Fallin' For You! escrita por StardustWink


Capítulo 1
Oneshot.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! eu sei que tenho fics para terminar e tudo mais, mas não pude deixar de escrever uma coisinha para o Valentine's Day, mesmo que ele não seja comemorado no Brasil. Eu fiz um mangaquest fofinho com uma ideia que eu tive já à algum tempo e só consegui passar para o Word recentemente, hoho.
Eu espero que vocês gostem de tudo e riam das cantadas estranhas que eu enfiei aí. Boa leitura!



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Começou perto do fim do verão, num dia qualquer. Ele entrou no pequeno café depois de um dia entediante na faculdade - ele gostava de química, obviamente, mas sentia falta das explosões que fazia no laboratório durante a escola - e sentou-se na mesa ao lado da janela, distraído.

Para falar a verdade, Gold entrara por um motivo especial. Ele sabia que a irmã mais velha de seu melhor amigo trabalhava por meio período lá, e por mais que Silver vivesse o ameaçando de não dar em cima dela...

Bom, o que ele podia fazer? A vida era feita de riscos! E o ruivo tinha falado que ele não era bom o suficiente para ela! Veja só, Gold Falks não sendo suficiente para alguém?

Aquilo era impossível. E ele iria mostrar isso ao seu amiguinho ruivo.

Encontrando um rastro de cabelos castanhos pelo canto do olho, ele sorriu e acenou para a garota. Ela piscou seus olhos azuis celestes antes de sorrir e ir até ele.

– Ah, Gold, não esperava te ver aqui! - A jovem saltitou até sua mesa, já com um bloquinho nas mãos.

– É, precisava sair um pouco do campus, a aula foi chata hoje. - Ele respondeu, investindo no seu sorriso galanteador.

– Já sabe o que vai pedir?

– Hmm? - Ah, sim, ele quase esqueceu que estava num café. Quase.– Que tal você escolher por mim, Blue?

A mais velha arqueou uma sobrancelha, e suspirou debochadamente. - Se é isso que você quer, Gold... Tudo bem então.

E, murmurando algo que ele conseguiu captar como “ele nunca muda”, ela dirigiu-se até o balcão do estabelecimento. O garoto, é claro, não perdeu tempo em observar o quanto a saia do uniforme de garçonete que ela usava era curta, nem o quanto subia quando ela andava.

Há, não tem como eu não conseguir a chamar para sair! Ele pensou triunfante, Espera só, Sil, você vai ver!

Não foi nem um pouco surpreendente que a próxima pessoa a atendê-lo não era Blue.

Ele levantou os olhos rapidamente, encarando a garota nova que acabava de deixar um sundae de chocolate em sua mesa. Pelo canto do olhos, viu a irmã mais velha de Silver sorrindo ao lado do balcão, murmurando algo para outro garçom, que tentava a ignorar.

Ei, aquilo não era justo!

– Você está bem, senhor? - Com aquela coisa toda, tinha deixado a pobre moça no vácuo. Como Gold era um cavalheiro apesar de tudo, tratou de colocar um sorriso no rosto e responder que “não, não tinha nada errado mesmo”-

E aí ele congelou.

Não era possível. Ninguém jamais tinha tirado seu fôlego, e aquele definitivamente não era o caso- Ele só estava surpreso, só isso. Que ela pudesse ter olhos azuis tão claros, um cabelo de uma cor tão exótica quando azul escuro e, bom... Um corpo tão bem esculpido, por assim dizer.

Ok, mudança de planos!

– Na verdade, não estou não. - Ele colocou uma mão em seu queixo, tentando seu olhar sedutor nº 3. - Só de ver o seu rosto já foi o suficiente para me tirar o fôlego.

Os olhos dela arregalaram, e ele teria contado vitória se eles não tivessem estreitado perigosamente logo em seguida.

– Me desculpe, mas eu não gosto de pessoas que dão em cima de mim enquanto estou trabalhando. - Ela abriu um sorriso um tanto falso, mas profissional. - É ótimo saber que está bem. Você deseja mais alguma coisa?

