POV Lílian

–Rá, tim, bum! Lílian, Alvo, Lílian, Alvo, Lílian! –Ouvi todos gritando e soprei as velinhas do bolo.

–Com quem será... –Algum amigo idiota começou a cantar e eu revirei os olhos. –...Vai depender se o Caio vai querer, ele aceitou, ele aceitou, tiveram dois filhinhos e depois se separou!

–Hey pera aí! –meu namorado gritou do meio da multidão. –Que história é essa de depois se separou? Nós vamos ficar juntos pra sempre. –então eu sorri e ele me beijou, preferi não ressaltar nossa breve separação, já que eu finalmente iria voltar pra Hogwarts! Não que eu não gostasse do Brasil, do meu namorado, dos meus amigos e da escola de magia e bruxaria daqui, eu só sentia saudades de casa e dos meus primos e amigos de lá, e minha casa sempre vai ser lá, mesmo que eu passe mais cinco anos aqui, isso não vai mudar nunca. E mesmo que doa me separar do Caio, de quem eu realmente gosto, vai doer mais não voltar pra casa.

–CORTEM O PRIMEIRO PEDAÇO BEBÊS! –minha mãe gritou tirando-me dos devaneios de minha mente. Cortei o primeiro pedaço e anunciei pra quem seria.

–Caio, é seu. –ele sorriu e me abraçou, minha mãe tirou uma foto nossa juntos, nos abracávamos e depois ele dava um beijo na minha bochecha, uma foto linda por sinal.

–Sinto falta de ganhar o primeiro pedaço, depois que começou a namorar é sempre pra ele, não sei qual a necessidade de dar o primeiro pedaço pra mesma pessoa por três anos! –minha mãe resmungou e eu sorri.

–Ah mamãe, sem dramas, o meu ainda é seu –Alvo disse cortando o bolo e entregando pra ela que sorriu.

–Ao menos tenho um filho que me ama! –Ela disse e eu revirei os olhos. Que mãe dramática a minha!

[...]

Olhei ao redor e vi todos se divertindo inclusive Caio que conversava animado com nossos amigos. Olhei pra ele que ao perceber sorriu pra mim, e veio andando em minha direção, ate sentar-se no sofá ao meu lado.

–Vamos até a varanda do seu quarto? Preciso falar com você...

–Ca, se é uma tentativa de despedida, eu não vou, já disse que vou embora amanhã como se estivesse saindo a passeio, e nada vai me fazer mudar de ideia, eu odeio despedidas, e já passei por elas o suficiente!

–Juro que não é uma despedida, é só uma conversa.

–Só uma conversa? –ele acenou positivamente Então eu vou! –ele me puxou pelo braço e fomos até a varanda.

–Eu tenho um presente pra te dar... –ele começou. –Mas antes queria te falar umas coisas... E quero que prometa que em hipótese alguma vai me interromper. –eu apenas assenti e ele continuou. –Há um tempo atrás, na escola, chegou uma menininha baixinha, chata, teimosa e pirracenta –quis interromper mas lembrei-me da promessa. –que não queria falar com ninguém e mesmo que quisesse não poderia, pois não falava nada do nosso português. Eu, como o ótimo cavalheiro que sou, resolvi ajudá-la, já que eu estudo inglês desde pequeno, mas ao invés de um "oi" como eu esperava, eu recebi um belo "me deixa em paz" seguido de um gesto nada educado com as mãos. –sorri com a lembrança do meu primeiro dia na escola. –Notei que ela falava muito com um outro garoto, que era idêntico a ela e também não falava nossa língua, então logo deduzi ser seu irmão, e assim como eu fiz com a garotinha, eu fui falar com ele. Diferente da menina, ele me recebeu calorosamente com um aperto de mão e um sorriso, e ficou realmente feliz em saber que alguém além deles ali, falava inglês. Ele ficou tão animado que me apresentou a sua irmã, a qual eu já conhecia, e novamente ela foi rude comigo, dessa vez com mais palavras "eu sei que você fala inglês, agora me deixa em paz!" pra ser mais exato. Eu confesso que fiquei ofendido e por um momento não quis mais me aproximar daquela garota irritante e irritada, que de jeito nenhum dava vasão para novas amizades, mas depois tentei entender o seu lado, um país estranho com gente esquisita e que não fala a sua língua, não devia ser nada fácil.

Tempos depois, não sei dizer exatamente quanto tempo, ou como isso aconteceu, mas nos tornamos grandes amigos, ela baixou a guarda e eu pude perceber que ela era mais legal que aparentava ser, e que era linda, a garota mais bonita que eu já havia visto em toda a minha vida.

Ela me convidou para uma festa de aniversário dela e do irmão dela e lá eu tomei coragem para pedi-la em namoro, e confesso que o que mais me surpreendeu naquele dia, foi ela ter aceitado. Não que eu não quisesse, longe disso, mas ela não era, não é, o tipo de garota que assume fácil que gosta de alguém, muito menos que aceita um pedido de namoro sem discussões!

Aquele foi o dia mais feliz da minha vida, e hoje, três anos depois, eu queria te dizer Lílian, que você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, e eu de jeito nenhum, irei me separar de você assim.

–Caio eu já falei que vou voltar, já está tudo certo pra irmos amanhã, não tem mais jeito. –eu disse já querendo chorar.

–E eu falei pra não me interromper pequena. Em momento nenhum eu disse que você não vai, eu disse que nós não vamos nos separar. –eu continuava sem entender o que ele dizia, quando ele tirou um envelope do bolso. –Foi praticamente impossível convencer meus pais, mas no final eles permitiram... Toma. –ele disse me entregando o envelope. Eu abri com os olhos já marejados. Me surpreendi, e não acreditei no que estava vendo.

–Isso é o que eu estou pensando que é?!

–Se você está pensando que isso é um comprovante de transferência escolar para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, em meu nome... Sim. –não pude evitar que as lágrimas caíssem, um sorriso brotou no meu rosto e eu pulei em seus braços o abraçando tão forte que acho que o sufoquei.

–Eu não acredito! Você é louco?!

–Por você pequena, apenas por você. –sorri e o puxei para um beijo calmo, que logo se tornou quente...

[...]

Descemos do carro voador assim que ele estacionou em frente a nossa antiga casa. Agradeci a mamãe por pedir aos elfos para limparem, e por não contar a ninguém sobre a nossa volta, assim a casa estaria vazia e estaríamos tranquilos por hoje para descansar. Peguei na mão do Caio e o puxei para dentro de casa

–BEM VINDO A MINHA CASA MEU AMOR!