Sex, Drugs And Problems - IV escrita por Julya Com Z


Capítulo 21
Capítulo 86 - Eu só me fodo nessa merda




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O teste de compatibilidade deu positivo. Agora só precisava marcar a data da cirurgia e, se o organismo do Fábio reagisse bem, ele poderia ir embora daquele hospital.

Eu só não entendia de onde ela apareceu com a ideia fixa de fazer algo que me deixasse feliz. Logo ela.

Binho: Ela disse que quer falar com você na lanchonete.

Fui até a lanchonete do hospital e lá estava ela, sentada numa das mesas bebendo café e comendo um croissant.

Eu: A única pergunta é por que? - sentei na cadeira à frente dela e pedi um suco de laranja. - Por que você tá fazendo isso, Malu?

Ela me olhou nos olhos, séria e tomou um gole do café.

Malu: Antes de tudo, eu não vou fazer nada por você. Nossa trégua terminou no momento em que meu filho acordou. Quando o Fabrício fala daquele garotinho eu vejo nos olhos dele o quanto ele gosta do menino. E quando eu o vi, fraco, deitado naquela cama, eu tive a certeza de que eu tinha que fazer algo por ele. Aí falei com aquela doutora ruivinha - Catarina - e ela disse que a única salvação era a doação de medula óssea. Então eu vou doar. Pelo meu filho.

Eu: Eu entendo que seja pelo seu filho. Eu só não entendo que você esteja fazendo algo bom por alguém.

Malu: Natallie, eu não sou uma bruxa. Por mais que eu pareça uma às vezes, eu não sou sempre a vilã da história.

*

Voltamos pra casa e eu fui direto pro banho. O Binho parou na porta do banheiro e ficou me olhando.

Eu: A casa tá vazia. Acho que eu me acostumei a ter ele aqui.

Binho: Ná, por favor, eu não quero te ver desse jeito. A gente vai ver o Fábio, não vai abandonar ele, entendeu?

Eu: Eu sei Binho, mas… sei lá, eu devo ter me acostumado a brincar de mãe.

Binho: Então a gente faz o nosso próprio filho.

*

Não, eu não quis transar com o Binho. Eu tava desanimada demais. Eu tava triste. Fato.

A Paloma tinha levado uma caneca de chocolate quente pra mim e eu fiquei lá, no meu quarto, olhando pra parede e esperando a bebida esfriar. Ela deve ter fervido o leite porque porra… tava quente pra caralho.
Meu celular começou a tocar e eu o encontrei embaixo da minha cama, com o nome e o telefone da Catarina piscando na tela.

Eu: Oi, Cat.

Catarina: A polícia saiu daqui nesse exato momento. Vieram procurar o Fábio e disseram que receberam uma denúncia de sequestro. Eles vieram procurar tudo sobre ele e quiseram sua ficha. Ou seja, eles estão indo pra tua casa nesse exato momento. E Natallie, é bom que eu não me envolva nisso, senão você nunca mais vai pisar nesse hospital. Nem se você estiver morrendo e esse for o único hospital disponível, entendeu?

Ui.

Eu: Nossa, tá bom. - ela desligou sem se despedir e só deu tempo de eu passar a mão no rosto, quando a Paloma invadiu meu quarto.

Paloma: O que a polícia tá fazendo na porta, querendo entrar aqui?

Levantei num pulo.

Eu: Droga. Chama o Binho.

Desci correndo e abri a porta, fui até o portão e tinha uma policial apoiada, me encarando.

Policial: Natallie Mendes? - assenti - Posso entrar?

Eu: Você tem um mandato? - Eu sempre quis perguntar aquilo. Mentira, mas eu não podia perder a oportunidade.

Policial: Na verdade eu tenho. - ela me mostrou um papel e eu nem precisei ler. Abri o portão e ela entrou. Guiei-a até a sala e indiquei o sofá pra que ela sentasse e sentei na frente dela. - Você deve imaginar o motivo de eu estar aqui, o que me permite pular direto ao interrogatório. Me permite? - ela mostrou um gravador, o que deu a entender que a pergunta dela era se eu permitia que ela gravasse a conversa. Eu disse que sim, que ela podia gravar. - Pois bem Natallie, foi feita uma denúncia anônima, onde consta que você sequestrou o garoto Fábio Rossi Sales, a informação procede?