O tom de voz dela quase o congelou, mas Gold era um cara determinado! Ele abriu um sorriso indeciso, antes de responder:

– O seu telefone, talvez...?

A desconhecida bateu a mão na mesa com uma força tão grande que os outros clientes olharam todos para ela. Com um sorriso assustador demais para ser comum, ela prontamente ignorou o que o moreno tinha dito e voltou até o balcão.

– Nossa, essa aí tem um temperamento difícil, hein... - Ele murmurou para si mesmo, pegando a colher que ela deixara lá. -Mas as pernas definitivamente compensam.

– Ei, lover boy! - Blue apareceu um pouco depois, não conseguindo segurar o riso. - Não adiantou mudar a garçonete e você continua com o seu jeito?

– Bom, você tinha me abandonado aqui, e... - Ele olhou de soslaio para a garota que agora atendia outra mesa. - Você não recusa um presente do destino assim não, seria um desperdício.

– Ai, ai, me pergunto como meu irmãozinho anda com você. - Ela bufou, cruzando os braços e sentando do outro lado da mesa. - E então? Gostou do sorvete que eu escolhi?

– Claro, você sempre faz as melhores decisões. - Ele respondeu, comendo mais do sundae. - Agora me diz... Qual o nome dela?

– Olha só! Ficou interessado, é? - A mais velha riu, divertida.

– Não sei.Tem alguma coisa nela que... - Ele aproveitou para observá-la um pouco mais, como os cabelos dela - presos em um meio rabo com um clip de estrela... Era deslumbrante, isso ele não poderia negar.

– Crystal. - A voz da outra o acordou de seus delírios. - É o nome dela.

– Crys, huh? - Ele abriu um sorriso confiante. - Já decidi. Ela é o meu próximo alvo.

Blue não fez nada além de revirar os olhos. Só esperava que aquilo não desse em muita confusão...

xxx


Os próximos dias foram, para resumir, tentativas falhas. Quer dizer, mesmo fazendo as melhores cantadas e dando os melhores sorrisos, aquela garota não o dava a mínima! Qual era o problema, afinal? Gold que não era.


Só falta ela não gostar de caras. Mas a Blue não faria isso comigo, faria? Ele parou para pensar.

É, ela totalmente faria.

– Ugh. - Ele enterrou a cabeça na mesa, aflito. Mas uma aproximação e um toque nem um pouco delicado em seu ombro o fez levantar a cabeça.

– Se for para dormir na mesa, não é melhor que você vá embora logo? - Lá estava ela, já o encarando mortalmente como fazia sempre, dessa vez com duas marias-chiquinhas e o que pareciam ser brincos de estrela nas orelhas.

– Ah, desculpa, mas eu queria ouvir a sua voz angelical antes de ir para casa hoje. - Ele sorriu. A garota o encarou, suspirou, e colocou seu braço livre na cintura.

– Você realmente é estúpido, sabia? - Estreitou os olhos.

– Eu estou tentando! - Ele fez bico. - Não vai me dizer que nenhuma das minhas cantadas deu certo?

– Não.

– Então, uh... - Ele encarou os olhos dela por um segundo, antes de continuar. - Que tal essa?

Ele apontou um dedo para cima em direção da jovem e falou na voz mais honesta possível.

– Eu queria ser uma lágrima sua, porque assim eu poderia nascer nos seus olhos, descer lentamente pelo seu rosto e morrer nos seus lábios.

Um tom de vermelho vivo aflorou nas bochechas dela, e a garota estreitou os olhos. Deixou o refrigerante que ele pedira em cima da mesa dele e saiu em passos rápidos para a cozinha.

Ele encarou-a enquanto ela ia confuso, antes de abrir um sorriso. Tinha funcionado, sério? Então ela estava finalmente caindo de amores por ele?

Gold resistiu à vontade de fazer um high five consigo mesmo em comemoração.

– Você ainda não desistiu? - Blue parou ao lado de sua mesa para olhá-lo reprovadoramente. - Ela falou que você está realmente a irritando. E se te acusarem de assédio, hein?

