De Volta Ao País Das Maravilhas escrita por Kremer


Capítulo 6
Capítulo seis: Um Xadrez Real


Notas iniciais do capítulo

O fim dessa fic está próximo, só avisando u.u por favor, voltem com os comentários, é importante pra mim saber que tem alguém lendo ):



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/332429/chapter/6

Um clarão branco atingiu a todos, e Mary Ann teve que cobrir seus olhos com as mãos para não ficar cega. Quando os abriu, nada era o mesmo: a mesa de chá havia sumido, assim como seus companheiros. Estava agora em uma encruzilhada, sentindo-se terrivelmente sozinha.

Oh, não, o que foi feito? perguntava-se a pobre criança, confusa. Talvez se... se eu ficar quieta aqui onde estou, eles possam me encontrar. Mas, onde exatamente é aqui?

Estava começando a sentir falta do Cavaleiro e do Pônei, que até agora tinham sido muito amigáveis. Ora, até sentia falta do Chapeleiro, aquela criatura insolente!

Conforme o tempo foi passando, Mary Ann passou de entediada à assustada, pois temia nunca mais sair de lá. A pobre criança começou a chorar, e entre soluços, censurava-se:

– Vamos, pare com esta choradeira. Chorar não vai te tirar daí, sua menina tola! - Mary Ann sempre se advertia, e gostava muito de assumir o papel de duas pessoas. - Mas não sei onde estou e logo ficarei com fome e com frio. Nunca quis tanto ir para a casa na minha vida! - Reclamava. E entre conselhos dela mesma para si e lamentos, Mary Ann começou a ouvir um rosnado esquisito. Muito assustada, começou a olhar em volta, à procura da fonte deste som.

Agora sim, estou perdida! Pensava, com cada vez mais medo. O rosnado começou a ficar mais audível, por isso, tente imaginar o susto que a criança tomou quando sentiu algo peludo roçar sua perna.

ARRE... oh, céus! - Gritou a menina, que cambaleou até estatelar-se no chão. A criatura a sua frente não era nada mais do que um grande gato, que sorria de orelha a orelha. - É apenas um gato.

– Apenas um gato, você diz - Disse de repente o gato, sentando-se. Mary Ann assustou-se a princípio, mas depois, percebeu que já deveria ter se acostumado com este tipo de coisa. - Um gato normal poderia fazer isto? - E então as listras do gato começaram a brilhar intensamente. Mary Ann achou muito bonito, porém, desnecessário. Exibido, pensou. - Senhor gato, poderia me dizer para onde devo ir?

– Isso depende do que você deseja fazer. - Disse o gato. Suas listras pararam de brilhar.

– Bem, eu procuro pelo Cavaleiro e pelo Pônei. Na verdade, também procuro pelo Chapeleiro, pela Lebre, pelo Dodô, e ah, claro, o caxinguelê adormecido. - Listou Mary Ann, perguntando-se se esquecera de alguém. - Ah, e pelo Coelho branco, claro. - Agora, todos pareciam estar na sua lista imaginária de pessoas para se encontrar.

– Ora, são muitas pessoas. Sumiram de repente, você diz? - Disse o gato, cada vez mais sorridente.

– Sim, de repente. Pra onde acha que foram? - Perguntou, agora mais tranquila por ter com quem falar.

– Vamos ver... - o gato enfiou uma de suas patas em seu espesso pelo castanho e tirou de lá um calendário. Mary Ann espiou para ver o que tinha no calendário, e viu que todos os dias estavam em branco. No entanto, o último dia do calendário tinha algo escrito. - Oh, naturalmente - disse o gato, e guardou seu calendário novamente. - Hoje a Rainha de Copas e a Rainha Branca irão jogar xadrez, todos estão lá. - Disse o gato. Mary Ann não se conteve:

– Nem todos, faltam eu e você. - O gato bufou e falou, enquanto seu pelo mudou do castanho escuro ao violeta:

– Não, nós estamos mais lá do que aqui. Veja!

