Cartas Do Passado escrita por Jane Timothy Freeman


Capítulo 13
O fascínio




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– Darcy, se me permitir, gostaria de terminar este assunto.

– À vontade.

"17 de Setembro de 2002.

Elizabeth, após a visita da mãe e das irmãs, decide juntar-se aos outros na sala de visitas. Folheava um livro, Darcy escrevia uma carta a Gigi e Bingley e Caroline conversavam, embora esta a todo momento se referisse ao amigo:

– Darcy, mande um abraço caloroso a Georgiana.

– Diga a Gigi que adorei seu quadro.

– Como cresceu! Está linda.

Ao passo que o rapaz somente respondia:

– Em uma próxima carta.

Caroline, vendo que seus esforços eram inúteis, convidou Elizabeth a juntar-se a ela ao piano. Lizzie era somente uma aprendiz, portanto passou a vez à dama, que se deleitou com a possibilidade de se enaltecer aos olhos de Fitzwilliam.

A menina Bennet folheava alguns outros livros, mas não conseguiu deixar de notar que os olhos de Darcy constantemente estavam fixos nela. Sentiu curiosidade acerca deste interesse repentino, porém o creditou ao desprezo que o rapaz deveria possuir. Lizzie estava longe de ser uma das "meninas de ouro" a que ele se referira no dia anterior.

Contudo, foi surpreendida quando, finalizada a carta, se aproximou dela e a convidou para dançar. A moça calou-se.

– Elizabeth, creio que não me ouviu. Não acha esta música um tema interessante para a dança?

Ao pensar em como o pai de Isadora ficaria maravilhado se visse a cena, Lizzie sorriu.

– Ouvi da primeira vez em que perguntou, mas acreditei (e ainda acredito) que estivesse me testando. Assim, não me resta remédio a não ser negar o convite. Desafio que me despreze agora!

– Receio ter de declinar o desafio, pois jamais poderia desprezá-la.

Elizabeth se sentiu um tanto perturbada com a maciez da voz de Darcy naquele momento. "

O rapaz não conseguiu conter a risada.

– Desculpe-me, Eliza, mas minhas intenções não eram claras o bastante?

Lizzie se sentiu corar.

– Agora que você diz, muitas passagens fazem sentido. É que... depois do que disse, a última coisa em minha cabeça seria a possibilidade de estar atraído por mim.

– Você se portou de um modo completamente diferente das moças a quem conhecia até então. Desafiou-me, riu-se de mim e ainda se mostrava distante o tempo inteiro. Um par de belos olhos e meu pobre coração não resistiu.

Riram por algum tempo.

– O mais insuportável - prosseguiu ele - foi aguentar Caroline fazendo piadas sobre nosso futuro casamento. Quando quer, pode ser completamente insuportável.

Lizzie riu-se muito com a novidade. Este era o jeito da moça Bingley de denegri-la? Se conhecia psicologia reversa, aquilo só serviria para atá-lo mais à moça Bennet.

"Na mesma noite.

Jane estava melhor e se juntou aos demais na sala. Caroline e Darcy escolheram livros, Bingley e Lizzie conversavam com Jane. Isadora e seus pais haviam saído para um jantar.

A senhorita Bingley tentava de todas as maneiras chamar a atenção de Darcy. Comentava sobre o livro que lia, sobre o tempo, sobre o prazer em estar em um grupo tão seleto de amigos, mas nada o desvencilhava da leitura.

– Minhas irmãs são muito sapecas, Charles. Espero realmente que sua insistência em dar uma festa seja esquecida. - dizia Lizzie.

Caroline ouviu e decidiu se intrometer.

– Não acredito que dará uma festa na casa de titio, Charles! Deve consultar os presentes antes de qualquer decisão precipitada!

– Carol, já conversei com nosso tio e ele concordou. Se se refere a Darcy, ele que vá dormir mais cedo no dia da festa! É um fato decidido.

Não se dando por vencida, a moça levantou-se e passou a andar pela sala. Era dona de corpo e beleza invejáveis e tinha a certeza de que Darcy não poderia resistir.

Vendo que sua tentativa fracassava, desesperou-se. Aproximou-se de Elizabeth e convidou-a para andar pelo aposento.

– Desejo mostrar-lhe tantas coisas!

Lizzie se viu alvo da atenção de Darcy logo que se moveu.

– Junte-se a nós, querido.

– Só podem ter dois motivos para tal atitude: ou tem confissões a fazer, e seria indiscreto me juntar a vocês, ou têm consciência de como seus corpos ficam magníficos ao caminhar, e posso admirá-las bem melhor de onde estou.

– Que absurdo! Diga-me, Elizabeth, como poderemos castigá-lo?

– Caçoemos de sua impertinência.

– Lizzie - disse Caroline, um trunfo de vingança no olhar. - Não devemos rir de Will.

– Que pena! Pois adoro rir do ridículo.

Darcy olhou fixamente nos olhos de Elizabeth.

– Não me exponho ao ridículo e tomo todas as precauções para não fazê-lo, de modo que ser motivo de chacota por você é incompreensível.

– Oh, entendi. Desculpe-me, senhor Darcy, por ser tão inconveniente. Está claro que não possui defeitos e que está plenamente consciente disto.

– Não tenho tal meta, mas acredito que caçoe de minha incapacidade de perdoar o defeito dos outros: quando minha boa opinião é perdida, está acabado.

– Este é um defeito enorme, não posso rir dele. Escolheu-o com grande precisão."

– Sim, me lembro muito bem desta discussão! - Darcy pôs-se a sorrir. - Você é osso duro de roer, minha cara.

– Não que você seja mais maleável, claro.

– Como ousa? - Darcy riu e fingiu que infartava. - Um homem educado como eu ser ofendido com tamanha crueldade! - Olhou para a moça com fogo nos olhos. - Preciso me vingar!

Correram pelo aposento, rindo muito sempre. Elizabeth escorregou, porém, e Darcy a amparou.

Soltaram-se logo em seguida, repelindo-se como houvessem se queimado.

– É melhor acabar com a minha longa história já. Chega de enrolação: no mesmo dia fomos embora da casa, conhecemos o primo Collins. No dia seguinte, maldito 18 de setembro, conhecemos George Wickham.

E correu para fora do quarto, o coração saía-lhe pela boca.

Fitzwilliam sentou-se, as pernas não lhe aguentavam mais. De seu rosto pálido só se ouvia uma frase:

– Maldito Wickham, maldito Wickham, maldito Wickham!


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