– Mas eu consegui, Blue! Ela corou, eu vi! - Ele protestou.

– Tá, tá, como quiser. - A garota abaixou um pouco para murmurar no seu ouvido. - O turno dela acaba daqui a pouquinho. Porque você não tenta conhecê-la antes de mandar mais cantadas idiotas?

E esse, ele decidiu, era outro sinal do destino.

Com uma velocidade impressionável, ele terminou o refrigerante que mal bebera e pagou a conta. Saiu do lugar e ficou encostado do lado do vidro, esperando para ver se encontrava um rastro de cabelo azul saindo pelo beco ao lado do café.

E ficou esperando por mais ou menos meia hora.

– Estranho, ela tá demorando... - Murmurou para si mesmo, depois de checar seu relógio outra vez. Já estava até escurecendo, não era perigoso de uma garota voltar para casa sozinha há essa hora?

Ah, e se eu me oferecer para levá-la? Sua mente formulou mais ideias. Ela definitivamente cairia por uma dessas.

Um barulho no beco ao lado tirou-o de seus pensamentos. Devia ser ela! Ele desencostou da parede, andando até ele para espiar a saída de trás do café...

Para vê-la ao lado de um homem, que a tinha presa contra a parede. Ela não parecia conhecê-lo - pelo contrário, tinha um rosto irritado e tentava afastá-lo de si. O homem era familiar... Não era um que sempre ficava a algumas mesas de distância da sua no café?

Seu senso de heroísmo entrou em ação logo no segundo seguinte. Ele não deixaria uma coisa dessas acontecer, nem por cima de seu cadáver!

– Ei, você, larga ela-!

Ok, o que aconteceu em seguida foi um pouco assustador. Primeiro, porque Crystal teve força o suficiente para empurrar o homem do lado de si sem problema algum. Segundo, porque ela aplicou um golpe que parecia de luta profissional e o derrubou no chão, bufando.

...Nossa. Ela parecia ainda mais irresistível agora.

– Wow. - A garota pareceu perceber que era observada, e virou para encará-lo. Seu rosto amoleceu um pouco ao ver quem era, mas depois ficou irritado outra vez.

– E o que você quer, hein? Vocês pervertidos não param de me seguir, não?

– Ei, ei, eu não sou que nem esse cara aí não! - Ele levantou as mãos para se defender. - só queria conversar com você, não precisa me derrubar no chão como você fez com... Esse cara aí.

– O que você quer?

– Uh... Eu queria tirar uma foto sua para provar que anjos realmente existem.

Crystal o encarou com ódio.

– Você pode me poupar das suas cantadas hoje? Eu acabei de ser quase assediada aqui. - Ela apontou para o cara desmaiado, séria. Gold suspirou.

– Ok, desculpa. - Ele coçou a cabeça. - Eu agradeceria se você não tentasse me matar agora como fez com esse cara.

– Eu não o matei. - Ela suspirou. - Eu só o deixei desacordado. E ia ligar para a polícia, mas você apareceu e me distraiu, então...

– Ah, eu te distraí, hein? - O garoto movimentou as sobrancelhas sedutoramente.

Crys o encarou. - Me dê um motivo para não te bater.

– Ok, ok! Vamos começar de novo, tudo bem? - Ele suspirou. - Meu nome é Gold, eu estudo química na universidade aqui do lado, e eu me perdi nos seus olhos no segundo em que os vi.

–... Crystal. Faço medicina no mesmo lugar, e, por favor, pare com as cantadas.

Ele piscou.

– Espera aí, você faz faculdade no mesmo lugar que eu? Como...?

– Prédios diferentes, idiota.

– ...Bom, você deve ser inteligente. Medicina é? - Ele sorriu. - Por que tá trabalhando como garçonete então?

– Não é da sua conta. - Ela o mandou um olhar gélido. - Agora se me der licença, eu vou embora.

– Ah, espera Crys! - A garota passou por ele calmamente, e o mesmo a seguiu. Ambos esqueceram completamente o cara desmaiado no beco. - V-você foi incrível lá com o cara, ei!

Ela parou, virando para observá-lo.

