Não Há Quem Possa Ocupar Seu Lugar escrita por Amanda Catarina


Capítulo 9
Capítulo 9




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Capítulo 9

A noite estava linda. Um calor agradável e uma brisa suave. Orihime na varanda do seu apartamento, contemplava a lua quando, subitamente, sentiu uma reiatsu bem conhecida.

– Kuchiki-san?! - murmurou. – Kurosaki-kun também... deve ser algum trabalho da Soul Society.

Ela até queria não se sentir tão angustiada, no entanto, ainda era difícil. Tentando não se importar e conter a curiosidade, voltou à sala e ligou a TV. Ficou com os olhos fixos na tela, mas sem nada verem. Sua mente se encheu de imagens bizarras, coisa bem típica dela, contudo, isso durou poucos instantes, porque o toque do telefone a tirou dos devaneios.

“Ah, boa noite, Inoue-san...” ela ouviu do outro lado da linha.

– Ishida-kun?

“É... eu liguei porque tenho uma dúvida sobre a aula de artesanato amanhã...”

A menina estreitou os olhos, desconfiada, por certo, ele também sentira a presença de Rukia e devia estar inventando aquele pretexto para conversarem. Ultimamente, Uryuu andava bastante atencioso com ela.

– E o que seria?

“É amanhã que devemos... entregar o relatório das peças feitas nesse bimestre?”

Orihime arregalou os olhos e ficou em dúvida.

– Bem, agora que perguntou... não estou lembrada, mas certamente devo ter anotado aqui em algum lugar... - esticando-se alcançou a mochila próxima e revirou tudo, meio afobada.

“Inoue-san?!”

Depois de uma sucessão de barulhos, ele ouviu uma resposta choramingada.

– É!! E o pior é que me esqueci completamente disso... - anunciou no mesmo tom.

“Então somos dois... mas, Inoue-san, nossos trabalhos ficaram parecidos... não podíamos nos ajudar?”

Ela se sobressaltou, e a primeira coisa que fez foi virar o rosto para o relógio ao lado. Não era tão tarde.

– Você está dizendo... vir aqui e então fazemos o relatório? Juntos?

“Se não for incomodo pra você...”

– Não, longe disso... Pode ser então.

“Certo! Não demoro. Até mais.”

– Até...

Inoue ficou segurando o telefone ainda por alguns instantes.

– Será... que foi só coincidência?

ooo ooo ooo ooo

Uryuu sabia que não podia demorar, mas não conseguia escolher uma roupa. Queria parecer casual, contudo, não muito desleixado também. Óbvio que estava preocupado por causa da chegada de Rukia ao Mundo Real, só que o estado de Orihime era ainda de maior importância e prioridade a ele.

Já não tinha qualquer dúvida de que começava a se apaixonar pela colega de sala. E não apenas por causa dos últimos acontecimentos, mas desde o dia em que saíram todos juntos, quando Ichigo presenteara Rukia com o coelhinho de pelúcia. Ficou angustiado com a situação da amiga e desejou poder ajudá-la de alguma forma.

– Ela tem estado bem mais animada, mas não convém ariscar... ainda mais tendo um pretexto legítimo como esse.

Contente, o quincy deixou seu apartamento e rumou apressado até a casa de sua amiga.

ooo ooo ooo ooo

Ichigo ficou apenas olhando Rukia liberar sua zanpakutou. E riu ao lembrar-se daquela gikongan maluca, a Chappy, exaltando a katana branca de Rukia dizendo que era uma das mais belas. Concordou.

– O que há com você? - perguntou Rukia.

– Nada...

– Saiu na frente e no fim me deixou acabar com ele...

– Claro... num dia perfeito como esse, eu que não ia querer ouvir suas reclamações: “Ichigo, você nunca deixa trabalho pra mim!” “Ichigo, você é um fominha!” “Ichigo, seu exibido!” - provocou imitando voz de mulher.

Uma veia saltou na testa de Rukia e ela cerrou um dos punhos.

– Eu não falo assim! - trovejou possessa, mas logo se endireitou e guardou a espada. – Mas que história é essa do seu pai sentir a presença de hollows...

– Uma história surpreendente... vamos andando que te conto no caminho...

ooo ooo ooo ooo

Os dois adolescentes riam, sentados sobre os joelhos, de frente um para outro, naquelas mesinhas baixas, sobre a qual estavam diversos papéis espalhados.

– Eu lembro, eu lembro - falou Orihime em meio ao riso. – Pior foi eu ter perguntado que alienígena usaria aquilo! Ela ficou uma semana sem falar comigo...

