I Write Sins Not Tragedies escrita por abishop


Capítulo 1
I Write Sins Not Tragedies




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Joshua estava mudando de canal compulsivamente procurando por algo que ajudasse a esquecer o dia que estava se aproximando. Dentro de alguns dias seria o casamento do seu melhor amigo e que esse era a sua grande paixão. Perdido nos seus pensamentos mal ouvia que a campainha de seu apartamento tocava e quando se deu conta que havia alguém à porta levantou-se e foi atender.

Ao abrir viu que era quem ele menos queria ver naquele momento. Sua grande paixão. Estava muito confuso, não sabia nem o que fazer, apenas abriu a porta.

– Oi Alec.

Apenas o olhei bem antes de tentar dizer qualquer coisa. Afinal, nesse momento, não me vinha nenhuma palavra e continuei a encará-lo.

– Posso entrar? – perguntou ele.

Apenas acenei com um gesto e dei passagem para ele. Fechei a porta e quando me virei, lá estava ele parado, de braços cruzados esperando alguma explicação.

– Joshua, o que esta acontecendo com você?

O que estaria acontecendo comigo? Não sei. Eu também me perguntava isso constantemente. Essa palavra acontecendo ficou ecoando pela minha mente por alguns segundos, foi quando percebi o que estava acontecendo. Voltei a realidade e ali estava ele na minha frente esperando uma resposta.

– Estou com alguns problemas e não queria te atrapalhar com eles.

– Não precisa ser rude comigo, e você nunca falou assim.

– Desculpe Alec, mais achei que não fosse necessário que você soubesse. – respondi de cabeça baixa e sem coragem de olhá-lo.

– Joshua, seja o que for eu quero te ajudar. Afinal, somos amigos ou não somos?

Estava ai um problema que ficou na minha mente por uns instantes. Eu o encarava com certa dificuldade, e minha respiração quase não podia ser sentida por mim mesmo. Eu estava sem ar tudo porque ele estava ali, bem na minha frente. Eu o enxergava muito mais do que um amigo, queria passar os restos dos meus dias ao seu lado, acordar com ele todas as manhas, abraçá-lo de uma forma diferente. Queria sentir o toque de seus lábios nos meus, enquanto que meus dedos percorreriam o seu cabelo castanho. Ficava só no querer, porque ele é a única coisa que eu tinha de importante e se eu abrisse a boca para desabafar essa angustia que fica a me sufocar, poderia estragar tudo.

– Josh, fala o que é eu só quero te ajudar.

Estava ai uma coisa que me deixava mais apaixonado por ele. A forma como ele se referia a mim como Josh. Ele era o único que me chamava assim e quando isso acontecia simplesmente me acalmava. Resolvi sentar no sofá, respirar fundo e falar alguma coisa para que ele não ficasse bravo comigo.

Ele apenas sentou-se comigo no sofá, me fazendo companhia ate que eu, finalmente, falei alguma coisa e que era a mais pura verdade, de uma forma ou de outra.

– Bem Alec, é que eu acabei me apaixonando por uma pessoa, mas que na verdade eu não deveria.

Ele apenas ficou calado, mas prestou atenção no que eu disse. Ficou pensando no que dizer antes.

– E porque você não deveria? Você não a ama?

– Amo, só que ela já tem outro alguém.

Fui direto nessa pergunta, pois não tem como responde-la de outra maneira. Eu esfregava as minhas mãos uma na outra. Quando o olhei, vi que ele olhava para mim e ao nosso redor procurando encontrar alguma resposta, ou quem sabe uma pergunta.

– E você já tentou falar com ela?- ele perguntou do nada.

– Ela quem? – respondi meio que atordoado com tudo isso. Meus pensamentos já não estavam mais em ordem.

– A pessoa.

– Ah! Não... nem falei. Na verdade nem ao menos tentei falar isso o que estou te falando.

– E porque não Josh?

E veio ele de novo com o Josh. Palavra que me fazia delirar, gaguejar e que ao mesmo tempo me fazia sonhar.

– Bem, é que não seria justo, já que essa pessoa tem um alguém. Eu simplesmente não posso chegar do nada e me intrometer.

– Às vezes eu acho que você deveria pensar mais em você do que nos outros.

– Ah, mas... Sei lá. É que poderia parecer estranho eu surgir com uma revelação assim e falar o que eu sinto a ponto de mudar a minha vida ou não.

– Você sabe que pode se arrepender depois, não sabe?

Apenas afirmei com a cabeça que sim. Ele apenas ficou ali comigo por algumas horas e depois foi embora. Fiquei a pensar se ele estivesse esperando que eu falasse algo a mais. Simplesmente não disse mais nada.

Os dias se passaram bem rápido, e conforme se aproximava era pior. Ficava cada vez mais difícil ficar com ele. Uma das vezes que ele me visitou, reparou o quanto eu estava magro, na verdade, mais do que o costume. Ele ate me chamou pra ser o padrinho de casamento dele, mais recusei, pra não ter que sofrer mais ainda, mais do que já estou sofrendo. Ele ficou magoado quando ouviu a minha resposta, pediu novamente e eu nada disse.

No dia da cerimônia, eu havia decidido que não ia aparecer e que inventaria qualquer coisa para ele depois. Ao invés disso, foi ele que apareceu em minha porta, todo arrumado. Ficou parado no meio da sala, e pensativo.

