Meu nome é Amélia Noel e a algum tempo venho guardando essa historia comigo, atualmente tenho "17 anos", a historia que vou contar aconteceu a muito tempo atrás, na época eu era pequena e não me lembro de algumas coisas, então vou contar o que eu sei.

Em vilarejo ao norte da Russia, vivia um homem que tinha perdido sua esposa em um incêndio na sua casa. Sua vida havia perdido o brilho e a alegria, a unica coisa que queria era se isolar do mundo.

Todos do vilarejo tentaram conforta-lo, mas era inútil, o homem estava numa tristeza profunda, então ele resolveu fazer uma casa no alto de uma grande colina que havia lá perto. Anos se passaram e a sua casa finalmente ficou pronta, logo ele se mudou e deste então ninguém o viu.

Quando eu era pequena minha vó me contou essa historia antes de morrer, ela dizia que era apaixonada por ele, e quando ela morreu, bem...fiquei sozinha, minha mãe morreu no meu nascimento e o meu pai foi para Portugal e nunca mais se ouviu falar dele.

Então como eu não tinha para onde ir e odiava aquele vilarejo, porque todos me chamavam de filha da morte, resolvi ir até a casa do homem da colina. Demorei alguns dias para chegar a casa.

Era um simples chalé de madeira com um jardim semi-morto na frente.

Eu estava cansada de tanto caminhar, estava suja, com fome, sede e fraca, só me lembro de bater na porta e um senhor de barba comprida e branca abrir, depois tudo ficou escuro.

Quando acordei o vi sentado numa cadeira ao lado da cama a qual eu estava deitada, sentia cheiro de sopa de legumes e havia um pano dobrado sobre a minha testa.

-O-onde estou?- perguntei, sentindo um pouco de dor de cabeça.

-Você está no meu chalé.- Disse o senhor.

-A...obrigada.- Disse pare ele vendo aqueles olhos azuis tristes me observando.

-De nada. Qual o seu nome pequena?

-Amélia.

-O mesmo nome da minha esposa.-Ele abaixou a cabeça.

- E o seu?-Perguntei com olhos brilhando.

-Norte, Claus Noel Norte.

-O senhor conheceu Rita Jiullis?- Perguntei tirando o pano umidecido da testa.

-Sim, era uma mulher muito inteligente, a melhor amiga da Amélia e minha também.

-Ela é minha vó! Ela falava muito sobre o senhor, dizia que o amava muito...- Por um instante vi um brilho diferente nos olhos dele, mas logo sumiu.

-E como a sua vó está, Amélia?

-Sabe...Ela está bem, junto com os anjos.- Disse apontando para cima.

O homem me olhou e não disse mais nada , apenas se levantou e foi até a lareira atiçar o fogo, depois pegou uma tigela e colocou sopa nela e me deu.

-Senhor Noel...posso ficar aqui? Não tenho para onde ir...- Falei  com um pouco de vergonha e ele ficou calado, bebendo a sopa.

Dias se passaram e deste então não trocamos muitas palavras, de manhã ele saia para pegar lenha e caçar, eu ficava no chalé, limpava-o (tentava) e brincava na frente dele.

4 meses se passaram e era outono, tinha folhas por todo lado , eu brincava de fazer montinhos de folhas e pular neles, até o Noel interromper a brincadeira me chamando.

-O que foi pa...Senhor Noel?

Ele me entregou um embrulho mal feito, eu abri o presente e lá tinha a mais linda coleção de bichinhos de madeira que tinha visto.

-O senhor que fez?- Ele afirmou.

Nesses ultimos 4 meses ele parecia ter ganhado um olhar magico e alegre, o abracei o mais forte que podia em forma de agradecimento.

-Você é talentoso, poderia fazer mais desses e vender no vilarejo.-Sugeri.

-Não Pequena, algumas crianças não poderiam comprar. Quem sabe eu poderia dar a elas?

-Boa ideia. Ah! Também tenho um presente.- Corri até a cozinha e peguei os biscoitos queimados que tinha feito mais cedo e dei a ele, Norte fez uma careta engraçada e eu ri.

-Estão ótimos!.- Disse ele sorrindo.- Então vamos ao trabalho!- fiz uma cara de quem não entendeu.- Vamos fazer os brinquedos e no dia 25 de Dezembro, nascimento de Jesus, irei entrega-los as crianças.

Tivemos muito trabalho, eu acabei quebrando alguns brinquedos ou pintando errado, mas graças a Deus terminamos a tempo, no dia 25 de Dezembro, ele foi ao vilarejo e entregou tudo, as crianças ficaram muito felizes.

A noite ele voltou e ouviu meus gritos de socorro vindo da cozinha, eu tinha feito feito biscoitos para comemorar, mas acabei derrubando uma vela na mesa e o pano sobre ela pegou fogo, depois só me vi no meio das chamas.

Norte entrou correndo, me carregou para fora e depois caiu, quando olhei direito pude ver que uma estaca de madeira havia o atingido, ele estava perdendo muito sangue, pensei em retirar aquilo, mas se eu fizesse isso iria o ferir ainda mais, então ele olhou para mim e simplesmente morreu...

-Senhor Noel! Papai Noel! Não...me deixe...não quero ficar sozinha novamente...-Gritava e chorava.

O abracei o mais forte que podia, de repente vi a luz da lua cair sobre nós e então tudo ficou escuro.

Anos se passaram e todo ano no dia 25 de Dezembro, as crianças recebiam presentes e quando tinha 16 anos, nesse exato dia eu ganhei o melhor de todos.

-Amélia...- Ouvi alguém dizer.

Acordei meio confusa e então o vi diante de mim sorrindo, corri até ele e o abracei o mais forte possivel, conversamos um longo tempo e ele me chamou para morar no polo norte com ele.

Deste então ajudo ele e não sei como mas parei de envelhecer aos 17, mas isso é outra historia...