A manhã escura de outono já surgira. O sol encoberto de cinza já se elevara do horizonte. Mas a mansão estava totalmente fechada. Todas as janelas cobertas com densas cortinas de cor púrpura. Lá, o dia não penetrava, nem um raio de sol pela fresta da porta. Alice acordara. Levantou-se da sua cama sonolenta e observou ao seu redor. Algo estava diferente. Uma caixa fora deixada em cima da sua escrivaninha.

— O que será isso? — Alice perguntou a si mesma enquanto abria. — Ah. Eu não vou a aquele baile idiota, se é o que ele está querendo!

Alice desceu ao térreo da mansão e reparou que o grande salão já estava sendo preparado. Ela vivia ali, tratada como criança, sendo mimada pelos outros, só por causa do seu pai: Lorde Lúcio. Ela tinha um desejo, de poder sir pelo menos uma vez a luz do dia. Vivia presa naquela mansão sem luz. Só saia após o por do sol. Alguns vampiros são poderosos o suficiente para sobreviverem sob a luz do sol. Mas não Alice.

O Baile de Outono iria acontecer à noite. Os vampiros costumam dar bailes, como uma demonstração de poder e influência.

Alice passou o dia todo no seu quarto. Ela não preferia não participar do baile, mesmo com seu pai insistindo.

Pouco antes de começar o baile, Alice ouve alguém entrando em seu quarto.

— Alice, porque não está se aprontando?

— Eu já disse que não vou a esse baile ridículo pai!

— Se você pretende dirigir esta mansão algum dia, terá que comparece ao baile.

— Se for assim, não quero dirigir esta mansão nunca!

— Por favor, vá! Pela sua mãe. O que ela diria? Ela iria querer que você fosse.

— Ela iria me entender.

— Vou deixa-la sozinha pense. Eu quero você lá em baixo dentro de uma hora!

Quando Lúcio deixou o quarto, Alice pensou um pouco. Saiu às pressas para o corredor.

— Eu vou! — Disse para seu pai, que virou para ouvi-la.

— Ótimo! Neste caso, aguardo sua chegada.

Uma hora depois Alice estava descendo a escadaria. O salão inteiro parou para observá-la. Estava lotado. Alice usava um vestido vermelho.

— Alice! — Chamou Lorde Lúcio — Alguém quer conhecê-la! Este é lorde Marcus, ele dirige uma mansão ao sul do continente.

— Muito prazer em conhecê-lo! — Respondeu.

Um tempo depois, Alice já estava entediada com tantas apresentações. Estava se sufocando com tantos vampiros. Aproveitou a situação, abriu as portas da mansão e saiu noite afora.

A lua de outono pairava sobre a casa. Alice teve poucas oportunidades de apreciar a casa pelo lado de fora. A lua cheia é o auge do poder dos vampiros. Alice podia sentir seu poder fluindo em seu sangue.

Já há muito tempo fora da mansão, as árvores já tinham coberto o céu. “Enfim, sou só eu e mais ninguém!” Pensava Alice no seu íntimo. Mal passara cinco minutos em que Alice estava sozinha, ela ouviu passos na floresta. Pelo barulho ela percebeu que, seja lá o que fosse, vinha se arrastando... “Ninguém vai naquela floresta à noite” Pensou mais uma vez.

— Olá...? Tem alguém aí...? — Alice corria em direção ao barulho.

― Oi, sou Victor. — Disse algo deitado no chão aos pés de Alice.

― O que está fazendo aí? Como foi parar ai?

― Digamos... Essa é a parte em que não entendo... Eu não sei!

― Então você simplesmente apareceu?

— É. Acho que sim!

― Ah... Não tenho tempo para isso. Vou voltar para a mansão.

― Espere! ― Victor agarrou a cauda do vestido de Alice

― O que foi desta vez?

— Eu não faço ideia de onde estou e não tenho lugar pra ficar.

― Perfeito! Agora tenho que aturar um pateta desmiolado que “apareceu”! ― Falou consigo mesma.

― O que disse?

― Vamos. Vou te levar para a mansão! Meu pai vai saber o que fazer com você.