"[...] And the tables' turned around ‘Cause one of us is goin'... One of us is goin' down!"– You're Going Down - Sick Puppies

Samantha estava parada em frente à porta de seu quarto pensando na possibilidade de Elijah estar ali quando ela saísse. Havia passos pela casa, mas poderia ser Rebekah.

Claro, que se ela contasse para Rebekah o que havia acontecido noite passada, ela diria que a culpa era dela própria e contaria para Niklaus. O que resultaria em mais uma briga entre eles.

Então Samantha apenas esperava que Elijah estivesse bêbado noite passada e hoje já não se lembrasse do que fez e disse.

Seria mais fácil dessa forma.

Infelizmente, nada nunca era “fácil” para Samantha.

Assim que abriu a porta encontrou Elijah ali.

– Fique longe de mim! – disse antes mesmo que ele dissesse qualquer coisa.

– Eu vim me desculpar por noite passada. – Elijah falou calmamente.

Samantha esperou que ele continuasse.

– E espero que possamos manter discrição. – Elijah disse sugestivo.

– Não contar a Niklaus, nem Rebekah, nem ninguém. – Samantha completou. – Será um favor que farei para todos. Essa casa não precisa de mais uma intriga.

– Tem razão. – Elijah pareceu pensativo. – Não quando já temos uma iminente. Ou devo dizer... Você e Klaus. Mas claro que sempre afeta a todos nós.

– Do que você está falando? – Sammy arqueou a sobrancelha.

– Niklaus. Philipe. – disse vagamente.

Samantha sentiu parte do ar escapar de seus pulmões.

– Não me diga que Klaus foi procurar por Philipe. – Samantha ficou apreensiva.

– Tudo bem, não direi. – Elijah deu as costas.

– A viagem de ontem? – Sammy ficou á sua frente. – Esses eram os “assuntos dele”?

– Ele não foi “procurar”. – Elijah tocou sua mão. – Ele sabe exatamente onde Philipe está. Sinto muito.

Samantha permaneceu olhando para ele sem expressão alguma no rosto, até a raiva preenche-la.

– E você esperou todo esse tempo pra me dizer isso?! – gritou afastando a mão dele de si.

– Tentei evitar esse tipo de reação.

– Ontem. – Sammy disse apontando o dedo para ele. – Foi tudo um teatro não foi?! Você estava apenas me distraindo.

– Confesso que você foi uma boa distração pra mim também. – Elijah deu de ombros. - Klaus não queria arriscar que você soubesse dos planos dele.

Samantha atingiu seu rosto com um soco.

– Você tem o direito de estar nervosa. – Elijah passou a mão pela boca que sangrava. – Klaus te manipulou mais uma vez.

– Assim como você! – Sammy gritou nervosa.

– Foi preciso.

Samantha entrou no quarto procurando por seu celular.

– Por que me contou isso agora então? Por que não esperou Klaus chegar aqui com a cabeça de Philipe em mãos?

– A essa altura isso já deve ter acontecido, achei que você deveria ficar preparada. – Elijah entrou no quarto também.

Samantha sorriu irônica para ele.

Ela saiu do quarto com Elijah atrás de si, porém assim que ele tentou sair foi impedido por uma barreira invisível.

– Eu sempre ouvi história sobre todos vocês. – Sammy disse parando á sua frente. – De como todos eram malvados. E sempre me disseram que Niklaus era o pior de todos. Pior que esse Damon – que também tive o desprazer de conhecer – Mais cruel que qualquer um que já existiu.

Elijah socou o ar á sua frente. Não havia escapatória.

– Mas sabe o que é verdadeiramente cruel? – Samantha continuou. – Um vampiro onde todos veem algo bom e confiam nele quando na verdade ele é possivelmente o mais manipulador, além do mais quem se oporia a toda sua “bondade”?!

– Tire-me daqui! – Elijah gritou impaciente.

Samantha se afastou.

– Me tira daqui ou eu vou---

– Fazer o quê? – Samantha usou seu Poder nele.

Elijah caiu de joelhos sentindo que a cabeça poderia explodir a qualquer momento.

– Achei que eu fosse á única a qual você não mostrou seu lado bom. Que havia sido á escolhida para receber toda essa sua ira incubada. – Samantha falou mais baixo. – Agora me sinto feliz por entender que sou a única que realmente enxerga por baixo da sua máscara.

*

Samantha compeliu muitas pessoas até finalmente conseguir o que ela queria: um meio de chegar o mais rápido possível até a vila.

Ao chegar lá, ela não fazia ideia de por onde começar sua busca. Eles poderiam estar em qualquer lugar, ou Klaus poderia estar.

Samantha tinha que manter em mente que Philipe já pudesse estar morto.

