Do You Love Me? escrita por Eloisa Carvalho


Capítulo 5
Cap. 5 - Cinco minutos




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/331514/chapter/5

Uma única e pequena faixa de luz solar que entrava pela janela pousava bem no meu rosto quando eu acordei. A luz direta no olho me deixou com um pouco de dor de cabeça. Virei para o outro lado, e permiti que meus olhos fechassem por mais alguns minutos até eu me recuperar da luminosidade intensa que queimava as poucas lembranças de um sonho confuso. Aquela mesma imagem que tive enquanto estava sentada com Liam no banco. Fiquei com os olhos fechados por mais cinco minutos e depois fui no banheiro me 'esvaziar'. Peguei meu celular para ver que horas eram, e na tela marcava onze horas e trinta minutos. O almoço deveria estar sendo preparado aquela hora. Não me importo em trocar de roupa ou colocar um roupão por cima do pijama. Nem mesmo em dar uma penteada no cabelo. Desço as escadas e vou direto para a cozinha.

Para minha surpresa não tinha nenhum cheiro de comida ou sinal de que tinha gente sentada na mesa pronta para comer. Peguei um copo, coloquei leite e duas colheres de achocolatado, misturei, dei uns goles e fui para a sala ligar a TV. Sentei no sofá e tomei mais um gole do liquido no meu copo. Ouvi um carro estacionando em frente à casa de minha tia. Fui dar uma olhada pela janela para ver quem era. Era Liam. Subi as escadas correndo e tomando cuidado para não derramar achocolatado no chão. Entrei no quarto e me arrumei em cinco minutos. Bom, me arrumei modo de dizer. Ouvi a campainha sendo tocada. Tirei o pijama e pus algo mais bonitinho. Penteei o cabelo e passei um Listerine na boca. Desci as escadas rápido e tentando não fazer barulho para não parecer uma desesperada. Aliás, por que ninguém atendeu a porta?

– bom dia! - disse Liam, quando me viu na porta.

– bom dia - respondi - desculpa a demora, eu estava...

– acabou de acordar? - Liam me interrompeu, e curvou seus lábios para cima formando um sorriso, fazendo com que seus olhos parecessem um pouco menores (ah, que fofo!).

– erm.... Sim... - abri um sorriso - como descobriu?

– também sou assim... - Liam riu.

– ah, entre! - convidei ele, acompanhado de um gesto com a mão para dentro de casa.

– mas é rápido! Vim buscar minha jaqueta... - ele disse enquanto entrava e colocando as mãos no bolso de sua calça jeans.

– ah, sim! Verdade! - falei - sinta-se em casa.

Subi as escadas e peguei a jaqueta. Passei a mão nela, e coloquei ela perto do meu nariz, respirei como se estivesse asfixiada e precisasse de oxigênio. Queria sentir o cheiro dele antes de devolver. Desci as escadas e estiquei o meu braço, fazendo com que ele pegasse a jaqueta:

– obrigada! - agradeci.

– por nada. Eu estava com calor mesmo.

– é, deu para notar... - falei.

– como assim? - Liam fez uma cara de que não tinha entendido o que aquilo quis dizer.

– é que você estava com as bochechas bem vermelhas...

– ah... - suas bochechas ficaram ligeiramente vermelhas, do mesmo jeito que a noite passada - sabe onde seus pais estão?

– não, nem meus pais - respondi - nem minha irmã e meus tios. Quer um copo de água? - eu estava falando as coisas rápido demais...

– hm, pode ser...

Liam me seguiu até a cozinha e peguei um copo no armário.

– "fomos para a feira! Voltamos logo!" - olhei para Liam assustada e vi o que ele lia. Era um recado que estava na geladeira - é, acho que eles foram para a feira.

– eu estava dormindo até agora! - justifiquei, e entreguei o copo com água para ele. Ele passou seus dedos pelo copo e acabou encostando nos meus. Por um momento nos olhamos. Seus olhos eram de um castanho claro, mas com a luminosidade do sol entrando pela janela, as vezes pareciam ser cor mel. Eles começaram a se encolher, então percebi que ele estava sorrindo.

– obrigado.

– ah, sim - soltei o copo, e quase me dei um tapa na cara ali mesmo. 'Para de parecer boba menina' pensei.

Ele tomou a água rápido e colocou o copo dentro da pia.

– bom, é melhor eu ir!

Fiquei um pouco triste. Eu queria que ele ficasse. E que eu agisse mais tranqüila, falasse mais devagar etc. Quando ele passou pela porta de entrada, ele deu alguns passos e parou. Ele se virou e falou:

– gostei daquela nossa conversa ontem a noite... Achei que podíamos conversar mais...

– sim! Seria ótimo! - falei, um pouco efusiva demais.

– hum... Você... Erm... Gostaria de sair?

– cl-claro! - respondi, tentando esconder minha felicidade.

– esse sábado?

– sim.

– oito horas passo aqui?

– ok.

– está bem! Erm, até lá!

– uhum!

Quando ele virou, esperei um pouco e balancei os braços e chacoalhei o corpo, sem fazer barulho. Fiquei uns dois segundos com esse ataque e parei. Me ajeitei, e vi ele entrando no carro. Ele ligou o carro e ascenou para mim. Quando vi o carro virando a esquina, fechei a porta e fiz a pior 'dancinha' da minha vida. Tive medo de que os móveis tivessem olhos, e tivessem assistido aquele show em que eu encenava uma dispersão de aves desesperadas, depois eu fiz uma imitação de Michael Jackson que prefiro não comentar. Meus cinco minutos de show acabaram quando ouvi pessoas perto da porta. Pulei no sofá e fingi estar assistindo TV desde manhã.

– bom dia, rainha dos cabelos rebeldes! - disse minha irmã, que foi a primeira a passar pela porta. Dei uma passada de mão na cabeça para ver o que ela queria dizer. E realmente, meu cabelo estava todo bagunçado por causa do show.

– bom dia, querida! - disse meu pai.

– 'bom dia', filha - disse minha mãe em português, e se aproximou para beijar minha testa. Meus tios também disseram "bom dia" e todos foram levar as frutas e verduras para a cozinha.

Vi minha irmã subindo as escadas e fui logo atrás dela.

– você não vai acreditar! - exclamei, enquanto entrávamos no quarto.

– ah, que susto! - minha irmão pôs a mão esquerda no peito.

– então senta, majestade! Porque o que vem aí vai abalar com os seus sentimentos! Ela sentou na mesma cadeira onde deixei pendurada a jaqueta de Liam. - Liam veio agora buscar a jaqueta dele - falei um pouco mais baixo.

– ok, e...? - Kattie debochou.

– e, ele me convidou para sair!

– o quê?! - a delinquente falou tão alto que fiz um gesto para ela falar mais baixo.

– é verdade! Ele disse que gostou de ter conversado comigo, ontem a noite, e queria conversar de novo.

– quando?! Que horas?! Onde?!

– sábado. Às oito. E não sei.

– precisamos ver a roupa!

– nossa, calma! Eu que vou sair e você é que está desesperada? - brinquei - e outra, tenho que ver se a mamãe vai deixar...

– ah, eu falo com ela e...

– não precisa - interrompi ela, e depois de um tempo começamos a pular juntas como aquelas patricinhas - está bem, agora vamos falar com ela!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Do You Love Me?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.