– Sério? - indagou o rapaz e desviou um pouco o olhar para umas anotações.

– Foi... - ela arrastou uma folha na direção em que ele olhava – esse sem dúvida foi o mais complicado, convém detalhar bem o processo desse.

– Tem razão... que sorte estarmos na mesma sala... você é muito inteligente, Inoue-san!

A moça ficou um pouco corada, mas Uryuu nem percebeu concentrado que estava em fazer anotações, e, por qualquer razão, aquilo ainda a deixou mais sem jeito. Mesmo sendo meio ingênua para perceber flertes ou coisas do tipo, às vezes, Orihime tinha certeza que Uryuu estava interessado nela, mas em momentos como aquele, em que ele se mostrava apenas um amigo muito gentil, ela ficava em dúvida.

– Obrigada... - agradeceu num murmúrio.

Uryuu ergueu então os olhos para ela.

– Perdoe minha falta de originalidade, seu rank na escola é conhecido por todos...

– Ainda sim, eu gostei de suas palavras.

Foi a vez dele ficar sem jeito.

– Ah, claro... apenas imaginei que você deve ouvir muitos elogios desse tipo.

– Um pouco, mas quando são amigos verdadeiros a dizer torna-se mais significativo...

– Entendi... - o rapaz olhou o horário. – Está ficando tarde... é melhor eu ir.

Orihime assentiu com um gesto.

– Agora ficou fácil, não é? - indagou ele.

– Com certeza. Agradeço sua ajuda, Ishida-kun.

– Eu também te agradeço - disse e se levantou.

– Quer comer alguma coisa antes de ir? - ofereceu, meiga.

O quincy disfarçou com destreza um genuíno desespero.

– Não, obrigada. Hoje o horário já vai avançado e ainda preciso concluir isso... numa outra ocasião talvez...

– Como quiser... te acompanho até a porta - disse e se levantou.

Uryuu caminhou satisfeito com a amiga ao seu lado, era bom estar junto dela.

– Até amanhã - despediu-se ele, no corredor já próximo à escadaria.

– Até amanhã.

O adolescente não tinha dado nem um passo na calçada, quando uma intensa reiatsu apareceu a sua frente.

– Hã? - balbuciou ele.

– Ishida-kun! Cuidado! Tsubaki!

Orihime reagiu num instante. O rapaz mal avistou o hollow, e logo o monstro foi destruído.

– Tudo bem?! - perguntou a jovem, caminhando depressa até ele.

– Sim, graças a você - falou admirado. – Você está muito mais ágil.

Orihime piscou surpresa com o comentário. Ficou feliz momentaneamente, mas logo se convenceu que aquilo não era nada. O amigo era capaz de exterminar centenas de hollows daquele porte com um único ataque, na mesma velocidade.

– Era só um... - comentou ela, num tom tristonho.

Uryuu compreendeu o que ficou implícito.

– E daí? Poderia ter me matado do mesmo jeito... - falou encarando-a com seriedade e logo ela o correspondia com uma expressão atônita.

Ficaram se olhando por alguns instantes, então Uryuu deu um passo à frente, sua mão formigava de vontade de tocar aquele rosto bonito, que parecia ser macio como seda.

A rua estava deserta, devia ser pouco mais de dez da noite.

A garota virou a cabeça para o lado, pensando no que poderia dizer, mas então sentiu as mãos do amigo em seus ombros.

– Não menospreze sua força, Orihime...

Ela ficou abaladíssima, tanto pelo comentário quanto por ele a ter chamado pelo nome. Voltou o rosto para o rapaz e eis que ele estava muito próximo. Seu coração disparou de excitação, mas logo a fisionomia de Ichigo se imprimiu clara em sua mente.

– É... que bom que não se feriu... - falou ela, apoiando as mãos por baixo dos pulsos dele, na intenção de afastá-lo.

Uryuu caiu em si, e então deu uns dois passos para trás.

– Perdoe-me... - pediu polido.

Ainda bastante desconcertada, Orihime se virou de repente, querendo escapar da presença dele.

Aquilo devia ter sido demais para ela, compreendeu ele. E, certamente, o sentimento por Kurosaki ainda não era extinto. Não podia se precipitar, por mais que ansiasse fazer parte da vida dela daquela forma, por mais que quisesse ocupar o lugar do amigo shinigami. Ele compreendia, era um garoto sensato, mas... estava apaixonado.