E ela precisava se preparar para isso.

*

Depois do que pareceu uma eternidade perguntando e procurando Sammy finalmente os achou.

Foi sendo guiada pela voz de Klaus.

Voz essa que fazia um monólogo, uma tortura mental á Philipe ao que parecia.

– Klaus. – Samantha chamou.

Ele olhou para trás, os olhos amarelos faiscando.

– Posso ver que Elijah não foi capaz de guardar um segredo. – disse virando-se completamente para ela. – Mas confesso que me agrada que você esteja aqui.

– Foi um pouco trabalhoso te achar, mas aqui estou.

– Eu poderia ter ido para qualquer lugar. – Klaus disse.

– Poderia. Mas imaginei que estaria aqui, se quisesse mata-lo não perderia tempo levando-o para outro lugar longe. Apenas faria.

Klaus concordou pensativo.

– Philipe é estúpido demais. – Samantha mantinha o olhar no rapaz que sangrava no chão aos pés dele. – Eu sabia que ele não tinha ido embora desse lugar.

– Ele ainda está vivo. – Klaus disse acompanhando seu olhar. – Por enquanto.

– Por que fazer isso? – Samantha perguntou em um fio de voz.

– Estou apenas terminando algo. – Klaus respondeu indiferente.

– Klaus nós realmente não precisamos passar por isso. – Sammy disse se aproximando um passo. – Achei que Philipe fizesse parte do passado para você também.

– O passado nunca fica no passado. – pegou Philipe pelo braço levantando-o. – A não ser que esse passado esteja bem... Morto.

–Não faça isso. – Sammy pediu.

Seu olhar vagava rapidamente de Philipe a Niklaus.

– Você não deveria se importar tanto. – Klaus disse á ela. – Ele não tem mais nada a ver com sua vida. Sua nova vida.

– Exatamente por isso. – Sammy rebateu. – Ele não precisa ser envolvido.

Klaus balançou a cabeça negativamente.

– Você não precisa fazer isso. – Samantha insistiu.

– Quanta ironia! – Klaus riu de repente.

“- Você não precisa fazer isso. – ele disse para ela.

– Sim eu preciso. – Sammy falou.”

– Foi o nosso diálogo quando você matou Caroline lembra? – Klaus perguntou.

– Lembro. – Sammy disse a contragosto. – Eram tempos diferentes.

– Não, não eram! – Klaus falou mais alto. – Eram exatamente os mesmo termos.

Klaus soltou Philipe fazendo-o cair de joelhos. O rapaz abriu brevemente os olhos, mas não parecia capaz de mantê-los abertos por muito tempo.

– O que você fez com ele?

– Estamos nos divertindo desde ontem. – Klaus respondeu. – Já o deixei a beira da morte e então o curei com meu sangue. E fiz de novo. Vezes seguidas.

Sammy sentiu uma lágrima descer por sua bochecha.

Klaus parou a sua frente.

– Você é fraca. – sussurrou.

Samantha olhou em seus olhos.

– Achou que eu passaria todo esse tempo apenas acatando suas ordens porque de repente você resolveu que seria má com todo aquele papo de “Sempre farei duas vezes pior”?

Klaus envolveu seu rosto com as mãos.

– Você não pode me atingir!

– Deixe-a! – Philipe disse.

Ambos olharam para ele ao mesmo tempo.

– Vamos fazer um jogo. – Klaus puxou-a pelos cabelos. – Philipe vai correr pela floresta e quem alcança-lo primeiro ganha. Parece um bom jogo?

– Isso não é um jogo! – Samantha tentou se soltar dele sem sucesso. – Deixe Philipe ir embora!

– Vamos começar então. – Klaus á soltou.

Foi até Philipe colocando seu rosto entre as mãos de forma que pudesse olhar em seus olhos.

– Você vai correr por entre essas árvores. Vai correr o mais rápido que você puder.

Klaus o soltou e então ele fez exatamente o que lhe fora dito.

Klaus segurou o braço de Samantha até que Philipe já não pudesse ser visto e seus passos já não pudessem ser claramente ouvidos.

– Vamos iniciar o jogo. – sussurrou no ouvido dela.

No segundo seguinte Klaus já havia sumido por entre as árvores também.

Samantha enxugou ás lágrimas, pondo-se a procurar por Philipe em seguida.

*

Sammy ouvia a voz de Niklaus.

Ouvia a respiração entrecortada de Philipe.

Ouvia seu próprio coração bater rapidamente.

Sammy encontrou Philipe primeiramente.

– Você é um idiota! – Samantha o abraçou brevemente. – Eu te disse pra sumir daqui.

– Ele me acharia de qualquer forma, em qualquer lugar. – Philipe se afastou dela.

