Quando acordei estava deitada no chão. Abri lentamente os olhou e olhei para cima. O teto estava próximo de mim, conclui que aquilo era um porão. Me sentei lentamente naquele chão, ao tentar olhar para cima, senti uma forte dor em meu pescoço, e de repente tudo que havia acontecido voltou em minha cabeça. Levantei rapidamente e me deparei com Annabelle e Rick sentados me observando.

–                    - O que aconteceu? - Perguntei num tom baixo.

–                    - Estamos todos presos agora... - Annabelle disse num sussurro.

–                    - O que? Não! - Olhei em volta e corri até uma porta que havia ali. Bati diversas vezes durante um curto tempo, até Marcos abri-la e me empurrar. Minhas costas bateram contra o chão, senti uma dor, mas logo me levantei e encarei Marcos.

–                    - O que você quer? - Ele perguntou.

–                    - Eu quero falar com Maria. - Marcos me observou durante alguns segundos, olhou para o lado, e quando me observou novamente andou rapidamente até mim e segurou meus braços atrás de meu corpo. - Você quer falar com Maria?

–                    - Quero... - Disse baixo, devido a dor que estava sentindo nos braços.

–                    - Então vamos lá. - Marcos segurou minhas mãos com uma única mão, e segundos depois, antes mesmo de eu pensar em tentar me soltar, ele já estava me amarrando com uma corda. - Se comporte, ou não vou me responsabilizar pelos atos de minha queria irmã.

–                    Marcos me empurrou até fora daquele lugar, que constatei que era de fato um porão. Olhei em volta e pude notar que aquela era outra casa, era bem maior do que as anteriores. Marcos me empurrou até a escada, e subimos até o andar seguinte. Havia várias portas, todas fechadas. A única porta que estava aberta era a do final do corredor, onde provavelmente estaria Maria.

–                    - Ela queria te ver, Maria. - Marcos disse calmamente. Maria se virou e me encarou, ela inclinou sua cabeça para o lado e andou até nós. Eu estava com a respiração muito rápida, estava nervosa, não sabia o que ela podia fazer comigo. Maria fez um sinal com a cabeça, alguns segundos depois senti minhas mãos livres, e Marcos deixara o quarto.

–                    - Pode falar querida. - Maria disse calmamente, o que me deixou totalmente irritada.

–                    - Querida?! Não me venha com isso de querida! O que eu estou fazendo naquele lugar, Maria?! - Ela ia falar algo, mas eu continuei. - Eu fiz tudo o que você disse, Maria. Tudo! E é assim que você me recompensa? Eu não disse nada ao Rick, ele concluiu sozinho. - Mais uma vez ela ia falar, e eu a interrompi. - Você deveria no mínimo manter sua palavra, pois mesmo você sendo uma criminosa, você poderia ao menos cumprir com suas palavras! A única coisa que fiz foi ir até a casa da Rick, porque ele não estav... - Parei de falar ao sentir as mãos de Maria em meu pescoço.

–                    - Calada... - Ela apertava mais a cada segundo. Aquela situação não era nada confortável. - Eu vou te soltar, e você vai permanecer calada, tudo bem? - Ela balancei a cabeça afirmando, e então ela me soltou.

–                    Maria andou até a grande cama que havia ali, e deu leves batidas com sua mão no espaço ao seu lado. Andei até ali e me sentei o mais afastado possível dela. Ela sorriu e arrastou seu corpo para perto do meu, me deixando sem saída.

–                    - Vou confessar que Rick não havia contado de sua visita... - Suspirei alto. Eu e minha boca grande. - Isso me deixou realmente irritada. - Maria sorriu calmamente e arranhou fortemente minha coxa. Eu tinha a certeza de que aquilo ficaria machucado. - O que te fez ir parar junto com eles foi a sua falta de cuidados, querida. - Ela deslizou suas mãos em meu cabelo e sorriu em seguida. - Sinto tanto sua falta... Você poderia estar aqui comigo agora... - Maria aproximou nossos lábios, desceu seu rosto até meu pescoço e distribuiu alguns beijos por ali. Suspirei. Pude ouvi-la rir, ela subiu os beijos até próximo de meu ouvido. - Poderíamos até estar fazendo um sexo selvagem, Melissa... - Senti uma das mãos de Maria subir por dentro de minha roupa, até meus seios. - Mas você não foi uma boa ajuda... - Ela retirou suas mãos de minha roupa, pressionou nossos lábios suavemente, e então se afastou de mim. Suas mãos voltaram até meu cabelo, ela fez algumas carícias, até que senti minha cabeça ir bruscamente para trás, e uma dor enorme na raiz de meus cabelos. - Você foi de péssima ajuda. Por isso não pode ficar aqui! - Ela levantou da cama me puxando para fora do quarto, passamos pela escada, e pela sala de estar, até chegar na porta por onde eu havia saído, ela abriu a porta, me empurrou para dentro e a fechou.

            Ao entrar, suspirei, levei as mãos até a cabeça e me sentei naquele chão imundo. Grunhi enquanto deixava meu corpo cair para o lado. Algum tempo depois senti as mãos de Rick me levantar. Debati-me por alguns segundos, mas Rick me apertou em seus braços e então eu cedi. Ele me pegou no colo e me levou para perto de Annabelle, me deixando sentada ali. Depois que Rick me deixou no chão, voltei a mesma posição que estava antes. Ouvi um suspiro de Annabelle, e tenho certeza que Rick estava me observando neste exato momento.

           Depois de ficar por um tempo ali, senti mãos delicadas deslizarem nas costas de minha mão. Era Annabelle. Afrouxei um pouco a pressão de minhas mãos sobre meu rosto, deixando Annabelle retirar minha mão dali e acariciar meu rosto com sua própria mão.

            Ali dentro nós não havíamos noções de nada. Não tínhamos ideia de qual dia era, se estava de dia ou de noite, só sabíamos que era hora de comer, quando Maria ou Marcos nos trazia algo. De vez em quando, eles nos levavam até o banheiro para toma banho, pois o banheiro que havia no porão tinha apenas uma privada. Ficávamos ali como cães. Sempre havia uma garrafa com água para nós.