No momento em que o vejo fico sem nenhuma reação, o choque é forte demais para mim. De algum modo, que eu não sei o qual, eu não consigo mover nenhum membro do meu corpo. Eu estou imóvel, sentada na areia, olhando meu melhor amigo, que está cada vez mais perto. Depois de cinco segundos sem nenhuma reação, eu consigo olhar parar trás e vejo meus pais já de pé, olhando para o homem da lancha branca. Quando me levanto, minha mãe vem rapidamente até mim e coloca seu braço em meu ombro e sorri para mim. Meu pai não parece nada satisfeito com a volta inesperada de Jacob, ele vem até nós e me olha calmo, mas também irritado. Nós três ficamos na beira do mar, esperando Jacob chegar. Não demora mais que três minutos até ele parar a lancha na areia e desligar o motor. Ele sorri para o meu pai, que desvia o rosto no mesmo segundo. Minha mãe vai para os seus braços e Jacob a envolve com um abraço apertado. Ela sorri para ele.

– Jake... – ela sussurra. E Jacob sorri para ela.

Quando solta a minha mãe, Jacob me encara sério. Não consigo descrever como é seu olhar. Parece... intenso e... surpreso. Eu acho. Continuo imóvel, de frente para ele. Jacob se aproxima e abre os braços para mim e eu automaticamente me jogos nos seus braços como se foge o meu refugio feliz. Eu suspiro e ele me abraça forte.

– Senti sua falta. – eu sussurro no seu ouvido. Jake me afasta e me analisa por inteira, eu corei, é claro.

– Eu sei. – ele disse finalmente. – Eu também senti sua falta.

– Não foi o que pareceu. – disse meu pai ironicamente se colocando ao meu lado. – Por quanto tempo mesmo você ficou longe, Jacob?

Jacob engoliu em seco, mas não respondeu. Meu pai esperou alguns segundos e disse ele mesmo a resposta.

– Por seis meses! – meu pai gritou. – Você deixou a minha filha sofrendo por SEIS meses, Jacob! Você alguma noção do quanto ela foi infeliz? Acho que não, pois você parece não se importar!

– Você sabe o quanto eu me importo, Edward. – Jacob disse calmo.

– Então onde estava? – meu pai perguntou. - Nenhuma desculpa vai ser o suficiente para me fazer entender o que você fez com a minha filha. Vá embora!

– Não! – eu protestei. – Pai, por favor, não faça isso. Deixa ele ficar.

– Mesmo depois de tudo que ele fez? – perguntou meu pai incrédulo.

– Pai, está tudo bem. É sério. – eu sorri tranquilamente para ele.

– Edward. – minha mãe o chamou tocando em seu ombro. – Está tudo bem. Deixe Jacob explicar o que aconteceu para Resnesmee. Vamos entrar.

– Não. – disse meu pai. – Jacob quer conversar comigo.

Eu olhei um pouco chocada para Jacob. Ele quer conversar com o meu pai? Como assim? Ele ficou longe de mim por seis meses, me fez sofrer e ainda está tentando desviar do assunto. Eu não vou permitir isso.

– Você quer conversar com o meu pai?

– Desculpe, Nessie. – ele tocou na minha bochecha. – É um assunto importante. Prometo que depois vou explicar tudo. Mas agora, eu preciso falar com Edward.

Eu assenti e minha mãe pegou a minha mão. Corremos juntas até a casa. Tirei meus chinelos que estavam com areia e subi descalça ao deque de madeira, seguida pela a minha mãe. Inquieta, vou até o sofá e sento com a cabeça apoiada no joelho.

– O que será que aconteceu? – perguntei à minha mãe que estava sentada ao meu lado acariciando a minha cabeça. - Não consigo ouvir...

– Talvez essa seja a intenção, que nós não ouvíssemos. – ela disse despreocupadamente.

– Você faz alguma ideia do que eles estão conversando?

Ela fez um sinal negativamente com a cabeça. Eu desviei o olhar para a praia. Eles não estavam mais lá. Não sabia se ficava irritada ou preocupada. Primeiro Jacob chega inesperadamente e depois age estranhamente e depois diz que quer conversar seriamente com o meu pai. Isso está estranho, muito estranho. Jacob nunca foi de ter segredos com o meu pai. A relação dos dois melhorava a cada dia que passava, mas desde quando Jacob foi embora, há seis meses, e não voltou mais, meu pai parecia odiá-lo cada vez mais. E hoje, ele quase explodiu o ódio que sentia por Jacob. Quase.

Depois do que passou menos de 10 minutos, Jacob e meu pai chegaram à casa. Meu pai foi correndo até mim e a minha mãe e nos segurou em seus braços, em forma de proteção. Isso estava realmente estranho.

– Algum problema? – perguntei.

– Não! – meu pai disse rapidamente.

– Sei... – eu disse desconfiada. – Então o que conversaram de tão importante que tinha de ser em segredo?

– Não se contam segredos. – Jacob disse.

