Meus Segredos. escrita por Val-sensei


Capítulo 2
Capítulo 2




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Ela para ao seu lado e vê que o ruivo viajava em pensamentos olhando o lírio em uma de suas mãos e a outra passando delicadamente pelas pétalas grandes e azuis que formavam a flor que ela sempre mais gostou, imaginou-se sendo tocada por ele, se repreendeu e vendo que ele estava tão fundo em seus pensamentos que nem seus sentidos de guerreiro a detectou ali do lado dele.

- Não consegue dormir Kenshin? – Sua voz doce em uma forma de pergunta entrou como musica em seus ouvidos, ele nunca imaginou que ela estaria acordada àquela hora da noite, saindo de seus pensamentos mais sombrios virou o rosto para o lado fechou os olhos e deu um sorriso terno a ela.

- Senhorita Kaoro! – Sua voz surpresa saiu e ele abriu seus olhos quase violetas para olha-la. - Perdi o sono, resolvi ficar aqui e sentir a brisa da noite. – Ele vê o vento batendo cabelos negros e soltos dela, seus olhos azuis serenos e cativantes, cheio de vida e de pureza. – Também está sem sono? – Ele perguntou vendo-a sentar-se ao seu lado, escorar na pilastra que seguia na horizontal ajudando a firmar o telhado, meio sem jeito ela olhou para o céu, sentindo a brisa tocar seu rosto.

- Eu perdi o sono e vi que você estava acordado, pensei em lhe fazer companhia. – Ela ficou meio rubra, mas ele não percebeu.

O silêncio pairou no ar alguns instantes, alguns grilos e bichos noturnos quebravam o silêncio da noite e feito pelos dois.

-Senhorita Kaoro! – Kenshin resolve quebrar o silêncio.

- O que foi Kenshin? – Ela tinha vontade de colocar a cabeça sobre seu ombro, mas não tinha coragem, apenas deixava seus olhos vagarem pelo rosto enigmático dele, depois volta a olhar a noite cheia de belezas.

- Eu... Queria falar mais de mim para a senhorita... – Ele não a olhou, manteve os seus olhos no lírio tão azul tão as flor era tão meiga quanto os olhos da sua dama, porém ele sabia que se dissesse ele poderia perdê-la para sempre, mas ele tinha que arriscar, pois só saberia se ela continuaria ao seu lado ou se ele voltaria a ser um andarilho esquecendo aquele amor e voltar a vagar sem um rumo certo.

- Eu já lhe disse que o seu passado não me importa Kenshin. – Ela tocou a mão delicada sobre a dele.

- Eu sei o que a senhorita disse, mesmo assim... Eu preciso lhe dizer... – Ele a encarou e depositou o belo lírio sobre o colo dela.

Kaoro soube que aquele lírio era pra ela.

“Será que ele está me amando”. – Ela se pergunta vendo ele a encarar com seu rosto serio, seus olhos quase violetas olhando nos azuis dela tão penetrantes que ela achou que fosse ir para o céu, seu coração começou a bater descompassado quando viu desviar o olhar e tocar com a outra mão sobre a dela.

- Eu fui casado... – A voz dele soou tão fraca que as palavras se perderam no ar, entrando nos ouvidos da Kaoro fazendo seu coração disparar ainda mais, fez com que ela tirasse a mão das mãos dele e formava varias e varias perguntas em sua mente.

Kenshin a olhava esperando alguma palavra, só percebeu que ela se assustou um pouco com suas palavras, porém esperou ela processar aquelas pequenas palavras.

“Então Kenshin tem alguém em seu coração, mas o que será que aconteceu com ela? Eu não vou ter mais uma chance com ele?” Kaoro processava as palavras ditas pelo runori que aprendeu a gostar.

- Vocês... Estão separados? – Ela perguntou de uma forma fria e triste, tanto que ele percebeu isso nas palavras dela. – Você tem filhos?

-Não deu tempo de ter filhos. – Ele sorriu meio torto e sua expressão mudou quando ele resolveu terminar as respostas. – Eu a matei senhorita Kaoro... – Ele olhou a luz da meia lua que enfeitava o céu escuro.

Kaoro se levantou de uma forma rápida que Kenshin percebeu e começou a andar, mas ele a segurou no braço.

- Eu não terminei de contar o que aconteceu... – Ele falou triste, mas ela o olhou com lagrimas nos olhos e desvencilhou-se de sua mão e correu o mais rápido que pode para o seu quarto.

Kenshin viu o vago deixado por ela, sua cabeça baixou e um grande suspiro saiu de seus lábios. Agora ele sabia que ia voltar a ser um andarilho, ele sabia que ali não era mais seu lugar. Agora era tarde de mais pra voltar atrás. Sua culpa invadia a alma novamente. Aquele acidente com a Tomoe marcou profundamente a sua alma tanto que ele se culpava, agora ao tentar contar o seu passado a senhorita Kaoro viu que ela ficou triste com a sua revelação, talvez assustada, mas agora ele não podia mais ficar ali, agora não era mais seu lugar e dando um passo à frente ele olha o chão e vê o lírio esmagado pelos passos apressados. Kenshin se abaixa e pega o lírio azul e tenta desamassar suas pétalas, mas em vão, era assim que se sentia agora, esmagado, como um nada.

