Acordei no meio da madrugada, sem sono resolvi descer e fazer um lanche. Preparei um sanduiche com peito de peru e cheddar, também fiz um copo de leite com Nescau bem gelado. Liguei a TV e assisti um pouco de South Park.

          Quando meu pai saiu do quarto todo café da manhã já havia sido feito, não tinha muitas habilidades na cozinha, porém usei a cafeteira com precisão.

-Silena. – Edward me cumprimentou friamente, pegou uma maça e foi direto para seu escritório.

           Eu sabia que isso tudo era por causa desse encontro com o juiz, por isso não fiquei tão magoada, respirei fundo e voltei a me concentrar. Infelizmente minha frigideira estava em chamas, então disse adeus aos meus ovos mexidos.

            Decidida de que faltaria a escola hoje, me joguei no sofá com o controle e meu celular. Henry, Jason e Quione também matariam a aula, não era por menos, a invasão de Michigan por trevas era mais importante do que o cosseno de alfa.

                               *                   *                   *

           Corria pelas ruas da cidade apressada, nem me importando se batia nas pessoas ou se derrubava alguém. A reunião era as uma, a audiência as duas, tinha uma hora para fazer um trajeto de pelo menos duas até o tribunal. Deus me ajude!

          Quando cheguei a Starbucks todos já estavam lá, me joguei na mesinha respirando ofegante, meu cabelo estava um lixo e minha blusa dos Beatles estava suada, se não me conhecessem poderiam pensar que eu tinha acabado de correr com estrelas do futebol.

-Hey, Sil! – Henry me cumprimentou. – Pegamos seu café, é de chocolate chip. - Tomei quatro goles de uma só vez, na quinta golada resolvi falar.

-Ok, fale o que descobriu Henry.

-Precisamos unir nossos poderes para vencer o que está chegando. Mas primeiro devemos descobrir com o que, ou quem nós vamos lutar. Precisamos voltar ao lago. Juntos.

                             *                   *                 *

           Peguei um taxi exatamente às uma e meia, porém o veículo era lento demais a meu ver, porém não podia arriscar tudo descendo e ir ao tribunal andando.

-Cathy! – Exclamei quando a vi, sentada em uma poltrona vermelha, lendo uma revista velha e rabiscada, dessas que se vê em salas de esperas.

-Sil! – Ela respondeu me dando um abraço. – É tão bom ver você.

-Eu também acho. Onde estão mamãe e papai? – Perguntei olhando ao redor.

-Não faço a mínima ideia, mas não estão felizes com seu atraso.

             Em poucos instantes a audiência começou. Devo dizer, preferiria ser torturada por uma dessas prisões turcas, ao invés de ficar horas em uma sala sem ar condicionado, com um juiz irritante falando. No final, me lembro apenas de Cathy voltar a morar conosco até Esme conseguir um emprego e moradia fixa, porém mamãe poderia nos ver duas vezes por semana.

            Assim que sai do prédio meu telefone tocou, fui o mais discreta possível, atendendo longe dos meus pais.

-Alô? – O número estava restrito.

-Henderson. – A voz do outro lado era impossível de se esquecer.

-Tempestt? Como conseguiu esse celular? – Perguntei.

-Um idiota estava com ele no bolso da calça, enfim isso não importa. Presta atenção, vamos nos encontrar no lago as oito na sexta, perto da antiga loja de pesca. Não se atrase. – Tentei responder, porém o tu tu tu dizia que ela já tinha desligado.

-Tudo bem, filha? – Meu pai perguntou, feliz por ter ganhando a batalha com Esme.

-Sim. Apenas alguns probleminhas de escola.