Trouble escrita por BubblegumBitch


Capítulo 4
Capítulo #4: Agosto de 2009




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Antes o que era um grupo, agora era apenas uma dupla. Eu e Marcos. Com as férias todos decidiram esquecer de seus futuros como médicos. Marcos era o mais viciado em drogas, porém era o que mais se esforçava para seguir a carreira médica.


- Vou dar uma festa no sábado. Você vem? - Marcos perguntou enquanto andávamos até o estacionamento. Ele me levava para a casa todos os dias.

- Vou tentar... - Eu não ia tentar. Eu só queria tempo para pensar numa desculpa.


No sábado Margot me deixou sozinha. Fora visitar sua família. Era aniversario de um de seus netos e ela ia aproveitar o domingo para ajudar a filha que havia se mudado.


Eu fiquei lendo os livros da faculdade durante toda a manhã de sábado. Durante a tarde vi um pouco de TV e confesso que até cogitei a ideia de ir para a festa de Marcos, mas mudei de ideia quando lembrei que, provavelmente, todas as pessoas que estarão lá, devem ser dependentes das drogas. Desisti. Adormeci no sofá em algumas horas. Havia livros a minha volta, o notebook sobre o sofá e um prato e um copo vazio sobre a mesa de centro.


Ouvi batidas a na porta. Mas não eram apenas batidas. Eram batidas desesperadas. Levantei rápido e abri a porta. Era Marcos. Ele estava bêbado e tinha algum tipo de droga em suas mãos.


- Você cheira a maconha, M. - Disse em tom de brincadeira. Mas ele não estava brincando.

Marcos segurou em meu pulso e me empurrou para dentro da casa. Eu caí batendo com minha cabeça na mesa de centro. Encolhi meu corpo na falha tentativa de impedir Marcos de se aproximar de mim. Ele se aproximou de mim, me segurou pelos ombros e levantou-me, como se eu fosse um pedaço de papel. Suas mãos me apertava, para que eu não me soltasse, afinal, eu estava me debatendo. Como um peixe fora d'água.


- Está me machucando, Marcos! - Gritei.

- Cala a boca, vadia! - E então uma de suas mãos acertou meu rosto. Um tapa. - Você vem comigo. - E então eu tinha sido raptada pelo meu, até então, amigo.

Ele me levou até uma minivan que estava parada em frente a minha casa. Fui jogada brutalmente na parte da trás do carro, as portas fecharam e em alguns segundos o carro estava em movimento.


Tentei de toda maneira chamar a atenção de Marcos, mas aparentemente o radio estava alto demais. Observei em volta. O lugar não era sujo, a arte de dentro era customizada. As paredes da van tinham flores coloridas, e o chão era estofado, tinha alguns cinzeiros.



As horas passaram. Eu me sentia cada vez mais “dentro do mundo”. Tinha a impressão de que quando eu saísse daquela van eu estaria num lugar onde o chão seria de barro, animais andariam livres pela estrada, e as casas seriam de madeira empilhadas umas sobre as outras. O fim do mundo.


De repente a van parou. Pude ouvi algumas vozes do lado de fora, pareciam decidir o que fazer comigo. Eu estava prestando atenção na conversa, quando as portas da van se abriram. – um dos garotos do meu grupo – me puxou para fora, encostou meu corpo brutalmente na lateral da minivan, amarrou meus pulsos atrás de meu corpo e foi me guiando até o outro lado do automóvel.


Era Maria... Ela e todo o resto do grupo. Acho que fui feita de idiota, afinal, aqueles em quem confiava, estavam me sequestrando. E mal sabia que era eu quem me ferraria no futuro.


- Melissa Thompson... - Ela deslizou seus dedos sobre meu rosto. Confesso que estava assustada, e talvez até com medo do que ia acontecer. - Filha de Carmem Thompson... A psicóloga mais famosa do mundo... Com vários livros de autoajuda, com muitas matérias em revistas de comportamento. Por que escondeu isso de seus amigos?


- Não são meus amigos... Nunca foram. Idiotas. - Maria bateu em meu rosto. O local ficou ardendo em seguida.


- Você a partir de agora me obedece. Entendeu? - Ela sorriu como se esperasse minha resposta. Eu não ia responder, e ela sabia disso. - Claro que entendeu.

Alexandre me empurrou até dentro da pequena casa que havia ali perto. Guiou-me até um dos quartos e eu fui deixada ali, no chão e de mãos amarradas.




Algumas horas depois (julgo que fossem horas, afinal não conseguia ver o lado de fora) Marcos abriu a porta, e do mesmo jeito que me tirou de casa, me levou daquele quarto e me jogou na poltrona velha da sala.


Todos eles me observavam com olhares maliciosos. Maria, Marcos, Alexandre, Marina e Alicia. Falsos. Mentirosos.


- Boa noite, querida. - Maria se aproximou e selou seus lábios nos meus. Desviei meu rosto do dela a fim de tirar seus lábios dos meus, mas ela era mais forte do que eu havia imaginado. - Não quer me beijar? Por quê? - Ela acariciou meu cabelo. Por um momento lembrei-me da noite em que fizemos sexo. - Nos deixem a sós... - Ela disse se referindo as outras pessoas que estavam no local. Quando todos saíram Maria se sentou ao meu lado. - Está incomodando? - Ela apontou para meus braços, que ainda estavam amarrados.

- Um pouco... - Sussurrei. Ela levantou e sumiu num pequeno corredor. Voltou alguns segundos depois com um estilete e sorrindo.

- Vire-se – Obedeci virando de costas. Ela cortou seja lá o que fosse que estava amarrando meus pulsos e suspirou. Parecia um suspiro de alivio. Ela jogou seu corpo no sofá e puxou-me em seguida. - Você vai me ajudar, não vai?

- Com o que, Maria? - Aquela conversa estava se tornando cada vez mais informal, como se eu não tivesse sido tirada a força de minha casa.

- Você não gosta de depender de sua mãe, certo? - Observei-a. - Que tal ganhar seu próprio dinheiro? Seria uma boa ideia... - Ela aproximou seu rosto do meu e deslizou seus lábios lentamente pela minha bochecha, mordiscando meus lábios de vez em quando. - Há quanto tempo que não fala com sua mãe?

- Muito tempo... - Eu estava deixando-a confundir meus pensamentos. Ela estava fazendo tudo o que eu faria parecer certo. Eu fui idiota, uma completa idiota. - Isso seria bom para chamar a atenção dela... E é uma promessa minha: Você ficará com uma parte do dinheiro do resgate. - Ela estava falando de uma coisa: sequestro.


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