Sammy sabia que ele estava certo.

– Você não deveria ter vindo. – Philipe disse. – Vá embora agora!

Samantha negou com a cabeça.

– Sua barriga está enorme. – Philipe olhou para ela. – Vá pela criança, Samantha!

– Vamos ficar bem. – Sammy garantiu.

– Não quero interromper esse belo momento. – Klaus parou atrás dele. – Mas temos que terminar o jogo.

– Eu o achei primeiro. – Sammy virou para ele. – Deixe-o ir agora.

– Essas não eram as regras. – Klaus sorriu de lado. – O primeiro a acha-lo poderia mata-lo. Não é legal?

Samantha sentiu o estomago revirar.

– E como eu sei que você não fara isso... – Klaus tomou sua frente. – Deixe que eu faça.

– Não!

Samantha usou seu Poder. Apesar da dor angustiante que Klaus sentia, ele não se renderia tão facilmente.

Philipe viu quando sangue começou a fluir do nariz de Samantha e Niklaus ainda estava de pé.

– Samantha! Não vale a pena. – Philipe disse á ela. – Só iremos adiar o inevitável!

– Isso não é certo. – Samantha olhou para ele.

– Sinto que já estou morrendo de qualquer forma. – Philipe parou a sua frente. – Poupe suas forças para uma causa que ainda não esteja perdida.

Samantha libertou Niklaus de seu Poder.

– Aceite o que você não pode controlar. – Philipe disse por fim.

– Boa jogada, garoto. – Klaus disse ao se recuperar desse pequeno contratempo.

Samantha ouvia a voz de ambos, mas não parecia capaz de compreender.

– Dê adeus. – Klaus sussurrou em seu ouvido.

Samantha abriu os olhos que se quer havia percebido ter fechado.

Foi até Philipe tocando seu rosto levemente.

– Não era minha intenção ter te envolvido em nada disso.

– Não se preocupe. – Philipe murmurou. – Não foi sua culpa.

Samantha virou observando a expressão imparcial de Niklaus.

Quando ela voltou seu olhar para Philipe havia algo diferente ali.

Samantha em um movimento rápido arrancou o coração do rapaz de seu peito.

– O quê? – Klaus perguntou completamente surpreso.

– Você não venceu essa. – Sammy jogou o coração para ele.

Niklaus olhava para ela inteiramente impressionado, ele não poderia imaginar que Samantha faria isso.

– Acho que você ganhou esse jogo. – Klaus provocou assim que ela se afastou.

*

Samantha sentia como se um buraco tivesse sido aberto em seu peito.

Cada vez que piscava era como ver o coração de Philipe em suas mãos. Era agoniante.

Parte de si parecia ter morrido ali também.

Enxugou os olhos quando já não podia andar sem tropeçar pela visão turva.

– Eu fiz por você, me perdoa. – sussurrou.

Samantha caiu de joelhos no chão de lama. Não havia como seguir adiante.

Sentiu os braços de Niklaus a envolverem, e nem contra isso ela poderia lutar agora.

– Foi uma boa escolha. – ele disse. – Agora nada pode nos impedir.

– Impedir do que? – Sammy conseguiu perguntar.

– Agora posso confiar inteiramente em você.

Samantha olhou perplexa para ele.

– Tudo dará certo agora. – Klaus garantiu.

Samantha empurrou-o tentando levantar.

– Você não imagina o que estou sentindo agora. – apontou o próprio peito. – Não diga que vai ficar tudo bem!

– Desligue suas emoções humanas também. – Klaus tomou o rosto dela em mãos. – É a única forma de fazer essa dor parar.

Samantha chorava compulsivamente.

– Faça isso Sammy. – Klaus insistiu.

– Eu vou superar isso, exatamente como superei cada fato terrível que já tenha acontecido comigo desde... Sempre. - Samantha se afastou dele.

– Não se martirize por ele.

Era do que tudo isso se tratava não era?! – Samantha riu irônica. – Vingar Caroline e Fazer com que eu desligue completamente minhas emoções.

– Deveria me agradecer. Fiz isso por você. – Klaus falou mais alto.

Samantha negou com a cabeça.

– Eu odeio a mim mesma por ter feito isso.

– Era pra eu ter feito! Eu poderia lidar com seu ódio por mim! – Klaus tentou abraça-la, mas foi impedido. – Eu posso aguentar que você me odeie, mas não a si própria...

– Porque aí não há nada que você possa fazer. - Sammy completou por ele.

Klaus suspirou.

– Não vou desligar minhas emoções humanas, mesmo que esteja doendo de uma forma devastadora. – Samantha parou a frente dele. - Porque no final essa é a única coisa que me faz diferente de você!