The Secret Weapon escrita por Pacheca


Capítulo 85
Aftermath


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!



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— Silbena. – A voz me era familiar, mas eu não sentia a raiva que normalmente a acompanhava. Seus olhos não tinham mais o mesmo brilho.

— Galbatorix? – Minha voz vacilou. Talvez eu não tivesse escapado da morte como imaginara. – Eragon conseguiu.

— Eles conseguiram. – Ainda existia em Galbatorix um resquício de arrogância e raiva, mas ele parecia muito mais abatido.

— Parece que você ainda conseguiu trazer um prêmio de consolação. – Apesar de tudo, eu não sentia raiva. Ter minha vida arrancada de mim deveria me deixar furiosa, mas não deixou.

Olhei ao meu redor, finalmente enxergando o dragão gigantesco ali. Shruikan. Seus olhos azuis-claros me encaravam de volta, serenos. Ousei levantar a palma direita e observar sua reação, mas ele mesmo encurtou a distância entre nós e colocou seu focinho contra minha pele.

— Afinal, isso tudo serviu de quê? – Abaixei minha mão de volta, suspirando. Todo aquele horror que eu fui forçada a assistir fora baseado em quê. Olhando de volta para Galbatorix, sua aparência finalmente demonstrando o peso dos anos.

— Eu passei a maior parte de minha vida não sendo quem eu realmente era. – Ele respondeu, mantendo a distância entre nós. Aquele homem na minha frente não era o ditador impiedoso, era apenas um velho amargurado. – Um Cavaleiro que perde seu dragão não consegue ser o mesmo. Eu enlouqueci.

— Eu vi tudo o que você fez. – Respondi, lembrando cada cena horrenda que me acometera durante a batalha. – A loucura só justificou o início.

— Sei disso. O poder é viciante, Silbena. – Era estranho ouvi-lo me chamar pelo meu nome. – Dar poder a um louco só pode acabar em ódio.

— Eu sou incapaz de imaginar minha vida sem Elrohir, mas eu jamais tentaria substituí-lo. Nenhum dragão serviria além dele.

— Eu descobri isso. Nenhum dragão era minha Jarnunvösk. Nenhum poderia ser. Eu só queria que alguém pagasse pela morte dela.

— Você pagou. — Era a primeira vez em que eu mantinha uma conversa com Galbatorix e sentia que eu realmente tinha o poder nas minhas mãos. Não importava mais, ele não podia mais machucar ninguém. — Qual era a cor dela?

— Suas escamas eram de um roxo escuro lindo. — Ele também sabia disso. Agora, longe do mundo vivo, ele não tinha poder algum sobre ninguém. — Silbena, aquele trono é seu por direito.

— Nasuada fará um trabalho muito melhor do que eu. Ela o merece. Ela está viva, não é?

— Sim, ela é de uma força impressionante. — Ele suspirou, sentando-se sobre a grama. Pela primeira vez desde o início daquela conversa, consegui ver o cenário a nossa volta.

Os jardins de Uru’baen, jardins condizentes com os de um reino tranquilo e feliz. As flores de várias cores se abriam sorrindo para o sol e as borboletas voavam sobre elas. Shruikan estava deitado atrás de nós, tranquilo.

— Eu sinto muito, Silbena. Minha Eleanor. — O nome não me fez tremer como normalmente faria. Havia algo de uma verdadeira adoração em sua voz dessa vez. — Era sua sina ter seu sangue vindo do meu. Em outra vida, seu destino não teria sido tão tortuoso.

— Não há perdão para seus crimes, Galbatorix. — Encarei uma borboleta que voava perto do dragão preto. — Mas eu perdoo essa versão de você. Tê-lo como pai foi o que fez que eu fosse quem eu sou, com ou sem sua influência. Isso não significa que você merecesse destino diferente.

— Delrio sempre viu seu destino além do meu. — Ele comentou, ficando de pé e me dando as costas. — É hora de ir, Shruikan. Também é sua hora, Silbena.

— Que você pague por todos seus crimes onde quer que você esteja. — Comentei, vendo-o passar por uma porta e sumindo. As asas negras de Shruikan se abriram, cobrindo o céu e deixando tudo ao meu redor. Ainda vendo tudo preto, eu sabia que ele sumira e que eu estava em outro lugar.

— Elrohir. — Falei, de repente sentindo sua presença. Fui tomada pelo pânico quando tentei abrir meus olhos, mas não consegui, ainda presa na escuridão. — Elrohir.

— Calma, meu bem, devagar. — Aidan. Virei minha cabeça em busca de sua voz. Ele tomou minha mão na dele, apertando de leve. — Pus curativos nos seus olhos para recuperá-los, mas vai ficar tudo bem.

— Machuquei meus olhos?

— Nada físico, apenas magia. Porém a luz seria bem incômoda, por isso a bloqueei. Elrohir está do lado de fora, não se preocupe.

— Ele sentiu...aquilo?

— Eu não sei, quando você caiu, Elwë me chamou. Desmaiou antes que eu te alcançasse. Elrohir parecia voar normalmente.

“Grande! Elrohir, você está bem?”

“Não na mesma intensidade que você, não se preocupe comigo agora.”

“Que bom. Eu te amo, Grande.”

O contato dele em minha mente foi resposta suficiente. Aidan soltara minha mão e se afastou. Eu podia ouvir seus passos. Estaríamos em uma tenda?

— Vencemos, não foi?

— Sim, conseguimos tomar a cidade e resgatar Nasuada. Ela também estava ferida, mas vai ficar bem.

