poderia ter esperança, Bella? Se você ainda me ama...

– Não! – Ela o impediu de concluir – Nós não podemos voltar! Amor não é tudo numa relação, não é suficiente! Eu não confio em você, não como marido ou namorado... Não pra mim... Eu... Eu não posso confiar.

– Não pode? – Ele indagou aborrecido – Você não acha que já passou tempo demais? Não consegue ver que aquilo foi um erro pontual e que eu me arrependi? Aquilo não sou eu, Bella! Você sabe disso! Eu nunca fui um homem sacana, cafajeste. Eu sempre fui fiel a você! Ainda que não justifique, eu estava em meio a um turbilhão quando cedi, vários fatores me levaram àquilo... Sua frieza, sua falta de atenção, sua obsessão em engravidar... Mas eu não era assim, nunca fui! Será que você não vê? Não acha que já paguei pelo que fiz? – Ele pausou, tentando se controlar – Você nunca levou em conta o nosso amor... Os meus sentimentos... Apenas me condenou sem que eu tivesse uma única chance de provar que estava arrependido, que eu não faria aquilo de novo. Eu pensei que nosso amor era forte, indissolúvel. Que qualquer dificuldade, por pior que fosse, poderia, ainda que com muito esforço, ser superada. Você me mostrou o quanto eu estava errado. E, sinceramente... Eu acredito que já sofri o suficiente por você.

Bella arfava.

Ele tinha muita razão.

Mas ela não conseguia ceder e aceitar que tinha culpa naquilo também. Que de certa forma ela havia empurrado o marido para os braços de outra mulher com seu temperamento difícil e com sua neurose de ficar grávida.

Ela tinha de admitir que passou muito tempo distante, fria com ele naquela época. Que sua obsessão em gerar um filho a mantinha a maior parte dos meses deprimida com a dificuldade, e compulsiva com a possibilidade nas semanas em que estava fértil.

Ela tinha que assumir que o sexo não era mais o mesmo nos últimos meses de seu casamento. Que o ato era completamente desprovido de carinho e mesmo de desejo. Apenas sua ânsia em engravidar a movia.

Ela não notara, como podia se dar conta agora relembrando rapidamente o passado, o quanto Edward parecia triste e solitário, o quanto ela estava desatenta às necessidades dele, como homem, como marido.

Antes que ela pudesse responder o choro de Anthony ecoou pela sala.

Edward respirou pesadamente.

– Pode deixar que eu pego meu filho. – Falou bruscamente, seguindo para o corredor.

Ela ficou lá paralisada, pensando nas palavras dele.

Ela o condenou pelo reflexo de sua mãe que enxergou nele. Ela não se permitiu dar uma segunda chance na tentativa de se proteger... Foi egoísta... Talvez até imatura e injusta.

Todo o tempo que eles haviam passado como casal... Descobriram tudo juntos... E nunca, nunca antes daquilo, Edward tinha dado sequer sinal de infidelidade. Ele nem olhava para o lado... Ele realmente merecia o benefício da dúvida, por tudo que tinham compartilhado durante tantos anos.

Mas a verdade é que a dor pelo que ela tinha presenciado não amenizara com o passar do tempo... E isso a incapacitava quase completamente.

Em meio ao conflito de emoções e pensamentos, Bella teve apenas um vislumbre do ex-marido se despedindo dela e seguindo para a porta com o filho no colo, fechando a porta atrás de si sem dizer mais nada.



********************************************************************




A festa havia sido ótima, mas Edward mal conseguia manter o sorriso.

Todos os amigos já tinham se retirado. Kate já havia se despedido e seguido para seu apartamento, tinha um serviço logo cedo e não poderia se atrasar. Sua mãe já tinha ido com seu pai mais cedo, levando o pequeno Tony de volta pra casa.

Apenas Alice e Jasper permaneciam, mantendo uma conversa amena sobre o bom andamento da clínica e como o sobrinho estava grande e esperto.