Seu corpo simplesmente se moveu sozinho, sua mão alcançou o pulso dela e puxou-a de volta. Assustada, Orihime ficou um pouco inclinada para trás, mas não chegou a se virar.

– Me dá uma chance... - disse ele num murmúrio.

As dúvidas que ela pudesse ter sobre o interesse dele se dissiparam naquele momento. Angustiada, não soube o que fazer. Uma parte de si queria enxotá-lo a tapas, mas a outra queria ceder. Agradeceu aos céus por estarem ali na rua e não em sua casa, afinal ele não tentaria nada além naquela calçada.

O silêncio da moça serviu de resposta para o adolescente e ele se odiou. Nunca fora de se deixar levar pela emoção, agia sempre com extrema racionalidade. Soltando devagar o braço dela, abaixou a cabeça. Ela saiu dali depressa, sem dizer-lhe uma única palavra, e instantes depois, ainda na mesma posição, ele ouviu o barulho da porta do apartamento sendo fechada.

– Droga... - praguejou baixo, inconformado com a própria atitude.

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Okaeri! - gritou Isshin ao escancarar a porta diante de seu filho e da shinigami nobre.

Rukia se retraiu toda. Era desconcertante demais que ele a enxergasse naquela forma, mesmo depois de saber a história toda.

– Uma hora e quinze minutos! Precisam de tanto tempo assim para dar cabo de um hollow ou será que passaram em algum outro lugar? Heim? Num motel talvez... - provocou malicioso para total desespero dos dois jovens.

Rukia abaixou a cabeça na mesma hora.

– Velho doido! - xingou Ichigo, mostrando o punho cerrado. – Sai do caminho!

– Calma, meu filho... Vamos, entrem de uma vez.

Os dois seguiram para a sala. Depois de voltarem aos seus respectivos corpos, Isshin mostrou a eles uma expressão bem mais séria.

– Um outro hollow apareceu agora pouco, um dos amigos de vocês acabou com ele.

– Nós percebemos... - falou o adolescente. – Com certeza foi a Inoue.

– Parece que sim - confirmou Isshin. – Mas a questão não é essa... a reiatsu desse outro não era típica.

– O senhor acha que era daquele tipo diferente? Como aquele que me feriu?

– É provável, Kuchiki...

– Ichigo, não deveríamos ir falar com a Inoue então?

O jovem ponderou uns instantes.

– São quase onze horas... não há sinal de outros hollows, vamos deixar isso pra amanhã...

– Ele está certo, Kuchiki. Além do mais, tão logo o monstro apareceu, foi eliminado. Ninguém deve ter se ferido e, mesmo se fosse o caso, Inoue é quem tem os poderes de cura.

– Isso é verdade... - concordou ela.

– Além disso, imagino que já tiveram um dia muito cheio. É melhor irem deitar. Sua cama já está arrumada.

Ichigo assentiu e logo Rukia também. Assim, sem maiores surpresas, a noite transcorreu calma.

ooo ooo ooo ooo

No dia seguinte, na escola de Karakura, depois de Rukia ter usado o modificador de memórias, o alvoroço entre os adolescentes tornou-se notório.

“A namorada do Kurosaki? Aquela baixinha?”

“O Kurosaki arranjou uma namorada?!”

“Como assim uma garota tão bonita foi ficar com um demente horroroso como ele?!”

“Como assim o Kurosaki-kun foi escolher aquela tampinha?! O que ele viu nela?!”

“Uma magricela sem peitos com o sarado do Kurosaki-kun? Esse mundo não tem salvação!”

“Até o delinqüente do Kurosaki arruma uma gata e um cara simpático como eu, não!!”

E a cada instante os comentários ficavam mais pavorosos. Caminhando lado a lado, Ichigo e Rukia tentavam parecer indiferentes aquilo, mas ambos tinham as faces vermelhas como... morangos.

– Raios... mas que espécie de memórias esse modificador foi inserir nesse povo?! - esbravejou Rukia.

– Pra mim está bem claro... - revidou ele.

Chegaram enfim à sala. Ao deixar seu material sobre a mesa e pensar um pouco na situação, Ichigo acabou disfarçando um riso. Alguém na Soul Society devia estar do lado dele!

– Bom dia, Ichigo! - berrou Keigo e depois saltou em cima do amigo.

Como sempre, ele levou um golpe, caiu no chão e levantou-se num instante. Então, deu uma olhada para Rukia, ainda ao lado de Ichigo.

– Ah é! Que história é essa de que vocês estão namorando? Quem espalharia boatos assim além de mim e do Mizuiro?! - entregou-se o pateta.

