Cartas Do Passado escrita por Jane Timothy Freeman


Capítulo 9
Mamãe Bennet: a casamenteira




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Passado o torpor, Elizabeth decidiu comer algo e encerrar aquele dia.

Quantas coisas poderiam acontecer em 24 horas!

Não conseguiu mais cruzar com Darcy naquela noite, certamente ele a estava evitando. Preferiu que assim fosse, porém: aqueles dias seriam muito desgastantes.

Até tentou engolir a comida, mas nada descia por sua garganta ressecada. Dormiu logo que encostou a cabeça no travesseiro.


Darcy ficou com os olhos fixos no teto boa parte da noite. Simplesmente não conseguia acreditar que o passado fosse pior que a Caixa de Pandora imaginada por ele.

Tinha medo do que estaria por vir. Mas teria de enfrentar os fantasmas.

Adormeceu ao raiar do dia, completamente esgotado.


No dia seguinte, os dois se encontraram na sala de vídeos para abrir o envelope número 3.

– Preparada?

– Isto tem de terminar algum dia, não é? Que seja agora.

"Dia 18 de Setembro de 2002, Central Park."

Somente este bilhete dentro do envelope.

– Elizabeth, este dia significa alguma coisa para você? Não consigo relacioná-lo a nenhum acontecimento.

Lizzie o olhou com um profundo pesar.

– Ah, Darcy, com certeza eu me lembro deste dia e somente o lamento. Deixe-me contar uma longa história...


"16 de Setembro de 2002, Central Park, Nova York.

As cinco moças Bennet e seus pais decidiram relaxar da selva de pedra naquele dia.

Eram uma família estranha: o pai era um compenetrado homem de negócios; sua mãe via a tolice de algumas das filhas e as incentivava ao casamento vantajoso: em um mundo tão competitivo, estariam bem melhor se um homem pudesse assegurá-las. Sim, comportamento machista, mas não incomum! O fato de o marido deixar seu patrimônio a um primo, visto que suas filhas não se interessavam pelo ramo de negócios em que atuava, a deixava ainda mais insistente naquele assunto.

Viver em cidade tão grande não era nada fácil. Ir ao parque lhes era rotineiro, uma forma de aliviar a tensão da correria do dia-a-dia.

Lydia e Kitty frequentavam o local diariamente e logo ficaram sabendo de um grupo de universitários que viria treinar para a próxima maratona da cidade. Ficaram em polvorosa!

Em pouco tempo, os moços chegaram. Muitos eram respeitosos e bastante profissionais, mas alguns... Estes se aproveitavam - mesmo - de sua posição em troca de affairs.

Na casa dos Bennet não havia outro assunto. Lydia e Kitty, inclusive, já conheciam pessoalmente boa parte do grupo e viviam a fuxicar pelos cantos.

– Santo Deus! - bradava o pai Bennet, cansado de tamanha histeria. - Será que não podem ser um pouco menos fúteis?

– Ora, meu caro! Pare de criticar as meninas. Eu mesma, na idade delas, adorava um universitário. E, além disso, são suas filhas, pelo amor de Deus! Pais não devem criticar seus filhos desta maneira.

– Sim, querida, você foi a mais sábia das garotas. - e revirou os olhos ao beijar-lhe a cabeça. - Mas não pode evitar que eu dê atenção à tolice de ambas.

Naquele momento, um bilhete e um ramalhete de rosas são entregues.

– Jane, querida! - A mãe Bennet saiu gritando pela casa toda. A carta era dos Bingley!

'Querida Jane,

Venha jantar conosco esta noite. Eu me sentiria muito feliz por isto, já que me é tão querida.

O ramalhete de Bingley é um pedido de desculpas por não poder se juntar a nós neste momento.

Com muito carinho,

Caroline.'

– Posso tomar o carro emprestado?

– De jeito nenhum! É noite e a cidade está movimentada; vá de metrô, minha querida.

Todos olharam espantados para a senhora Bennet.

– Mãe - Elizabeth tentou argumentar. -, é tarde, pode acontecer-lhe algo.

– Imagine! Conhecem esta cidade como a palma da mão. Além disso, seu pai precisa do carro para um jantar da alta sociedade.

Assim que Jane saiu, uma forte chuva caiu sobre a cidade.

No dia seguinte, Jane liga para Elizabeth. Sente-se mal, todo seu corpo dói devido ao resfriado e a família Bingley não a deixa retornar até que tenha se recuperado.

– Se Jane tivesse morrido, tudo valeria a pena. Pelo amor de Deus, pequena, tudo por causa de um casamento?

– Ninguém morre de resfriado, querido.

– Irei a pé até lá - desafiou Elizabeth.

– Vai chegar toda desgrenhada, passar uma má impressão e ainda quebrar a privacidade de sua irmã! Eu lhe proíbo!

Lizzie deu pouca importância. Juntou-se a Kitty e Lydia e as três saíram.

As duas mais novas correram ao Central Park. Elizabeth continuou seu caminho até a casa de Isadora.

Chegou perto do almoço e causou alvoroço. Todos comiam, à exceção de Jane, e pararam exclusivamente por ela.

Isadora, os pais e Bingley correram para abraçá-la e beijá-la. Darcy murmurou algo e Caroline somente sorriu.

Eliza perguntou pela irmã e logo em seguida foi vê-la."

– Lembra o que te falei de Caroline ser egoísta? Neste dia ela tentou de todas as maneiras denegrir a sua "ousadia" de aparecer tão desmantelada em uma casa de respeito. Não consegui dizer nada, pois você realmente estava linda. O exercício fez bem à sua pele.

Elizabeth corou.

– Muito obrigada! - Olhou para o relógio. Já passava do meio-dia. - Preciso comer algo. Podemos continuar depois?

– Claro!

Assim que ela saiu, Darcy se recriminou. Como podia flertar daquele jeito em um momento tão crítico?



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