[Na tarde daquele mesmo dia...]

– Eu não acredito que aquele idiota barrou esse projeto outra vez! – entrei no meu escritório, gritando e jogando as folhas na mesa. Alice deu um pulo na cadeira ao lado da minha mesa. Coloquei uma mão na testa e, prontamente, ela apareceu com um copo de água e uma Aspirina.

– O que ele aprontou dessa vez?

– Obrigada... Ah, lembra do projeto do pessoal de marketing para uma nova propaganda lindíssima? Aquele que nós achamos incrivelmente bom, e que o departamento inteiro aprovou? Pois bem, aquele ser do inferno disse que o custo seria alto demais. Alto demais... Custo alto demais é o... – engoli o remédio para me impedir de falar um palavrão.

Alice agarrou meus ombros gentilmente e olhou em meus olhos.

– Acalme-se, Bella... Me acompanhe... – ela respirou fundo duas vezes; eu a imitei – Muito bem... Feche os olhos e imagine seu "lugar de tranquilidade"...

Respirei fundo mais duas vezes e fiz o que ela mandou. Meu lugar de tranquilidade apareceu em minha mente, perfeito: flores silvestres crescendo ao redor de um lago, árvores que sopravam um vento refrescante em meu rosto, uma cachoeira ao fundo e, dentro da água, com o peito nu definido, ele, o homem dos meus sonhos...

– Emmett. – Alice soltou meus ombros, pigarreando.

– Caramba! Como você sabia que eu estava pensando...?

– Emmett! – ela sibilou entre dentes, me dando uma cotovelada nas costelas. Eu abri os olhos rapidamente e olhei em direção a porta. O Deus Grego mais belo do Olimpo me olhava com um ar divertido. Eu corei imediatamente.

– Dor de cabeça outra vez, Isabella? – ele brincou, sorrindo de maneira espetacularmente divina.

Minhas pernas bambearam. Minha boca abriu-se ligeiramente. Meus olhos estavam arregalados. Alguns segundos depois, percebendo que eu não falaria tão cedo, Alice tomou a palavra.

– Ela teve outra discussão com Edward, Sr. McCarty.

– Claro... Eu devia ter adivinhado.

Acorda, Bella! Planeta Terra chamando! Diz alguma coisa!!

– E-eu... Gostei da sua gravata. – balbuciei como uma idiota.

Resposta errada, Isabella. Era melhor ter ficado quieta...

– Ahn... Obrigado – ele disse, passando uma das mãos em seu pescoço, me enlouquecendo.

Balancei a cabeça, tentando clarear meus pensamentos, e resolvi me abrir com aquele homem 3x4, másculo, lindo de morrer, e que me fazia ter pensamentos pervertidos.

– Não sei porque o mantém na empresa, Emmett. Na última reunião, vimos que os lucros caíram 15%, e eu tenho certeza que foi por causa dos projetos que aquele filho de uma pu... puríssima mãe barrou! - Alice servia um café enquanto eu continuava despejando minha infelicidade em cima do meu chefe - Ele nega todos os projetos que meu departamento apresenta, inclusive a belíssima propaganda que o pessoal de marketing criou, que eu comentei com você certa vez, e você gostou, mas ele? Nããão, ele não aprova! Eu inclusive mandei reescreverem o projeto, baixando o custo, mas ele simplesmente nega sem nem ao menos pensar no assunto! Eu não sei o que...

– Acalme-se, Bella. – Alice sussurrou audivelmente, me interrompendo. Eu parei no meio da sala – não percebi que estava andando de um lado para outro – e encarei os rostos assustados de meus dois acompanhantes.

– Me desculpem... – sussurrei, suspirando – Mas Edward Cullen me tira do sério.

Emmett olhou para mim com um olhar compreensivo.

– Olha, Bella, eu sei que você e o Edward não se dão muito bem e...

– Me desculpe, mas o único problema é aquele demônio metido a gerente – eu disse chateada, cruzando os braços no peito.

– Parece uma criança mal-criada fazendo isso – ele sorriu, um sorriso que não deveria ter perto de mim... Era um grande castigo ter esse homem lindo e maravilhoso sorrindo assim e não poder agarrá-lo!

Ele veio andando em minha direção. Ah, meu Deus! Perto, muito perto, muito perto!

Colocou as mãos em meus ombros e disse:

– Bella, eu sei que o Edward é uma pessoa difícil de lidar, mas ele não é tão ruim quanto você pensa. Seja paciente e eu tenho certeza que vocês vão se entender...

Mas eu não conseguia pensar, não enquanto suas mãos acariciavam gentilmente os meus ombros.

– Bella? – Ele me chamou

Acorda, Bella, sua imbecil!

– Claro, eu vou tentar... – respondi num fio de voz.

– Que ótimo, faça isso! De qualquer forma, eu vim aqui para falar com você sobre outro assunto.

Eu não respondi. Ainda estava meio abobada pelo toque despreocupado dele, e acho que ele percebeu meu estado humilhante e tirou as mãos dos meus ombros.

Ah! Droga!

– Como eu disse, eu queria falar com você sobre o Dia dos Namorados.

Hein? Será que ele percebeu que me ama também, e me pede em namoro hoje?

Meu coração pulou dentro do meu peito, e dar um sorriso foi inevitável.

– D-dia d-dos namorados? – Gaguejei.

– Sim... É uma ideia que eu tive somente agora e gostaria de partilhá-la com você antes de levá-la ao departamento de marketing. Acho que será um orçamento um pouco alto.

Meu sorriso desmoronou aí.

