Até Logo Sakura. escrita por Lumii


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Hey :3
Aqui está seu presente Débora. Foi difícil de desenvolver... Escrevi uma história, fiquei insatisfeita e tive que criar outra ASAHSUHAHSUAHU'
E no final de tudo nem sei se gostará. Enfim, me esforcei ao máximo.
Boa leitura :33



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O corredor branco, normalmente enfeitado apenas com alguns vasos de plantas, possuíam agora cartolinas com desenhos colados. Desenhos feitos por crianças.

Estava no Hospital Central de Konoha e aquela era a área destinada a pessoas cujas vidas estavam por um fio. Não era uma UTI nem nada do tipo. Era para casos onde o tratamento médico não tinha mais como salvar a pessoa, apenas minimizar o sofrimento.

Os desenhos colados nas paredes haviam sido feitos pelas crianças daquela área. Havia corações de diversas cores, bonequinhos em forma de palito de mãos dadas, buquê de rosas... Decoração digna do Valentine’s Day.

Decidindo que veria os desenhos com mais atenção depois, voltou a caminhar em direção ao quarto 347. Os passos eram dados com certa dificuldade, devido a dor nas costas que o acometia sempre que percorria longas distâncias, o que acontecia sempre, pois ia ao Hospital todos os dias.

Ao chegar em frente a porta, bateu levemente antes de entrar. Ao adentrar o recinto, encontrou os dois belos olhos verdes encarando-o feliz, com um sorriso.

– Chi... – Ele sorriu ao ouvir o apelido carinhoso e inclinou-se levemente, tocando os lábios de Sakura em um selinho.

– Como passou a noite Sakura-chan?

Todos os dias era a mesma coisa. Ele chegava ao Hospital pela manhã e ficava até depois do almoço. Às vezes estendia um pouco o horário e às vezes dormia na poltrona ao lado da cama dela, porém isso estava sendo mais complicado devido à dor nas costas.

Essa era a rotina do casal nos últimos sete meses.

Tudo começara quando Sakura descobriu que estava com câncer no útero. Todos os tratamentos foram feitos ao longo de três anos, porém de nada adiantou. O órgão doente fora extraído, porém a doença já havia se espalhado e começado a tomar conta do corpo dela.

Ela estava desenganada.

A rosada sentia muitas dores e precisava ser medicada quando isso ocorria. Então eles conversaram e juntos tomaram uma decisão. De nada adiantava ela ficar em casa sofrendo. Então foi internada no Hospital, para que lá sempre recebesse os remédios quando sentisse alguma dor e sempre tivesse acompanhamento médico. E ele ficaria incumbido de visita-la sempre, para que pudessem aproveitar o pouco tempo que lhes restava.

No começo fora difícil. Começara a namorar Sakura aos 22 anos, quando ela tinha apenas 17. Casaram-se quando ele completou 27 anos. Ou seja, estava casado com ela há 52 anos, fora o tempo de convivência anterior.

E aceitar que a sua pequena, sua doce Sakura, estivesse a beira da morte não foi fácil. E ele estaria mentindo se dissesse que compreendia a situação, que o destino de todo mundo era a morte... Porque ele não compreendia. Preferia que fosse ele no lugar dela, para não ter que conviver com o medo de perdê-la a qualquer instante.

Encarou-a enquanto esta contava feliz, sobre as crianças do quarto ao lado. Apesar dos 74 anos, sua garota ainda era muito bela. Os cabelos eram um mesclado do rosa claro natural e dos fios prateados que surgiram com o tempo. A pele, embora enrugada pelo anos, ainda tinha aquele cheiro doce que ele adorava. O corpo, apesar de há muito ter deixado de ser o corpo de uma garota, ainda era aquele que se encaixava perfeitamente em seus braços toda vez que a abraçava. E os olhos verdes, vívidos. Tão vívidos quanto eram quando ela ainda tinha 17 anos e eles estavam no primeiro mês de namoro.

Aliás, aquela visita era especial. Era o Valentine’s Day de número 57 que comemorava ao lado dela. E, embora fosse o primeiro que passariam no Hospital, ele estava disposto a fazer com que o dia fosse especial mesmo assim.

Assim que ela terminou o assunto, ele retirou um embrulho de dentro da mochila que tinha nas costas.

– Sakura... Ao longo de todos esses anos nós comemoramos muita coisa juntos. Inclusive muitos dias dos namorados. E, o melhor presente que eu poderia ganhar, eu já ganhei: A sua presença aqui, hoje, ao meu lado. – Aproximou-se e tomou os lábios dela em um beijo carinhoso, enquanto acariciava seu rosto com uma das mãos – Eu te amo.

E dizendo isso entregou-lhe o embrulho.

Era uma caixa de bombons recheados com licor de cereja, o favorito dela. Porque, apesar de estar internada, ela não tinha outros problemas de saúde além do câncer, então sua alimentação não tinha mudado quase nada.

Dentro da caixa havia um pequeno bilhete escrito à mão.

Feliz dia dos namorados, minha eterna pequena.

Ele pode ver as lágrimas brotando das esmeraldas e transbordando para o rosto alvo, manchando-o. Por um momento ela lhe pareceu mais cansada do que aparentava.

