Sex, Drugs And Problems - IV escrita por Julya Com Z


Capítulo 19
Capítulo 84 - Binho de sunga preta


Notas iniciais do capítulo

Eu acabei de postar una nova fanfic, contada pelo Pedro! Pois é, o mundo dele é tão cheio que ele precisou de uma fic própria!
No fim desse capítulo vou mandar o link pra vocês ok?



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O Binho fez café da manhã pra gente. Não sei de onde ele tirou tanta coisa, mas a mesa tava cheia. Logo a Malu ligou e ele teve que voltar, porque ela não tinha deixado ele dormir em casa, mas ele dormiu. Ele não tinha como voltar, além da moto. Eu não queria que ele andasse de moto ainda, nem o médico, mas ele insistiu tanto que eu acabei cedendo e ele foi pra casa.

Eu tinha acabado de lavar o colchão do Fábio e deixado ele lá fora pra secar quando meu celular começou a berrar Supermassive. Era o fixo da casa da minha mãe. Aconteceu alguma coisa…

Eu: Alô?

Lolita: Vem pra cá antes que a Paloma morra. A Amanda tá soltando a franga aqui.– desligou.

Peguei o Fábio de qualquer jeito e o arrastei pro carro. Fui à toda velocidade possível até a casa da minha mãe e quando desci do meu carro a Amanda entrou no dela. Não deu nem pra falar oi.

Entrei na casa e vi a Lolita sentada no sofá. Ela levantou num salto quando viu o Fábio.

Lolita: Que porra é essa?

Eu: Eu explico depois. Fica com ele aí que eu vou falar com a Paloma.

Subi correndo e entrei no meu quarto. Ela tava no banheiro, sentada no vaso cobrindo o rosto com as mãos.

Eu: Ei. Pá. Paloma, olha pra mim. - agachei na frente dela. Ela ergueu a cabeça só o suficiente pra olhar pra mim.

Paloma: Minha mãe me expulsou de casa, Naty. Ela não quer que eu volte pra lá nem pra pegar minhas roupas.

Eu: Calma, Pá. O que foi que aconteceu pra ela vir pra cá? - meu nervosismo e a confusão na minha cabeça me fizeram gaguejar.

Paloma: Ela soube que eu teria consulta, mas eu não quis ir. O Pierre começou a trabalhar essa semana e sai cedo, chega tarde… Tudo assim. E ela ficou muito brava porque eu tinha marcado consulta e não a chamei. Mas ela disse que mesmo que se eu a tivesse chamado ela não iria, porque… - suspirou - eu não quero repetir o que ela me disse, Naty. Por favor.

Eu: Pá, eu não vou te obrigar a falar. Você só fala o que e se quiser. Mas uma coisa é certa: ela tá fora de si, Pá. Ela não sabe o que tá falando. Outra coisa mais importante: você vai pra minha casa agora. Você vai arrumar tuas coisas e vai pra minha casa comigo. Se alguém vai acompanhar tua gravidez no lugar da tua mãe, sou eu. Você não tem opção. Vai pegar suas coisas e vai pra minha casa. Eu vou com você em todos os exames e em tudo o que tiver relação ao bebê, entendeu?

Ela foi falar, mas minha vó interrompeu.

Lolita: NAAAAAATALLIE! - se ela gritou meu nome, ela tá completamente nervosa.

Eu: O Fábio quebrou alguma coisa. Arruma tudo aí que eu vou pra lá.

Desci as escadas e a Lolita tava me olhando muito séria, segurando a mão do Fábio.

Lolita: VOCÊ SEQUESTROU ESSE GAROTO? - droga.

Eu: Fábio, não era pra contar pra ninguém!

Fábio: Eu pensei que fosse só no hospital.

Lolita: FALA LOGO, SUA BANDIDA!

