Trouble escrita por BubblegumBitch


Capítulo 25
Capítulo #22: Junho de 2011




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            Hoje completavam três meses que eu estava naquela penitenciária. Eu riscava nas paredes cada dia que passava. Minha companheira de cela mal falava comigo, eu apenas sabia que ela se chamava Alex. Tínhamos uma companheira, Lauren, ela conseguiu provar sua inocência.

- Afinal, o que você fez? – Falei sem pensar. – Alex parou de olhar para a janela e me encarou.

- Assaltei um banco.  Peguei quatro anos. – O silêncio se instalou entre nós. – Seu julgamento está próximo. Todas só falam sobre isso.

- Não tenho esperanças de que vá sair daqui. O que eu fiz, não tem perdão.

- O que te levou a fazer isso, garota? Você é jovem, tinha toda uma via perfeita pela frente.

- Agora eu consegui a atenção da minha mãe... – Eu ria sem humor. A carcereira bateu na porta de metal chamando nossa atenção, pelo retângulo superior víamos apenas seus olhos. 

- Você tem vizita Thompson. – Provavelmente era Margot, ela vinha todos os dias desde o dia em que anunciaram minha prisão na TV. Levantei-me e coloquei ambas as mãos no retângulo inferior, como se costume, ela me algemou, abriu a cela, e assim que saí, ela trancou sem me deixar solta por nem um segundo.

            Seguimos até a sala de vizitas intimas, porém, ainda éramos vigiadas, eles acharam que a parede falsa passava despercebida. Idiotas. Assim que entrei na sala ma deparei com Maria de óculos escuros, e uma peruca ruiva.  Pisquei algumas vezes antes de me sentar na cadeira a sua frente.

- O que faz aqui? – Perguntei secamente. Mas afinal, por que diabos ela estava disfarçada?

- Eu precisava te ver amor! – Ela sorriu em seguida.

- Você mentiu. O Senador não é seu pai! – Sua expressão tornou-se confusa. – Maria, eu conheci o seu pai! Eu estive em sua casa com Annabelle. Qual foi o propósito de tudo isso? – Nos encaramos durante alguns segundos antes de Maria sorri como uma boneca, e seu olhar tornar-se divertido.

- Não sei do que está falando... Pobre Melissa! O que a cadeia fez com você? – Ela se levantou e andou até mim e me abraçou. – Estamos sendo observadas... Sua idiota... e eles podem nos ouvir. Eu ainda posso matar sua mãe. – Ela sussurrou estas palavras lentamente em meu ouvido, se afastando logo em seguida. – Até mais ver, espero sinceramente que melhore. Recomendarei um psicólogo na sua ficha. – Ela bateu na porta, e a carcereira entrou na sala segundos depois.

- Terminamos aqui. – Eu disse levantando e estendendo os braços para que eu fosse algemada novamente.

            Uma semana se passou desde que Maria me visitara. Era a primeira sessão o julgamento. Meu advogado dissera que seriam três sessões neste mês, no mês seguinte seria apenas uma, seria a anuncio oficial da minha condenação.

            Havia vários repórteres na frente do prédio onde seria o tribunal, quando passei, um mar de microfones tomou conta de minha visão. Duas policiais que me acompanhavam abriram caminho para que eu passasse. Próximo aos elevadores havia pessoas protestando por alguma coisa que eu não consegui ler no cartaz, e todas falavam ao mesmo tempo, não me permitindo compreender o que ninguém falava.

            Dentro do elevador, o advogado me disse que nas três primeiras sessões apenas as testemunhas iriam depor. Annabelle iria depor na mesma sessão que eu. Assim que as portas do elevador se abriram, fui cegada por vários flashes que dispararam em minha direção, mais uma vez as policiais abriram caminho, me sentei em uma cadeira em um dos lados da sala. O Senador estava sentado do outro lado da sala, e assim que seus olhos posaram sobre mim a raiva tomou conta dele.

- Sua criminosa! – Ele gritou vindo em minha direção. – Eu vou te matar! O que vocês fez com a minha filha? – Eu o olhava sem nenhuma emoção. Os policiais que estavam próximo a ele o seguraram, impedindo-o de me bater ali mesmo.

            Algum tempo depois a sessão começara. Margot, minha mãe, Emily, Marcos, Alexandre, Marina, Alicia, meus professores,  a irmã de Rick, ao seu lado estava um homem e uma mulher  que julguei serem seus pais... Os pais de Rick... Todos estavam ali, provavelmente, todos iriam depor, contra ou a favor.  Maria iniciou os depoimentos.

- Quando nos conhecemos ela era uma pessoa totalmente normal, mas na semana seguinte, só falava sobre a Annabelle, sobre como ela era rica e bonita... – O sangue fervia dentro de meu corpo, eu sentia minha temperatura corporal aumentar a cada palavra que ela falava. Todos eles iam depor contra mim. – E quando ambas sumiram ao mesmo tempo, logo pensamos no pior.