– Chi... – Ela sussurrou enquanto abria os braços, chamando-o para um abraço. Ele abraçou-a e assim ficaram por um longo tempo, apenas sentindo seus corações. E então ela tornou a falar – Também tenho um presente. Está no segundo corredor à esquerda, colado na parede.

Ele levantou-se, mas antes ela lhe puxou e selou seus lábios, sussurrando:

– Eu também te amo.

Ele sorriu e saiu do quarto, indo na direção em que ela havia indicado. Ao olhar para a parede, não foi difícil ver qual era o seu presente. No meio de tantos desenhos infantis, lá estava o dela.

Sakura sempre tivera talento para aquilo e de vez em quando desenhava, como forma de passar o tempo. Porém nunca havia lhe presenteado com um desenho antes.

Ao analisar a imagem, foi impossível não sentir uma pontada no peito de saudades. Ela retratara o dia, há muitos anos atrás, em que foram fazer trilha na floresta e acabaram pegando uma forte chuva. O que poderia ter estragado o passeio fez com que acampassem lá e tivessem uma das melhores noites de suas vidas.

Ele sorriu ao lembrar-se do dia e das loucuras que cometiam naquela época de suas vidas.

Encostou a mão no adesivo que colava o desenho à parede e o retirou, pegando o papel para si. E então percebeu que havia algo escrito atrás na bela caligrafia da rosada.

Chi...

Essa madrugada eu não dormi. Quando tentei fazê-lo, sonhei que estava me despedindo de você e desse hospital.

No princípio acordei assustada, porque o sonho foi realista. E eu sabia que ia se concretizar.

Mas quando me acalmei decidi que não poderia ir embora sem dar o seu presente este ano não é mesmo?

Lembra deste dia? Eu me lembro tão bem que ainda posso sentir suas mãos percorrendo meu corpo. Ainda posso ouvir os nossos gemidos ecoando juntos. Ainda posso sentir seu cheiro incrustrado na minha pele, quase como um aroma permanente.

Vivemos muito momentos juntos e eu escolhi esse para representar, porque marca bem o nosso real jeito de ser: Viver intensamente.

É uma pena que o tempo das loucuras já se foi.

Apesar desses sete meses terem sido difíceis, foram igualmente importantes para mim quanto todo o resto da nossa história. Afinal, tudo que tem você envolvido é importante.

E é aqui que me despeço de você Chi.

Feliz dia dos namorados.

Meu eterno melhor amigo. Meu eterno amante.

Da sua pequena... Sakura.

Os olhos dele estavam arregalados e duas silenciosas lágrimas escorreram de seus olhos. Virou-se e fez o caminho de volta o mais rápido que podia. Adentrou o quarto já ofegante.

– Sakura!

Ela estava deitada de olhos fechados e acordou sobressaltada com o grito.

– Nossa Chi, que susto.

Ele aproximou-se e a abraçou.

– O que deu em você para escrever algo como aquilo?

Ela sorriu. Aquele mesmo sorriso radiante que tinha quando ainda era jovem.

– Chi... Durma aqui hoje?

Ele não teve como negar aquele pedido. Confessava que o bilhete tinha lhe assustado.

Então eles passaram a tarde toda juntos. E quando a noite chegou ele acomodou-se na poltrona perto da cama dela e segurou sua mão, entrelaçando seus dedos. E, mesmo com a dor na coluna, adormeceu rapidamente.

Até breve Chi.

Acordou meio zonzo. Jurava ter ouvido Sakura falar consigo, mas ela repousava tranquilamente na cama.

Esfregou os olhos e a observou de novo.

Ela estava imóvel na cama.

“No princípio acordei assustada, porque o sonho foi realista. E eu sabia que ia se concretizar.”

Seus olhos encheram de lágrimas e ele abraçou o corpo que outrora exalava vida. O corpo da menina que tinha o mais belo sorriso, os mais belos olhos. Da menina que tinha seu coração.

Ficou daquele jeito durante um longo tempo, até reparar em um papel sobre a cômoda. Pegou-o rapidamente.

Até breve Chi. Eu vou estar te esperando.

E mesmo que demore anos, eu ainda vou esperar.

E no nosso Valentine’s Day de número 58, eu não quero que você chore. Quero que me leve flores de presente. Eu sempre amei ganhar flores. E vou querer que passe o dia comigo, como sempre fizemos.

Apesar de sentir-se sem chão, ele deixou escapar um mínimo sorriso de canto ao avaliar a situação.

Sofreria sem ela, sim. Mas ela lhe concedeu um belo presente. Ao menos nunca mais veria a dor tomar conta dos seus olhos quando ela estivesse tendo uma crise.

E aquilo não era um adeus.

Depositou um leve beijo na testa pálida antes de sussurrar, contendo as lágrimas que insistiam em escorrer.

– Ate logo Sakura.


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Notas finais do capítulo

PS: Desenho da Sakura = Capa da fanfic.
Então é isso.
Espero que tenham gostado, principalmente a Débora.
Foi realmente um desafio escrever, porque eu simplesmente não escrevo ItaSaku desde o Natal de 2011 (ou 2010, não me recordo direito). E foi difícil.
Tinha escrito uma história completamente diferente dessa, porém quando terminei vi que não era boa o suficiente. E lá vamos nós escrever de novo -q
Bom, espero mesmo que tenha gostado.
E por favor, deixem reviews :3
Happy Valentine's Day pra todos =D