Eu: Vai ajudar a Paloma, vai. - ajudei ele a subir as escadas e voltei pra sala. Sentei no sofá e a Lolita na mesinha de centro na minha frente. - Aquele moleque tem leucemia. A mãe dele morreu. Ele tem cinco anos de idade e tava abandonado naquele hospital, só os médicos cuidavam dele. Ele tava entrando em depressão, correndo o risco de morrer antes da hora. O que você acha que eu podia fazer? A felicidade desse garoto acabou se tornando tudo pra mim. Eu faço qualquer coisa pra ver o sorriso desse filho da mãe. Qualquer coisa. Não importa se eu for presa, se eu for assassinada, foda-se. Pra ver ele sorrir eu faço o impossível.

Lolita: Você nunca fez nada de bom na tua vida. Aí quando faz coloca tudo em risco. Vai entender… Cara olha só: a vida é tua. As escolhas são tuas. O problema é teu. Eu não vou me meter em nenhuma decisão sua, mas se você pode ser presa por isso, eu me sinto no direito de aconselhar. Você tem que levar esse garoto de volta pro hospital. Não é só a sua liberdade que tá em jogo. É também a vida dele. Lá ele tem o que precisa pra se manter saudável e… vamo combinar que você não cuida nem da própria saúde, imagina da saúde de um pirralho leucêmico. Querida, Mesmo que eu seja um cu de pessoa, eu sei ser responsável de vez em quando. Repito: De vez em quando. Faça isso não por você. Mas por ele. Leva ele de volta. Você vai poder visitá-lo, vai ser muito melhor pra todo mundo.

Eu: Acho que você tá certa. Quando eu for levá-lo pra quimioterapia eu vou deixar ele lá. Mesmo contra minha vontade.

A Paloma apareceu no topo da escada de mãos dadas com o Fábio.

Paloma: Tudo pronto. Eu até já liguei pro consultório e a consulta vai ser em duas horas.

Eu: Tá bom. Lolita, valeu. De verdade.

Lolita: Meu amor, eu sou sua vó. Eu tenho a obrigação de te falar o que é certo, mesmo que isso não seja do meu feitio.

*

O Fábio ia dormir na casa do meu avô. Eu liguei pra ele e disse que precisava que ele cuidasse do primo da Paloma, porque não tinha ninguém que pudesse ficar com ele. Segunda de manhã eu levaria ele pra quimioterapia e ele teria que ficar lá. Fazer o quê?

Cheguei no consultório ao lado da Paloma e sentamos no sofá de couro marrom da sala de espera. Mais alguns minutos e ela saberia se carregava uma princesinha ou um anjinho.

Uma médica de jaleco branco abriu a porta de um quarto escuro e olhou pras pessoas na sala de espera. Tinha dois casais, uma mulher sozinha, eu e a Paloma. Ela olhou pra Paloma e sorriu.

Médica: Paloma Mondini? - Nos levantamos e entramos no quarto. A médica indicou a cama pra Paloma e a cadeira ao lado pra mim. - Meu nome é Elizabett. Você eu já sei que é a Paloma e você é…

Eu: Natallie.

Elizabett: Natallie. Ok. Paloma, vou passar esse gel na sua barriga, é gelado mas dá pra aguentar. - ela assentiu e a doutora ergueu a blusa da Paloma, revelando a barriga de quase cinco meses, que já estava bem grandinha. - Pode ser que não dê pra saber o sexo agora, mas se der vocês vão querer saber ou querem surpresa?

Paloma: Quero saber.

Elizabett: Ok. Espera um segundo. - Ela nos explicou o significado de cada manchinha esbranquiçada na tela e sorriu quando parou de mexer o bagulhinho na barriga da Paloma. - Estão vendo isso aqui? - indicou uma mancha na tela - Isso significa que você já pode providenciar um quartinho rosa. Uma menininha está a caminho. - sorrindo delicada. - Sorri olhando pra tela e olhei pra Paloma, que me olhou com os olhos cheios d’água. - E está tudo bem com o bebê. Nenhum risco proeminente. Sua gravidez está indo muito bem.

Que bom. Pelo menos tava dando tudo certo.

*

Liguei pra Catarina pra marcar a consulta do Fábio e ela disse que segunda às sete da manhã era um bom horário, já que o hospital era menos frequentado naquele período. A Kimi ligou logo depois e já começou a falar da festa e que pouca gente ia, mas era pra eu não me preocupar porque ela tinha avisado todo mundo pra arrumar tudo depois. Ótimo.

