POV. Laila

Aproveitei o fato de a Luna ter ido pra cozinha e comecei a observar a casa. Era muito diferente do andar de baixo, primeiro porque era limpa e segundo porque era bem mais feminina e a cara da maga. Não muito organizada, tinha alguns livros e outros papeis espalhados em cima de uma mesa, mas acho que isso era algo da personalidade dela mesmo.

Em cima da lareira tinha um porta-retrato, a foto era de uma menininha que logo reconheci pelos cabelos loiros ondulados e os olhos de um dourado lindo, o sorriso e a aparência física era a mesma, mas parecia uma pessoa diferente. Os cabelos loiros estavam muito bem arrumados e penteados, a menina, que aparentava não ter mais de oito anos, usava um vestido caro e muito bonito. Havia alguém do lado dela, mas a foto estava rasgada, só dava pra ver uma mão acariciando os cabelos da menina.

Concluí que o dono da mão deveria ser o irmão que Luna descrevia com egocêntrico e idiota, antes que pudesse observar mais alguma coisa a porta da frente se abriu e eu me assustei. Havia três pessoas paradas lá: Uma menina sorridente de cabelos castanhos e compridos, um garoto pálido de cabelos negros e meio sombrio e por fim um garoto ruivo de olhos verdes que usava um chapéu de pano.

– Luna! Estamos entrando! - o garoto pálido exclamou e todos entraram e se sentaram eles pareciam bem confortáveis ali, como se conhecessem cada tijolo do sobrado.

– Você deve ser a Laila! Eu me chamo Jade, esse mal humorado aqui é o Connor - ela disse apontando pro garoto de cabelos negros e em seguida se virou pro ruivo - E esse é o Leo!

– Muito prazer, Luna me disse que você precisava da nossa ajuda - Leo disse com um sorriso no rosto - Ficaremos muito felizes em te ajudar.

– Aquela destrambelhada só pode ter ficado maluca... - Connor reclamou baixinho, mas eu pude ouvir muito bem, antes que eu pudesse me defender, Luna chegou com uma travessa cheia de bolinhos.

– Vejo que já conheceram a minha hóspede - ela disse colocando a travessa em cima da mesa.

– Eba! Bolinhos da Luna! - A morena exclamou já pegando um e poucos segundos depois todos já estavam devorando os bolos menos eu que continuava analisando as três pessoas que tinham chegado, em minha opinião eram os magos mais estranhos que já vi.

– Não sabia que existiam magos como vocês...

– E não existem, não somos magos - Connor disse como se fosse óbvio.

– Não?! - perguntei pasma - Então... O que vocês são?

– Eu sou uma sereia - Jade respondeu sem tirar a atenção do seu bolinho.

– Eu sou um elfo - Leo tirou o chapéu de pano revelando compridas orelhas – E o Connor é um fantasma.

Fiquei mais assustada ainda, fantasmas e magos eram inimigos naturais já que os magos eram os únicos que sabiam como se livrar dos fantasmas, mas a Luna e o Connor pareciam se dar muito bem, como se nem soubessem da rixa entre suas raças.

– A Luna fez um amuleto para o Connor - a sereia disse e o fantasma mostrou a mão direita onde havia um anel – Assim ele pode ter um corpo sólido.

– Se quiser posso fazer um pra você também Laila, assim não vai se transformar na noite de lua cheia – a maga abriu um sorriso carinhoso e me ofereceu um bolinho que prontamente aceitei, estava morrendo de fome.

– Obrigada Luna, mas você já está fazendo muito por mim...

– Que bom que você reconhece... - Connor disse e Luna jogou uma almofada nele.

– Não ligue pra ele Laila, vai ser um prazer te ajudar - a maga abriu um enorme sorriso e por um momento senti como se estivesse em casa.

POV. Leo

Eu estava distraído comendo os bolinhos e viajando nos meus pensamentos até que mencionaram meu nome, então logo prestei atenção.

– Leo! - Luna gritou.

– Anh?