Kenshin caminha ate o seu quarto e veste a sua típica roupa uma camisa grade e rosa, com mangas até próximo ao seu punho, um leve aberto no peito, sua calça também larga que vai abrindo até próximo aos seus pés, na cor branca, coloca seu chinelo de dedo, pega sua sakabatou e coloca em seu sinto do lado esquerdo e sai do quarto. Ele caminha até a porta do quarto dela e pousa o lírio amassado bem rente a porta.

- Adeus senhorita Kaoro... – Ele sussurrou só para o seus ouvidos e caminhou passos silenciosos e apressados até aporta de saída do dojo Kamiya Kashin.

Parou e olhou o grande portão de madeira que se dividia em dois, bastava abri-lo e ele começaria a sua nova jornada, uma jornada que ele achou que tinha acabado e que ele tinha achado o aconchego de amigos e um amor, mas ele estava realmente enganado, seus sentimentos nunca alçaram a dama que ele admirou desde o primeiro dia que ele a viu enfrentar um falso battousai e ser ferida pela katana do mesmo, se ele não tivesse agido rápido ela estaria morta. Desde aquele dia ela tem ocupado seu coração, com sua coragem, com sua determinação, com seu gênio forte, mas com seu olhar meigo e seu jeito gentil, mas agora tudo tinha morrido e ele voltaria a andar, andar sem um rumo certo e com seu coração em pedaços ele abriu o portão e saiu o fechando delicadamente e sem olhar para trás ele rumou em direção à luz do luar que agora era coberto por nuvens grossas e espessa tampando a metade da lua e deixando o céu negro e escuro.

Depois de caminhar algumas horas por uma rua completamente deserta, pois todos estavam em suas camas dormindo confortavelmente. Kenshin está perdido em seus pensamentos, sua franja ruiva cobriam um pouco seus olhos tampando a sua tristeza e seu coração partido, quando ouve uma doce voz lhe chamar.

- Kenshin... – Ele se virou reconhecendo a voz da bela dama que acabara de sair de uma casa.

- Senhorita Megumi, como sempre atendendo os seus pacientes em qualquer hora. Realmente és uma excelente médica. – Ele tentou não mostrar a sua tristeza, tentando manter seu jeito natural da melhor maneira possível, mas a medica o conhecia muito bem.

- E você por que está andando a essa hora da noite? – Ela perguntou pondo se ao seu lado e viu-o abaixar um pouco a cabeça.

- Eu estava tomando um ar. – Ele respondeu caminhando ao lado dela. – Acompanharei a senhorita até a casa do doutor, é perigoso andar sozinha por essas ruas desertas. – Ele falou e continuou acompanhando a aprendiz de medicina.

Em um silêncio constrangedor eles andaram lado a lado até chegar a casa onde Megumi estava hospedada.

Megumi abriu o portão de madeira e foi caminhando, mas se virou e viu Kenshin parado.

- Não quer entrar? – Ela perguntou vendo seus olhos escondidos por baixo da sua franja ruiva, ele não queria encara-la, sabia que ela já tinha percebido.

- Eu vou continuar a andar... – Ele se virou e deu um passo, mas viu-a segurar seu braço,

- Vem logo Kenshin e me diz o que aconteceu que você não esta no dojo da Kaoro. – Megumi o puxou para dentro e fechou o portão a sua frente.

Megumi caminhou até um banco debaixo de uma arvore no fundo do quintal e sentou-se começando a ver a escuridão começando a sumir lentamente.

Kenshin a seguiu e sentou ao seu lado, não queria voltar naquele assunto, mas tinha a necessidade de se abrir com alguém e ninguém melhor que a sua amiga medica que o conhecia muito bem e já tinha tratado de suas feridas varias e varias vezes.

- Então Kenshin diga-me o que ouve no dojo? – Ela perguntou o olhando, mas resolveu fazer a pergunta diferente. – Melhor o que ouve com você e a Kaoro?

Kenshin suspirou fundo, sua cabeça um pouco baixa, sua dor agora era visível, nem a dor da espada de um inimigo doía tanto.

- Ela não me deixou explicar o que aconteceu naquele dia. – Ele ainda permanecia de cabeça baixa.

- Kenshin seja mais claro. – Ela olhou cerrando os olhos e confusa.

- Senhorita Megumi. – Começou a falar com uma tristeza muito grande na voz. – Eu fui casado... – Ele deixou as palavras voarem junto com o vento.

- Separou-se da sua esposa? – Megumi perguntou intrigada.

- Não, eu a matei... – Ele falou temendo que ela fugisse dele também, mas pelo contrario outra pergunta veio.

- Conte-me como foi? – Ela queria desvendar o mistério do andarilho que um dia a ajudou a sair do fundo do poço e viver para ajudar as pessoas.

