Eu estava dentro do mesmo pesadelo que tive duas noites antes, mas desta vez depois de cair dura no chão pude ver minha mãe chorando, gritando e se debatendo nas mãos de vários pacificadores. Abri meus olhos e esperei eles se acostumarem com a escuridão.  Sai da cama e abri as cortinas. O céu estava cheio de estrelas, fazia um bom tempo que eu não via as estrelas, elas estavam inclusive bem visíveis já que a Capital não é mais quase que florescente. Olhei na direção de onde devia ser a minha casa, mas com certeza eu não consegui avistá-la, comecei a pensar em minha mãe e Bryan. Já fazia algum tempo que não via Bryan dar um sorriso sequer, também fazia muito tempo que nos não jogávamos videogames juntos ou o acompanhava em suas brincadeira, eu sei já estou com 17 anos já estou velha para brincadeiras mas eu não conseguia dizer não aos pedidos do meu irmãozinho, ele só ficava trancado em seu quarto, como mamãe, ou ficava andando sem rumo pela casa. Já minha mãe tentava forçar alguns sorrisos mas nem se comparam aos verdadeiros sorrisos que ela dava quando meu pai entrava pela porta de casa depois de um dia de trabalho. Meu pai, saudades e lágrimas novamente, mas dessa vez  as deixei rolar pelo meu rosto apenas me lembrando do que meu pai uma vez me falou, quando eu tinha apenas 7 anos e tinha ralado meus joelhos “ pode chorar a vontade filha, nunca se sinta com vergonha de chorar, pois quando choramos tudo de ruim sai de nosso corpo. Chorar lava a alma”, mais lagrimas desceram até meus lábios e eu pude sentir seu gosto salgado, sempre gostei do salgado que elas deixavam em minha boca. Deslizei minhas costas pela janela ate me sentar no carpete do quarto, encostei meus joelhos em meu peito e encaixei minha cabeça entre eles, apenas esperando que minhas lagrimas acabassem. Algum tempo se passou e eu acabei adormecendo novamente nessa mesma posição.

 -Lauren, Lauren acorda – James estava abaixado em meu lado me sacudindo levemente.

-Hã? James o que faz aqui a essa hora? – perguntei quando olhei, com o canto dos olhos, para a janela atrás de mim e vi que estava começando a amanhecer

-Eu não sei. Por que você dormiu no chão? Não quer deitar na cama? – disse James me ajudando e levantar e me conduzindo para a cama

-Como assim não sabe? Você tem que saber, ou você é sonâmbulo?

-Mas eu claro que eu não sou sonâmbulo Lauren – ele parou de frente pra mim e ficou me encarando – eu só gosto de te observar dormindo

-Gosta de me observar dormindo? Quer dizer que todo dia você vem aqui pra me observar dormindo?

-Quase isso, mas não fique pensando que sou um louco, maníaco que fica vendo os outros dormirem. No segundo dia eu ouvi gritos vindos do seu quarto durante a noite, então decidi vim ver se estava tudo bem e quando entrei vi que você estava dormindo. Eu estava quase saindo quando você disse alguma coisa sobre sua amiga Jennifer, então eu sentei no chão ao lado de sua cama e fiquei ouvindo você enquanto dormia.

-Ok então, e o que eu falava enquanto dormia? – perguntei dando um leve puxão em seu braço para que ele se sentasse do meu lado

-Eu não consegui entender nada, você dizia as frases emboladas, só conseguia entender os nomes – ele estava de cabeça baixa

-James, por que sempre que eu falo com você, você permanece de cabeça baixa?

-Porque toda vez que eu olho nos seus olhos – ele levantou a cabeça e me olhou bem fundo nos olhos – tenho vontade de fazer isso – e me beijou, na boca. Isso pode ser o começo de um problema... Um grande problema