One More Night escrita por SatineHarmony


Capítulo 1
Capítulo Único




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Onodera Ritsu observou as luzes dos escritórios das outras áreas da editora Marukawa serem apagadas uma a uma, ficando acesas somente as do editorial de mangá shoujo onde estava, exatamente como o garoto instruíra o zelador a fazer.

— Idiota, pare de encarar as lâmpadas e termine o trabalho. — disse Takano ao passar atrás das costas da cadeira onde o moreno estava sentado.

— Eu já acabei. — declarou ele em resposta, estendendo a mão que segurava o storyboard completamente corrigido. O seu chefe pegou o mesmo, entregando-lhe em troca uma resma de papel:

— Quero dez cópias de cada. — pausa. — Agora. — seu tom era autoritário.

Ritsu limitou-se a assentir diante da ordem, levantando da cadeira e rumando à copiadora. Pôs a máquina para funcionar, selecionando as opções desejadas e apertando o botão de OK.

Aproveitou enquanto a copiadora começava a fazer o que lhe fora ordenado para descansar por um instante. De costas para a máquina, apoiou os seus cotovelos em cima dela e levantou a cabeça, fitando o teto branco.

Não demorou muito para render-se ao peso das pálpebras e fechar os olhos. Onodera estava extremamente exausto, quase vendo tudo em dobro. Satou-sensei se atrasara com a entrega do seu storyboard. Resultado: ele teve que esperar a garota termina-lo para corrigi-lo e depois Takano-san fazer a fotocomposição para enviá-lo para a impressão.

Ritsu tinha que admitir que estava surpreso pelo fato de o homem não tentado fazer nada com ele — ainda. Já passava de duas da manhã e eles estavam sozinhos no escritório desde as onze. Talvez ele finalmente colocou o trabalho em primeiro lugar, presumiu o moreno.

Logo a copiadora começou a bipar, interrompendo os seus pensamentos e indicando que terminara a sua tarefa. O garoto colocou prontamente o papel seguinte da pilha de documentos dentro da máquina, voltando a ficar na posição que estava antes.

A copiadora mal tinha começado a fazer barulho novamente quando Onodera sentiu uma respiração próxima ao seu rosto. O seu corpo ficou tenso de imediato ao ver o mais velho aproximar-se dele, roubando-lhe um beijo.

— Takano-san!... — tentou protestar, perplexo. Arquejou de surpresa ao sentir a língua do outro passar por entre seus lábios, invadindo-o.

Um par de mãos fortes segurou os quadris de Ritsu, e ele foi capaz de sentir uma crescente excitação naquela área. Ele deu um baixo gemido dentro da boca de Takano, e em troca teve o seu lábio inferior mordido.

— Takano-san, nós estamos no escritório... — finalmente conseguiu formular uma frase completa.

I'd be waking up in the morning feeling satisfied, but guilty as hell

Eu acordaria satisfeito na manhã seguinte, mas culpado feito o diabo

Ignorando as reclamações do garoto, ele prosseguiu, distribuindo beijos pelo seu pescoço enquanto tentava controlar um sorriso de formar-se em seus lábios — ele sabia muito bem que a negação de Onodera era somente superficial.

Levou uma das mãos até os botões do colarinho da blusa do mais novo, e teve seus dedos repelidos pelo mesmo.

— Se é assim que você quer... — Takano sussurrou no seu ouvido numa voz maliciosa, e logo em seguida ficou de joelhos em frente a Ritsu.

— Não, Takano-san, sério... — foi incapaz de terminar a frase, interrompendo-se no meio da mesma para dar um longo gemido.

Try to tell you no but my body keeps on telling you yes

Tento te dizer "não", mas o meu corpo continua te dizendo "sim"

O mais velho sorriu com aquilo. Se essa tinha sido a reação do garoto quando ele simplesmente beijara a área abaixo do seu umbigo, seria ainda melhor quando Takano fizesse o trabalho completo.

Abriu o seu cinto, e este foi seguido pelo botão de sua calça e o seu zíper. Agora Onodera não negava mais, e nem tentava reprimir os seus sons. Suspirou, arquejou, grunhiu, gemeu. Em certo ponto o mais novo perdeu todas as suas inibições, levando uma de suas mãos até os cabelos negros de Takano, envolvendo-os e puxando-os em direção a si.