– Sério! Você faz alguma luta, tipo karatê? Eu fiquei de boca aberta! - Ele comentou.

–... Eu faço karatê, sim.

– Incrível! - Gold abriu um sorriso animado, mal percebendo o vermelho que se alastrou pelas bochechas da garota com isso. Depois, ele mudou para sua forma sedutora usual. - Mas e aí, me dá o seu telefone?

– Não. - Crys bufou e continuou a andar.

– M-mas você vem trabalhar amanhã, não é?

Ela parou outra vez, mas não se virou.

– Me deixa em paz, Gold.

E saiu andando. Qualquer outro garoto já teria desistido a esse ponto, mas ele não era qualquer garoto. E, além disso, tinha algo que o deixava muito feliz depois daquilo tudo.

– Ela me chamou pelo nome! Isso!

Dessa vez, ele fez sim o tal do high five e nem ligou para os olhares estranhos que recebeu.

xxx


Uma semana depois, Gold tinha coletado milhares de informações inúteis a respeito de Crystal, tipo a cor favorita dela ou que ela amava estrelas. Eram as únicas coisas que ele conseguia saber das pequenas conversas, em que ele tentava a conquistar e ela tentava se livrar dele.


Mas eles tinham se tornado meio que amigos agora. Não nos padrões usuais de amizade, mas pelo menos era alguma coisa.

– Ah, Crys! - Ele acenou quando ela passou por ele, o que resultou num suspiro vindo da garota. - Só um minuto, acho que essa vai dar certo!

– Nenhuma cantada vai dar certo, Gold, eu já te disse-

– Shh! - Ele colocou um dedo nos lábios da garota, dando uma piscadela. - Confie em mim. Acho que é assim que se diz, uh...

– Você é como um dicionário, dá um significado à minha vida!

A garota estapeou a mão que ele tinha posto sobre seus lábios e arfou de raiva, mas suas bochechas ainda sim tingiram de rosa.

– Quando eu disse para falar algo mais inteligente, eu não quis dizer dicionários, Gold.

– Ah, qual é! Você corou que eu vi! - Ele resmungou, e o rosa do rosto dela se intensificou. Ia falar alguma coisa, mas alguém chamando por uma garçonete pareceu a acordar de seus pensamentos.

Com um último olhar em sua direção, a azulada foi até o outro cliente. Gold, ao invés de olhar o quão curto seu vestido ficava quando ela se inclinava para fazer o pedido, encontrou-se observando seu rosto ainda um pouco rosa com uma satisfação recém-descoberta.

Fazê-la ficar com vergonha era divertido demais, afinal. Queria dizer que seus avanços estavam funcionando!

– Ei, Gold! - Ele levantou a cabeça, e deu de cara com Blue. - Aqui, o sundae que você pediu.

– Ah, valeu Blue. - Ele sorriu, antes de virar-se novamente na direção de Crystal.

Ouviu-se um suspiro ao seu lado, e quando ele virou-se novamente encontrou com o rosto da mais velha a centímetros do seu.

Ele chegou para trás no mesmo segundo, surpreso. Depois, olhou para o lado, onde a outra garçonete anotava outro pedido, distraída. Gold suspirou aliviado e olhou para Blue.

– Ei, não se aproxima assim! Ela poderia ter visto, sabia?

Blue o encarou com uma sobrancelha arqueada antes de abrir um sorriso malicioso.

– É, parece que é mesmo sério.

–... O quê? - Gold não entendeu bulhufas.

– Sobre a Crys, bobinho. - A mais velha sentou-se do outro lado da mesa, com a mesma expressão. - O Gold de antes nunca perderia uma oportunidade de beijar uma garota com o rosto tão perto- Só se ele já tivesse alguém em especial em sua mente.

– Eu ainda não entendi nada.

– Você gosta dela. - Ela declarou. - Ela deixou de ser um “alvo” seu, e virou algo sério. Você realmente não percebeu isso ainda?

–... Oi? - Ele arqueou uma sobrancelha, antes de começar a rir. - Hahaha! Blue, isso não é possível!

