Chego ao corredor principal do colégio no exato momento em que toca o sinal. Centenas de humanos andam apressados, aliviados por mais um dia de aula ter chegado ao fim. Procuro por Jacob ou algum dos meus novos amigos, mas não encontro ninguém. Decido sair do meio do caminho antes que a multidão me leve para fora. Encosto na parede, varrendo o olhar para todos os lados, também utilizando meus ouvidos aguçados a fim de ouvir a voz dos meus amigos. Sem sucesso. Talvez eles estejam na parte exterior do prédio, quando estou prestes a me mover, uma mão toca meu ombro. Lembro-me da história de Robert. Mas, não é Riley, é Jacob.

- Por que demorou? – ele perguntou caminhando junto com o restante da multidão para à saída. – Tudo isso para pegar um papel?

- Desculpe. – respondi ao descer a escada da entrada/saída.

Decido não prolongar o assunto com desculpas e, felizmente, Jacob não pergunta mais nada. Andamos lentamente até o carro de Jacob. Mas, antes de chegarmos perto Natalie entra em nossa frente e coloca a mão no peito do meu melhor amigo. Ele a encara e depois sua mão. Reviro os olhos, pego a chave no bolso de Jacob e vou até o carro sozinha, não quero presenciar uma conversa melosa de Natalie. Quando estou prestes a entrar no carro, alguém toca meu ombro. De novo. É Robert. Ele encosta no carro e alisa-o com a mão direita.

- Se eu fosse você não faria isso. – começo. – Jacob ama esse carro.

- Ele está ocupado no momento, nem irá perceber. – ele responde apontando na direção de Jake, que acabara de abrir um sorriso para Natalie.

Meu coração estava mais acelerado do que o normal, me sentia quente, talvez até vermelha. Meu pai diz que quando estou assim só pode ser... ciúmes. Calma. Isso é normal. Ele é meu melhor amigo, convivemos há muito tempo e sempre o tive só para mim, parece estranho vê-lo com outras pessoas. Então, não devo me preocupar achando que estou paranoica. Mas, ainda assim não gosto de ver Jacob na companhia de Natalie.

- Você não parece gostar de vê-los juntos. Gosta dele? – Robert pergunta.

- Claro, ele é meu melhor amigo. – respondo. Sei que essa não era a resposta que ele esperava, mas não somos amigos o suficiente para eu contar-lhe sobre a minha vida.

- Entendo. – ele disse.

- O que você quer? – perguntei. Mesmo conhecendo-o há pouco tempo, percebi que para Robert falar comigo sem ninguém por perto deve ser algo sério.

- Terminar a nossa conversa. – ele responde colocando a mão no bolso e pegando uma chave. – Você ainda não me disse nada sobre você.

Robert tem razão. Ele me disse quase tudo sobre sua vida, talvez até mais do que eu gostaria de saber. Sua história é... triste. Só por ter coragem de me contar isso, ele merece saber pelo menos metade sobre mim. Mas, aprendi com o meu pai a ser cuidadosa e até desconfiada com as pessoas e vampiros. Preciso conversar com a minha família antes de falar ou fazer algo.

- Pode ser amanhã? – sugiro.

- Tudo bem. – ele sorri.

- Obrigada. – digo.

- Não há de que. Tenho que ir. – ele diz e se vira. – Tiffany, vamos!

Tiffany despede-se dos seus amigos e sorri e acena ao passar por mim. Apesar de ser um pouco esnobe, Tiffany é divertida e simpática. Não parece ser uma adolescente frágil que um dia perdeu um ente querido. Talvez a perda tenha colaborado para que ela se tornasse uma vampira determinada e forte.

- Vamos? – pergunta Jacob.

Aceno positivamente com a cabeça e entro no carro. Decido ficar quieta, mas logo a curiosidade me consome.

- O que Natalie queria? – perguntei.

- Perguntar quando vamos sair. – ele respondeu em meio ao pigarreio.

- Por que não a convida para ir ao meu aniversário sábado? – perguntei. Era o momento de eu apoiar Jacob em alguma coisa. – Tenho certeza de que Alice não deixará a data passar sem alguma comemoração, nem que seja algo “simples”.

- Pode ser. – ele responde dando de ombros, ainda não parece muito animado com a ideia.

- O que foi? Quer sair com ela sozinho, não é? – digo constrangida.

