Sex, Drugs And Problems - IV escrita por Julya Com Z


Capítulo 10
Capítulo 75 - Vaca prenha


Notas iniciais do capítulo

Desculpem meus amores! Eu não consegui postar na semana passada por problemas pessoais, que me atrasaram um pouco... Mas aqui está ele e com novas surpresas, chiliques e mais!

PS: durante o capítulo, quando eu disser Coisas de Camila, clique no link. A Camila fez um tumblr pra ela!

Beijos e Boa leitura!



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Era sábado e eu tava quase enlouquecendo, porque era semana de provas no colégio, o Pedro na Alemanha me mandando um zilhão e meio de mensagens, a Malu insistindo na história de que o Binho ia voltar pra casa dela quando acordasse, a Paloma indo todas as tardes na minha casa pra ver o Pierre…

SOCORRO!

A parte da Paloma eu posso explicar: depois que eu a acordei na cama do Pierre ela começou a ir pra lá direto, dizendo que tinha adorado ele e que podia estar apaixonada ou algo assim. Só o que eu sei é que toda vez que ela ia lá os dois se trancavam no quarto. O que acontecia lá dentro era óbvio. Ou alguém acredita que eles ficavam jogando xadrez?

Eu tinha acabado de chegar do hospital, pra variar, fui lá com o Beck e ficamos mais ou menos duas horas fazendo perguntas de sim ou não pro Binho e quando a resposta era sim ele apertava minha mão. Quando era não, ele apertava a do Beck.

Foram poucas as vezes que ele apertou a mão do Beck. A gente perguntava mais se ele tava bem, se sentia dores, se lembrava do acidente - não lembrava - e o Beck fez uma pergunta que quase me fez chorar.

[Flashback: on]

Beck: Fabito, o amor da tua vida tá nesse quarto? - só estávamos nós três. - Se for sim, aperta mão da Naty.

Ele apertou minha mão.

Beck: É ela?

Ele apertou de novo.

[Flashback off]

Tomei um banho de meia hora e quase tive um filho azul com nove braços quando saí do banheiro e dei de cara com a Paloma na minha cama.

Eu: VAI SE FODER, SUA FILHA DA PUTA! O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI?!

Paloma: Vim ver como tá sua alegria. O Binho tá voltando?

Eu: Se tá voltando não sei, mas já tá muito melhor.

Ela sorriu.

Paloma: Que bom. Eu sinto falta dele.

Eu: Eu também. Mas e o casalzinho feliz? Paloma e Pierre... que fofo.

Paloma: Cara, esse francês tem um fogo do caralho. Parece até que nunca transou na vida.

Eu: Confesso que esse lado hot dele eu não conhecia.

Paloma: E nem vai conhecer. Eu acho que o negócio entre nós tá ficando sério.

Eu: aaaaaw ia ser super bonitinho vocês casados. Eu ia ter uma irmã! E ser sua irmã deve ser foda!

Paloma: Aaaaaw sua linda! - me abraçou.

Do nada ela me soltou e correu pro banheiro. Fui atrás dela e fiquei na porta. Ela tava vomitando ou então tomando água do vaso, porque tava com a cara enfiada lá dentro.

Eu: Paloma? - molhei uma toalha e dei pra ela quando ela levantou e deu descarga. - O que foi que aconteceu?

Paloma: Sei lá. Deu vontade de vomitar.

Eu: Tá melhor pelo menos?

Paloma: Tô. Eu tô bem.

Eu: Acho que é melhor você ir pra casa. Eu vou ter que ir ver como tá o terreno e já aproveito e te deixo lá.

Paloma: Pode ser.

*

Deixei a Paloma na casa dela e atravessei a rua até a porta da minha casa. Olhando de fora, não tinha mudado nada. Por dentro também não. Nem uma vírgula. Só tava mais arrumada. Meu pai deve ter contratado alguém pra limpar. Fui lá pra cima e a única coisa que tinha mudado era o ex quarto de hospedes e atual quarto do Binho, que tava igualzinho ao quarto dele na casa do meu pai na Argentina.

?: Natallie?

Desci e vi meu pai na cozinha, me esperando. Dei um abraço nele e sorri quando ele beijou minha cabeça.

Pai: Viu que eu mandei limpar isso aqui? - assenti - E toda a comida que tinha aqui tava estragada, então foi pro lixo. Quando você voltar pra cá eu dou dinheiro pra uma compra. - pausa rápida - Já viu como tá lá fora?

Eu: Não. Quis ver com você.

Ele me puxou sorrindo até a porta do fundo e a abriu. Eu nunca pensei que fosse ter uma piscina, mas agora eu tenho. Há!

Quando olhei pro que aquilo tinha virado quase gritei. O terreno, junto do meu, ficou perfeito! A piscina era grande e eu quase me joguei nela. Eu com certeza ia passar muito tempo naquela piscina...

Pai: O que achou?

Eu: Perfeito! Adorei! Valeu, pai!