Eu: Não. - totalmente indiferente.

Policial: Você conhece alguém que tenha algum grau de parentesco com o garoto? Mãe, pai, avós, tios…?

Eu: Não. - mesmo tom indiferente. O Binho desceu as escadas ao lado da Paloma e parou em pé atrás de mim. A policial fingiu que não viu nada.

Policial: Mas você conhece o garoto… - aquilo foi mais uma afirmação que uma pergunta.

Eu: Sim, conheço.

Policial: Para responder a pergunta que eu farei agora é bom que você saiba que eu tive acesso às câmeras de segurança de todo o hospital e está registrado que você saiu com o garoto daquele hospital numa madrugada, numa Land Rover Freelander 2 prateada. Procede?

Eu: Sim.

Policial: Então você assume que sequestrou o garoto…? - outra afirmação disfarçada de pergunta.

Olhei pro Binho e encostei na barriga dele.

Eu: Binho, no armário do corredor, na segunda gaveta da esquerda tem um dicionário, você pode trazer, por favor? - ele ficou parado me olhando, querendo entender meu ato, mas acabou indo. O tempo todo que ele passou indo pegar o dicionário eu fiquei encarando a policial, sem nenhuma expressão. Ele voltou e me deu o dicionário. - É… qual seu nome, por favor?

Policial: Gisele.

Eu: Certo. Hã… policial Gisele, a senhora está me acusando de sequestro, não? - ela deu de ombros - Ok, eu vou te dar a definição de sequestro. - procurei no dicionário. - Aqui. “Clausura ou retenção ilegal de pessoas, rapto. Ato de levar alguém contra a vontade.” - olhei pra ela - Sim, eu tirei o Fábio daquele hospital. Mas foi de livre e espontânea vontade da parte do menino, que fique bem claro.

Policial: Você tá me gozando, menina?

Eu: Não, só estou usando meu tom formal, pra que a senhora não pense que eu desacatei à autoridade, no caso da senhora vir reclamar. Mais alguma coisa?

Policial: Sim. Na denúncia também foi mencionado que houve maus tratos em relação ao menino.

Eu: Isso já é calúnia. Vem comigo. Eu vou te mostrar onde o garoto ficou e o que ele podia disfrutar. Depois a senhora compara às condições de lazer dele no hospital. Nem a luz do sol ele vê lá. Aqui ele entrou na piscina. E eu tenho fotos que provam o quanto ele tava feliz aqui. - fiz ela me seguir até o segundo andar e a levei ao “quarto do Fábio”. Tava lotado de brinquedos e coisas de criança, provas perfeitas de que ele não foi maltratado em nenhum momento. E eu ainda tinha as fotos da festa. Onde tava todo mundo, absolutamente todo mundo brincando com ele. E ele sorria em cada uma daquelas fotos. Touché.

Abri a pasta de fotos no meu computador e mostrei as fotos da festa que o Fábio aparecia, ou seja, a maioria. Mas foi o suficiente pra que ela tivesse percebido que a minha casa fez bem a ele.

Policial: Eu vou ter que levar essas fotos pra usar como provas a seu favor. Mas providencie um advogado o quanto antes, pois em poucos dias será marcada uma audiência com o juíz e ele vai dizer se você sequestrou ou não o Fábio Sales. Não se preocupe, será apenas uma pequena reunião. Nada que envolva mídia, imprensa nem nada. A não ser que seu caso caia nas mãos do Marine ou do Gonzales, os juízes de grande fama por aí.

Eu: Calma. Gonzales? Você quer dizer Olavo Gonzales? - ela assentiu. - Ele é meu pai!

Policial: Isso não é problema meu. Então é bom torcer pra ser julgada pelo papai, mocinha. Bom, já tenho o suficiente. Você receberá a notificação da polícia com a data e o horário da audiência. Com licença.

Ela foi embora e eu fiquei parada, de frente pro computador, olhando a entrada de pendrive agora vazia, já ela o tinha levado.

Eu só me fodo nessa merda.

Puta que pariu. Era o que faltava. O Olavo me julgar.

Merda.


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Notas finais do capítulo

super revira volta!



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