Chamei o Binho só e ele disse que ia dormir em casa pra não se atrasar. Ele ia pra lá de noite e ficaríamos eu, ele e a Paloma vendo filmes no sofá.

Liguei pro meu avô, que disse que o Fábio era um anjo e se deu super bem com a esposa dele e todos naquela casa. Ele ficaria lá até domingo à noite. Eu iria buscá-lo pra dormirmos e na segunda levá-lo de volta ao hospital. Ele ainda não sabia daquilo, mas acho que era um “mau necessário”.

Paloma: Naty, lembra quando eu disse que o nome da garota foi um ideia minha e eu contaria logo? - fiz que som com a cabeça. - Então, é bom fazer uma lista, porque quem vai escolher o nome dela vai ser você.

Quase caí dura. Eu? Eu ia escolher o nome da filha da Paloma?

Eu: Tá brincando, né?

Paloma: Se não fosse você eu nem teria conhecido o Pierre. E não estaria carregando uma menina dentro de mim agora. Você mudou minha vida, Naty. Fez muita bagunça, mas minha vida tá muito melhor do que era antes.

Sorri. Pela primeira vez no dia uma notícia realmente boa.

Eu: Valeu, Pá. Se não fosse você eu com certeza taria na maior fossa agora.

*

Quatro filmes de terror. Quatro sacos de pipoca. Muitas garrafas de Coca-Cola.

Estávamos no sofá, à uma da manhã. A Paloma ficou com sono e subiu pra dormir no meu quarto e o Binho me fez deitar no peito dele.

Binho: Tem alguma coisa te incomodando. Quer falar o que é?

Eu: Eu… vou ter que levar o Fábio de volta.

Binho: Quê?! Quando?!

Eu: Segunda de manhã. Quando ele for pra quimio. Eu não quero fazer isso sozinha, Binho.

Binho: Ei. - segurou meu rosto perto do dele - Eu nunca vou te deixar sozinha. Nem se você quiser. Não importa pra onde você vá ou o que vá fazer. Eu sempre vou estar com você, tá entendendo? Eu vou estar do teu lado em tudo. Sempre. - me deu um selinho - Eu vou com você no hospital e vou dar a força que você precisar. - puxei ele e o abracei forte, como há tempos eu não abraçava ninguém. Às vezes tudo o que você precisa é um abraço apertado de verdade. - Amanhã ele vai passar o dia com a gente, tá?

Eu: Tá bom. Vai ser bom que ele se divirta antes de voltar.

E antes da minha vida voltar à fossa.

*

Meu avô tinha comprado um tablete de chocolate pro Fábio e ele foi comendo o caminho todo. Quando chegamos em casa já tinha um povinho fazendo churrasco, pão de alho e enchendo a geladeira de bebida.

Fomos nos trocar e então descemos. A casa já tava cheia, a piscina já tava lotada e não tinha um ser humano sem uma garrafa de cerveja na mão. Tava legal. Eu que tava desanimada.

Kimi: E aí filha da puta! Você sumiu sua desgraçada.

Eu: Mil tretas.

Kimi: É, imagino. Ah, como tem aquele pivete aqui eu avisei pro povo manerar um pouco.

Eu: Valeu. Curte aê.

*

Sabe quando tá tudo uma merda mas você tá tentando ignorar e do nada bate a maior depressão? É uma bosta, né?

Eu senti um nó na garganta e tive que largar minha Coca-Cola e subir pro quarto. Deitei na cama e fiquei fitando o vazio.

Paloma: Ei, o que você tem? Eu sou a grávida expulsa de casa e você é a deprimida?

Eu: Deu depressão. Tenho pouco tempo com o Fábio.

Paloma: Como assim?

Contei tudo pra ela e depois que terminei de falar, pensei que ela ia me dar um sermão, pra variar mas não. Ela me abraçou.

Paloma: Tem uma festa te esperando lá embaixo. E um garotinho feliz também. E um Binho de sunga preta te esperando na piscina. Coloca esse biquíni e vai pra festa agora.

Binho de sunga preta? Ok, desisto…


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