Diogo narrando.

Ainda não estava acreditando de quem estava andando do meu lado, cantarolando e saltitante como uma criança. Mas o que ela fazia realmente aqui.

Depois que eu encontrei ela, ou melhor que ela me encontrou a conversa foi assim:

-O que você está fazendo aqui Natasha?

-Vim te ajudar a sair.

Ela sorria muito alegre e eu continuava com o rosto fechado, não estava gostando daquela situação.

-Me ajudar? Como você ajudou...

-Deixe o passado no passado!-Ela parou de sorrir ficando seria.- Você sabe quais foram as consequencias para mim, tanto que eu estou aqui.

-Eu sei. Não preciso da sua ajuda.

Recomecei a andar para o mesmo lado que estava indo antes, mas ela me segurou de novo.

-Não precisa da minha ajuda e está indo para o lado errado!

-Estou?

Ela deu risada e começou a me guiar falando que ia me ajudar a sair e agora estamos os dois andando lado a lado.

Estava muito irritado com isso, não queria a ajuda dela para nada. Foi quando comecei a escutar a voz da Nina, ela estava cantando.

"When the moon fell in love with the sun (Quando a lua se apaixonou pelo sol)

All was golden in the sky(Tudo era dourado no céu)

All was golden when the day met the night(Tudo era dourado quando o dia encontrou a noite)"

Sorri escutando ela cantando e a Natasha me olhou.

-Quem é essa cantando?

Olhei para ela, essa menina não ia tirar a alegria de escutar a voz da minha Nina, que ela continuava a cantar, de mim.

"When the sun found the moon(Quando o sol achou a lua)

She was drinking tea in a garden(Ela estava bebendo chá lá fora em um jardim)

Under the green umbrella trees(De baixo dos guarda-chuvas verdes das arvores)

In the middle of summer(No meio do verão)"

-Não te interessa Natacha.

-Você está namorando ela?

Suspirei e olhei a Natasha com raiva, ela já estava me tirando do sério. Me virei para a frente e continuei olhando as ondas suaves da voz da minha Nina, então elas começaram a se afastar e formaram uma porta no meio da estrada, com uma cor forte e indefinida, não tinha como cortar volta.

Andei até ela e abri a porta, sendo novamente sugado, isso ja estava começando a virar habito, então lá estava eu de novo dentro do tubo de vidro. A casa era diferente da primeira, mas eu lembrava dela. Quando morava aqui ja tinha 11 anos, meus pais já tinham voltado, meu pai parado de beber e se transformado em outra pessoa totalmente diferente. 

Meus pais entraram na frente e eu estava mais atras, estava sorridente, tinhamos acabado de descobrir que a minha mãe estava gravida de uma menina depois tudo ficou borrado e girando rapido mudando para outro momento, que eu sabia o que era. Minha mãe tinha perdido o bebê, ela chorava muito e meu pai tentava consolar ela e eu estava pegando um copo de agua na cozinha chorando escondido para o meu pai não brigar comigo falando que homem não chora.

Voltei para a sala e meu pai tinha saido para resolver umas coisas e minha mãe estava sozinha. Fui até ela e me sentei ao seu lado a abraçando. 

-Vai ficar tudo bem mãe, estou aqui com você.

Ela tentou dar um sorriso, mas não deu muito certo, e me abraçou forte.

-Eu te amo mãe.

-Tambem te amo meu filho.

Depois disso tudo ficou distorcido de novo e o vidro sumiu. Não tinha mais nada, estava tudo branco, como na primeira vez, tudo sem cor, apenas uma porta com cor forte, passei por ela e acabei na mesma estrada de antes.

Olhei para os lados tentando parar de lembrar das cenas que vi, por isso era tão apegado a Ana, depois que perdemos minha irmã ficou um vazio em todos, mas Ana apareceu, sozinha, e eu a adotei como irmã mais nova, cuidava dela com o carinho que cuidaria da minha irmã...

Natasha apareceu de traz de uma pedra.

-E ai, qual foi a lembrança da vez?

-Não te interessa Natasha.

Ela deu um sorriso malicioso e se aproximou.

-Se lembrou de algo do nosso passado?

Ela ficou bem proxima de mim e passou o dedo pelo meu peito e eu segurei a mão, virando-a e a aproximando de mim, fazendo-a me olhar nos olhos.

-Não encoste em mim Natasha, eu não esqueci o que você fez comigo, fique o mais longe possivel de mim. Só estou andando com você porque quero sair o mais rapido daqui e...

-E voltar para a Nina.

Empurrei ela para longe.

-Como você sabe da Nina?

Ela deu risada e desapareceu, começou a subir um fogo pelos seus pés e enquanto ele subia ela ia desaparecendo.