Abracei ele e vi uma caixinha azul no bolso dele. Peguei a caixa.

Eu: O que é isso?

Pai: Um presente pro Fabrício. Eu nunca fui lá com você. E queria ir agora, pode ser?

Eu: Claro.

Fomos no hospital aquele dia e o Binho reconheceu meu pai. Ou melhor, o pai dele. Foda-se, eu vou chamar ele de pai sempre.

Meu pai perguntou se ele queria que eu abrisse o presente pra falar o que é, mas ele não quis. Dessa vez, quando as respostas eram "não" o Binho apertava minha mão. Quando saímos de lá, perguntei o que era que ele deu pro Binho e ele disse que era uma corrente com uma palheta de prata como pingente. Deu vontade de ir ver.

*

Cheguei em casa e vi que tinha uma chamada de vídeo no computador.

"P. Gonzales quer iniciar uma chamada com você".

Respira fundo. Seja o que Deus quiser.

"Aceitar".

Pedro: Naty, eu tenho que falar rápido. - ele tava com o cabelo despenteado, os olhos inchados, barba mal feita e visivelmente com sono. Ele tava mal. - Eu tô com saudade. Eu não quero que a gente acabe do nada, Naty. Eu...

Eu: Mas já acabou, Pedro. Você jogou tudo pro alto e foi pra Alemanha. A partir de agora nós somos só irmãos e nada mais.

Pedro: Deixa pelo menos eu te falar o que queria falar aquele dia, no The Fifties, quando a Marcela chegou.

Fiquei esperando ele falar e quando ele foi abrir a boa alguém entrou no quarto.

Marcela: Pedrinho, você ainda não tá pronto? A gente vai se atrasar e... Ah, oi Naty. - filha duma quenga.

Eu: Ah, Pedro. Então era isso que você queria falar? Você queria falar que trocou a mala pela Marcela? Você queria só me contar que levou essa vadia pra Alemanha né?

Pedro: Nossos pais já tavam combinando há tempos, antes de contarem pra gente, Naty...

Eu: Eu não preciso de explicações. Ou melhor, eu não quero explicações. O que eu quero é que vocês dois se fodam aí. Façam o que quiserem. Mas Pedro, quando você voltar, eu quero que você veja o quanto eu vou tá feliz com o Binho e você lambendo o chão que essa vagabunda pisa. - Fechei o computador.

Me joguei na cama e enfiei a cara no travesseiro.

?: Ei, o que você tem meu anjo? Tá bem? - fiz que não com a cabeça ainda no travesseiro. - olha aqui. - vi meu vô sentar numa cadeira do lado da cama - Tudo bem que eu não sou uma presença muito marcante na sua vida. Mas eu sempre soube te ouvir. E não é porque agora você é uma adulta que eu não vou mais te ouvir. Anda, pode me falar o que houve.

Contei pra ele e me deu aqueles conselhos de "faça o que o coração manda". O que é meio inútil, já que até na prova de matemática você pode seguir o coração pra colocar o resultado.

Vô: Bom, eu vim aqui pra falar que sua amiga Camila tá aqui. Ela já vai subir tá?

Fiquei na cama olhando pra porta esperando a Camila surgir como ela sempre fazia.

Camila: Eu tava de boa em casa, fazendo meu trabalho de química, que depois eu vou ter que colocar seu nome, já sei - Valeu! - quando aquele anjinho maldito apareceu no meu ombro direito e começou a falar "vai ver a Naty. Vai ver a Naty" - ela fez uma foz meio estranha, parecia um papagaio. - Ele me encheu tanto que eu acabei resolvendo vir. Agora me conta o que foi que aconteceu.

Porra, como aquela filha da puta sabia que eu tava mal? Vai tomar no cu.

Contei o bagulho do Pedro e ela me olhou com cara de piedade.

Camila: Naty...

Eu: Porra, meses atrás eu tava de boa numa festa, pegando uma cerveja, quando conheço um cara que logo depois que eu começo a morar com ele. Aí eu descubro que ele é meu irmão, mas transo com ele. Depois eu conheço outro cara e descubro que na verdade ele é meu irmão, porque meu pai na verdade não é o filho da puta que eu passei a vida pensando que fosse. Eu também transei com esse e até namorei com ele. Meu "pai" casou uma argentina que já tem um filho, ou seja eu tenho um irmão argentino, mas não tenho, porque eu não sou filha do meu pai. A filha da puta da minha mãe tá de casamento marcado com um francês que também tem um filho, ou seja, mais um irmão e dessa vez francês. Minha mãe também teve um caso com o pai do meu ex namorado, que é meu irmão. Eu tenho mais irmãos que um coelho, porra! O Binho tá em coma, a Juliana morreu, o Bola sumiu, o Pedro tá na Alemanha provavelmente comendo a Marcela nesse exato momento e AAAAAAAAAAAH EU QUERO MORRER! - caí deitada na cama.