- Ela me disse: “Você realmente faz chover sangue”. – Kenshin suspirou fundo e prosseguiu. – Foi quando eu há vi pela primeira. Eu ainda participava da guerra e sem saber havia matado o noivo dela. – Kenshin olhou o céu que clareava vagarosamente. – Na noite que eu a conheci ela estava bêbada, levei ela para a pensão onde eu ficava, mas não tinha quartos, ela acabou ficando no meu quarto. Estavam contra o nosso clã na era do xogunato, descobriram onde nos estávamos e pra disfarçar mudamos de Kyoto e passamos a ser marido e mulher, mas nos apaixonamos de verdade. – Ele parou um pouco se levantou e virou de costa para medica. – Izuka-san, um de nossos membros me avisou que ela era uma espiã que queria vingança por ter matado o noivo dela. – Ele a olhou e voltou a historia. – Li uma parte do diário dela e ela havia indo embora, mas eu fui atrás dela. – Algumas lagrimas escorriam em seus olhos,  a dor e a culpa ainda estava no seu peito. – Eu lutei bravamente eu ia matar o homem do xogunato, mas não vi quando ela se colocou na frente da minha katana e a lamina atravessou os dois corpos. – Megumi via as lagrimas de Kenshin escorrer pela face dele e continuou ouvindo. – A culpa foi minha, eu matei o noivo dela, eu a matei e no fim compreendi a dor que ela carregou no peito. –Kenshin sentiu Megume abraça-lo.

- Não foi sua culpa, ela queria te proteger. – Ela acariciou o cabelo longo e ruivo dele. – E por que não terminou de contar a Kaoro.

- Ela saiu chorando antes que eu terminasse... – Kenshin se desvencilhou dos braços dela. – Agora eu voltarei a ser um runori sem rumo – Ele já ia caminhando novamente quando ela o gritou.

Ele virou-se e ela disse;

- Fique e descase. Também se acalme um pouco, assim que acabar de amanhecer eu vou falar com a Kaoro – Ela estava determinada, pois ele não tivera culpa foi um acaso do destino e Kaoro nem o deixou terminar de explicar, como sempre ela sempre entendia errado.

Megumi viu Kenshin se sentar no futtun em um quarto e foi preparar um chá, logo ela trouxe para acalmar o ex-hittokiri.

Ele bebericou o chá que saia uma leve fumaça, agradeceu a moça e olhou pela janela, o dia ainda não tinha nascido, mas a leve claridade já anunciava que logo seria um novo dia. Megume o deixou ali no quarto e foi descansar um pouco assim que o sol surgisse ela iria falar com Kaoro.

Os primeiros raios de sol já adentravam a janela do quarto de Kaoro, seus olhos inchados de tanto chorar e pensar por qual motivo Kenshin havia matado a sua primeira esposa. Há duvida pairava em sua mente ela não entendia o porquê dele ter matado ela, qual motivo e por que ele estaria revelando para ela naquela hora. Com esses pensamentos ela se sentou na cama e falou para si mesma.

- O Kenshin tem que ter uma explicação – Ela levantou passou a mão no rosto secando as lagrimas que ainda insistiam em cair, foi ao banheiro lavou o rosto.

Ela abriu a porta do quarto e viu o lírio azul amassado bem diante dos seus pés. Ela abaixou e pegou o lírio, sentiu um aperto em seu coração, saiu correndo em direção ao quarto dele quando chegou lá puxou a porta e viu o futtun dobrado, o quarto vazio e iluminado pelos primeiros raios de sol.

- Yahiko... – gritou o garoto o mais rápido que pode e no susto o jovem saiu à porta de seu quarto e viu que ela o procurava.

- O que você quer sua feiosa? – ele gostava de chama-la assim só para ver brava, mas dessa vez foi em vão.

- Viu o Kenshin? – perguntou desesperada, queria reposta, queria saber o que aconteceu de verdade, mas ela não tinha dado chance antes, mas agora ela queria saber a todo custo ela queria saber o que ouve e por que ele estava se abrindo com ela.

- Não o vi – Ele respondeu esfregando os olhos com a costa da mão. – Não esta dormindo?

- Não, acabei de vir do quarto dele – Mas uma vez o seu coração aperto, ela levou as duas mãos ao kimono próximo ao seu peito, algo lhe dizia que ele tinha ido embora e dessa vez ele não voltaria.

Deixou o Yahiko e correu novamente ao seu quarto, vestiu seu kimono de passeio e ia procura por ele.

Já ia saindo a porta do seu lar quando deu de cara com a Megume que abria um dos lados do imenso portão de madeira.

As duas se olharam e Kaoro pode mostrar os seus olhos azuis e trêmulos quando ouviu a aprendiz de medicina dizer.

- Preciso falar com você - Megume estava seria e a encarava fixamente.

- Não tenho tempo agora, tenho que procurar o Kenshin.

- E sobre ele mesmo que eu quero falar.

Os olhos de Kaoro se regalaram, e desviaram para o céu azul e límpido daquela manha, alguns passaram cantavam alegres nas arvores em volta do dojo anunciando que o novo dia já havia chegado. 


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