– Você conhece uma planta medicinal chamada flor boreal?

– Não, que eu saiba não existe, por que a pergunta?

– Que estranho... É que a Laila disse que precisa dela pra curar seu pai...

– Mas eu nunca ouvi falar dela! Ela não deve existir! - eu falei isso porque eu realmente conheço quase todas as plantas medicinais que existem no país Misticland.

– Mas ela existe, sim! Eu preciso dela pro meu pai! - Laila exclamou.

– Tem certeza que não é outro nome? Existem vários outros objetos curativos naturais... - tentei ver se conseguia descobrir, mas ela me interrompeu.

– Não vão funcionar! Já tentei! Vocês conhecem mais alguém que saiba sobre artigos mágicos?

– O irmão da Luna sabe bastante sobre essas coisas... - comentou a sereia e logo após sua amiga a olhou com raiva.

– Vamos lá! Você não disse que ia ser um prazer ajudar ela? Você vai se contrariar? - Connor disse com ironia, fazendo com que ela quase batesse nele, mas se conteu por causa da visita.

– Desculpa interromper, mas eu percebi que tenho que ir embora - disse.

– Outra daquelas reuniões? - o fantasma me questionou e assenti me despedindo de todos e saindo do quarto.

Quando cheguei na sala de reuniões do castelo sentei-me ao lado de meus irmãos, Nolan, um menino de pele clara e cabelos lisos, espetados e brancos e Melissa, uma menina de pele um pouco bronzeada de cabelos ondulados e roxos presos em um rabo de cavalo. Logo após de cumprimentar todos começou a reunião com os outros da corte.

– Nós sabemos que o rei Baltazar está idoso e doente e, infelizmente, não poderá nos governar para sempre - um dos conselheiros do vovô começou o discurso de forma meio triste para todos.

– E como seu sucessor, Leo irá assumir o trono quando ele falecer, por isso devemos começar com seu treinamento para assumir esse quarto - continuou e eu fiquei com os olhos arregalados pensando "não!" e com aqueles chatos do meu lado me zuando até eles também se ferrarem.

– E seus irmãos também passarão pelo treinamento, porque como já foi declarado pelo próprio sucessor ao trono, eles serão seus vice-governantes. Estes são seus professores de matemática, élfico, plantas mágicas, geografia de Misticland, arco e flecha... - eram tantas matérias e atividades que eu mal consegui contar.

Depois disso tiveram assuntos sobre a economia da capital, descobertas científicas, reformas no estado e vários outros assuntos bem chatos e entediantes que no futuro eu teria que administrar e depois de um tempo acabou e eu sai com os meus irmãos.

– Finalmente acabou! Pareceu uma vida inteira, principalmente quando falaram sobre todos os cursos que teremos que fazer - comentou Nolan.

– Nem me fale! Eu não vou ter um minuto para sair! - falei.

– Vocês são tão crianças! - disse Melissa dando uma risadinha.

– Eu tenho dezoito e você dezenove! E o Nolan já vai fazer dezessete daqui a pouco! - respondi.

– Tá! Mas eu até concordo com você sobre não poder sair! Vai ser um saco! E por falar nisso, eu tenho que ir, beijos! - Melissa disse e foi embora.

– Vamos logo para o Ponto de Teletransporte! - Nolan chamou e nós fomos.

No centro de toda cidade no país, tirando as capitais das raças, que é onde o governo se encontra, que são escondidas, tem um Ponto de Teletransporte. Eles são monumentos circulares de pedra de em torno de três metros com uma placa de metal na superfície interior que forma um portal azul. Do lado do portal tem um botão de girar para escolher a cidade que você deseja ir.

Quando chegamos lá meu irmão atravessou o objeto e foi pra outra cidade do nosso estado e antes de me teletransportar eu enviei um pedido de localização pelo meu buscador para o pessoal e eles aceitaram, então vi que eles não estavam na casa da Luna, porque ao invés de estarem na zona neutra estavam no estado dos magos, mas mesmo assim fui os encontrar.