Hikari Ni Furu Ame escrita por sorvetii_x3


Capítulo 1
Oneshot




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Estava frio. As nuvens encobriam completamente o céu, tingido-o de um cinza leve e acolhedor, a brisa era fraca e gélida, mas não chegava a incomodar. Era um clima perfeito.

O maço de cigarros que comprar ao sair de casa já estava quase na metade, as pernas ainda não havia parado de tremer desde que sentara naquele banco cor de grama, os olhos castanho esverdeados não cansavam de correr de um lado a outro da rua movimentada, procurando em cada rosto os traços finos que, apesar do tempo, eram inesquecivelmente únicos.  

Olhou mais uma vez no relógio, uma e oito da tarde. Suspirou, tentando acalmar as borboletas que voavam sem controle em seu estômago, já estava na hora, a qualquer momento ele apareceria.

Mas esse pensamento teve o efeito contrário, as borboletas somente se ouriçaram ainda mais.

Tinha que distrair. Checou suas roupas, uma calça jeans escura um pouco justa, mas nada que marcasse demais seu corpo, um cinto branco caído um pouco de lado, uma fina corrente prateada do outro lado, uma regata preta com uma estampa discreta, um casaco de mesma cor por cima e seu fiel all star surrado. É, estava bom. Ajeitou os rebeldes fios ruivos que teimavam em dançar com o vento e voltou a vasculhar a rua.

Não conseguia esconder sua ansiedade, ela estava estampada em sua testa. Há quanto tempo não se viam? 10 meses? Um ano? Não se lembrava ao certo, mais com certeza não teve nenhum dia em que não lembrasse daquele rosto, daquelas palavras, daqueles lábios. Não conseguia conter a alegria ao saber que o veria de novo, mas mesmo assim ainda tinha medo. Medo de algo mudar, medo do sentimento não ser mais o mesmo, medo de uma possível rejeição...E esse medo era insuportável.

- Shuu-chan? – Tudo sumiu da sua mente quando aquela voz penetrou seus ouvidos, virou o rosto para o lado, deparando-se finalmente com o responsável por toda sua ansiedade. E foi como se o mundo tivesse parado de girar. Ele estava da mesma forma que da última vez que se lembrava, os cabelos negros, agora um pouco maiores, caíam desregulares sobre o rosto pálido e aveludado, o corpo magro e esguio se mantinha da mesma forma, até a forma de colocar as mãos no bolso era a mesma, e o sorriso, ah, o sorriso. Aquele sorriso que era capaz de fazer seu coração quase explodir, seu rosto corar e qualquer preocupação desaparecer completamente de seu interior.

Foi involuntário os lábios pálidos pelo frio se curvarem em um enorme sorriso.

E no segundo seguinte a distância já não existia mais, ambos estavam unidos em um abraço recheado de saudades, sentimentos confusos e palavras mudas. O abraço demorou vários minutos, mais para eles não passaram de segundos que podiam ter sido eternidades.

Abraço desfeito, os olhos agora estavam fixos um no outro, e era indescritível a intensidade daquele olhar, a quantidade de sentimentos que estavam contidos nele era imensurável, era algo único e recheado de segredos, segredos só deles, e de mais ninguém.

- Eu acho que você diminuiu alguns centímetros. – As palavras deixavam os lábios sorridentes do moreno como sussurros, enquanto as mãos pálidas acariciavam os sedosos cabelos ruivos de que tanto tivera saudade. Ele riu.

- Foi você que cresceu, idiota. – Respondeu, fingindo se sentir ofendido, mais a alegria transbordava em sua expressão, era impossível escondê-la.  

O sorriso ainda não havia sumido quando os lábios se juntaram, o beijo era calmo, ambos apenas queriam sentir novamente o gosto um do outro, o sabor do laço que haviam feito e que nenhuma distância conseguir quebrar. Mas não durou muito, apesar de ambos querer que durasse para sempre.

- P-pára Kou...Estamos no meio da rua. – O ruivo ainda não havia aberto os olhos quando disse aquela frase, as bochechas avermelhadas enquanto sua mente ainda estava entorpecida por aquele beijo, saboreando o gosto viciante daqueles lábios finos e bem desenhados.

- Tudo bem então, sairemos daqui. – O outro disse quase na mesma hora, puxando-o pelo braço enquanto começava a andar.