– Seus vermes! Então eram vocês que andavam falando isso! – trovejou Ichigo com o punho cerrado, e lançando um olhar fuzilante a Mizuiro, que estava próximo, mexendo no celular.

– Não que isso... - choramingou Keigo. – Nós não falamos nada...

Rukia suspirou e rumou para a carteira de sempre. Ao perceber o rosto meio avermelhado dela, Keigo ficou em dúvida.

– Espera aí? Mas vocês estão mesmo? - perguntou chocado.

Antes que Ichigo respondesse, Orihime se aproximou do local.

– Bom dia, Kurosaki-kun, Kuchiki-san - saudou educada, sorrindo levemente.

Rukia voltou-se a ela com os olhos arregalados.

– Inoue, ah... bom dia... Que bom te ver - ela gaguejava. – Como tem passado?

– Estou bem... - respondeu tímida.

– Bom dia, Inoue. - cumprimentou Ichigo, e depois se assentou.

Keigo, boquiaberto, ficou lá, parado, encarando os três, mas logo a professora chegou à sala.

– Bom dia, classe... - saudou a mestra.

De repente, Ishida entrou na sala, esbaforido.

– Com licença, sensei...

– Ishida Uryuu chegando atrasado... o mundo vai acabar! - comentou a professora.

Orihime sentiu o coração apertado. Não teve coragem de olhar para o amigo quando este passou ao seu lado, indo ocupar o lugar de costume. Mais calma agora, ela compreendia que tinha sido muito imatura ao fugir dele na noite passada e, pensar que o atraso dele devia ter a ver com aquilo, a deixou bem chateada.

Tatsuki não se manifestou, nem falou nada com ninguém. Ficou só observando a todos e, do fundo de seu coração, desejou que tudo ficasse bem.

Na hora do almoço.

–Kuchiki-san, venha lanchar com a gente - convidou Orihime.

– Ah, sim...

Rukia olhou na direção Ichigo, que de costas lhe falou:

– Vou ficar por aqui... você explica os detalhes da missão a ela.

– Certo...

O grupo de meninas seguia animado até o jardim. Kuchiki e Inoue caminhavam mais atrás.

– Parece algo extremamente idiota, não entendo quem poderia ter me dado uma missão assim, aquele tal de Aizen não deve demorar a contra-atacar e nós ficamos a caça de hollows idiotas...

– Compreendo... mas, Kuchiki-san, você me parece um pouco zangada com isso. Estou certa?

Rukia se surpreendeu.

– É, fiquei brava mesmo.

– Não queria estar aqui?

– Não é isso... apenas... ah, nem sei o que pensar...

– Kurosaki-kun parece muito contente com sua presença aqui.

Como se o clima entre elas já não estivesse pesado, ela teve que tocar no assunto? O que poderia dizer? Rukia se indagou e tudo que fez foi abaixar a cabeça para esconder o rubor das bochechas.

– Kuchiki-san... não precisa ficar assim... Não sou uma má perdedora. Mesmo que ele tenha escolhido você, continuamos amigas, não é?

– Claro! Isto é... desde que esteja tudo bem pra você...

– Hanrã... - confirmou sorridente. – No começo, foi um pouquinho difícil, mas agora acho que já me conformei.

Ao ouvir aquilo, Rukia chegou a sorrir de satisfação e sentiu-se tremendamente aliviada.

As duas conversaram um pouco ainda, mas quando se sentaram junto às outras, foi um avalanche de perguntas e, enquanto não contou todos os detalhes sobre Kurosaki e ela, Rukia nem conseguiu comer.

Ao mesmo tempo, na sala de aula, Ichigo se aproximou de Uryuu.

– Yo... tudo bem com você?

O outro demorou a dar resposta.

– Mais ou menos... fiz uma besteira ontem...

Intrigado, Ichigo sentou-se na cadeira ao lado de onde o amigo estava.

– Como assim?

– Acho que estou gostando da Inoue-san... mas ela ainda gosta de você.

Nosso Kurosaki era um rapaz ingênuo, apesar de sua paixão por Rukia, aqueles assuntos amorosos ainda eram bem desconcertantes para ele.

– Você?! Gostando... dela? Puxa, nem imaginei...

– Foi chato vê-la sofrendo por sua causa... tentei dar uma força. Ela é tão bonita e meiga, mas no fim, acabei me excedendo. Agora que ela está sabendo que estou interessado, acho que nem vai mais falar comigo.

Ichigo pensou um pouco.

– Eu duvido... a Inoue, não é assim.

– Você acha? - indagou com um olhar surpreso.