— Ela tem uma força impressionante. — Parafraseei o Galbatorix do meu sonho. Aquilo tinha sido de fato um sonho?

— De fato. Fico feliz em te ver viva.

— E Eragon?

— Ele também está se recuperando, mas ele pediu para te ver quando você despertasse. Posso chamá-lo, se quiser.

— Quanto tempo se passou?

— Dois dias completos e algumas horas, mas foi até bom. As coisas estão se ajeitando, Orun assumiu a liderança enquanto você não voltava.

— Ótimo. O que vai fazer agora, Aidan?

— Como assim?

— Agora que a guerra acabou, o que pretende fazer?

— Não sei, Silbena. Acho que eu consegui cumprir meu propósito depois de fugir das garras daquele homem, mas não sei mais o que fazer.

— Sempre pode escolher ficar. Não precisa mais fugir.

— E quanto a você?

— Eu também não sei.

— Bem, acho que todos nós temos muito no que pensar, não é? Vou avisar a Eragon que você acordou. Não tire os curativos ainda.

Era estranho não conseguir enxergar estando acordada. Eu ficava balançando minha cabeça, seguindo qualquer som que eu podia ouvir. Ouvi uma porta se abrindo.

— Que bom ver que funcionou. — Eragon. Ele tomou a liberdade de se sentar perto de mim. — Ouvi que ainda sofreu bastante, sinto muito.

— O que aconteceu lá?

— Ele fez Murtagh lutar comigo, mas ele conseguiu se libertar.

— Murtagh? Como?

— Da mesma forma que Aidan fugiu. Ele já não era mais o mesmo, logo seu nome também não era. Ele conseguiu nos ajudar no fim de tudo.

— E como você derrotou Galbatorix?

— Uma magia sem palavras, que lancei junto dos eldunari. Ele não conseguiu se defender já que não estávamos dizendo nada. — Ele comentou. — Só o que nos restou foi mostrar a ele todos os horrores que ele já ocasionara.

— Essa foi a parte que eu senti. O horror e a agonia de cada uma daquelas imagens tenebrosas. Meus olhos sangraram.

— Eu ouvi que sim. Aquilo desestabilizou-o completamente, mas ele ainda tinha muita raiva dentro de si. Eu o feri com minha lâmina e ele tentou nos destruir ao se desfazer em pura energia.

— O ardor.

— Também sentiu isso?

— Sim. Eu sentia que ia acabar explodindo. Foi isso que ele fez?

— A cidade toda sentiu o impacto. Por isso é tão bom te ver viva.

— Também fico feliz de estar viva. Obrigada, Eragon.

— Você fez muito durante toda essa jornada, Silbena.

— E quanto a Shruikan?

— Arya o matou. Elva o descreveu como uma das criaturas mais sofridas que ela já vira, simplesmente cheia de raiva em si.

— Galbatorix tirou dele seu Cavaleiro e o obrigou a se ligar a ele. Eu compreendo.

— Apesar de tudo, fico feliz que tenha acabado.

— Seu feitiço teve um poder inimaginável sobre ele.

— Como sabe disso?

— Eu o vi, enquanto dormia. Ele ainda tinha raiva e arrogância dentro de si, mas ele falou com saudade de sua companheira e chegou a me pedir perdão.

— Num sonho?

— Você também não tem esses sonhos reais demais? — Ele não me respondeu, o ambiente ficando silencioso durante alguns momentos. Eu decidi retomar a palavra. — Se foi apenas um sonho, que seja. Ele me traz alguma paz de espírito. Shruikan também parecia ter se libertado.

— Contato que tenha lhe feito bem. — Ele concordou. — Nasuada será coroada rainha em alguns dias. Recupere-se até lá.

Com isso, escutei-o ficar de pé e se afastar de mim, despedindo-se novamente antes de fechar a porta. Senti o contato de Elrohir novamente.

“Se feriu?”

“Alguns arranhões e uma flechada na pata traseira, mas nada de grave.”

“Posso imaginar o que você chama de arranhão.”

Ele deu aquela risada grave dentro de minha cabeça. Suspirei em seguida, pensando no que eu dissera a Eragon. O dragão entrou na minha introspecção.

“Acha que eu sou doida pelo que eu disse?”

“Pareceu um sonho?”

“Não, não pareceu. O focinho de Shruikan contra minha mãe parecia bem real.”

“Então é isso que importa. Não se canse pensando demais nisso. Aproveite a paz que deve reinar agora.”

Aceitei o conselho, finalmente pensando na situação agora. Eu também precisaria decidir o que fazer. Não havia mais guerra, não havia mais rebeldes, eu não seria mais capitã.

Aquilo era bom, claro. Alagaësia finalmente se livrara de anos de tirania daquele homem, com a possibilidade de vivermos em paz, cada um em seu caminho.

“Elrohir, e os outros? Sano, Orun, Elwë...”

Minha estratégia de dizer o nome por último não adiantou, porque o dragão ainda sentia minha aflição referente ao elfo. Mesmo com os olhos tampados, revirei-os.

“Sano se feriu no combate, mas ele vai ficar bem. Orun está dando algumas ordens, ajudando a organizar a coroação de Nasuada. Elwë passou um bom tempo com você enquanto Aidan cuidava dos seus machucados.”

“Não sei o que fazer.”

“Descanse, minha querida. As respostas virão.”

Acatei a sugestão, virando-me com cuidado na cama confortável. Os olhos tampados realmente barravam a luz, tornando mais fácil me embalar num sono tranquilo. Tão tranquilo que eu chegava a sorrir, vendo em meus sonhos a pequena muda plantada no chão de um sonho já distante.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura ^^



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