Então, num piscar de olhos, Mary Ann encontrava-se em um jardim com muitas roseiras. O gato havia desaparecido, mas ela podia ouvir vozes de pessoas gritando, rindo, aplaudindo e cantando. Achou que em uma partida de xadrez as pessoas deveriam fazer silêncio, já que requeria concentração. Foi andando na direção do som e chegou a um enorme pátio. No centro, o piso era um tabuleiro. De um lado, vestindo carmesim, encontrava-se a Rainha de Copas, juntamente com o rei, os dois bispos, os cavalos e as torres. Os peões eram cartas de baralho, todas em seus devidos lugares. No outro lado, estava a Rainha Branca, juntamente com as demais peças. As duas rainhas esperavam (a Rainha de Copas demonstrava-se impaciente, enquanto a Rainha Branca mostrava estar mais em paz do que o caxinguelê) mas, o que esperavam, Mary Ann não sabia dizer. Como resposta, um dos espectadores, que era um lacaio de libré, notou a presença de Mary Ann e acotovelou o espectador ao seu lado, que era um lagarto segurando uma escada. O lagarto foi correndo avisar a Duquesa, que se encontrava na primeira fila. A Duquesa, por sua vez, foi correndo avisar a Rainha de Copas, e esta gritou, a plenos pulmões:

– Rainha Alice, aproxime-se do tabuleiro! - Mary Ann ficou imóvel. Não sabia se estava se referindo a ela, mas, como todos ali a chamavam de Alice, andou hesitante até o tabuleiro. Rainha? Perguntou-se, confusa. A Rainha Branca foi ao seu encontro, sorridente.

– Oh, Rainha Alice! Estávamos esperando por você. Não podemos jogar sem a vossa presença, majestade. - Mary Ann, mesmo gostando do tratamento real, pôs seu ego de lado e disse:

– Majestade, creio que houve um engano, pois me chamo Mary Ann e não sou nenhuma rainha. - Disse, humildemente.

– Se não é a rainha, então, cortem-lhe a cabeça! - Intrometeu-se a Rainha de Copas. Mary Ann assustou-se, porém, a Rainha Branca pousou uma mão gentil em seu ombro e disse, calmamente:

– É claro que é a Rainha, ela apenas não se lembra. - Dito isto, piscou para Mary Ann e voltou ao seu lugar no tabuleiro. Mary Ann sentiu-se grata, porém, não entendeu como uma pessoa poderia esquecer que é uma rainha. Ora, devo estar ficando louca, se esqueci que sou uma rainha. Ou que meu nome é Alice. Onde já se viu, uma pessoa esquecer o próprio nome? Pensava Mary Ann, desolada.

O Coelho Branco saiu do meio da multidão e foi até Mary Ann.

– Senhora Rainha de Copas - disse, fazendo uma mesura. - Senhora Rainha Branca -, disse, com outra mesura. - Rainha Alice - , novamente, uma mesura. - Senhores jurados - disse, dirigindo-se à parte mais alta da arquibancada (que Mary Ann notara só agora existir) e retirou um pergaminho do colete, quando um homem menor do que Mary Ann, que usava uma coroa na cabeça, gritou alguma coisa, ao lado da Rainha de Copas. - ... Sim, e o Rei. - Disse, sem mesura. - Estamos aqui hoje para presenciar esta partida de xadrez. As regras: -e desenrolou o pergaminho. Mary Ann espantou-se, pois o pergaminho desenrolou-se até o outro lado do tabuleiro. Oh, céus, isto nunca irá acabar, pensou Mary Ann.

– Nesta partida, a Rainha Alice deve percorrer todo o tabuleiro com as peças de xadrez, uma a uma, até nenhuma restar. Não serão toleradas trapaças. Não será admitido palavras baixas, como anão e formiga. Não será tolerado vaias, aplausos ou foguetes. Não será permitido o uso de lanças, escudos, armaduras ou doces. Não será...

– Basta! - Disse a Rainha de Copas, impaciente, como sempre. - Pule para a parte da punição, meu bem. - O Coelho branco procurou até o final do pergaminho, e finalmente disse: - Quem desrespeitar as regras terá sua cabeça cortada por ordem da Rainha de Copas! - Mary Ann achou um absurdo.

– Mas se não sabemos todas as regras, como iremos saber que estamos as desrespeitando?

– Silêncio! - Gritou a Rainha de Copas. - Declaro o início do jogo.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "De Volta Ao País Das Maravilhas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.