Adam esperara tanto pelo dia das bruxas que mal acreditou quando ele chegou. Os tentáculos de polvo que colocaria no jantar das Marotas estava guardado cuidadosamente no seu malão. Estava sozinho no dormitório fazendo a lição de Astronomia quando Trevor entrou sorrindo e se jogou na cama.

― Estava com Safira, suponho ― Adam disse.

― Supôs certo ― Trevor confirmou ― E dessa vez não tinha você para atrapalhar.

Adam sorriu. Lembrou de quando Trevor havia beijado Safira pela primeira vez na Sala Comunal da Grifinória e ele aparecera para interromper. Não se arrependia, claro que não.

― Onde está Nicholas? ― Trevor perguntou olhando para os dois lados. Nick odiava ser chamado pelo seu nome inteiro: Nicholas. Ficava uma fera quando alguém o chamava dessa forma, exceto quando Marabella dizia. Ele olhou para os lados como se esperasse que o amigo saltasse da janela e o azarasse por ter falado seu nome.

― Está na biblioteca fazendo a lição de Poções ― Adam respondeu fechando o livro de Astronomia após escrever a última frase no pergaminho ― Não vou fazer. Haver que vá procurar por si próprio os detalhes da reação de pó de bubotúbera na poção do morto-vivo.

Trevor pegou seu bisbilhoscópio e girou-o nas mãos como se estivesse tramando algo. Adam pegou o livro e os pergaminhos e jogou tudo dentro do malão. Olhou para as coisas la dentro e viu os seus tênis que colavam no chão ou parede que usara no primeiro ano para colocar sanguessugas nas camas das Marotas. Fora realmente preciso após descobrir que as escadas para o dormitório feminino viravam rampas quando um garoto tentava subir. Observou os tentáculos dos polvos embalados cuidadosamente em quatro sacos plásticos transparentes e deu um sorrisinho esperançoso.

― Você quer voltar atrás com o plano de colocar os tentáculos no jantar delas? ― perguntou Trevor.

― Não... ― disse Adam pensativo ― Por quê? Você quer? Quer proteger sua namorada?

― Safira não é minha namorada! ― argumentou Trevor e Adam murmurou: você bem queria que fosse ― E eu não quero voltar atrás. Safira não levará isso para o lado pessoal, eu tenho certeza.

― Espero mesmo que tenha. Seria péssimo que vocês brigassem quando estão tão apaixonados ― Adam disse em tom sarcástico ― Mas ainda temos que pensar num plano. Temos de distrair as garotas para conseguirmos colocar os tentáculos na comida.

― Você poderia distrair elas ― sugeriu Trevor ― Não sei como, mas você é o cérebro aqui. Nick e eu colocamos os tentáculos nos pratos. Mas, hum, Adam, não tem problema se, bem, uma delas engolir um dos tentáculos?

― Como? ― Adam franziu as sobrancelhas.

― Você sabe! ― Trevor riu ― Isabelle devora tudo sem ver, às vezes ela engole o tentáculo. Perguntei se não há perigo dela morrer asfixiada enquanto tinta roxa vaza pelo seu nariz, suas orelhas e sua boca.

― Não, é totalmente seguro ― Adam admitiu ― Os tentáculos são comestíveis. Mas, confesso que seria engraçado ver toda aquela tinta roxa vazando pelo nariz, orelhas e a boca de Isabelle. A parte dela morrer asfixiada eu dispenso.

Adam abriu a gaveta ao lado de sua cama e tirou dois pacotes cinzentos. Jogou um para Trevor que pegou com um sorriso no rosto e ficou com o outro. Quando abriu, despejou tudo na cama. Havia todos os tipos de doces lá dentro: sapos de chocolate, bombons explosivos, tortinhas de caramelo, bolos de caldeirão e feijõezinhos de todos os sabores. Seu pai, Thomas Walker, sempre teve um grande estoque de doces em Hogwarts e sempre dava alguns para ele levar.

― E quando você vai admitir que gosta de Madison? ― perguntou Trevor de repente.

Adam que comia um bombom explosivo engasgou e quando o recheio explodiu dentro de sua boca, sentiu como se dentro de sua garganta estivesse pegando fogo. Tossiu duas vezes enquanto Trevor parecia se esforçar para segurar o riso.

― Eu não gosto dela ― Adam disse após se recuperar ― Madison Potter é a criatura mais mandona e irritante que eu já conheci.

― Deixe de ser idiota ― Trevor disse andando pelo quarto ― Apenas Nicholas não consegue perceber que vocês nutrem uma relação de amor e ódio desde que você jogou aquelas bombas de bosta na cabine dela no primeiro ano.

― Você é quem está sendo idiota ― afirmou Adam ― Há tantas garotas mais interessantes em Hogwarts, como por exemplo a... ― Adam tentou pensar em alguma garota que realmente achara bonita em Hogwarts mas não lembrava de nenhuma.

― Está vendo? ― Trevor disse decidido a irritar Adam ― Você mesmo não se convence!

― Olha, aquela Lufana, Lana Folks, ela é... interessante ― disse Adam ― Certo, ela é mais velha, mas mesmo assim, ela é, hum, bonita.

― Não tão bonita quanto a Madison com aqueles olhos verde água, aqueles cabelos loiros e aquele sorriso que poderia iluminar o mundo ― Trevor começou a falar fingindo um ar sonhador.

Antes que Trevor pudesse se dar conta, Adam estava com a varinha em punho e gritava: "Alarte Ascendare". Um lampejo vermelho atingiu o garoto no peito e ele foi erguido no alto. Bateu com as costas na parede e depois despencou com tudo no chão. Fez um barulho como se um balaço tivesse acertado a cabeça de alguém.

Trevor colocou a mão na barriga que estava dolorida como se tivesse batido na água. Olhou para Adam que já havia guardado a varinha e deu um sorrisinho. O amigo o ajudou a levantar e ele se sentou na cama sentindo a cabeça girar pelo impacto.

― Bom, parece que você realmente gosta dela ― Trevor gemeu.

― Não, só queria que você parasse de falar besteira ― Adam disse convicto ― Madison é diabólica. Você viu que ela colocou pó de mico nas nossas vestes! Por culpa dela tomei três doses daquela poção nojenta que a enfermeira preparou.

― Nem me diga ― Trevor disse com uma expressão nada boa ― Ainda dá para sentir o gosto daquela coisa!

― Mas vamos nos vingar hoje ― Adam disse com os olhos verdes brilhando de esperança ― Bom, a tinta no rosto delas vão sair. Talvez depois de umas cinco doses de poções de cura.

― Com sorte, dez doses... ― Trevor sorriu.

― O gosto dessa também é terrível. Algo como lichia podre com limão ― fez uma careta como se tivesse comido algo azedo ― É verdade o que dizem? Que a vingança é doce?

― Não sei, ouvi dizer que é um prato que se come frio ― Trevor disse distraído ― Talvez seja um sorvete, sabe, doce e frio. ― Adam olhou para ele como se ele estivesse ficando maluco ― Um sorvete agora seria bom, não acha?

― Seria perfeito, parece que estou com o gosto das poções de cura na boca ― ele disse ― Vamos na cozinha pedir para os elfos prepararem alguns para nós. Embora seja um doce trouxa, acho que os elfos sabem preparar. Anda, vamos!

Trevor pulou da cama rapidamente e junto com Adam foram até a cozinha.