Jasper se levantou para pegar um suco na cozinha, dando à esposa a oportunidade que ela tanto esperou.

– O que você tem? – Ela perguntou baixo – Está aborrecido com alguma coisa?

Edward bufou, impaciente.

– Eu não quero conversar Alice.

– Então é alguma coisa com Bella... – Ela concluiu sabiamente – Faria bem desabafar, sabia? Você parece bem tenso.

Ele expirou contrariado. Sua irmã era realmente irritante com sua sensibilidade extra e sua sabedoria e conhecimento absoluto. Parecia quase uma bruxa.

– Que droga, Alice! Porque você tem que perceber tudo? – Perguntou exasperado – E porque eu não consigo negar nada a você?

– Assim como eu não consigo negar nada a você... – Ela falou num sorriso vitorioso – Somos irmãos e nos amamos. Esse é o segredo. Agora fala logo... O que aconteceu?

Ele ponderou por um momento, se seria mesmo conveniente contar a ela, que era também melhor amiga da ex-mulher. Bella com certeza ficaria sabendo daquela conversa depois.

– Bella ainda me ama. – Ele falou simplesmente.

Alice a principio não reagiu. Apenas ficou encarando o irmão como se não tivesse entendido. Mas quando ela raciocinou sobre as palavras, sua boca se abriu e seus olhos se arregalaram.

– Ela disse isso a você? – Perguntou incrédula.

– Mais ou menos... – Ele contemporizou – Na verdade ela meio que deixou escapar sem querer...

– Como isso aconteceu?

– Eu não tenho tempo pra detalhes, Alice... – Avisou, conhecendo bem a irmã curiosa que tinha – Ela me desejou feliz aniversário logo depois de me dar um presente e...

– Ela te deu um presente? – Alice gritou surpresa, interrompendo-o.

– Não grite! Sim ela me deu um presente... Isso também me surpreendeu...

– O que ela te deu?

Ele puxou a corrente de dentro da blusa e exibiu o relicário à irmã.

– Nossa, é lindo!

– É, eu também gostei... E depois disso ela meio que chorou e quando eu falei que ainda queria saber como ela se sentia ela falou que ainda me amava.

– Mas Edward... O que isso significa?

– Nada. Não significa nada. Ela disse que isso não era o suficiente. Que nós não podíamos voltar porque ela não pode confiar em mim.

Alice ficou calada por um bom tempo, parecendo pensar.

Quando Edward havia finalmente desistido da conversa e ia se levantar para começar a recolher as coisas, Alice murmurou, o olhar fixo no vazio.

– Ela falou que vocês não poderiam ou que ela não queria?

Ele se voltou para ela confuso.

– Que diferença isso faz?

– Apenas responda!

Ele pensou um pouco, tendo a certeza do que iria dizer.

– Ela falou que não podia ter esperanças, que não podíamos voltar... Que ela não pode confiar em mim. – Ele murmurou entristecido ao repetir as afirmações de Bella.

– Você tem que lutar por ela...

Ele pensou que não havia ouvido bem, então se reaproximou e perguntou.

– O que você disse?

– Que você tem que lutar por ela. Agora de uma maneira mais agressiva.

– Alice você enlouqueceu? – Ele questionou atordoado – Foi você mesma que me disse pra seguir em frente, pra esquecer...

– Isso foi antes! – Ela cortou – Eu achava que mesmo amando você ela não queria mais estar com você... – Pausou – Sei que isso vai soar confuso, mas... É diferente agora... Ela afirmou não poder, mas não mencionou sua vontade... É tão óbvio! Ela está lutando pra não te perdoar, quando o que ela quer é justamente fazer isso... Ela não está mais segura de sua posição como antes... Você tem uma brecha.

– Alice, do que você está falando?

– Você é homem... Não vai entender como eu sei disso por ouvir tão pouco... Mas eu sei, mesmo pelo pouco que você me contou, e pelo tanto que eu conheço minha amiga, que ela está lutando contra ela mesma. Não é mais uma questão de dignidade e confiança, mas de orgulho ferido. Se você fizer com que ela enxergue isso... Se ela admitir que quer te perdoar... – Ela pausou, sacudindo a cabeça em negativa – Não importa, só me escute. Confie em mim.

