O Valor do Passado escrita por EEBorba


Capítulo 1
Prólogo




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Era um sábado de verão. A rua estava tranquila, com somente alguns ciclistas nas calçadas. A temperatura estava alta, envolta de uns 30 grausº C. Porém, era aquele tipo de dia que fazia com que as pessoas quisessem sair e caminhar, pois o vento estava presente no ar. As cortinas de todas as casas balançavam e os cataventos dos jardins rodavam.

Monique estava caminhando em direção a casa de seus pais. Morava apenas a um quarteirão de distância, e isso dava o previlégio de poder ir andando nesse dia tão gostoso. Em seus braços, levava uma cesta com vinho que ganhou no trabalho. Nunca gostou de bebida, então daria para o seu pai. Com certeza ele iria aproveitá-lo muito mais.

Acenou para a vizinha da frente enquanto pegava as chaves que ainda tinha da casa dos pais. Ela abriu a porta marrom com bastante força. “Com certeza isso aqui precisa de um óleo. Já não é o bastante terem feito a porta com madeira escura?”.

Quando pisou no tapete vermelho de sua mãe escrito “Bem vindo”, logo notou que a casa estava quieta demais. Que estranho, Monique pensou. Deixou  o vinho na bancada perto da pia da cozinha e foi caminhando pela enorme casa, procurando aonde eles estavam.

A sala estava vazia, mas o copo de cerveja de seu pai estava no portacopos ao lado do sofá e a televisão estava ligada. Ela procurou em todos os comodos, mas não encontrou nada.

Até que ouviu um barulho no quarto. Era alguém mexendo nas gavetas velhas de sua mãe, ela sabia só pelo barulho. Subiu as escadas correndo, gritando: “Oi mãe”, mas quando ela virou o corredor e passou pela porta, teve o maior susto de sua vida.

A parede do quarto de seus pais, que antes possuia uma cor bege clara, que dava a impressão que o lugar era limpo e claro, estava marcada com mãos pretas de sujeira. E o tamanho das mãos com certeza não eram de uma mulher. O tapete branco que fora presente de Monique estava com pingos de sangue por todo o comprimento. Havia uma faca afiada em cima da mesinha do lado da cama, e o guardarroupa estava aberto.

Ela olhou para a janela e viu a tempo um homem, com mais ou menos 1,90 metros, vestido somente de preto olhando pra ela. Apesar do capuz tampar todo o rosto dele, os olhos azuis claros chamavam muita a atenção. Ela sabia que poderia ser lentes para disfarçar a verdadeira cor, mas algo ali a atraia.

Ele segurava um saco, provavelmente com as coisas roubadas que havia pego pela casa. O transe acabou quando ele virou o rosto para fora de novo e pulou. Era uma altura bem alta para se pular, mas ela não estava preocupada com ele nesse momento, porque de dentro do armário vinha um suspiro fraco.

Como se alguém estivesse acabado de morrer.

Não. Não poderia ser.

Com relutância, ela olhou dentro do armário. Lá, havia um casal com os olhos abertos e com nenhum sinal de vida. No lugar de um peito saudável, havia uma faca de cozinha enfiada em cada um.

Nos peitos onde ela já se aninhara tantas vezes antes.

Seus pais.


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