Não, não, aquilo não era mesmo possível. Ele não era do tipo de correr atrás de uma garota só. Mas... Caramba, já fazia um mês inteiro que ele não dava em cima de alguém além dela. Ele tinha ficado tão fissurado em conquistá-la que esquecera seu título de sedutor?

Ele não podia gostar dela daquele jeito. Quer dizer, Crystal era bonita, isso era óbvio, além de inteligente e dedicada (ele descobrira que ela trabalhava para dar o dinheiro para um orfanato, aquilo era o máximo!), e até fazia artes marciais para se defender! E ela tinha os olhos mais claros e ficava uma graça corada...

Espera um pouquinho aí.

–... Ai não. - Ele afundou na cadeira, vermelho. Isso não podia estar acontecendo.

Gold estava apaixonado.

Gold Falks, apaixonado.

– Ah, você é tão bonitinho. - A mais velha suspirou, alegre, seguido de um sorriso diabólico. - Agora, eu posso te ajudar a conquistar a sua amiguinha, ela até me disse que-

– Não, Blue, você não tá entendendo. - Ele levantou da mesa, atônito. - Eu não posso fazer isso. Eu... - Ele tirou uma nota de dez da bolsa e a entregou. - A-aqui, a conta, pode ficar com o troco. Eu tenho que ir.

E ele saiu em passos rápidos pela porta, não ouvindo a voz da irmã de seu melhor amigo - e de outra pessoa - o chamando.

xxx


– Silveeeeer, me ajuda! - O moreno se jogou para cima do outro, com a expressão chorosa.


– Gold, eu não tenho tempo para isso. - O ruivo tirou os braços do amigo de cima de si mesmo com um suspiro. Ambos estavam na casa do último, sentados no sofá, mas o garoto de olhos dourados não parecia querer jogar vídeo games no momento.

– Mas é sério, cara! - Ele colocou uma mão na cabeça, aflito. - Eu passei por uma joalheria hoje e tive que me segurar para não comprar uma pulseira de estrelas porque ficaria perfeita nela! Você sabe o que é isso?!

O ruivo o encarou.

– O que você quer que eu diga, Gold? - E falou, finalmente. - Já não está óbvio que você gosta dela?

– E-eu... - Ele olhou para baixo. - Eu não sei o que fazer. A Crys... As minhas cantadas não funcionam nela, ela é inteligente demais para elas. E eu nunca me senti desse jeito antes, sabe?

– Nem pela Mary que falava os anúncios lá na escola?

– Nem por ela, Silver! - Ele respondeu. - Eu estou ferrado.

Silêncio. O anfitrião da casa encarou seu amigo por alguns segundos, tentando decidir se batia em sua cabeça para desacordá-lo ou bancava a pessoa legal e tentava o ajudar.

Silver não gostava de ajudar os outros.

Mas a Blue me pediu para falar com o Gold... Ele suspirou. Faria tudo pela irmã, mesmo que fosse uma coisa tão ridícula que o faria perder seu tempo. Virou para o garoto de olhos dourados e o mandou uma encarada mortal.

– Você já passou uma semana inteirinha ignorando essa tal garota. Não acha que está na hora de voltar lá não?

– M-mas eu... Como eu sequer falo com ela? - Ele praticamente pulou da cadeira. - E se eu começar a gaguejar e ela me achar um idiota?

– Gold, eu lamento te dizer isso, mas você continua sendo um idiota independente de gaguejar ou não. - O ruivo apontou, cético. - E se ela te aguentava com suas cantadas antes, pode até gostar mais de você no seu modo desesperado.

– Você acha isso? - O outro arqueou uma sobrancelha.

Eu só quero que você saia logo da minha casa. Silver o mandou um olhar mortal antes de murmurar:

– Sim, eu acho. E se você não agir agora, vai se arrepender depois. Ela é especial, não é?

– É claro que ela é. - O moreno resmungou, olhando para o chão.

– Então chama ela para sair logo e me deixa em paz.

– Uh... Como eu chamo uma garota que eu realmente gosto para sair, hein? - Ele perguntou com uma gota.