– Você contou para o meu pai. Por que eu não posso saber? – eu ri.

– Porque surpresas também não se contam. – ele disse me pegando no colo, mas me soltando na mesma hora. – Você está mais... pesada.

– Eu cresci, Jake! – eu disse rindo. – Você ficou muito tempo fora. Tenho aparência de uma garota de 15 anos!

– Uau! – ele disse me analisando novamente. – Você está incrível.

– Não fuja do assunto. – eu disse. – O que você estava falando com o meu pai?

– É uma surpresa, Nessie. – ele disse olhando para o meu pai que sorriu para mim. – Para você. Não se esqueça que seu aniversário é daqui a duas semanas.

– Ah... – eu disse. Eu realmente não me lembrava desse detalhe. – Por isso que veio aqui?

– Mais ou menos. – ele disse sorrindo. O meu sorriso favorito, com exceção do sorriso do meu pai, é claro. – Alice quer fazer uma grande festa. Eu vim busca-los.

– Típico dela. – disse a minha mãe.

– Então, vamos para Forks? – perguntou Jacob animado para mim.

Meu coração se acelerou de felicidade. Eu finalmente iria para Forks. A minha cidade natal. Onde meus entes queridos estariam esperando por mim. Meus avós, meus tios e minhas primas. Sinto uma falta imensa de todos eles. Dói só de pensar na distância que me separa deles.

– Eu estava esperando por este momento! – eu sorri pulando nos braços do Jake. – Quando vamos?

– Sábado. – disse o meu pai. Ótimo, só faltam dois dias. – Vou ligar para a Alice.

Meu pai sumiu pela casa, acompanhado pela minha mãe. Fiquei com Jacob na sala.

– Então, não vai me contar o porquê de você ter desaparecido, sr. Jacob Black? – eu ri para ele, mas depois fiquei séria. Eu não estava brincado. Eu queria saber realmente por que ele desapareceu.

– Eu sinto muito. – ele disse angustiado. – Eu juro que essa não era a minha intenção. Mas, está tendo muitos problemas em Forks. Os novos lobos estão além dos limites. Eles não estão nada satisfeitos com a sua nova identidade. Estão revoltados. Atacando humanos indefesos e tentando confrontar os Cullen.

– Mas... e o tratado? – eu perguntei. – Eles não podem fazer isso.

– Nessie, eles não estão nem aí para o tratado. – Jacob me explicou. – Eles parecem ser um pouco diferentes de nós. Da matilha do Sam e da “minha”. Eles estão se deixando levar pelo seu instinto de lobo. Muitas pessoas inocentes morreram. Charlie está tentando acalmar os ânimos da cidade. Mas, está quase impossível. Algumas pessoas já viram os lobos e espalharam por toda a cidade. A situação está fora do controle. Sam não está conseguindo controla-los. Somente eu consigo acalmá-los, mas é difícil. Descobrimos que, no começo, o instinto é mais forte que o alfa.

– Mas...já fazem cinco anos que eles se transformaram. – eu disse confusa.

– Na época em que eles se transformaram foi por causa da quantidade de vampiros na cidade. – ele disse. – Mas logo eles voltaram a suas vidas normais. Por ordem... minha. – Jacob não parecia confortável ao ver que os novos lobos só o aceitavam como alfa. – É estranho. Eles parecem não querer seguir Sam. Mas, é impossível. Todos os lobos têm que seguir o macho alfa. É inevitável. Mas... quanto a sua dúvida. Quando um logo fica algum tempo – alguns anos - sem se transformar, eles passam a serem seres humanos normais. E quando, a certa idade, o seus instintos os fazem se transformar, é um pouco difícil se controlar. Paul foi o mais difícil da matilha.

– Humanos morreram? – eu perguntei.

– Sim.

– Quantos ao total?

– Mais de dez. – disse Jacob. – Sam está muito nervoso.

– Nossa... Forks está bem agitada. - eu disse. – Foi por isso que você foi embora?

– Não exatamente... eu fui mesmo porque, como um alfa, preciso ficar alguns meses com os lobos. Vem do meu instinto. Eu planejava ficar só dois meses, mas não foi possível.

– Entendo. – eu disse e depois sorri para ele. 

– E tem mais, Nessie. - ele disse sério e triste. - Meu pai. Ele está doente.

– O que ele tem? - perguntei hesitante.

– Câncer. - ele respondeu. 

– Eu... sinto muito, Jake. - respondi sincera. Já com lágrimas nos olhos.

– Eu também. - ele disse. - Mas, ele vai ficar bem. O médico disse que tem cura. Descobrimos à tempo. 

– Isso é ótimo. - respondi com um meio sorriso e ele assentiu em concordância. 

Jacob me puxou para seus braços e conversamos como foram esses seis meses. Eu estava feliz. Meu melhor amigo estava comigo. Agora estava quase tudo perfeito. Quase. Eu ainda precisava do restante da minha família. E não demoraria muito para isso acontecer. Em breve, tudo estará como tem que ser. Isso me deixa completamente feliz.