Cartas Do Passado escrita por Jane Timothy Freeman


Capítulo 30
O sacrifício de Elizabeth (parte 3)


Notas iniciais do capítulo

Fiz uma estimativa e acredito que este "cap" terá mais três partes! Ai, ai, ai!

Espero que estejam gostando! Reta final! ç.ç

Grande abraço,

Annie F.



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- Veja! Ela finalmente está acordando.

Elizabeth abriu os olhos devagar. Onde estava? Mirou ao seu redor e viu a tia.

Estava tudo bem! Havia dormido demais, estava em casa e...

Viu o grande quadro na parede e não pôde deixar de soltar um suspiro. Aquilo era real!

- Desculpe a brincadeira, senhorita – pediu a governanta. – Não foi minha intenção fazê-la desfalecer e...

- Não se preocupe, minha sobrinha é muito crédula. Além disso, acho que a falta de alimento deve tê-la feito desmaiar, não a história de um quadro antigo. – Novamente Lizzie percebeu o olhar severo e inquisidor da tia. Teria de esclarecer os eventos mais tarde, porém não desejava fazê-lo no momento.

Comeu com dificuldade alguns bolinhos e tomou um gole de chá. Sua garganta estava seca e trancada.

- Agora que já está recuperada, o caseiro lhes mostrará a parte externa da propriedade.

Elizabeth agradeceu a cortesia e acompanhou os tios. Quando saíram da casa, viraram-se e contemplaram todo o esplendor daquela residência de séculos passados.

Um barulho à esquerda chamou a atenção de Elizabeth, que se virou e congelou. Um par de olhos conhecidos caiu sobre os dela e o rubor atingiu ambas as faces.

Lizzie estava chocada. Como era possível que Darcy estivesse ali? Tudo bem, aquela era sua propriedade, mas... Ele não trabalhava? Não estudava? O que acharia de tão importuna visita?

O rapaz aproximou-se de Elizabeth e, embora seu semblante se mantivesse tranqüilo, o olhar estava agitado e distante. A moça perdeu as contas de quantas vezes ele lhe perguntara pela família e sobre sua estadia na região. Depois, cumprimentou-a e entrou na casa, deixando uma Elizabeth agitada e estupefata na porta.

Ah, ainda bem que havia comido algo! Sentia que desfaleceria uma segunda vez se não o tivesse feito.

Os tios ficaram admirados com a aparência jovem, mas madura, do rapaz. Perguntaram-lhe outras coisas sobre ele, mas Elizabeth não se sentia em condições de responder. Falava algumas frases vagas e logo os tios desistiram, embora a Sra. Gardiner voltasse a apresentar aquele olhar desconfiado de antes.

Permitiram-se caminhar. Embora Elizabeth amasse este exercício, não conseguia prestar atenção na paisagem ou no que seus tios disseram. Seu rosto enrubesceu muitas e muitas vezes durante o percurso, fato desencadeado pelas lembranças deste último reencontro.  O que mais a surpreendia era sua gentileza inesperada e, essencialmente, o questionamento feito sobre sua família. Depois de tudo o que disseram em Santa Clara, por que o rapaz se dirigira a Lizzie com tanta doçura?

Tentava se convencer que aquilo era fruto de sua indiferença por ela, mas não conseguia. Percebera a inquietação nos olhos e na voz de Darcy. Não sabia que sentimentos ele nutria por Lizzie, mas indiferença certamente não era um deles.

Os tios queriam ver toda a propriedade, mas, como esta tivesse mais de dez milhas de perímetro, contentaram-se com o roteiro comum e mais curto. Este “desapontamento” foi logo substituído por uma excitação juvenil, já que o Sr. Gardiner amava pescar e parava a cada trecho de água para observar os peixes.

A Sra. Gardiner logo se cansou das paradas do marido e insistiu veementemente para que voltassem. O tio e a sobrinha, que admiravam cada vez mais o passeio, tiveram de se resignar e conceder-lhe aquele desejo.

