Abro a porta e minha primeira reação: é arregalar os olhos ("companhia" faz o mesmo) e fecho a porta em sua cara. Instantaneamente olho minhas vestes, meu vestido novo, branco com detalhes verdes, e minhas pantufas novas. Me recomponho e abro a porta.

—Eu, hum, fiquei meio que... Que... Surpresa.

—Hmm, eu também... - ele tentou esconder um sorriso.

—Ok, então não me chame de E.R.G., por favor, só Melissa.

—E você não me chame de companhia, por favor, só Erick. - ele me imitou.

Rimos, eu mostro a ele o apartamento. Como ele havia chegado cedo, começamos a levar as coisas para a cobertura para terminarmos logo. Terminamos as cinco da tarde. Eu peço sanduíches do Mcdonald's para nós dois. Depois de muito silêncio e algumas risadas, assistindo The Big Bang Theory, Erick me diz:

—Eu pensei que você gostasse mais de roupas escuras, sem ofensa. - eu hesito, depois falo a verdade. —Bem eu normalmente só estava usando preto e tons escuros. Mas meu pai disse que eu teria mais alguém em meu apartamento e eu achei que se essa pessoa dissesse a meu pai que eu usava roupas mais escuras, ele pensaria que eu estava ficando gótica e ficaria atordoado. - eu digo e ele concorda com um aceno.

A campainha toca. Os sanduíches chegaram.

—Eu vou la pegar os sanduíches.

—Ok.

Olho pelo olho mágico, na porta da cobertura há um. São os sanduíches. Eu pago e os pego. Eu e Erick comemos em silêncio.

Depois Erick vai arrumar suas coisas em seu quarto. E eu vou para o meu, tomar um banho. Depois coloco meu pijama de frio. E desço para o primeiro andar(as suites e a sacada são no segundo andar). Não encontro Erick na sala, ele provavelmente terminou de arrumar suas coisas e foi dormir.

Agradeci a Deus que ele está no seu quarto. Eu não queria que ele me visse de cabelo solto (com pijama), apenas porque ele só tinha me visto de cabelo preso, até agora. Minha franja está presa, e o resto do cabelo, solto. Vou para a cozinha, que é um pouco menor que a sala. Quem eu encontro lá? Erick. Ele está sentado na mesa, me esperando. Ele diz:

—Melissa, eu estava pensando em fazer uma gelatina, para comermos amanhã. Você vai dormir agora?

—Não. Hum, aceita uma ajuda? Mas já vou avisando, eu não sei cozinhar. - eu disse meio sem graça, enquanto aqueles olhos claros me analisava. Ele diz:

—Ah tudo bem, eu te explico o que fazer. - Ele começa a pegar os sabores de gelatina. Agora meu pai manda alguém fazer compras toda semana para repor o que falta no apartamento. Quem preparará nossa comida será uma cozinheira que morará no meu antigo apartamento, o nome dela é Jenna.

—Você prefere que sabor? - Erick diz, me mostrando os sabores.

—Bem, por que a gente não faz quatro sabores de gelatina? Você escolhe dois e eu outros dois.

—Ok, então eu vou escolher abacaxi e uva. E você?

—Hmm, morango e limão. - digo a ele. Começamos a fazer as gelatinas. Eu o acompanho enquanto ele faz a de morango e eu a de uva. E eu digo:

—Erick, agora que vamos conviver juntos, acho melhor eu lhe contar o porque de eu estar aqui em Seattle.

—Se você quer, eu sou todo ouvidos. - nós rimos e eu conto a ele tudo, mas só um pouco sobre Derek. Percebo que estou chorando quando ele me abraça. Fico surpresa, mas aprecio o gesto e o correspondo até minhas lágrimas secarem.

—Obrigada - digo sem graça, depois me liberto daquele abraço, que era um gesto de que sentia falta. - Hum, é sua vez de me contar a sua vida. - Erick ri, uma risada baixa e calma.

—Ok então. Bem, eu nasci aqui em Seattle. Nunca me mudei. Tive os mesmos treinamentos que você. Eu pensava que eram treinos para o exército e tal. E descobri há uns oito meses que minha família trabalhava na agência do seu pai. Aí, eu tive que passar a estudar em casa. Seu pai me perguntou se eu queria "participar" da agência e eu aceitei. E agora eu estou aqui com você. - de repente, ele sorri para alguma lembrança que eu desconhecia.

—O que foi? - pergunto curiosa.

—Nada demais, é que antes de eu vir para cá, o seu pai me disse que você demoraria se abrir comigo que você era bem "fechada".

—Ahh... É mas você vai viver comigo, então tenho que ser mais "aberta". Conversamos até terminarmos de fazer as gelatinas e colocá-las na geladeira. Eu falo boa noite e subo para meu quarto. Ele está uma bagunça, tem razão de Erick ter feito isso antes. Eu estou acabada. Prefiro dormir e acordar cedo e arrumar essa bagunça. Alias, eu não farei nada amanhã.

Sonho com minha mãe. Acordo e não me lembro do que ocorreu ontem, até que alguém bate na porta e diz:

—Melissa, o café da manha tá na mesa. - me lembro de ontem, a bagunça do quarto, da conversa com Erick.

—Já, já eu vou. - Levanto totalmente zonza. Coloco uma roupa de frio, escovo os dentes, lavo o rosto e desço.

—Bom dia - eu digo a Jenna e Erick - Jenna se você quiser sair fique a vontade, hoje é domingo.

—Obrigada, Srt G.R...

— Só Melissa - eu interrompo-a.

—Sim, Srt Melissa. Jenna vai em direção a porta sem dizer mais nada. Depois de uns segundos Erick me pergunta:

—Por que você não fica mais de cabelo solto? Seu cabelo fica mais bonito solto, sabia?

—Eu tenho que arrumar a bagunça do meu quarto, qualquer coisa é só me chamar. - subo as escadas antes de ele me responder. Ele me elogiou e eu... Sim, saí correndo.

Começo a arrumar o quarto. Todas as minhas roupas estão na poltrona e algumas na cama. Durante essa arrumação, perguntas me vêem a mente: Quando será o próximo ataque? Quem terei que matar? Como? E como Erick reagiria a esse detalhe? 

***

(quinze dias)