A Verdade Sobre Lin. escrita por BlindBandit


Capítulo 4
Capítulo 4 - Parte da Verdade.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/333066/chapter/4

– Pare com isso Lin! – gritava Toph – desça já daí! Eu não consigo te enxergar!
– Não! – gritava Lin, agora com seus onze anos. Ela estava em cima de uma arvore. – Eu não sou mais uma criança mãe! Você não pode me tratar assim!
– Pelos espíritos Lin, você ainda é uma criança sim! Você tem só onze anos! Agora desça logo dessa arvore, eu estou atrasada para o trabalho e tenho que te deixar no templo!
– Eu já disse mãe, eu não ponho os pés no chão até você me contar toda a verdade. – disse Lin emburrada.
Toph suspirou. Ela sabia que não poderia guardar o segredo para sempre.
– Tudo bem Lin, eu prometo contar tudo a você. Mas hoje a noite ok? Porque eu já estou atrasada. Agora desça daí, rápido.
Então Lin saltou da arvore.
Toph deixou Lin no porto, para pegar a balsa até o templo. Ela ficava com Katara e as outras crianças enquanto Toph trabalhava.
Lin desceu da balsa e subiu as escadas do templo. Quando ela chegou La em cima, encontrou Tenzin, como sempre muito dedicado, treinando dominação de ar com seu pai. Tenzin ficou corado quando viu a linda garotinha de pele branca, olhos verdes e cabelos negros passar por ele. Aang observou a cena sorrindo.
– Hey pequena Toph – gritou Aang para Lin.
– Olá Pés pequenos! – respondeu Lin
– Oh droga, eu não acredito que sua mãe te ensinou isso.
– Mas é verdade tio Aang! Você anda como uma bailarina, eu posso sentir – disse ela fechando os olhos. – E Tenzin também não está muito diferente.
– E eu pensava que era difícil aturar uma Toph só – disse Aang sorrindo, e afagando os cabelos de Lin.
Lin sorriu de volta para Aang, e então continuou andando.
Alguns metros depois ela encontrou Kya, agora com seus dezessete anos. Ela estava sentada conversando de mãos dadas com um rapaz. Lin supôs que aquele fosse seu namorado.
Lin sentou-se debaixo d uma arvore. Ela tentou ler um livro, mas sua mente vagava. Ela esperava ansiosa pela conversa que teria com sua mãe a noite.
Logo após o anoitecer, Toph apareceu na ilha para pegar Lin. Ela agradeceu Katara e jogou algumas pedrinhas em Aang antes de partir com Lin. No caminho de volta para casa, ela estava séria. Não havia dito uma palavra sequer. Ao que parece, ela havia ensaiado o dia todo para essa conversa. Nos olhos brancos de Toph podia-se ver um pouco de tristeza também. Lin odiava mais do que tudo deixar sua mãe triste. Ela só ficava assim quando alguém tocava em um assunto muito delicado para ela. Mas Lin não tinha escolha. Ela precisava saber a verdade.
Elas entraram na casa em silencio. Lin foi para o seu quarto colocar um pijama, enquanto Toph fazia o mesmo. Lin saiu do quarto e encontrou Toph na sala. Ela estava acendendo a lareira. Lin sentou-se ao seu lado sem dizer nada. Depois que Toph terminou sua tarefa, ela ficou quieta. Ela estava esperando que Lin falasse alguma coisa.
– Você vai me contar a verdade?
Toph assentiu.
– Então, me conte mãe. Quem é meu pai?
Toph suspirou longamente. Ela fechou os olhos e se reencostou no sofá. Então começou a falar.
– Seu pai Linnie foi um homem que eu amei muito. Nós nos conhecíamos muito bem. Ele era, acima de tudo, meu melhor amigo. Nós passamos ótimos momentos juntos – agora Toph sorria com as lembranças –Ah céus, como eu me divertia com ele. Ele era engraçado, e inteligente. Você puxou isso dele Lin. Ele era um pouco idiota, mas ele me encantava. Foi quando éramos jovens. Que tudo aconteceu. Começamos a passar muito tempo juntos, e eu me apaixonei por ele. – era muito difícil para Toph admitir tudo isso, mas ela prometera a si mesma contar o Maximo possível da verdade – Lin, não vou mentir para você, o tempo que eu passei com ele foram os mais felizes da minha vida. Não havia um momento que eu não estivesse sorrindo. Eu quase não me reconhecia. – Toph deu uma risadinha, provavelmente de alguma lembrança boa que atravessou sua cabeça. – Ele salvou a minha vida de todos os jeitos que eu poderia ser salva. Ele estava comigo nas horas mais difíceis. Pouco tempo depois, eu descobri que eu estava grávida de você Lin, mas então... – Toph suspirou. - O que eu quero dizer é que você é fruto de uma paixão entre dois jovens, dois amantes, dois amigos.
