Trabalhos De Semideuses escrita por BlueDemiGod, The Angel Of Fire


Capítulo 6
O Treino


Notas iniciais do capítulo

Capítulo narrado por Jenny



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Monstros por todos os lados, me cercando, loucos para me ver morta. Não tinha saída, era meu fim. Eu segurava uma lâmina para que pudesse lutar, mas era inútil, eles eram gigantes perto de mim. Tudo começou a girar ao meu redor e comecei a ficar tonta até acordar num susto daquele pesadelo horrível.

Ouvi um rangido vindo da cama de cima, devia ser Henrie. Controlei minha respiração para que voltasse ao normal e dormisse novamente, até porque, eu não saberia o que dizer quando enfim tivéssemos que conversar. Porém, ele me desceu do beliche e se manteve em pé ao lado da minha cama.

– Precisamos conversar – ele disse.

Percebi a nossa foto colada na parede e a tirei dali rapidamente enquanto respondia “Ok” apenas em confirmação.

Troquei de roupa e ele me esperava no fundo do chalé.

– Me diga o que aconteceu naquele dia – ele estava nervoso.

– Não da pra conversarmos aqui, precisamos estar sozinhos – disse tentando adiar a conversa.

Passamos parte da manhã no chalé até que todos acordassem. Uma garota alta um pouco mais velha do que eu, cabelos cacheados loiros e olhos cinzentos se dirigiu até mim dizendo algumas palavras de recepção. Ela parecia incrível. Depois de orientar a mim e Henrie, fomos ao refeitório junto com todos os outros campistas.

Havia pouca movimentação, a maioria dos semideuses estava cansada e sonolenta. Talvez mais cansada do que sonolenta, devido ao treino para uma guerra que estava a acontecer. Aquilo martelava minha cabeça: e se eu tivesse de ir para a guerra? Eu até queria, seria incrível ajudar os semideuses e etc, mas eu não tinha preparo suficiente para isso e eu sabia. É claro que, em situações de risco, eu conseguia segurar um bastão de ferro e bater em um monstro que me perseguia, mas uma guerra era completamente diferente disso.

Não sei se foi pela minha expressão preocupada ou simpatia dela, mas uma garota se aproximou de mim.

– Oi! – Ela disse com um sorriso.

Seus cabelos escuros até os ombros, os olhos negros e um óculos. Ela era magra, alta e bronzeada. Devia ser um pouco mais velha do que eu e parecia gente boa.

– Oi – respondi num sorriso.

– Eu sou Liza, filha de Nêmesis, deusa da Vingança. Vi que você é nova no acampamento, filha de Atena! Bem-vinda! Bom, Annabeth veio falar comigo e, devido aos preparativos para a guerra, ela não vai poder dar muita atenção a você e seu meio-irmão Henrie, então me pediu para ficar com você durante os treinamentos. – Liza parecia ser uma semideusa um tanto respeitada no acampamento. Não que ela o comandasse, longe disso, mas ela era simpática com tanta gente e as pessoas pareciam gostar dela, admirá-la.

– Ah, tudo bem. Mas... Treinamentos? Então terei de ir para a guerra também? – Ela assentiu com a cabeça, confirmando. – É porque eu não tenho preparação nenhuma, sou um desastre em muita coisa, se o confronto estiver próximo, não vou ajudar em nada, tenho muito que aprender ainda – costumo ser muito dura comigo mesma.

– Ei! Calma aí! Eu sei que você ainda é nova e tem muita coisa pra aprender, mas conseguiremos um treinamento diferenciado pra você! A guerra está próxima, mas vai dar tempo.

– Por que um treinamento diferenciado? – Perguntei confusa.

– Como você deve ter percebido, seu meio-irmão vai treinar com um outro campista. Mas se vocês são filhos do mesmo deus grego, não seria natural que treinassem juntos? Não treinamos os filhos de acordo com seus pais, mas temos treinamentos especiais para pessoas especiais.

Fomos conversando sobre a guerra até chegar numa arena bem grande. Haviam vários semideuses treinando; alguns com arcos e flecha, outros com espadas e alguns ainda lutando com as próprias mãos. Aquele lugar era enorme, mas não paramos ali, apenas passamos por ele. Chegamos por fim a uma espécie de quartel, só que alegre demais. Haviam muitos líquidos coloridos, fumaça saindo de lugares que não deveriam, e paredes coloridas.

– Na noite em que chegou, sua coruja era desenhada, vários símbolos compunham-na, você se lembra? Bem, por ser uma coruja, você é filha de Atena, mas os símbolos que desenhavam sua coruja também são importantes. Você tem uma benção de Hécate. Por isso vamos treinar aqui, desenvolver sua benção e usá-la na guerra. Sabe, não são muitos que tem a benção de Hécate, somos uma das únicas...