- E-espera, para onde vamos? – Shuichi corria um pouco para acompanhar o outro, a diferença do tamanho de suas pernas para a dele fazia diferença em um momento como este.

- Eu não disse que iria te mostrar o Mickey da parede do meu quarto? Então.  – O moreno respondia sorrindo, ainda sem parar de caminhar, e o outro não pode deixar de rir, como poderia esquecer do Mickey.

Não demorou muito para chegarem ao apartamento do maior, que assim que ambos entraram no mesmo não perdeu tempo em procurar novamente os lábios do ruivinho, que retribuiu prontamente. Agora as línguas se cruzavam com mais voracidade, o mais novo não se deixava levar completamente pelo outro, estava tão leve que era quase como se voasse, sentir aqueles lábios estava bem melhor do que se lembrava.

Kouta segurava o outro pela cintura carinhosamente, encaminhando-o, sem deixar de beijá-lo, até uma porta mais ao fim do corredor, que era seu quarto. Acendeu as luzes ao passar pelo interruptor, logo depois empurrando levemente o outro para a cama, até estar deitado sobre ele. As caricias foram diminuindo de intensidade aos poucos, assim como o beijo, e logo eram apenas os lábios que se tocavam superficialmente, os olhos fechados e a gama de sentimentos que começava a se mostrar novamente.

Após se separarem os olhos mantiveram o contato por longos segundos, até o maior depositar um pequeno beijo na testa de Shuichi, e logo depois se deitar ao lado deste, que não demorou a se virar de lado, apoiando se rosto no ombro do moreno, aninhando-se no calor daquele corpo que tanto esperou sentir de novo.

- Então Shuu-chan, diga oi pro Mickey. – A voz aveludada do moreno cortou o silêncio, indicando um Mickey desenhado na parede do quarto enquanto acariciava de leve os cabelos ruivos, o que fez o menor rir novamente.

- Oi Mickey. – Disse, ainda rindo. Sentiu-se idiota por pensar nisso, mais no fundo sentiu uma pontada de inveja aquele boneco na parede. Ele podia olhar todos os dias para Kouta, enquanto ele tinha que se conformar em vê-lo poucas vezes, com um intervalo de tempo de meses.

Era injusto, e doía.

O peso do silencia começou a se mostrar presente, longos minutos já haviam se passado e nenhum deles dizia mais nada, ambos estavam imersos em seus próprios pensamentos, e no caso de Shuichi, lutava contra os fantasmas de seus medos e contra as lágrimas que teimavam em queimar os olhos, só de lembrar que, dali a apenas algumas horas teria de se separar de Kouta.

- Nee, Kou-chan... – O menor começou, hesitante, a voz fraca, quase inaudível.

- uhm. – O moreno soltou um murmúrio baixo, indicando que ele continuasse.

- Você...Faria uma promessa comigo? – Disse, finalmente. Um sorriso com um toque de melancolia decorava seus lábios enquanto ele se virava para encarar o outro.

- Que tipo de promessa? – Perguntou, os olhares mantendo contato direto novamente, e a resposta demorou a vir.

- Me prometa que não vai se esquecer de mim, que vai me esperar até eu poder ficar aqui? – As palavras saíram acompanhadas de lágrimas dolorosas que estavam sendo guardadas há meses. Precisava dessa promessa, precisava saber que realmente valeria a pena continuar com aquilo, que teria a única coisa que lhe era realmente importante lhe esperando quando finalmente pudesse ficar junto dela. Se tivesse aquilo, não precisava de mais nada.

O silêncio reinou novamente por alguns longos segundos, mas logo foi cortado por um sorriso acolhedor e um quente abraço.

- Eu nunca iria me esquecer de você, e eu vou te esperar, seja pelo tempo que for. 

E aquelas palavras foram o suficiente para fazer as lágrimas desaparecerem. Nunca iria entender qual era o poder que as palavras, os gestos, que tudo no outro tinha sobre si, mas era necessário somente uma palavra dele para que tudo ficasse calmo, os problemas desapareciam, e tudo era perfeito naqueles eternos minutos. Mas só sabia que, depois daquela promessa, suportaria tudo, não importa o que fosse, e a tornaria realidade. Nada mais tinha importância, somente eles e aquela promessa.

 


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Notas finais do capítulo

É, as pessoas as vezes precisam fazer coisas fofas :3
reviews serão bem aceitos por uma autora quase aposentada (?)