O ruivo assentiu com um gesto.

– Espero que esteja certo... e quanto a você?

– Fui à Soul Society para conversar com Rukia e acabei voltando pra cá com ela! Tive muita sorte!

– E ela vai ficar por quanto tempo?

– Um mês pelo menos... - falou contente.

– Que bom...

– É sim... Era disso que precisávamos. Agora melhora essa cara, daqui um tempo, vamos estar os quatro juntos curtindo um passeio daqueles!

Uryuu ficou corado, mas logo riu do jeito descontraído do amigo e, torceu para que as coisas acontecessem conforme a otimista previsão dele.

ooo ooo ooo ooo

Naquela noite, Ichigo e Rukia, em suas formas shinigamis, subiram ao telhado da Clínica Kurosaki.

– Que dia estressante... - comentou ela.

– Não liga pra isso, o pessoal é assim mesmo, daqui uns dias ninguém mais vai dar a mínima.

– Assim espero.

– Não sinto nada estranho... - comentou ele, com o olhar ao longe.

– Nem eu... E o rastreador também não mostra nada.

– Então vamos entrar, oras!

Rukia tentou pensar numa desculpa. Yuzu e Karin já deviam estar dormindo, Isshin estava trancado em seu quarto, concentrado em qualquer coisa que eles não podiam saber, na verdade, parecia mais que tentava deixar o caminho livre para os dois.

– Ah, que seja... estou mesmo cansada.

– Não é tão tarde... assiste um filme comigo - convidou ele.

Minutos depois, no meio do sofá...

Rukia tinha as pernas encolhidas no assento, aninhada ao corpo de Ichigo, que a abraçava pela cintura. O adolescente mantinha um pé apoiado no chão e o outro na mesinha de centro próxima, sobre a qual uma tigela, com um resto de pipoca, ficou largada.

Ichigo baixou o olhar para a pequenina junto a si, ela estava tão quieta. Teria caído no sono? Fosse como fosse, não tinha problema, o importante era estarem juntos.

Pegou o controle remoto ao lado e desligou a TV. A falta de reação de Rukia comprovou que ela dormia. Sorrindo levemente, ele a puxou para si, deixando-a atravessada em suas pernas e com a cabeça escorada em seu braço.

Ficou algum tempo apenas contemplando a pequena, ela estava tão linda. Carinhoso, deslizou um dedo pelos contornos da face delicada e depois depositou um beijo casto na testa dela. Afastou-se um pouco, esperando qualquer reação, mas não houve nada além do respirar calmo.

Instantes depois, ele beijou o rosto de Rukia e, dessa vez, não se afastou. Novamente não houve qualquer reação da parte dela, então, ele buscou os lábios rosados. Um leve tremor agitou-lhe o corpo e sua pulsação acelerou, mas eis que Rukia inspirou com mais força.

Ichigo deteve-se onde estava, a milímetros do contato. Ela balbuciou qualquer coisa que ele não entendeu, mas mesmo assim o fez se endireitar e voltar a encará-la.

– É só um beijo de boa noite... - disse baixinho, pensando que depois de acomodá-la no quarto das irmãs não teria coragem de tentar aquilo.

Esperou mais um pouco, então se inclinou novamente e beijou a boca dela. Talvez tenha sido apenas impressão, mas jurou sentí-la relaxar mais em seu braço. Satisfeito, ele se ergueu com ela no colo e aninhando-a cuidadosamente em seu peito, seguiu dali.

Um pouco depois, quando acomodava a pequena na cama, ela despertou de repente e se agarrou em seu pescoço, meio assustada.

– Ichigo...

Apesar da surpresa, ele fechou as mãos nos pulsos dela, afastando-a, e aproveitou o mesmo aperto para sustentar-lhe o corpo, e logo deitá-la na cama.

– Tudo bem... - sussurrou ele e sorriu.

Acercando-se então de onde estava, Rukia retribuiu o sorriso, piscando os olhos lentamente. Ichigo puxou as cobertas sobre ela e ainda beijou-lhe a testa.

– Boa noite, hime.

– Boa noite, itoshii... - revidou ela.

Surpreso com aquele tratamento carinhoso, Ichigo deixou o local.

Enquanto caminhava em direção a seu quarto, não pôde deixar de pensar que tudo tinha finalmente se acertado e, isso o deixou tremendamente aliviado.

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Como sempre, agradeço por todos os comentários!
Um beijão, gente!

Vocabulário:
Okaeri - Bem vindo
Hime - princesa
Itoshii - querido