            Todos aqueles que eu julguei serem meus colegas falaram contra mim, me descreveram como uma psicótica invejosa. No dia seguinte, seria a ver dos pais de Rick, sua irmã, e Emily. No terceiro dia era a vez de Margot, minha mãe, e os dois professores que foram convocados a depor.  E  inesperadamente, Marcos pediupara depor no mesmo dia que eu, seu pedido fora aceito sem muita relutância o juiz.

            Minha mãe não teve muito que falar sobre mim, apenas repetiu várias vezes, que desde que descobriu minha opção sexual, sabia que eu iria acabar no fim do poço, mudando apenas suas palavras, e sendo chamada a atenção várias vezes pelo juiz. Margot me defendeu com todo o carinho sentido por mim, dizendo que eu jamais faria alguma coisa daquelas, sem uma boa razão. Ao final do terceiro dia, eu me mantinha com a mesma expressão fria, apenas observava calada, sem manifestar qualquer emoção sobre o que falavam. Apenas quando Margot depôs, eu me permiti sorri e acenar para ela.

- Está pronta? – Meu advogado perguntou antes da porta do elevador se abrir. Era o dia de eu depor. Era o dia que eu veria Annabelle pela primeira vez, desde o dia em que eu fui presa na casa de Emily, três meses atrás. Entramos no salão e havia muito mais repórteres do que nas outras sessões. Era o depoimento mais esperado de todo o julgamento. Havia até câmeras de TV.

            Annabelle estava atrasada, ou eu estava adiantada. Enquanto esperava por ela, me dei conta, de que Maria não fora citada em nem um dos depoimentos de nossos colegas.  Annabelle entrou na sala acompanhada de seu pai e alguns seguranças. Ela usava um novo corte de cabelo, seus  fios que antes eram longos, agora estavam num corte Chanel. Estava linda.

- Daremos início à sessão. – Após essas palavras, eu desliguei totalmente meus pensamentos, conseguia apenas olhar para Annabelle e lembrar-me de todos os nossos dias juntos e me permiti sorrir por alguns segundos.  Ela se levantou e andou até a cadeira onde todos antes deram seus depoimentos. Ela andava calmamente, e com decisão em seus passos, como sempre.  Ela fez o juramento, sobre falar somente a verdade, e então o juiz perguntou:  – Pode nos contar a sua versão da história? O que a senhorita sabe sobre a ré, Melissa Thompson? 

- Eu... – Seus olhos foram até seu pai e olhava-a fixamente e balançava a cabeça, e em seguida seu olhar pousou em mim. Eu sabia que eu tinha esperança em meus olhos. Ela respirou fundo, e começou a falar. – Éramos da mesma classe da faculdade, nunca fomos amigas realmente, mas um dia ela se aproximou de mim, e nos tornamos muito próximas... – Ela disse olhando-me fixamente até que seu pai fez um barulho com a garganta chamando sua atenção. Annabelle o olhou e negou com a cabeça, e continuo a falar. – Fomos até uma casa que ela havia me dito ser sua, me de repente me vi trancada naquele quarto, ela apenas deixava a comida e ia embora. Era um sequestro. Fiquei dias sem falar com ela... Até entender que ela estava sequestrada também, de certo modo, quero dizer.

- O que a senhorita quer dizer? – O juiz perguntou. O Senador fechou suas mãos com tanta força que sua mão ficara da dor do papel, o plano dele era mentir, me incriminar.

- Maria estava a obrigando a ficar lá, comigo, presa. Estávamos sequestradas. Maria a obrigou a fazer tudo a persuadindo a fazer tudo o que queria com promessas de futuros incríveis. Melissa estava tentando me manter segura da forma em que podia, cuidou de mim durante todo o tempo que estivemos fora. Ela nunca me machucou, pelo contrário, ela conseguiu algumas cicatrizes me defendendo.

- Isso é o suficiente. – O juiz disse. Ela se levantou e sentou-se ao lado e seu pai novamente. Quando percebi, estava sorrindo, um sorriso de orelha a orelha. O próximo era Marcos, ele fez o juramento e começou a falar sem esperar o juiz pedir.

- Melissa é inocente.  Maria e eu a iludimos para que fizesse tudo aquilo. Era para ser apenas uma brincadeira, fomos longe demais, minha irmã deixou a ganância subir sua cabeça. Deixou as mentiras que criamos se tornarem verdade para ela, eu me senti na obrigação de ajudar Melissa e Annabelle a fugirem de suas garras. Eu sou o culpado. – Após alguns segundos de completo silêncio, Marcos se levantou, e dois policiais andaram até ele e o algemaram. Tudo estava se encaixando. Era a minha vez.

            Disse tudo o que havia acontecido, disse que fiz tudo aquilo para conseguir atenção de minha mãe, e dinheiro, mas que desde as ultimas semanas, Maria havia me visitado, e havia ameaçado minha mãe. Contei todos os detalhes dos dias em que passei com Annabelle, Maria e Marcos. Os olhares eram de espanto, algumas pessoas ficaram perplexas. Depois de duas horas, eu terminei meu depoimento. E desde aquele momento, todos saberiam a verdade.


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