Flawz escrita por ChocolateQuente


Capítulo 12
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

*-*



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Gabriel

– Meu pai trabalhava pra caramba. – eu comecei e vi de soslaio que ela me encarava. – Eu sempre entendi isso, já que minha mãe não trabalha ele tem que sustentar toda a casa. – eu respirei fundo. – Eu queria ser como ele. Arquiteto de nome. – eu forcei um riso e ela sorriu me encarando. – Então um dia resolvi ir a seu trabalho visitá-lo. Quando cheguei, a secretária me encarou de olhos arregalados e eu disse que precisava vê-lo. Ela me mandou esperar em uma sala e correu apressada para falar com ele. Saí da sala e fui procurar a sala do meu pai. Encontrei uma com uma placa enorme com seu nome escrito. Abri a porta e parei encarando meu pai com uma mulher linda sentada na mesa. Eles conversavam animadamente e então ela levantou lhe perguntando a que horas ele chegaria em casa. Tomei um susto e voltei à sala esperando que ele viesse me ver. – eu balancei a cabeça e passei a mão no cabelo. – Ele veio e me disse que não iria voltar pra casa naquele dia. – Mel abriu a boca.

– Seu pai tinha uma amante? – ela perguntou e eu assenti.

– Não só uma amante, mas... Outra família. – eu disse e ela abriu a boca sem conseguir dizer nada. – Com direito a dois filhos e uma linda mulher. – eu ri forçadamente.

– E sua mãe?

– Essa é a pior parte. – eu falei com nojo. – Minha mãe sabe. Ela sabe, mas... Ela não quer deixá-lo. Não sei se é porque não trabalha e nós dependemos dele ou se é porque o ama. De qualquer forma isso é doentio. – eu disse agitando as mãos no ar, sentindo uma raiva súbita me atingir. – Ficar com uma pessoa que te engana, te trai. – eu balancei a cabeça.

– Não a julgue. Ajude-a. – ela disse e eu a encarei.

– Como?

– Seja um bom filho e mostre que ela não precisa dele. Que ela não precisa passar por isso. – ela balançou a cabeça. – Ela precisa viver a vida dela. – ela disse e eu concordei. Ficamos calados e então ele se aproximou, encostando sua cabeça em meu ombro.

– Sinto raiva disso. - eu murmurei.

– Não é raiva Gabe, é tristeza. Está infeliz com isso. - ela disse e eu senti que ela estava certa.

– Somos tão novos pra passar por isso tudo. – ela disse se aconchegando em mim. Puxei-a pra mais perto e a abracei.

– Tem razão. – eu sussurrei.

– Queria ficar aqui pra sempre. – ela suspirou e eu sorri percebendo que queria o mesmo.

*************

Meu celular apitou quando paramos em frente a sua casa novamente.

– Tudo bem? – ela perguntou ao ver minha expressão.

– É minha mãe. Meu pai está em casa e ela quer saber que horas eu chego. – eu disse em um suspiro.

– Quer ficar aqui um pouco? – ela perguntou e eu sorri.

– Acho que sim. – eu disse e ela sorriu.

Entramos em sua casa pelos fundos, e subimos as escadas cuidadosamente para que não nos vissem.

– Entra aí. – ela apontou para uma porta.

Mel? – alguém a chamou e ela me empurrou para o quarto.

– Já estou indo mãe. – ela gritou fechando a porta. Fiquei sozinho em seu quarto. Estava tudo arrumado ao seu modo. A cama grande estava coberta com uma colcha colorida e havia flores iguais as que tinham nos jardins, em um vaso na mesa de cabeceira, que estava preenchida com livros. Uma estante de livro cobria quase uma parede inteira do quarto. E a outra era repleta de fotos em que Samuel e sua mãe apareciam na maioria, outras fotos eram da Torre Eiffel, da Fontana di Trevi, Big Bang, e outros. Sorri. Andei até sua cama e vi um caderno customizado com fotos e desenhos. Abri-o e li a primeira página, datada de dois anos trás.

“Céu azul, quase lilás. Ar limpo. Posso respirar. Aqui eu posso. Aqui. Nesse lugar. Meu lugar. Despertador tocando, me chamando pra realidade. Realidade me assusta, como se monstros estivessem de prontidão pra me atacar. Não, eu não vou sair daqui. Não agora. É aqui que me refugio desde que você se foi. Preciso de mais tempo. Tempo pra respirar e me sentir limpa. Me sentir viva. Não, não estou inalcançável, só longe o suficiente dessa realidade pavorosa que conheço bem. Deixe-me aqui, na minha terra. Há flores por toda a parte, e os pássaros espalham seu néctar garantindo-me que nunca faltarão cor e perfume suave por aqui. Há barcos nos rios. Barcos de papel. Parecem tão pequenos vistos de longe, mas é possível navegar neles. Fecho os olhos, sem medo de me perder. O barco é guiado pelo som de uma música. Música. Que música é essa? Não importa. Aqui nada importa. Aqui eu repouso em mim mesma, achando sem querer respostas que nem queria encontrar.”

Sorri ao ler o texto. Mel tinha escrito aquilo?

– Você leu? – ela perguntou e eu fechei o livro em sobressalto. Encarei-a e ela sorriu sentando-se do outro lado da cama.

– Só o primeiro. – admiti. – Voce escreveu isto? - perguntei e ela assentiu com a cabeça.

– Sale sempre lê escondido. – ela sorriu.

– Lê pra mim? – eu pedi e ela balançou a cabeça negativamente. – Por favor. – eu pedi passando-lhe o caderno. Ela hesitou, mas pegou e passou a mão na capa. Abriu-o e folheou as páginas, até parar em uma. Ela se deitou de costas e segurou o caderno acima de sua cabeça, na direção dos seus olhos. Deitei-me também, encarando o teto e ouvindo sua voz doce ecoar em meus ouvidos.

Estranho seria eu não me apaixonar por ele. Suas feições fortes, seus olhos ocre, seu cabelo espetado, seu nariz afinado e os seus lábios finos e bem desenhados. Mas não é só isso que me faz amá-lo. Há mais. Muito mais. Bobagens nele tornam-o único e me faz apenas querer estar ao seu lado. – ela começou e eu sorri, sentindo uma alegria descomunal me preencher.




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Notas finais do capítulo

Posto a segunda parte do capítulo mais tarde, ok? . O que acharam? Comentem por favor. *-*,
P.S. Alguém leria uma fic com Bruno Mars?