Jonathan August ainda lembrava-se de como conhecera sua mulher, Irene August. Era uma tarde de verão de 1979. O vento estava quente, as árvores farfalhavam, estava um dia perfeito. Jonathan estava andando de cabeça baixa, lendo um parágrafo de um livro de paleontologia:

“O apatossauro (Apatosaurus, do latim ”lagarto falso”), também chamado de brontossauro, foi uma espécie de dinossauro herbívoro e quadrúpede que viveu durante o período jurássico. Media até 23 metros de...”.

Jonathan bateu em uma mulher, uma bonita mulher. Com cabelo castanho escuro, traços delicados, baixa e magra. E foi aí que tudo começou.

- Me desculpe senhori... – Dizia Jonathan ajudando-a a se levantar.

- Está tudo bem! – Dizia ela em um tom alegre – Sou Irene. Irene Black. E você?

- Jonathan August – Dizia ele cumprimentado Irene.

- August... Este sobrenome é bonito! – Dizia ela sorrindo e apertando a mão de Jonathan mais forte que podia.

- Hum, novamente, me desculpe. – Disse ele saindo envergonhado.

- Espera Jonathan! – Gritou Irene.

Jonathan se virou. Andou até Irene novamente, ficou frente a frente com ela, só que Irene era mais baixa que Jonathan. Bem mais baixa.

- Seu nariz é esquisito – depois de terminar essa frase, deu um selinho em Jonathan e saiu correndo, rindo, saltitando de alegria.

Jonathan deixou escapar um sorriso enquanto via Irene saltitando com o livro de paleontologia em sua mão.

Felizmente, esses sorrisos, saltitos e beijos, ocorreram durante anos à frente.

     Agora, Jonathan August, estava indo em direção ao píer com sua mulher, Irene August, mais conhecida como Irene Black, seu nome de solteira. De mãos dadas, eles embarcaram no barco de seu amigo, Brandon, para irem ao Brasil, onde iam fazer sua próxima escavação com seus parceiros: Matheo Lince, o bonito espanhol de cabelos escuros e de pele bronzeada, Leonard Collins, o atrapalhado loiro de óculos quadrados, a segunda mulher do grupo: a ruiva de cabelos enrolados Mariane Square.

A viagem de Nova York ao Brasil durou mais ou menos uma semana. Nesse tempo, Irene e Mariane tiveram tempo de arrumar tudo que era preciso para desembarcar. Jonathan ficou encarregado de descobrir os lugares que tinham ossos para cavar. Matheo, como não falava Inglês, ficou pilotando o barco, e Leonard, pesquisou espécimes de dinossauros para saber de qual dinossauro se tratava se eles descobrissem algum.

Quando Irene estava arrumando sua mala para o fim do trajeto, sentiu o navio tremer. A tremedeira foi tão forte, que tudo saiu do seu lugar. O armário cujo Irene estava tirando suas roupas caiu em cima dela, a fazendo ficar presa entre a cama e o armário.

- Jonathan!Alguém? – Gritou Irene por ajuda

Mariane entrou correndo no quarto de Irene, ficou pasma quando viu Irene presa entre a cama e o armário.

- Irene?Você está bem? – Dizia Mariane tentando tirar o armário de cima de Irene – Leonard!Ajude-me aqui!Irene está presa!

Leonard chegou junto com Jonathan. Eles tiraram Mariane do caminho para tentar levantar o armário. Tentaram. Houve mais um tremor e o armário foi na cabeça de Leonard, fazendo-o cair no chão. Água começou a jorrar pela janela do quarto de Irene.

- Deixe-me aqui!Salve-se e leve Mariane! – Dizia Irene para Jonathan, com dor na sua voz.

- Não... Mariane me ajude aqui! – E assim foi feito. Mariane ajudou a levantar o armário, e conseguiu. A água tinha chegado um pouco à cima do tornozelo, e estava com uma coloração vermelha.

- O Leonard e-está... – Falou Mariane gaga quase chorando, apontando para a ferida de Leonard na cabeça.

- Sinto muito, querida. – Dizia Irene abraçando Mariane e levando-a fora do quarto – Querido, pegue minha mala, certo?Vou pegar um barco extra e levar Mariane e Matheo para fora do navio. Encontro-lhe lá fora.

Irene saiu do quarto, parte preocupada com o marido, parte preocupada com Matheo e Mariane.

- Matheo!Vamos abandonar o navio!Suas coisas estão prontas?

- Sí, Srta. Irene. – Disse Matheo pegando uma mala verde-musgo – Dónde está El Sr. Jonathan?

- Está vindo, Matheo. Apronte o barco de fuga e entre junto com Mariane – Disse Irene olhando para todos os lados, procurando Jonathan.

- Irene? – Ela ouvia uma voz que nunca esqueceria

- Jonathan!Que bom que está bem! – Dizia Irene vendo Jonathan se aproximar e dar um abraço bem apertado

- Entre, Sr. Jonathan – Disse Matheo pegando sua mala e colocando em outro lugar para Jonathan e Irene sentarem-se.

Eles entraram e começaram a remar em direção ao Brasil.

- Hum, Sr. Jonathan? Tienes el curso para Brasil? – Disse Matheo fazendo uma cara de dúvida.

- Claro que tenho, Matheo! Só deixe-me achar e... – Jonathan estava procurando em sua mochila de costas. – Opa.

Todos olharam para Jonathan.

- Querido? – Falou Irene com um sorriso forçado – Está com o mapa, não está?

- É... Não. – Disse Jonathan suspirando e fazendo uma cara de tristeza

Todos suspiraram.