So I cross my heart and I hope to die

That I'll only stay with you one more night

Então eu faço uma promessa que espero cumprir até morrer

Que eu ficarei com você só mais uma noite

O homem ergueu minimamente a cabeça, surpreso com a reação do moreno. Observou o rosto juvenil do garoto; seus olhos fechados fortemente e o lábio inferior sendo mordido. Percebeu que ele estava quase no ápice ao ver como apoiava os seus braços na divisão do cubículo onde estavam.

Um som de porta se abrindo alertou Ritsu da presença de mais alguém no escritório.

— Hatori-san! — exclamou o garoto, numa voz que beirava um misto de histeria, nervosismo e desespero.

— Onodera. — assentiu, taciturno como sempre, enquanto passava rapidamente, rumando até a sua mesa, pegando o que parecia ser uma pilha de papéis que estava em cima da mesma. — Eu me esqueci de entregar o storyboard de Chiharu-sensei. — explicou.

Nesse exato momento Ritsu sentiu os lábios e língua de Takano voltarem a manipulá-lo. Ele deu um breve arquejo, segurando com mais força a barreira do cubículo, que era a única coisa que impedia Hatori de ver o seu chefe “brincando” com um de seus colegas de trabalho.

— Aah, sim. — fez um movimento afirmativo com a cabeça, um tanto temeroso quanto a sua voz. — E-eu só estou... — inspirou fundo, tentando acalmar-se. —... Fazendo umas cópias q-que Taaaakano-san — soltou o nome do homem num gemido. Baixou minimamente os seus olhos para vê-lo fitando-o com uma expressão maliciosa no rosto. —... Pediu. — concluiu com um suspiro.

Hatori franziu o cenho ao perceber o esforço e dificuldade que Ritsu estava tendo para falar, mas decidiu agir indiferentemente.

— Bom, vou embora antes que eu perca o prazo. — disse, seguindo pelo escritório. — Boa noite, Onodera-san. — recebeu em troca um aceno breve deste.

Logo ao ver que estavam sozinhos novamente, o moreno desceu suas mãos para a cabeça do mais velho, tentou afastá-lo dos seus quadris:

— Takano-san, chega! — quase gritou, irritado.

You and I get sick, I know that we can't do this no more

Nós estamos cansados, e eu sei que não podemos mais fazer isso

— Ele já foi embora. — informou desnecessariamente, ignorando os protestos do moreno.

— Eu sei, mas pare com isso! — continuou a empurrá-lo com mais força.

— Então será sempre assim? — perguntou Takano, afastando-se de Ritsu e observando-o atentamente enquanto passava a mão pela boca, limpando-a. — Você realmente vai continuar insistindo nessa infantilidade? — retrucou.

You and I get so damn dysfunctional we stopped keeping score

Nós dois ficamos tão disfuncionais que paramos de contar o placar

— Infantilidade? — Onodera pôde sentir o seu rosto esquentar de raiva. — Então eu sou a criança?! — agora ele já gesticulava, irritado. Sua voz aumentava de volume a cada palavra dita. — Até onde eu saiba, o único estúpido persistente e imaturo aqui é você!

O moreno esperou pela resposta rude do mais velho, mas em vez disso somente o puro silêncio recebeu-o. Piscou os olhos, vendo à sua frente um Takano completamente apático.

— Deixe as cópias em cima da minha mesa quando você acabar. — disse, num tom frio, antes de dar as costas para Ritsu e sair do escritório.

I'd be waking up in the morning probably hating myself

Provavelmente eu acordaria na manhã seguinte me odiando


* * *

— Ricchan, que olheiras são essas? — Kisa preocupou-se ao ver o moreno. — Não dormiu bem? — continuou, e em seguida entregou um papel que estava em sua mesa para o homem ao seu lado. — E agora, Hatori-san? Ficou melhor? — pediu orientação. O recém-chegado franziu o cenho:

— Ora, cadê Takano-san? — tentou fazer com que sua voz soasse calma.

— Tirou folga pelo resto do dia. — explicou Hatori, parecendo analisar o papel que Kisa lhe entregara.

Ao escutar isso, Onodera sentiu como se tivessem jogado um balde d’água fria sobre ele. Abaixou a cabeça, seguindo para a sua mesa. Ele detestava a si próprio por ter ficado desanimado com a notícia. Não era como se ele gostasse de Takano-san. Aliás, quem é que está falando sobre amor aqui?