Silver o encarou. E encarou. E encarou um pouco mais.

– Só, pelo amor de Arceus, se declara logo para ela.

–... Ok, eu posso fazer isso. - O ânimo do jovem pareceu aumentar. - É, quem não gosta de Gold Falks? Ela já estava caindo pelos meus charmes! Eu só tenho que ir lá, deixá-la sem fôlego com a minha declaração perfeita e beijá-la, isso!

Gold virou-se para o amigo com os olhos brilhando. Abraçou-o alegremente e, agarrando sua mochila, passou voando pela porta da frente. Silver observou-o ir, suspirou aliviado, e voltou sua atenção para a TV.

– Eeei, Sil, por que o Gold acabou de sair correndo pela porta? - Uma voz um tanto familiar de uma garota o interrompeu, e Lyra entrou pela porta sem nem esperar ser convidada.

O ruivo a encarou, armou um plano maquiavélico que certamente não funcionaria contra ela, e suspirou.

Lá se fora a sua tarde tranquila.

xxx

Aquele seria o plano perfeito, ele pensou. Tinha passado numa floricultura e agarrado um buquê de lírios, a flor favorita dela, e faria uma declaração épica no meio do café para todos verem. Maravilhoso!

Ou foi o que ele pensou. Pois ao entrar pelas portas do estabelecimento já com um sorriso no rosto e dar de cara com ela, viu seus olhos azuis claros arregalarem antes da mesma sair correndo em direção da porta da cozinha.

– O que...? Ei, Crys! - Ele tentou chamá-la, mas era em vão. O que tinha acontecido de errado? Será que ela não tinha gostado das flores?

– Gold! - Olhou para o lado, onde Blue o encarava atônita. - O que você tá esperando? Vai atrás dela!

– Mas-

– Só vai logo, seu idiota!

Ok, dane-se a permissão para entrar na cozinha. O garoto partiu em direção da porta, abrindo-a e passando por ela rapidamente. Ignorou os protestos do cozinheiro e continuou andando, chegando a um corredor que parecia dar na dispensa.

– Crys...? - Ele continuou andando, e parou ao ouvir um barulho vindo da porta próxima a ele. Tocou na maçaneta, abrindo-a lentamente e espiando para dentro do local.

Lá estava ela, encostada na parede de costas para o mesmo. Gold andou até ela, querendo avisar que estava ali, antes de tentar falar alguma coisa.

– Ei... O que houve?

– Me deixa em paz. - Foi o que ouviu em resposta.

– Mas... Crys, eu não vou saber o que eu fiz de errado até você me dizer...

– Não me chama de Crys, idiota! - Ela se virou, e ele pôde ver indícios de lágrimas nos cantos de seus olhos. - O que você quer, hein? Não já cansou de mim, não?

– Já me cansei? Do que você-

– A Blue me contou, Gold! Eu era só mais um alvo seu, não era? - A azulada esbravejou, parecendo querer dar-lhe um soco a qualquer momento. - Foi por isso que me falou todas aquelas cantadas, e me chamou de “incrível” por desacordar um cara na parte de trás do prédio, e ficar perguntando coisas idiotas sobre mim!

Gold piscou, surpreso. Blue tinha a contado? E por que ela estava reagindo tanto, Crys não o odiava...?

Um pequeno raio de esperança fez o seu coração bater mais forte.

– V-você... Você tinha desistido de mim, então por que você voltou? - Ela tinha abaixado a cabeça agora, e parecia estar prestes a chorar. - Quer me humilhar ainda mais com essas flores?

– Ei, me escuta, isso não é verdade! - Ele tentou argumentar, chegando mais perto dela. - E-eu admito que você podia ser um alvo meu no começo, mas... Crys, eu...

– Você o quê, Gold? - Ela levantou os olhos, o encarando.

Era agora ou nunca. Ele tinha que convencê-la, mas como...?

– Eu... Eu nunca tinha realizado um sonho até o dia em que eu conheci você. - Ele murmurou.

Silêncio.