– Não sei se devo mais. – disse ele assim que fechei a porta. 

– Não deve o que?

– Não sei se devo mais me casar com ela.

– Você não gosta dela?

– Não.

Ao ouvir a resposta da ultima pergunta que eu havia feito, fiquei a me perguntar por que a mudança repentina em um assunto tão serio. Algo dentro de mim ficou feliz com essa resposta e que a partir daí as coisas poderiam começar a serem diferentes, ou não. Fiquei a esperar que ele falasse mais alguma coisa sobre isso.

– Eu gosto dela, mais só que não é pra casar. Será que você me entende, Josh?

Afirmei com a cabeça que sim.

– Mas do que você tem medo Alec? – disse eu me aproximando dele.

De repente não houve mais resposta e nem perguntas. Fui chegando mais próximo dele e logo percebi o seu cheiro doce que me encantava e a sua respiração ficava ofegante conforme eu me aproximava cada vez mais. E por um impulso, eu o beijei.

Após ter percebido o que tinha feito, pedi mais e mais desculpas. Mas aquilo era o que eu mais queria, afinal era um sonho que poderia estar se realizando ou não, tudo iria depender depois do meu ato inesperado. Sai correndo do meu próprio apartamento, sem saber o que fazer ou pensar naquele momento. Ele não correu atrás de mim ou coisa parecida, apenas me mandou um sms.

“Você não precisa se preocupar. Agora eu entendi.”

Após ter lido a mensagem que ele tinha me enviado e sem saber o que fazer diante dos últimos acontecimentos, percebi que nesse meu ato inesperado de sair correndo, acabei me esquecendo de pegar um agasalho. Estava entardecendo e ficando muito frio.

Não tinha coragem de voltar para casa. Na verdade tinha medo de ir para qualquer lugar. Fiquei a vagar pelas escuras e frias do bairro em que morava. Vaguei pelas ruas ate que ele me encontrou.

Percebi que conforme dava meus passos, uma BMW me acompanha e eu sabia que era ele. Comecei a andar mais rápido, foi quando ele saiu do carro e pediu para que eu esperasse. Continuei a andar, ate que ele disse a única coisa que me faria parar naquele momento.

– Josh, não fuja. Por favor.

Ah! Essa palavra, esse apelido carinhoso do qual ele era o único que me chamava assim fez com que eu parasse. Parei mais não conseguia olhar diretamente em seus olhos. Foi quando, ele com uma de suas mãos, ele levantou o meu rosto e então pude olhar em seus olhos e ele nos meus.

– Lembra quando eu te disse que você poderia se arrepender depois? – ele perguntou.

– Lembro. – disse eu com uma voz tão baixa que era quase impossível ouvir o que eu tinha dito naquele momento.

– Então, Joshua. Eu me arrependi. Só espero que esse arrependimento não seja tarde demais.

– Mas você não tem um casamento para ir? – perguntei eu. Ainda tentava raciocinar as ultimas palavras que ele disse, tentando entende-las.

– Josh, escuta com atenção. – ele segurou meu rosto com as duas mãos para que pudesse falar qualquer coisa olhando bem nos meus olhos. – Eu me arrependo de ter marcado um casamento do qual eu não tinha certeza do que estava fazendo. Eu não gosto dela. Eu gosto de outra pessoa. Pessoa que propôs a ela mesma sofrer calado durante certo tempo, só pra me ver feliz. Só que essa pessoa mal sabia que eu não seria feliz se não fosse com ela.

Ouvir isso tudo tão de repente foi como me sentir livre e poder voar. Foi como se estivesse me afundando e que de repente voltei a ter sentido na vida, chegar à superfície e voltar a respirar. Foi o melhor momento em que eu tive durante anos. Não tinha palavras que pudessem descrever aquele momento, ou sequer uma resposta para aquela confissão que havia me pego de surpresa. Estava feliz com tudo aquilo e sequer sabia que ele sentia o mesmo, no fundo tínhamos medo de falar um para o outro, e que por hora acabaríamos ferindo os sentimentos um do outro sem pensar na nossa felicidade. Fomos guiados pelo medo. O mesmo medo que poderia ter acabado com a felicidade de ambos. Deixei as emoções de lado e dei lugar às atitudes.

Apenas o abracei com todas as minhas forças, não querendo mais solta-lo, mais ele disse que eu tinha que fazê-lo. Acompanhou-me ate o carro e pediu ao motorista que nos levasse ate o meu apartamento.

Só uma pergunta ecoava na minha mente e eu tinha que fazê-la.

– Mais o que vai ser da banda? O resto e tudo mais?

– Você não tem que se preocupar. – disse ele sorrindo.

Esse sorriso era encantador e a sua forma doce de falar me acalmava. Quanto ao futuro, pois bem, nosso destino estaria entregue a ele. E eu estava feliz com aquele momento. Junto com a pessoa que eu mais amava e agora ela estava ali, do meu lado.

Apenas retribui o sorriso e encostei a minha cabeça em seu ombro. Ele me abraçou e ficou acariciando o meu cabelo.  A partir daí tudo seria diferente, pois a gente estava realmente feliz e era o que mais nos importava no momento.



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