– Alice...

– Você ainda a ama, não é?

– Você sabe que sim.

– Então não deixe que essa oportunidade escorra por seus dedos, meu irmão. Pode ser a única que você vai ter.

Ele ficou encarando a irmã com o olhar entre perplexo e aturdido. Ia começar a questionar sua sanidade novamente quando Jasper voltou, colocando um ponto final naquela conversa sem pé nem cabeça.




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Em meio ao turbilhão de indagações, Bella simplesmente se deixou mergulhar na tristeza.

Sua mente lhe dizia para prosseguir, viver sua vida como ela vinha fazendo, construindo uma relação sólida e confiável ao lado de Patrick.

Mas seu coração, mais do que nunca antes, clamava para que ela cedesse e perdoasse Edward, que lhe desse a chance que ela lhe havia negado por conta de seu orgulho.

Indecisa e atormentada, caminhando no limite tênue entre a emoção e a razão, ela se desesperou.

Como ela podia conviver com uma das duas opções?

Tinha certeza de que, se decidisse racionalmente, se arrependeria pelo resto da vida. Uma vez casada com Patrick ela não teria mais chance alguma de ter Edward de volta, seria definitivo. Mas se sua emoção falasse mais alto, e ela cedesse ao seu coração permitindo a si mesma a chance de recomeçar ao lado do homem que realmente amava, conseguiria ser feliz? Será que ela não transformaria a vida deles num inferno com sua desconfiança e insegurança?

As palavras de Edward ainda ecoavam na sua cabeça como um disco arranhado.

Aquilo não sou eu, Bella!

...Vários fatores me levaram àquilo... Sua frieza, sua falta de atenção...

Você nunca levou em conta o nosso amor... Os meus sentimentos...

Eu acredito que já sofri o suficiente por você.

Bella arfou ao relembrar das últimas palavras.

Ele já estava se resignando. Estava feliz ao lado da namorada, claramente tentando esquece-la...

Seria muito tarde?

Talvez ela ainda tivesse tempo... Mas então precisava se decidir... Logo.

Mas qual decisão era a correta a tomar?

Respirou fundo duas vezes antes de assumir que a melhor opção seria aquela que fosse menos dolorosa. E na cabeça dela, a escolha mais segura e menos arriscada era a racional.

Perdoar Edward significava enfrentar sua própria culpa. Significava passar por momentos muito difíceis de readaptação e entendimento. E ela se sentia tão fraca para se propôr àquilo. Não tinha coragem o suficiente para encarar os obstáculos que viriam caso voltasse com o ex-marido.

– Covarde! – Repreendeu-se no espelho.

E enquanto lágrimas grossas escapavam de seus olhos, alguém batia desesperadamente na porta.

– Mas quem será a essa hora? – Esbravejou – E por que diabos o porteiro não me avisou que tinha alguém subindo?

Abriu a porta num rompante, chocando-se com a expressão indecifrável de Edward em sua frente.

– Edward! – Sussurrou com a mão sobre o peito.

– Antes que você comece a me expulsar, só escute... – Ele falou em uma única respiração – Eu te amo! Não me afaste mais de você! Não me faça desistir, Bella... Por favor...

Confusa ainda com suas palavras, ela não teve tempo de se esquivar.

Edward a puxou para ele num piscar de olhos. Impedindo qualquer possibilidade dela objetar, calou-lhe a boca com um beijo sôfrego, faminto, cheio de saudade e dor. As lágrimas de ambos se misturaram em seus lábios quando Bella rodeou o pescoço dele com suas mãos, num gesto de aquiescência, finalmente correspondendo com a mesma intensidade.


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Notas finais do capítulo

Vejo você no próximo cap de Verdadeiro amor, ok?! Bjos