– Você vai realmente fazer cantadas agora? - Ela não sabia se batia nele, fechava a porta na cara dele, ou o olhava atônita.

– Não, me escuta!

Ele segurou-a pelos ombros, deixando o buquê cair no chão, e olhou bem no fundo de seus olhos. - As minhas cantadas têm um fundo de verdade, ok? Porque você é sim um anjo, seus olhos são tão lindos que eu fico perdido neles, e você Crys, você é a garota mais perfeita que eu já conheci!

Ela o encarou em silêncio. Gold respirou fundo, resolvendo continuar.

– E tudo o que eu poderia falar de inteligente que te faria acreditar em mim some da minha cabeça quando eu olho para você, sabe? E só sobram essas cantadas idiotas tipo a do “você caiu do céu” ou a do “seu pai é um padeiro”, e isso me irrita porque eu realmente gosto de você e eu não quero te perder!

– Se isso for mais uma mentira, Gold...

– Eu não estou mentindo, Crys. - Ele tirou uma das suas mãos do ombro dela e limpou uma lágrima que acabara de descer pelo seu rosto delicado. - Eu te amo, ok? Pode ser cedo demais para se apaixonar por alguém, mas eu nunca estive mais certo disso em toda a minha vida.

Ele engoliu em seco. Ok, ele tinha se declarado. Tinha conseguido! Então por que estava tão nervoso?

E se ela ficar assustada? N-não é normal gostar de alguém tão cedo, não é? Sua mente estava um turbilhão de pensamentos. Ele estava prestes a falar mais uma coisa quando algo totalmente inesperado aconteceu.

Crystal, que estava o observando com um rosto indecifrável, abriu o sorriso mais bonito que ele já vira. E, sem perder tempo, o puxou mais para perto e uniu seus lábios num beijo.

Gold demorou um pouco para perceber o que exatamente estava acontecendo. Quando o fez, respondeu ao gesto com a mesma intensidade, deslizando um braço pela cintura da garota e puxando-a mais para perto. Sentiu uma mão delicadamente subir para bagunçar os seus cabelos e ficou com uma vontade absurda de sorrir feito um idiota.

Era assim que se sentia alguém apaixonado? Por que se fosse, ele não queria ter de se afastar dela nunca.

Felizmente para ele, Crystal não o largaria de seus braços tão cedo.

End!



~OMAKE~



– Ok Crys, esse definitivamente vai funcionar! Espera só um pouco! - O garoto levantou de sua cadeira, saiu do café, entrou de novo e murmurou sedutoramente.

– Você acredita em amor à primeira vista ou eu preciso passar aqui outra vez?

Ela o encarou e deu um soco em sua cabeça.

xxx

– Ei, Crys! - Gold acenou para ela quando a mesma saiu do café já com suas roupas normais. - Você parece um pouco cansada hoje. Por acaso quer um pouco de...

Silêncio dramático.

Vitamina Gold?

Outro soco na cabeça.

xxx


– Você está aceitando inscrições para o seu fanclub?


– Não, Gold.

– Uh... Se beleza se medisse pelo tempo, você seria uma eternidade!

– Cala a boca.

– Suas pernas estão cansadas? Porque você passeou pela minha cabeça o dia todo hoje!

Dessa vez, ela derramou um suco na cabeça dele.

xxx


– Eles não são perfeitos um para o outro? - Blue comentou alegre, observando o casal que, mesmo já namorando à quase um ano, ainda brigava quase todo o dia dentro do café.


– Você não quer mesmo me deixar trabalhar, não é? - O garçom com quem ela conversava estreitou seus olhos verdes perigosamente.

– Eu pensei que você já soubesse disso quando contratou sua melhor amiga, Greenzinho.– A jovem fez bico.

–... Tsc, garota irritante.


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Notas finais do capítulo

E aí está! Eu me diverti muito escrevendo essa fic. E, ok, tiveram uns hints absurdamente minúsculos de oldrival e soulsilver, me perdoem. Mas nem dá para levar nada no romance, então eu só deixei mangaquest na sinopse mesmo. Enfim, feliz dia de São Valentim para vocês. e até mais! ♥