- Não! – ele diz em voz alta, assustando-me. – Desculpe. Nessie, você é muito importante para mim. É uma boa ideia sim, obrigado.

- Você é meu melhor amigo. É meu dever apoiar você. – sorri.

Jacob não prolongou a conversa e eu também não me pronunciei. Continuamos calados e absortos em nossos pensamentos. Penso na história de Robert e em várias outras coisas, como o meu aniversário. Esses últimos meses têm sido tão confusos que não tive tempo para pensar nisso, agora corro o perigo de chegar a maioridade sem ter tido a oportunidade de realizar o sonhos de qualquer adolescente: festa de debutante. Não sei por que, mas a ideia de ter essa festa me anima. Logo que chegar em casa, irei conversar com Alice, quem sabe não da tempo? Minha tia é expert quando o assunto é festas e roupas.

- Chegamos. – anuncia Jacob descendo do carro.

Desço do carro lentamente e Jacob me acompanha até a porta, mas não entra.

- Tenho que ir à La Push. – diz ele.

- Por quê? – pergunto entrando no hall.

- Surpresa. – ele responde sorrindo.

Sorrio e aceno enquanto Jake se afasta. Espero ele ligar o carro e sair. Quando me viro, lá está Alice, com vários papéis na mão, sorrindo para mim.

- Precisamos conversar! – ela diz puxando minha mão até o escritório.

Coloco minha bolsa no sofá e sento. Minha tia coloca vários papeis sobre a mesa, todos são rosa pink com uma fita prata.

- São os convites do seu aniversário. – ela diz animada se virando para me olhar.

- Tia, são lindos! – respondo pegando e alisando cada um. – Mas, não está muito em cima da hora? Meu aniversário é sábado.

- Sua tia é muito rápida, querida. Todos os convites foram entregues no mês passado. Era para ser uma surpresa, você só ficaria sabendo no dia. Entretanto, como agora você é oficialmente uma estudante, deve querer chamar seus colegas de turma. Por isso, preparei alguns para você distribuir. – explica ela.

- Então, terei uma festa de debutante? – pergunto com certo tom de animação.

- É claro que sim! Quero dar a você a festa que eu não tive. – ela responde segurando a minha mão. – Você só precisa se preocupar em distribuir os convites e experimentar o seu vestido.

Encaro-a confusa. Não consigo acreditar que minha tia pensou em tudo por mim. No convite, no vestido, nos doces, na decoração. Tenho vontade de chorar de tão emocionada e radiante. Essa festa parece como um sonho.

- Vou te explicar tudo, sente. – pede minha tia. – Está tudo pronto. As cores serão em tons pastéis de rosa e creme. A festa será aqui mesmo. Já contratei buffet, DJ e fotógrafo. A decoração ficou em minha responsabilidade, espero que goste. Seu vestido foi feito especialmente para você, é lindo!

- Uau, não sei como te agradecer. – respondi sorrindo indo ao seu encontro. Nos abraçamos e ela sorriu para mim.

- Só de te ver com esse sorriso no rosto já estou agradecida. – Alice pega minha mãe e me leva até a escada. – Hora de experimentar seu vestido!

Entramos no meu quarto e lá está ele, aberto sobre a cama. É simplesmente perfeito, como num sonho. Ele é rosa claro e sem mangas. Até um pouco acima da cintura ele é coberto de pedras rosa, parecem até diamantes. Sua saia é enorme, coberta por um tecido fino chamado de tule. Não pude deixar e sorrir do vê-lo.

- É lindo! – suspirei.

- E tem mais! – ela disse trazendo mais dois vestidos igualmente lindos.

Um era longo, cor azul turquesa. O outro era curto e preto de paetê. Alice colocou-os perto dos outros.

- Experimenta! – ela diz animada. – Tenho certeza que serve.

Faço o que ela pede e pego primeiro o rosa esvoaçante. Quando o coloco caminho até em frente ao espelho e fico maravilhada com o que vejo. Pareço uma princesa, como daquelas da Disney. Giro várias vezes e o vestido acompanha meus movimentos.

Alguém bate na porta e minha tia abre-a. É meu pai. Ele está de terno, incrivelmente deslumbrante.

- Oh, Nessie! – ele sussurra e vem até mim. – Minha princesa.

Sorrio e deixo que uma lágrima escape. Meu pai acaricia minha bochecha e me convida para uma dança. Encosto minha cabeça em seu ombro e ficamos dançando durante um tempo incalculável.