– Mãe, o que aconteceu com ele? – perguntou Lin – ele... morreu?
– Não Lin, seu pai esta vivo.
– E ele sabe que eu existo?
– Não. Porque se ele soubesse, ele estaria aqui.
– Então, porque você não contou para ele que estava grávida?
– Sabe Lin, tem coisas que estão muito alem do nosso controle, e essa foi uma delas.
– E como ele era?
– Eu não sei se você notou, mas eu sou cega Lin.
– Eu sei, eu sei. Quero que você o descreva como você o enxergava.
– Bom, ele era mais alto do que eu. O que não é muito difícil. Ele tinha passos pesados e firmes. Seu cheiro era doce e fresco, não há nada no mundo que tenha um cheiro como o dele. Ele roncava e não perdia a oportunidade de fazer uma piada boba. – Toph tirou sua pulseira espacial – Ta vendo isso? Foi ele que me deu.
– Mãe, você sente falta dele?
Toph fechou os olhos novamente. Ela agora podia sentir aquela queimação familiar em seus olhos. Fazia quase dez anos que ela não as sentia. Mas elas estavam lá. As lágrimas. Só esperando o momento certo para desabar. Toph concordou com a cabeça em resposta para Lin, porque se ela falasse, sua voz sairia chorosa, e suas lágrimas escorreriam. Seu lábio inferior tremeu, e a primeira lágrima escapou seguida de muitas outras,
Lin viu o que causara. Ela nunca vira sua mãe chorar em toda sua vida. Não que ela pudesse se lembrar. Ela abraçou Toph, que correspondeu o abraço. Elas ficaram assim por um momento. Mãe e filha. Lin queria saber mais. Queria saber o nome dele, queria saber porque ele havia partido, e porque ela não contara sobre a gravidez. Mas ela guardaria essas perguntas. Era doloroso demais para sua Toph, e era doloroso demais para ela ver sua forte e corajosa mãe se desmanchar em lágrimas.
– Vá para a cama – disse Toph a Lin. E ela obedeceu. Lin sabia muito bem que sua mãe precisava de um pouco de privacidade.
Assim que a porta do quarto de Lin se fechou e ela não pode mais sentir os pés da garota no chão e as batidas do coração dela finalmente demonstravam as de alguém adormecido, Toph pegou sua coberta e se enroscou no sofá, se esquentando na lareira. Então ela soltou tudo o que ela havia guardado a dez longos anos. Dez longos anos criando uma criança sozinha. Dez longos anos sem ouvir aqueles passos desajeitados, sem ouvir sua respiração, sem sentir seu cheiro. Sem ouvir sua voz. Dez longos anos sem nenhuma noticia, alem das que Katara contava. Dez anos sem nenhuma ligação. Toph imaginava se era difícil para ele tanto quanto era para Toph, ou se ele simplesmente a esquecera. Quem sabe arrumou uma garota bonita, e hoje esteja cercado de filhos.
Ela agora soluçava todas as magoas e dores que estavam a tanto tempo entaladas em sua garganta. Ela caminhou até o seu quarto e chorou por um bom tempo. Após dez anos ela não fazia ideia de o que ela sentia por Sokka não havia diminuído nenhum centímetro.
Toph ouviu passos se aproximando de seu quarto. Ela sentou-se na cama e enxugou o rosto com as costas das mãos.
– Parece que alguém aqui tem os ouvidos da mãe – disse Toph.
– Posso dormir com você?
Toph deu duas batidinhas na cama, e Lin deitou-se ao seu lado.
Mãe, eu tenho uma ultima pergunta – ela disse.
– Manda – disse Toph.
– O que é sexo? – ela perguntou um sorriso sarcástico no rosto.
Toph riu.
– Essa pergunta você coloque na caixinha de perguntas a fazer para Tia Katara.
Lin riu, e Toph a abraçou, antes de ambas caírem no sono.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

comentem o que acharam *-*