Como você é estúpida, Bella! – o diabinho gritava em minha cabeça. É lógico que seriam assuntos de trabalho! Hello, Bella, acorda! Até parece que Emmett McCarty sente alguma coisa por você!

Não, Bella – dizia o anjinho. Seja paciente... Um dia ele dirá que gosta de você!

Argh!

Balancei a cabeça, tentando banir aqueles dois dos meus pensamentos.

– Mas o Dia dos Namorados ainda está um pouco longe – eu disse sem vontade alguma.

– É, eu sei. De qualquer forma, é um assunto para ser tratado em reunião, na qual Edward também estará presente.

Aff!

– Ok, e quando será?

– Quinta-feira às 9h, na sala de reuniões do 7 andar.

– Tudo bem, estarei lá.

– Ótimo! – Ele deu outro sorriso perfeito e saiu de minha sala.

– Ah! – Eu me joguei no sofá do meu escritório, suspirando.

Eu estava tão cansada! Cansada de gostar de alguém que provavelmente nunca gostará de mim também. Cansada de Edward Cullen... Ah, Edward Cullen... se eu pudesse, eu o esganava!

– Sabe, Bella – Alice me chamou, me livrando de meus pensamentos maldosos sobre métodos de tortura que poderia aplicar em Edward – Acho que o Sr. McCarty tem razão. Talvez o Edward não seja uma pessoa tão ruim assim. Eu acho que ele pode ser um cara carente, com poucos amigos, que grita desesperadamente por atenção.

– Ou ele pode ser o filho do demo, que resolveu nos infernizar durante o resto de nossas vidas!

– Bella, é sério!

– Alice, a questão é justamente essa. Edward Cullen é tão arrogante e prepotente que ninguém quer ser seu amigo.

– Eu sei, mas ás vezes eu fico me perguntando se ele é assim sempre, ou se a intenção dele é mesmo nos sacanear. Afinal, por que razão McCarty tem tanto apreço e consideração a ponto de deixá-lo em um cargo que manda em todos nós?

– Olha, Alice, eu não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe!

– Credo, Bella! Também não precisa falar assim, né?

– Desculpe, Lice, é que realmente estou enlouquecendo.

– Eu entendo você, Bella. Bem, por que você não fica aí sentadinha enquanto eu busco um café para nós, hein?

– Me diz o que eu faria sem você?

– Com certeza nada, Belinha!

– Ok, não elogio mais.

Ela sorriu, sapeca, e saiu da sala. Eu resolvi seguir o conselho de minha amiga e me aconcheguei mais no sofá, fechando os olhos e relaxando. Continuei a imaginar lindas borboletas voando em um campo florido. Emmett corria ao meu lado entre as flores, nossas peles coradas por causa do sol... Nós paramos e ele segurou minha mão, o rosto próximo, cada vez mais próximo, os lindos olhos azuis próximos demais, boca próxima demais... E eu já estava pronta para beijar o homem dos meus sonhos...

– Nossa, tudo isso é vontade de me beijar?

Eu abri os olhos e me deparei com o diabo Cullen a centímetros do meu rosto, sorrindo feito um idiota.

– Ah, meu Deus! Seu doente! O que você faz aqui?

Ele sorriu zombeteiro.

– Eu estava te chamando e você começou a fazer bico pra mim. Não me diga que estava tendo sonhos eróticos comigo, Isabella?

O que?

– É sério, Edward, eu já estou por aqui com você! Me deixe em paz, eu não te aguento mais! – Esbravejei.

– Wow, calma! Você está muito estressada, sabia? Olha, eu tenho uma receita de um chá que é maravilhoso pra casos assim e…

– EDWARD, SAIA DA MINHA SALA!

Eu disse pausadamente pra ver se a anta entendia! Mas que mané chá, o que! Estou muito bem, e ele mantendo uma distância de 10 quilômetros de mim, eu fico melhor ainda!

– Bella, você está de TPM?

– Seu filho da…

– Bella!

De repente, a porta da minha sala se abriu e Alice apareceu com dois copos de café nas mãos.

– Alice, tire essa coisa daqui!

– Quem você chamou de coisa? – Ele perguntou estreitando os olhos.

– Cullen, por favor, volte para sua sala, não piore as coisas. - Alice pediu.

– Escute aqui, limpador de mamadeira, não se envolva, pois o assunto é entre mim e a nervosinha ali.

– Quem é limpador de mamadeira?

– Ora, você! Por acaso nunca se olhou no espelho? Se é que você consegue alcançar um...

Para mim, aquilo foi o estopim!

– Escute aqui, seu imbecil metido a gerente – eu disse o segurando pela gola da camisa cara – Eu não estou nem aí pro fato de você ser o queridinho do Emmett, mas ninguém, absolutamente ninguém, entra na minha sala e desrespeita minha secretária e a mim. Você está me entendendo?

– Perfeitamente, Srta. Swan – ele disse, tirando minhas mãos de sua camisa e ajeitando despreocupadamente o colarinho – Não quero problemas com você, uma vez que eu já descobri qual é o seu problema.

– Meu problema? Meu problema se deve ao fato de você simplesmente ter nascido!

Ele sorriu um estúpido sorriso torto! Argh, como eu odeio aquele sorriso!

– Muito bem, Senhoritas, vou voltar para minha sala. Ah, Alice? Leve sua chefinha para uma noitada qualquer dia desses. Nunca ouviu falar que mulheres que estão há muito tempo sem sexo ficam agressivas?

Ele soltou uma estrondosa gargalhada e saiu. Tanto eu quanto Alice ficamos sem reação alguma, apenas nos olhando boquiabertas. E eu fiz o que qualquer mulher financeiramente independente e bem sucedida faria numa situação dessas: desabei no choro.