― Temos que voltar para o Castelo e contar à Isabelle e Safira sobre o que descobrimos ― disse Emma enquanto caminhava com Madison pelos jardins.

As duas haviam sido salvas do ataque dos Comensais por Faísca, um fauno elementar que prometera proteger as marotas. Madison estava feliz por ser amiga dele.

Enquanto Emma falava, Madison observava o chão. Um novo redemoinho de Terra surgiu e Faísca saltou lá de dentro. Ele parecia nervoso, não sabia por onde começava a falar. Emma pedia calma, Madison mandava que ele falasse devagar.

― Há algo na torre de Adivinhação ― Faísca disse.

― Algo? O que quer dizer com algo? ― Emma perguntou sentindo o coração se apertar.

― Não sei, apenas senti uma sensação estranha ao passar por lá ― ele disse ― Nós, faunos elementares, somos muito sensitivos sobre a atmosfera à nossa volta. Avisem McGonagall, ela deve saber o que fazer, não tentem nada. Já se meteram em encrencas suficientes por hoje.

― Certo ― Emma afirmou e Faísca sumiu em outro redemoinho ― Ele é tão útil, não acha?

― Sim, ele é brilhante! ― Madison concordou ― Vamos para a Torre Norte!

― O quê? ― Emma disse com voz esganiçada ― Não podemos, nós prometemos à ele que falaríamos com McGonagall e não tentaríamos nada!

― Nunca prometi isso ― disse Madison lentamente ― Você foi quem concordou com tudo que ele disse, portanto, nem eu nem você fizemos uma promessa. Eu não disse nada e você apenas fez uma afirmação. Então vamos, não seja covarde!

― Eu não sou covarde! ― Emma argumentou aborrecida.

― Vamos logo então ― Madison disse impaciente.

Emma e Madison começaram à correr para a Torre Norte. A Torre Norte é onde aconteciam as aulas de Adivinhação, por isso Faísca a chamou de Torre de Adivinhação. Madison odiava entrar naquela torre, pois, Sir Cadogan, um quadro de um cavaleiro, vivia enrolando para liberar a passagem. O cavaleiro desafiava os alunos para um duelo, chamava-os de covardes, começava a conversar sobre o tempo de seus pais em Hogwarts, ou seja, fazia de tudo, menos abrir a passagem para entrarem na Sala de Adivinhação.

Assim que chegaram na Torre, já havia escurecido. A lua cheia brilhava no céu e havia apenas uma estrela brilhando no céu. Emma sentiu uma sensação estranha quando ela e Madison começaram a subir as escadas que levaria à sala de Adivinhação. "Que Merlin nos proteja, isso não parece bom" pensou ela.

Sir Cadogan estava dormindo. "Droga, quando precisamos dele, ele está dormindo" pensou Madison antes de acender a varinha com um simples murmúrio: "Lumus". A luz iluminou o rosto do cavaleiro e ele acordou com a claridade. Acordou alarmado e ergueu a espada pronto para lutar.

― Só queremos passar ― Madison foi direta.

― Passem e me deixem dormir ― Sir Cadogan reclamou enquanto a passagem se abria.

Madison foi quem entrou primeiro, Emma ainda estava meio insegura sobre a entrada na Sala. Porém, assim que Madison entrou e Emma caminhou para entrar, a porta se fechou. Emma ficou do lado de fora e Madison do lado de dentro.

― O que houve? ― Emma tentou empurrar a porta.

― Eu não sei ― Madison respondeu olhando para os lados sentindo-se um pouco nervosa ― Me espere aí, vou investigar essa Sala e logo depois darei um jeito para sair daqui, não se preoupe.

Madison caminhou lentamente pela sala, mas tudo parecia monotamente igual. A cristaleira com as xícaras de chá ainda estava ali, perfeitamente limpa e cheia de xícaras ainda não quebradas, as bolas de cristais estavam sobre as mesas dos alunos e havia um grande livro na mesa em que a professora geralmente se sentava.

A garota avistou uma sombra no canto da sala. Ela tremeu um pouco mas ergueu a varinha. A figura que saltou das sombras era a professora de adivinhação: Cassandra Linphea. Os olhos dela estavam com uma coloração estranha, um castanho avermelhado e não parecia nada bem, estava pálida.

― Professora, desculpe-me entrar assim mas, eu queria pegar um pouco de ervas de Liprós para poder fazer um chá ― inventou Madison ― E Hagrid me disse que apenas você tinha essas ervas, não queria incomodar você em seu dormitório, mas já que você está aqui, poderia me dar as ervas?

Cassandra andou até a mesa e abriu a gaveta, tirou de lá quatro folhas da erva e estendeu a mão. Não andou até Madison e não falou nada. Madison caminhou lentamente e cuidadosamente até a professora, definitivamente ela estava mais estranha que o normal. Quando a garota estendeu a mão para pegar as ervas, Cassandra agarrou seu braço com força e com a outra mão.

Madison gritou de susto e deixou cair a varinha no chão. A varinha ainda tinha a ponta iluminada, e por isso ela pôde ver o rosto aterrorizante de Cassandra se aproximar dela. Emma se assustou com o grito da amiga e começou a tentar empurrar a porta enquanto gritava: "Madison, Madison, o que houve?"

― O novo Lorde das Trevas está mais perto do que você imagina ― Cassandra disse com uma voz rouca que ecoava pela sala. Madison estava caída no chão, pela força exercida pela professora em seu braço, e seus olhos estavam arregalados ― Mas ele tem algo que os outros dois não tiveram. Se ele assumir o poder, será mais destrutivo. Seu coração é carregado de inveja e com a inveja vem o ódio, com o ódio vem a maldade e com a maldade vem a sede por matar.

― P-professora, pare! ― a voz de Madison vacilou.

Seu braço estava ficando vermelho quando ela tentou se desvencilar. Soltou mais um grito esperando que Cassandra acordasse da sua espécie de transe, mas isso não aconteceu. Nunca acontecera isso antes, Madison estava aterrorizada e parecia não haver saída, a varinha estava longe, estava indefesa.

― Bombarda ― uma voz gritou lá de fora.

A porta explodiu e pedaços da madeira voaram para todos os lados, acertando Cassandra ― que com o estrondo caiu no chão ― e também Madison ― que com o braço livre protegeu os olhos das lascas de madeira.

― Você está bem? ― perguntou Emma guardando a varinha.

― Estou ― Madison respondeu enquanto recolhia sua varinha e erguia apontando para Cassandra ― Foi horrível! a Prof. Linphea está em uma espécie de transe, falando sobre o novo Lorde das Trevas, erga sua varinha.

Emma ergueu sua varinha, mas quando Cassandra começou a se levantar do chão, seus olhos voltaram para a coloração castanho claro e sua pele não estava mais pálida. Ela saíra do transe.