Escutei atentamente enquanto ela falava. Então eu tinha uma benção. Nossa.

Ela passou a tarde inteira tentando me ensinar a conjurar algumas coisas, mas não dava muito certo. Liza deu exemplos de alguns feitiços bons para a guerra e outros simplesmente para descontrair, ela era muito boa. Não tive tanto sucesso quanto ela, mas era o primeiro dia, não é?

No meio do treinamento, lembrei-me que mais tarde teria de falar com Henrie. Já era difícil ficar concentrada para conjurar e enfeitiçar, imagine então depois que eu lembrei que teria de falar com Henrie.

– Jenny? Jenny! Oi! Está aí?

– Ahn? Ah! Ahn... Ah. Oi! To! Claro, to aqui! Oi! – E comecei a rir.

– Então vamos de novo! Vamos lá, eu já disse que é fácil! Olha só. – E ela fez de novo, com sucesso, me dando inveja. Ela começou com algo simples como mover algo com a mente. – Sua vez – ela disse por fim.

Fechei os olhos e tentei esquecer de tudo ao meu redor. Respirei fundo, deixei todo o ar entrar e depois sair bem devagar. Meu coração batia constantemente e eu não podia estar mais concentrada. O objetivo era mover algo pequeno: um dracma. Estendi a mão para perto do dracma, mais ou menos vinte centímetros de distância. Liza me disse que começaríamos com coisas pequenas e com muita proximidade, mas chegaria um tempo em que eu conseguiria mover algo grande e de longe. Concentrei-me na mão próxima ao dracma. Toda minha energia, meu pensamento, minha concentração estava ali. Pouco a pouco senti um formigamento. Não sei exatamente onde ele tinha começado, mas estava indo em direção a minha mão estendida. Era como se o ar fosse sólido e eu pudesse empurrá-lo. Lentamente, direcionei meus dedos mais para perto da moeda como se estivesse empurrando aos poucos, mas perdi a concentração quando ouvi um barulho, algo tinha caído no chão. Abri meus olhos e encontrei uma Liza sorridente. Ela começou a bater palmas e apontou o dracma no chão. Eu tinha conseguido.

– Sabe? Foi bem melhor que outra aprendiz um tempo atrás. Ela desmaiou a primeira vez que conseguiu conjurar. – Ela disse.

– É sério?

– Sim, no começo eu não era muito boa. Bem fraca, na verdade.

Começamos a rir.

Era meio de tarde e Liza decidiu me dar um descanso para que depois começássemos o treino com espadas.

Sai dali com um sorriso no rosto e encontrei Annabeth novamente. Ela apenas apontou o lago, que não ficava longe dali e eu avistei Henrie perto da borda. Fui até ele e subimos em uma canoa. Quando estávamos no meio do lago, ele começou:

– Perguntando novamente, me diga o que aconteceu naquele dia.

– Então... – Lembrei-me de tudo naquela época. – Bem, você ficava muito tempo com o Dillan e ele te protegia muito (ele é nosso sátiro, claro). Eu não ficava muito com ele, então ficava mais vulnerável aos monstros. Por várias vezes, eu fui perseguida por eles até a escola e, não sei como, consegui me livrar deles. Eu nunca te contei porque sempre quis te proteger. Com o tempo, os ataques e as perseguições ficaram mais freqüentes e... Houveram uns acidentes na escola. Uma inspetora antiga que tinha no colégio percebeu que eu causava esses acidentes, não pelos monstros claro, ela é mortal, mas ela achava que era por minha causa e chamou meu pai pra uma conversa. Ela disse que eu estava sendo convidada a me retirar da escola e ele teria de me mudar. Ele soube que era por causa dos monstros e um tempo depois, essa inspetora foi assassinada. Meu pai soube na hora que tinha sido um monstro e decidiu que seria melhor nos mudarmos de cidade e ficar longe de tudo aquilo. Eu não queria te deixar, queria te proteger.

Então... era isso. Eu não sabia o que fazer, não sabia o que fazer, não conseguia olhar pra ele. Minhas mãos, no momento, eram muito mais interessantes do que qualquer outra coisa e eu olhava fixamente para elas. Surpreendentemente, Henrie me abraçou.

Senti que ele tinha me perdoado, mas ainda faltava um pouco para reconquistar sua confiança completamente.


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Notas finais do capítulo

Desculpem demorar pra postar :)

REVIEWS ~i'm waiting~



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