Avistaram o dono da casa a algumas milhas de distância e o coração de Lizzie novamente disparou dentro do peito. Disse para si mesma algumas milhares de vezes que manteria a calma na frente de Fitzwilliam, embora não se sentisse realmente capaz.

Darcy a abordou, as maneiras tão amáveis quanto antes. Elizabeth fez alguns elogios vagos à propriedade e logo se calou. O rapaz, surpreendentemente, pediu-lhe que o apresentasse a seus amigos, o que deixou a moça surpresa e contente. Que mudança! Darcy se voltava para as pessoas contra as quais professara tantas injúrias!

Ao informá-lo de que aqueles eram seus tios, Lizzie percebeu os olhos do rapaz arregalarem-se um pouco e se sentiu plenamente satisfeita. Agora ele perceberia que algumas pessoas de sua família mereciam mais consideração.

Voltariam à hospedaria naquele momento. Darcy ofereceu-se para dirigir o carro do tio e mostrar-lhes alguns trechos do caminho que eram especialmente admiráveis. Quanto à volta, faria caminhando. As boas maneiras e as opiniões inteligentes dos tios deixavam Elizabeth cada vez mais orgulhosa e satisfeita.

Logo o Sr. Gardiner foi convidado a pescar em Pemberley e os tios não puderam deixar de evitar um olhar surpreso a Elizabeth. Tal cortesia só poderia ser por causa dela, embora não pudessem compreender a razão.

Lizzie sentia-se feliz pelos tios, mas não conseguia entender a mudança de comportamento de Darcy. Ele não havia feito aquilo porque ainda a amava! Depois de seu comportamento em Santa Clara, nem ela gostava tanto de si mesma!

Desceram em alguns pontos do caminho, Elizabeth e Darcy à frente, os tios atrás. Como estavam um tanto distantes dos tios, a moça falou:

- Darcy, antes que me pergunte algo: fomos informados de que não haveria ninguém em casa. Até mesmo a governanta confirmou que o esperava para amanhã!

- Preciso discutir alguns pontos importantes com meu administrador, por isso voltei mais cedo. Amanhã os outros convidados chegarão, entre eles Bingley e a irmã.

A menção ao nome de Charles fez com que a cabeça de ambos viajasse à última conversa que haviam tido.

- Há outra pessoa no grupo que gostaria que conhecesse, Elizabeth. Georgiana virá amanhã, será que lhe peço muito?

A moça concordou, mas a surpresa estava estampada em sua face. Não fazia ideia do porquê daquele pedido! Seu coração ,tranquilizou-se: era uma clara demonstração de que Darcy não se ressentira contra ela.

Voltaram ao carro e chegaram à hospedaria, onde Darcy se separou do grupo.

Assim que se viu a sós com os tios, Elizabeth foi bombardeada com perguntas e observações:

- Darcy é um tanto quanto reservado, concordo, mas não consigo entender por que o chamam de orgulhoso.

- Lizzie – replicou a tia. – Seu conhecimento com Darcy é muito recente para tamanha demonstração de gentileza. Há algo que queira nos contar?

 Elizabeth ruborizou, mas declarou que suas maneiras foram iguais em Santa Clara para com ela, Collins e Charlotte.

- Não posso vê-lo como o carrasco de Wickham. Será mesmo tão dissimulado?

Lizzie sentiu-se no dever de defendê-lo. Explicou, tentando aparentar indiferença e distanciamento, tudo o que se sucedera entre Wickham e Darcy, mas sem citar fontes.

O olhar da Sra. Gardiner ficara ainda mais grave.

Ao retornarem a Lambton, os tios e a moça saíram com alguns velhos conhecidos da mulher, mas a cabeça de Lizzie estava em outro lugar.

Só conseguia pensar na gentileza de Darcy e no encontro com Georgiana.


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