Levantou repentinamente da sua cadeira, atraindo atenção de todos no escritório:

— Satou-sensei está tendo um bloqueio criativo e pediu para eu ajudá-la. — sua voz soou alta, nervosa. De fato ele inventara uma desculpa esfarrapada, mas não era como se a ausência dele fosse fazer tanta falta assim. Afinal, ele já tinha entregado o storyboard da sua autora no dia anterior.

Hatori não pareceu importar-se, voltando a debater com Kisa sobre o projeto que ele estava planejando. Ritsu aproveitou essa oportunidade para deslizar pela porta do escritório, pegando o primeiro elevador vago.

Seguiu para o apartamento de Takano de forma hesitante, temendo que o mesmo não estivesse em casa. Lembrou-se então que não era feitio do mais velho fugir. Pois é, fugir sempre foi o meu papel..., balançou a cabeça quase que de desapontamento.

And now I'm feeling stupid crawling back to you

E agora eu me sinto um idiota rastejando de volta para você

Seu dedo indicador pairou sobre a campainha, com medo de apertar o botão. Antes que ele pudesse até mesmo ganhar coragem para assim fazê-lo, a porta foi aberta.

— Hã?? — Onodera corou, envergonhado por ter sido pego no flagra. Abraçou protetoramente a bolsa que segurava, um hábito que tinha quando ficava nervoso. — Você estava espiando pelo olho mágico?

Takano revirou os olhos com isso:

— Eu pretendia ir a uma loja de conveniência. — respondeu numa voz morta. — O que você está fazendo aqui? — ergueu uma sobrancelha.

— O pessoal do escritório queria saber por que você faltou. — mentiu. Droga, ele já tinha perdido toda a coragem para falar a verdade para o homem à sua frente. Este estalou a língua em desaprovação:

— Resposta errada. — determinou. — Me diga, Onodera — sua voz agora estava séria —, você sentiu saudades de mim? Por isso veio aqui?

— O quê? Claro que não! — exclamou, nervoso com a forma como o mais velho curvou-se sobre ele com um olhar examinador.

— Se você veio todo o caminho do trabalho até aqui só para falar isso, então com licença — contornou o moreno para poder adentrar no corredor. —, eu estou ocupado e não posso desperdiçar meu tempo. — disse enquanto apertava o botão para chamar o elevador.

Ele viu as portas-duplas abrirem-se e Takano saiu do seu campo de visão sem falar mais nada. Droga, Ritsu, você está assistindo-o partir em vez de fazer algo para impedi-lo?!, irritou-se consigo mesmo.

Tomando iniciativa, dirigiu-se com passos largos para o elevador, colocando uma das mãos entre as portas metálicas, fazendo-as abrir de novo. Ofegante, apoiou o cotovelo na soleira do elevador para que as portas não se fechassem de novo. Ergueu os olhos para ver o outro com uma expressão de surpresa que raramente fazia.

There you go again, making me love you

Lá vem você de novo, me fazendo te amar

— Takano-san! — começou, arquejando. — Você faltou o trabalho por minha causa? — perguntou com dificuldade. Em resposta o outro deu um meio-sorriso:

— Sempre direto, não é? — pareceu falar consigo mesmo. — E é óbvio que você não tem nada a ver com a minha folga. — foi ríspido.

— Bom, sobre o que aconteceu, eu... — hesitou. — Eu sinto muito. — falou rapidamente, abaixando a cabeça. Escutou um suspiro:

— Eu já perdi a conta de quantas vezes você me pediu desculpas. — revirou os olhos. — Que tal bebermos um pouco? — sugeriu, e antes que o moreno pudesse fazer menção de algo, ele foi puxado para dentro do elevador e as portas fecharam-se.

I know I said it a million times

But I'll only stay with you one more night

Eu sei que eu já disse isso um milhão de vezes,

Mas eu só ficarei com você por mais uma noite

Era incrível como Takano era capaz de mudar drasticamente com o menor dos estímulos de Ritsu. Talvez Onodera soubesse, bem lá no fundo, que da mesma forma que ele negava-se a admitir o seu amor pelo seu chefe, Takano também nunca confessaria a intensidade do efeito que Ritsu exercia sobre ele.


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