Camila: Ei, a única você tem a fazer é tentar se acalmar. Ficar de cabeça quente não vai ajudar em nada. Pelo contrário, só vai piora as coisas.

Eu: É coisa demais vindo de uma vez na minha cabeça.

Camila: Nunca é demais. Se tá acontecendo muita merda, não importa quanto, quer dizer que você aguenta. Você pode se perguntar "por que eu?" É porque você tem força pra aguentar. Ninguém carrega um fardo mais pesado do que pode carregar. Toda essa confusão que tá rolando um dia vai passar, cada coisa vai se encaixar no seu lugar, como deve ser. E você sabe disso. Eu não precisava ter incorporado Caio Fernando Abreu. Abre teu olho, porra. As respostas pras tuas perguntas tão todas em você.

E lá veio ela mais uma vez. Eu acho que vou escrever um livro chamado "Coisas de Camila– monólogos e sermões da melhor amiga do mundo".

Eu: Mas é difícil encontrar essas respostas, não é?

Camila: Você sabe que encontrar respostas dentro de você não é como encontrá-las num livro de escola. Você tem que deixar fluir, que elas surgem sozinhas.

Sorri pra ela, que se ajeitou na cama e bateu nas pernas, num gesto pra que eu deitasse no colo dela e eu o fiz.

Camila: Vai ficar tudo bem, tá bom? Sou eu que tô falando e quando eu falo acontece. - mexendo no meu cabelo.

Pior que era verdade. Tudo o que ela falava acontecia. Uma vez ela disse na raiva que a Mariana ia quebrar a perna direita caindo da escada e dois dias depois a filha da puta chega na escola com a perna engessada, porque caiu e quebrou A PERNA DIREITA quando tava descendo as ESCADAS pra sair do cinema. A Camila tem poder no que fala. Às vezes eu acho que ela é bruxa, vidente, ou qualquer porra dessas. Normal eu garanto que ela não é. Claro, é minha amiga...

*

Treze de junho. Um dia depois do dia dos que encontraram companhia. Um dia depois do dia que as garotas são pedidas em namoro, ganham presentes ou ficam no sofá vendo TV, como eu.

Mas treze de junho não era mais só o dia depois do dia dos namorados. É também o aniversário do Binho. Ele tava fazendo vinte e dois anos e tava numa cama, inconsciente. Puta que pariu.

Fazia pouco mais de três meses que ele tava lá. E eu ia vê-lo - quase - todos os dias. Falava com ele e recebia a resposta com um aperto de mão. Era assim, desde que ele apertou minha mão pela primeira vez, um mês atrás.

Comprei um violão de presente pra ele e deixei do lado da cama, pra ele ver quando acordasse. Fiquei com ele um tempo, até que a Malu chegou e pediu pra eu deixá-los sozinhos. Fui pra minha casa (que era a casa da minha mãe) e a Paloma tava lá, deitada na cama.

Eu: Que foi?

Paloma: Eu tô passando mal, o Pierre não tá e eu não quis incomodar ninguém.

Eu: Que você tem, Pa? - fui até ela na cama

Paloma: Enjôo. Qualquer coisa que eu como eu vomito, eu não consigo sentir cheiro de nenhum perfume que eu vomito, eu respiro e vomito, mano.

Puta que pariu. Era só o que me faltava.

Eu: Eu vou comprar um remédio. Fica aí.

*

Fui na farmácia e comprei um remédio pra dor de barriga, que eu tinha certeza que não ia funcionar. Pra garantir, comprei também três testes de gravidez. Aquilo não era virose. Certeza.

Eu: Paloma, antes de tomar o remédio, vai fazer esse teste.

Paloma: TÁ MALUCA?! EU NÃO TÔ GRÁVIDA!

Eu: Você vive transando com o Pierre. Tá passando mal, vomitando com qualquer coisa. Faz o teste, não custa tentar.

Ela pegou os testes e se trancou no banheiro.

Cinco minutos depois ela saiu e ligou a contagem regressiva no meu celular, pra quinze minutos. Os testes ficaram na pia do banheiro e ela sentou na cama, com a cabeça baixa.

Paloma: Se eu tiver grávida, minha mãe vai me matar. - ela pensou um pouco - Naty, minha menstruação tá atrasada! Faz um mês! Porra, como eu não percebi antes?

Eu: Então acho que é certo. Você tá grávida.

Paloma: Espera os testes pra saber. E calma, por que eu tive que fazer três?

Eu: Melhor de três. É um clássico.

Ela abaixou a cabeça de novo e esperou os quinze minutos acabarem.

Meu celular apitou. Hora da verdade.

Eu: É agora. Com dois tracinhos é positivo. Com um, negativo.

Paloma: Vai ver pra mim, Naty. Por favor. - ela tava muito aflita.

Entrei no banheiro, encarei os testes em cima da pia e olhei pra baixo. Voltei pro quarto com os testes nas mãos e olhei pra ela.

Paloma: E então?

Eu: Dois tracinhos. Acho que eu vou ser titia. Vaca, você tá prenha!


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